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Peculiaridades do Sistema de Doutrina Militar das Forças Armadas

CARTEIRA DE PROJETOS Metas e Critérios

23) Fontes Renováveis de Energia – visa dotar tanto defensores isolados quanto Siste mas de Armas de maior dimensão de capacidade de operar em qualquer cenário com razoável

3.5.4.2.2 Peculiaridades do Sistema de Doutrina Militar das Forças Armadas

a) Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT)

A Doutrina Militar Terrestre é gerenciada pelo Estado- Maior do Exército por meio do Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT). O órgão que gerencia tal sistema é o Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex). Todas as características, objetivos e funcionamento do SIDOMT e do Ciclo de Desenvolvimento da Doutrina estão descritos na Portaria nº 989, 27 de novembro de 2012 (Manual EB IG-01.005). Ela revoga a Portaria 109 (IG 20-13)26, de 25 de fevereiro de 1999, também do Comando do Exército. As IG-01.005 (antiga IG 20-13) têm ligação formal com as IG 20-11 e IG 20-12, já mencionadas nas seções que abordam o sistema de ciência e tecnologia do Exército.

O desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre é dividida em dois níveis: estratégico e operacional. No nível estratégico, a Doutrina trata, predominantemente, das Políticas e Estratégias, e é definida como “o conjunto de valores, de princípios gerais, de conceitos básicos, de concepções, de normas, de métodos e de processos, que têm por finalidade orientar a organização, o preparo e o emprego do Exército". É o conceito que se aproxima do entendimento sobre Cultura Organizacional. No nível operacional, ela trata, principalmente, de assuntos relacionados aos aspectos táticos e operacionais. Resumidamente, no linguajar dos integrantes do Exército, o SIDOMT, neste nível, busca respostas as seguintes perguntas:

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A IG 20-13 foi revogada e substituída pela IG 01.005 - instruções gerais para a organização e o funcionamento do sistema de doutrina militar terrestre (SIDOMT).

como equipar; como organizar; e como combater? Acrescenta-se que estas respostas são buscadas não só para o presente, como também para o desenvolvimento da força do futuro.

O Manual IG-01.005, que trata do SIDOMT demonstra a forma como a Força Terrestre pretende realizar inovações na Doutrina. Na referido manual, observa-se que o ciclo de produção doutrinária do Exército é iniciado a partir de estudos e pesquisas conduzidos pela Força Terrestre para elaborar a chamada “Concepção Estratégica do Exército”, a qual, juntamente com as diretrizes do comandante do Exército, é traduzida no SIPLEx (Sistema de Planejamento do Exército).

O ciclo tambem pode receber inputs a partir de uma nova Doutrina de Operações Conjuntas ou mesmo por necessidades indicadas pelo Ministério da Defesa, em especial pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). Os Comandos Militares de Área (órgãos operacionais) e os Órgãos de Direção Setorial (ODS), como o Departamento de Ciência e Tecnologia e o Departamento de Engenharia e Construção, podem gerar necessidades que impliquem em novos produtos doutrinários.

O Ciclo de Produção Doutrinária é composto por fases, subfases e atividades que, por sua vez, compreendem processos e tarefas (Figura 21). Normalmente, os produtos de cada fase servem como base para o trabalho executado na fase seguinte. A duração do ciclo é variável, de acordo com temas e assuntos doutrinários envolvidos.

Figura 21: O Ciclo de Produção Doutrinária, com suas Fases, Subfases e Atividades Fonte: Sistema de Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2012b)

A fase do Planejamento da Produção Doutrinária é a fase inicial. Ela inclui as subfases de Concepção Doutrinária e Integração. A subfase da Concepção Doutrinária traduz e modela as capacidades necessárias à Força Terrestre, em um futuro próximo, com o objetivo de identificar os novos produtos doutrinários necessários para atender a essas novas demandas.

