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ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CAMPO

6.2 RECONCEITUAÇÃO DOS ELEMENTOS SUBJACENTES

6.2.4 Fatores de Suporte à Inovação

A escolha deste Elemento entre tantos do corpus de elementos existentes, parte da defini- ção de Lundvall (1992) sobre sistema de inovação. O Autor observou que as Estruturas de

Produção e a Definição institucional são duas dimensões fundamentais para definir os siste-

mas de inovação.

De acordo com Porter (1999, p.184), a teoria econômica consagrada, de Adam Smith e David Ricardo, elenca como Fatores de Produção os seguintes: mão-de-obra, território, re- cursos naturais, capital, e infraestrutura. Para o autor, essa doutrina, que impregna a economia clássica, é na melhor das hipóteses incompleta e, na pior das hipóteses, incorreta. O autor ar- gumenta que, em setores intensivos em conhecimento, há outros fatores a serem considerados, tais como recursos humanos qualificados ou base científica. Esta afirmação vem a corroborar com as seguintes assertivas de Drucker:

A informação é, igualmente, fator de produção importante quando se observa a vantagem competitiva de um país. Fatores de produção tradicionais, como terras, mão-de-obra, recursos financeiros, passam a não ser recursos garantidores de vanta- gem competitiva (DRUCKER, 1992).

As atividades que ocupam o lugar central das organizações não são mais aquelas que visam produzir ou distribuir objetos, mas aquelas que produzem e dis- tribuem informação e conhecimento (DRUCKER, 1993).

De fato, a economia baseada em conhecimento deslocou o eixo da riqueza e do desenvol- vimento de setores industriais tradicionais – intensivos em mão-de-obra, matéria-prima e ca- pital – para setores cujos produtos, processos e serviços são intensivos em tecnologia e conhe- cimento (CAVALCANTI; GOMES, 2001).

Complementando este tipo de análise, Tidd; Bessant; e Pavitt (2008. P.486) argumentam que uma organização inovadora implica em um conjunto integrado de componentes que traba- lham juntos para criar e fortalecer o tipo de ambiente que permite que a inovação prospere. Dentre tais componentes, os autores destacam os seguintes: Comprometimento da alta gestão;

Estrutura organizacional; Indivíduos-Chave; Desenvolvimento individual contínuo; Comuni- cação extensiva; Trabalho em Equipe; Aprendizado com ambiente e Gestão de Pessoas.

Para os autores, o Comprometimento da alta gestão é caracterizado por um senso de pro- pósito ou uma visão claramente compartilhada e articulada e pelo envolvimento das lideran- ças. Autores de diversos campos, como Christensen (2005), Prahalad e Krisnan (2008), e Al- pkan et al. (2010), compartilham desta importância atribuída ao papel da alta administração.

Em relação à Estrutura organizacional, Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p.491) argumentam que a organização deve ser projetada de forma a permitir criatividade, aprendizagem e intera- ção, buscando-se o equilíbrio necessário entre as opções de estrutura “orgânica e mecânica” para contingências específicas. Nesta mesma direção, os autores, Christensen (2005) e Alpkan et al. (2010), destacam a estrutura organizacional como componente chave para a inovação,

salientando a necessidade de um nível de descentralização, autonomia, flexibilidade de políti- cas e mecanismos de controle que sejam a ela favoráveis.

Como terceiro componente, Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p.494), apontam a presença de indivíduos ou grupos facilitadores (Indivíduos-Chave ou Grupos-Chave), como elementos relevantes para a inovação, dentre eles: os defensores, aqueles que possuem competência téc- nica para dar suporte ao desenvolvimento das ideias inovadoras, capazes de compreender a tecnologia nova a ser adotada; os patrocinadores organizacionais, aqueles que são dotados de poder e influência na organização para levar à frente as ideias inovadoras, removendo os obs- táculos do caminho; e os gatekeepers, indivíduos que coletam informações de várias fontes e que as repassa para as pessoas mais capacitadas ou interessadas em usá-las e outras funções que facilitam ou energizam a inovação.

Outro importante componente é o Desenvolvimento individual contínuo, que é caracteri- zado pelo compromisso de longo prazo com ensino e treinamento para assegurar altos níveis de competências e habilidades para aprender eficazmente. Uma pesquisa desenvolvida por Readman e Bessant (2004, apud Tidd; Bessant; Pavitt, 2008, p.502), demonstrou que o desen- volvimento de pessoas é considerado mais importante que os motivadores financeiros como mecanismos de recompensa.

A Comunicação Extensiva, também, é considerada um fator importante para inovação. Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p.519), a empresa deve possuir um sistema de comunicação e informação bem estruturado e integrado, que viabilize o amplo acesso à informação, assim como seu uso estratégico. Esta visão é compartilhada por autores de diversos campos, como: Barbieri et al. (2004), Mendel (2004) e Christensen (2005).

Em relação ao Trabalho em Equipe, os autores Tidd, Bessant e Pavitt (2008) esclarecem que há uma ênfase crescente em unir diferentes perspectivas e rápida formação de equipes ad

hoc. Para Mintzberg (2003), a formação de Equipes altamente orgânicas, com pouca formali-

zação, onde os trabalhos são realizados de modo horizontal favorece a inovação.

O Aprendizado com o ambiente é um dos componentes importantes da firma inovadora. Tidd, Bessant e Pavitt (2008), assim como Figueiredo (2004, 2009), enfatizam a aprendiza- gem organizacional como fator relevante para a inovação, devendo a organização estar atenta à necessidade de aprendizado, que deve ser estendida para além dos limites da empresa, ou seja, com clientes, fornecedores, institutos de pesquisa, universidades, e demais stakeholders.

Por fim, a Gestão de Pessoas ou de Recursos humanos, compreende: sistemas de recom- pensa financeiras e não-financeiras (BARBIERI et al., 2004; CHRISTENSEN, 2005; TIDD,

BESSANT; PAVIT, 2008; LOPES-CABRALES et al., 2009); processo de seleção e avaliação de desempenho (LOPES-CABRALES et al., 2009; TERRA, 2005); adoção de programas formais de gestão de talentos e emprego de processos eficientes de contratação e promoção de pessoas (TERRA, 2005).

Dessa forma, entende-se que os “Fatores de Suporte à Inovação” são constituídos por aspectos físicos, humanos e organizacionais que permitem a criatividade, o aprendizado e o trabalho em equipe no sistema de inovação do setor de Defesa.

A avaliação de tais fatores pode contribuir, ainda, para verificar a pró-atividade dos re- cursos empresariais (organizacionais) para alcançar seus objetivos estratégicos, a sua propen- são a inovar, bem como o grau em que a empresa ou setor está estabelecida formalmente – com seus modelos de negócios – para alcançar um modelo de inovação sustentável.