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As fórmulas para o crescimento (desenvolvimento): Harrod & Domar e Solow Harrod apud Hunt (1998, p 28) apresentou uma nova perspectiva à discussão sobre

No documento Maria Amélia Rodrigues da Silva Enríquez (páginas 37-40)

1 DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE EM REGIÕES RICAS EM RECURSOS NATURAIS, MAS POBRES NOS INDICADORES

1.1 PANORAMA GERAL DAS EXPLICAÇÕES TEÓRICAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO

1.2.1 As fórmulas para o crescimento (desenvolvimento): Harrod & Domar e Solow Harrod apud Hunt (1998, p 28) apresentou uma nova perspectiva à discussão sobre

a possibilidade de uma economia crescer a uma mesma taxa a cada ano, sem desvio de rota de recessão ou expansão explosiva. Nesse mesmo período, Domar apresentou resultados semelhantes, demonstrando as circunstâncias que uma economia pode, ou não, sustentar um pleno emprego. Juntos esses autores concluíram ser possível um crescimento econômico contínuo e estável.

O medelo parte do pressuposto de que os fatores trabalho (L) e capital (K) são combinados em proporções fixas para gerar um montante (Y) de produto. Daí o crescimento de Y ficar limitado à taxa do crescimento do fator relativamente escasso. Nas economias subdesenvolvidas o fator escasso é K, portanto, é o ritmo do crescimento de K que determina a taxa de crescimento de Y. Assim, o crescimento de Y, que é resultante de K, depende do coeficiente técnico que mede a relaçao entre K e Y. A fórmula desse crescimento está expressa na equação 1, na qual a taxa de crescimento garantida (Gw) é definida por duas variáveis-chave = 1) pelo montante total de poupança (S), que é a parcela

da renda desviada do consumo, e 2) pela razão capital/produto (cp), que é o coeficiente técnico que garante o crescimento equilibrado, conforme a seguir:

Gw = ____ (equação 1)

Essa fórmula foi rapidamente difundida entre os organismos de ajuda internacional como a solução para resolver o problema do crescimento. Porém, recebeu diversas críticas, tanto do pensamento conservador como das correntes alternativas.

Para Hirschman, o modelo de crescimento econômico proposto por Harrod e Domar teve um papel crucial na definição de proposições de políticas de crescimento/desenvolvimento:

[...] o crescimento dependia fundamentalmente de injeção de capital em doses apropriadas, fosse doméstico ou estrangeiro, tornou-se artigo de fé, e mais convincente ainda, sobretudo, ao levar-se em conta a rápida recuperação e crescimento (então entendido desse modo) da Europa ocidental e oriental, no período após a Guerra. Toda uma geração de planejadores e funcionários de organismos de ajuda externa passou a crer na realidade e na possibilidade de manipulação da propensão a poupar e da razão capital-produto; e nessa convicção permaneceu por um período surpreendentemente longo, pela simples e boa razão de que era essencial, para que mantivessem o seu status de expertos, persistir na representação da realidade em termos desses conceitos. (HIRSCHMAN,1977, p. 68).

Uma outra forte reação partiu da corrente neoclássica, por intermédio de Robert Solow, que apresentou o seu modelo de crescimento no final dos anos 1950.

O modelo de crescimento de Solow

Para Solow (1956), a instabilidade latente no modelo de Harrod-Domar ocorre porque os autores partem da hipótese de que a produção se realiza a partir de proporções fixas dos fatores de produção (trabalho e capital). Portanto, na impossibilidade de substituir trabalho por capital, só haveria uma relação compatível com o crescimento equilibrado. Essa hipótese é rejeitada por Solow, pois o seu modelo admite a perfeita substituição entre os fatores produtivos. Desta forma, não há outros limites para o crescimento que não o imposto pela escassez de capital. A hipótese da perfeita substituição de fatores produtivos de Solow é um poderoso argumento para liberar o crescimento econômico das amarras da escassez relativa de recursos.

S cp

O modelo de crescimento apresentado por Solow (1956) mostra como a relação entre poupança, crescimento demográfico e avanço tecnológico influenciam sobre a acumulação de capital e sobre o crescimento econômico. O modelo parte de três pressupostos:

1. a população e a força de trabalho crescem a uma taxa (n) constante, determinada por fatores biológicos e independentes de outras variáveis e aspectos econômicos;

2. a poupança e o investimento são proporções fixas do PIB líquido, em um dado período;

3. a tecnologia é afetada por dois coeficientes constantes: a força de trabalho por unidade de produto e o capital por produto

A produção (Y), no modelo de Solow (equação 2), é função do trabalho (L) e do estoque de capital (K), conforme expressa a seguir:

y = F (K, L) (equação 2)

Com base nos pressupostos do modelo, as principais conclusões que podem ser extraídas de Solow são (LADESMA, 2004):

– variação na taxa de crescimento da população – o seu crescimento implica na queda do capital per capita, pois uma maior parte da poupança deverá ser utilizada para manter os novos trabalhadores com as mesmas dotações de capital anteriores. O contrário também se verifica. Uma redução populacional provoca aumento do capital per capita. Por esta razão, países pobres com alta taxa de natalidade tem baixo PIB per capita, o que significa dizer que carecem de capital suficiente para toda a sua força laboral;

– variação no nível de capital – um crescimento na taxa de poupança provoca : a) um aumento transitório na taxa de crescimento do produto de curto prazo; 2) uma elevação no nível de renda per capita “n” de longo prazo e 3) uma elevação no coeficiente capital/trabalho.

– variação na tecnologia – a mudança tecnológica incrementa a qualidade do trabalho e do rendimento dos trabalhadores mediante a especialização, a educação e os outros fatores. O progresso técnico permite um crescimento sustentado da produção por trabalhador porque desloca a função de produção que, por sua vez, modifica a função de poupança. Na hipótese de que a economia se encontre em um estado

estacionário, a taxa de crescimento da produção por trabalhador depende apenas da taxa do progresso tecnológico. Assim o modelo de Solow demonstra que o progresso tecnológico é a única explicação do constante aumento do nível de vida.

A conclusão geral do modelo de Solow (1956) é que apenas um baixo crescimento da população e uma acelerada mudança tecnológica são capazes de gerar um aumento permanente na taxa de crescimento econômico. Aumentar a poupança e o investimento, por outro lado, resulta em um aumento apenas transitório no crescimento.

As críticas feitas a esses modelos são diversas: ilustra somente o exemplo dos países industrializados; não considera o papel das expectativas nas tomadas de decisão sobre investimentos; revela uma profunda diferença com a explicação Keynesiana quanto ao papel exercido pelo crescimento da população (para Keynes o efeito é favorável, por sua influência sobre a demanda).

Em trabalhos posteriores, Solow (1986) incluiu o uso de recursos naturais não- renováveis em seus modelos de crescimento, sem mudar estruturalmente os seus resultados. Em fase mais recente trata da resposta neoclássica a respeito da sustentabilidade (SOLOW, 1992). Nesse último trabalho o autor objetiva mostrar como a teoria econômica pode oferecer uma sugestão sobre a relação entre a economia e a dotação de recursos naturais. Ele destaca também a importância dos trabalhos empíricos como indutores da política econômica de longo prazo.

No documento Maria Amélia Rodrigues da Silva Enríquez (páginas 37-40)

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