Na subfase de Integração, a esses novos produtos serão adicionadas as necessidades de revisão dos produtos em vigor, identificadas pelas lições aprendidas (lessons learned) e relatórios originados nos ODS. Todas essas necessidades da Força Terrestre, em termos doutrinários, são compiladas e incluídas no Quadro de Situação da Doutrina (QSD). Após a reunião anual de Contrato de Objetivos Doutrinários, os projetos extraídos do QSD são selecionados e priorizados. O documento denominado Plano de Desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre (PDDMT) consolida o trabalho a ser executado.

A segunda fase (Elaboração) destina-se a executar os projetos contidos no PDDMT. Ela subdivide-se em Pesquisa e Formulação (ou Revisão, quando for o caso). A elaboração do Produto Doutrinário27 tem início imediatamente após a aprovação do PDDMT pelo Ch EME. Para cada projeto são estabelecidas diretrizes de elaboração e é designado um ODS responsável pela execução. Este ODS deve informar ao EME a OM responsável pela gerência do projeto, a qual irá ligar-se diretamente ao Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex) sediado no EME. O gerente do projeto deverá submeter à aprovação do C Dout Ex o seu plano de projeto e proporá a constituição do grupo de trabalho que executará o projeto. A seleção dos seus integrantes deve considerar as competências nas áreas específicas de interesse, podendo contar com militares de qualquer órgão (OM ou EE), da ativa ou reserva – ou seja, não restringindo o universo de seleção aos militares subordinados ao ODS de origem do gerente. Este grupos poderão valer-se de consultores ad hoc, que podem ser civis com conhecimento na área de Defesa.

A subfase de Pesquisa busca o detalhamento das novas capacidades definidas na fase anterior, traduzindo-as na forma de combate visualizada para as unidades de emprego (novas ou não) e nos novos equipamentos e armamentos que a Força pretende adotar. Subdivide-se em duas categorias: i) Prospecção Doutrinária e Pesquisa Científico-Tecnológica.

A Prospecção Doutrinária, realizada por todos os integrantes do SIDOMT, sob a coordenação do C Dout Ex, busca coletar subsídios e/ou desenvolver novos princípios e

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Conhecimentos estruturados e formalizados durante o Ciclo de Produção Doutrinária, consolidados em: manuais; notas de coordenação doutrinária; cadernos de instrução; condicionantes doutrinárias e operacionais (CONDOP); requisitos operacionais básicos (ROB) ou outros.

fundamentos para o emprego da F Ter. O estudo da História Militar, os seminários, os simpósios, os intercâmbios de cooperação de especialistas e os trabalhos de conclusão de cursos dos Estabelecimentos de Ensino, entre outros, fazem parte desta categoria.

A Pesquisa Científico-Tecnológica é conduzida, sob orientação do EME, pelo Departamento de Ciência e Tecnologia e realizada por intermédio de suas OM subordinadas – incluindo a possibilidade de emprego da Base de Indústria de Defesa e de Organizações Civis de Ensino Superior. Como foi visto, esta é a ligação existente entre o Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército e o Sistema de Doutrina Militar Terrestre. Busca desenvolver Produtos de Defesa (PRODE) e Sistemas de Emprego Militar que proporcionem vantagem tecnológica para a Força Terrestre.

A fase da Validação Doutrinária representa a transição da teoria para a prática. Nela, será verificado se o anteprojeto de produto doutrinário está consistente e se permite o atendimento das capacidades necessárias, identificadas na 1ª fase do Ciclo de Produção Doutrinária. Ela compreende as atividades de Experimentação e Avaliação, sendo esta última realizada apenas quando o objeto do anteprojeto for um PRODE, ou seja, advindo da

Pesquisa Científico-Tecnológica. Para cada produto, o EME expedirá diretrizes, definindo

quais atividades deverão ser realizadas e quais órgãos do SIDOMT serão responsáveis. A Experimentação tem a finalidade de validar, na prática, a exequibilidade e a eficácia dos conceitos, técnicas, táticas e procedimentos que se deseja incorporar à doutrina da Força Terrestre. Baseia-se na aplicação das ideias contidas nos anteprojetos de produtos doutrinários (manuais, QO, cadernos de instrução, etc.), empregando simulação virtual ou tropa, em condições que aproximem-se ao máximo das situações encontradas no combate.

Já a Avaliação é o processo no qual os PRODE são postos à prova de forma científica, por intermédio das ferramentas de medição do desempenho. Ela requer uma sistemática de planejamento e a previsão de recursos orçamentários, que devem ser previstos nos programas e projetos contidos no PDDMT.

Por fim, materializando a conclusão do ciclo, ocorre a fase da Aplicação, na qual os produtos doutrinários são difundidos para aplicação pela Força Terrestre. Ela abrange a

Difusão e o Acompanhamento Doutrinário.

A execução da subfase de Difusão está condicionada ao tipo de Produto Doutrinário. Em se tratando de manuais e produtos afins, a difusão é feita prioritariamente por meio do Portal de Doutrina, podendo, também, ser impressos e distribuídos a usuários específicos.

O Acompanhamento objetiva verificar a aplicação da DMT nos exercícios no terreno, nas operações de paz, nas simulações de combate e nas operações reais, coletando informações e relatórios de operações, com vistas a realimentar o ciclo doutrinário.

Vale destacar que as atividades de Revisão Formal e Aprovação de Produtos Doutrinários são prévias e obrigatórias em relação à fase de Aplicação. A revisão formal compreende o ajustamento da publicação aos padrões estabelecidos para a aprovação pelas autoridades competentes. Os anteprojetos aperfeiçoados serão revisados e, em seguida, preparadas as memórias e as portarias de aprovação, com a assinatura da autoridade competente, que autoriza a publicação do produto.

Ao final do ciclo, as lições aprendidas realimentam o processo, e podem gerar a necessidade de revisão da DMT.

Do exposto, observa-se que, de modo semelhante ao SIDOMC, o SIDOMT tem dois produtos que fazem ligação com o sistema de ciência e tecnologia são as Condicionantes Doutrinárias e Operacionais (CONDOP), que fornecem parâmetros que definem o emprego doutrinário do material e o desempenho esperado do mesmo, considerada a doutrina de emprego da Força Terrestre. Este documento é a base doutrinária para a elaboração dos Requisitos Operacionais Básicos (ROB), que são características de um material (armamento / equipamento) restritas aos aspectos operacionais. Seus congêneres são CONDEC e dos REBDEC respectivamente.

Com a nova Portaria, publicada em dezembro de 2012, uma mudança importante ocorreu no SIDOMT. O documento prevê uma aproximação sensivelmente maior entre o SCTEX e o SIDOMT, que é uma alteração consistente, que demonstra que a Força Terrestre sentiu a necessidade de não se separar as inovações tecnológicas das não-tecnológicas (BRASIL, 2012b)

Percebe-se, também, uma preocupação formalizada no sentido de consolidar e desenvolver a doutrina segundo características próprias e autóctones; proporcionar, por intermédio do emprego intensivo de técnicas de investigação e estudos prospectivos, o desenvolvimento da doutrina; contribuir para a definição e obtenção de padrões de eficiência compatíveis com um exército moderno; obter unidade de doutrina no âmbito da Força Terrestre, buscando integrar-se com os sistemas de doutrina das demais forças singulares; e dinamizar todo o processo de planejamento, formulação e validação da Doutrina Militar Terrestre.

No entanto, conforme comprova Alves (2006), é possível identificar grandes dificuldades para a condução do processo em sua plenitude. Os efetivos destinados a trabalhar diretamente com o desenvolvimento da doutrina, no Centro de Doutrina, no COTER e no DECEx são escassos e difíceis de serem mantidos por tempo significativo em suas funções; existem dificuldades estruturais de coordenação entre órgãos planejadores, gestores, e executores dos exercícios destinados à avaliação, validação e experimentação doutrinária; as unidades e escolas designadas como responsáveis por revisão de manuais e notas doutrinárias, normalmente, recebem tal missão como sobrecarga, implicando riscos à qualidade, pesquisa e precisão do produto final (ALVES, 2006).

Alves (2006) concluiu que, geralmente, os recursos para a elaboração de pesquisas, testes e exercícios práticos são limitados, acarretando na escrituração de fundamentos doutrinários não testados. O Autor, também, argumenta que o SIDOMT ainda não regulamenta procedimentos para o desenvolvimento de uma doutrina conjunta com as demais forças singulares. Em sua visão, a elaboração de uma doutrina conjunta ainda esbarra em muitos interesses e paradigmas engendrados nas forças singulares, cabendo ao Ministério da Defesa a condução do esforço para superá-los.

b) Sistema de Doutrina Militar Aeroespacial

O Sistema de Doutrina Militar Aeroespacial (SIDMAE) foi criado recentemente pela Portaria nº 19/3SC2, de 03 de junho de 2013, com a finalidade de integrar e coordenar procedimentos relativos ao desenvolvimento e à difusão da Doutrina Militar Aeroespacial (DMAE) e à elaboração e atualização de documentos doutrinários no âmbito do Comando da Aeronáutica (COMAER) (BRASIL, 2013)

As normas de implantação do SIDMAE prescrevem que o sistema deve interagir com os demais sistemas e órgãos de desenvolvimento e difusão de doutrina e de elaboração e atualização de documentos doutrinários, principalmente nos âmbitos do Ministério da Defesa, do Comando da Marinha do Brasil e do Comando do Exército Brasileiro. Este é um bom indício da necessidade de uma integração ainda não efetivada.O SIDMAE tem por objetivo regular as ações e atribuições relacionadas ao desenvolvimento, experimentação, catalogação, aprovação e difusão de publicações de caráter doutrinário, ligadas ao emprego do Poder Militar Aeroespacial Brasileiro.

O sistema parte do estudo das demandas doutrinárias, que ele denominou de: “Lacunas

políticas, nas estratégias e nos objetivos nacionais; do surgimentos de novas oportunidades e ameaças no cenário vigente; da atribuição de novas tarefas e/ou desenvolvimento de novas capacidades; das condições permissivas ou restritivas de aspectos operacionais ou administrativos; e do surgimento ou desenvolvimento de novas tecnologias.

Uma vez identificado um determinado problema (demanda ou lacuna), o caminho para uma solução invariavelmente passa pela obtenção de informações consistentes e relevantes para a plena compreensão do contexto no qual os fatores se inserem, inter-relacionam-se e contribuem ou não para as possíveis soluções. Assim, dá início a segunda fase denominda de “Coleta e análise de dados”, que pode ser feita pela análise dos relatórios das operações exercícios, por questionários ou entrevistas, e pela observação direta por parte dos envolvidos no processo de desenvolvimento doutrinário. A análise, que abrange também a interpretação, “tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação.

A fase seguinte é a da “Elaboração de ideias”. Ela toma como premissa a coleta e análise de dados realizada e busca o levantamento de linhas de ação que dêm solução ao problema identificado nas primeiras etapas.

Após a decisão sobre a melhor linha de ação, inicia-se a fase da “Experimentação e

avaliação”, na qual a mesma é testada com o objetivo de verificar se os conceitos

desenvolvidos no ambiente acadêmico se revelam factíveis e adequados. De modo geral, essa verificação se dá por meio da experimentação das ideias formuladas, mediante a sua aplicação experimental em jogos de guerra, exercícios e, excepcionalmente, operações, devendo essa experimentação ser devidamente avaliada quanto à obtenção dos resultados esperados.

Por fim, após os testes e a aprovação, inicia-se a fase de difusão ou de publicação de produtos. Neste ponto, é imperativo destacar que a divulgação do conhecimento, no âmbito do SIDMAE, deve obedecer formalidades específicas, ou seja, o produto doutrinário considerado deve enquadrar-se a formatos padronizados.

Como resultado, o SIDMAE tem os seguintes produtos doutrinários (PRODOUT): a) documentos doutrinários (DD), que compreende extensa gama de publicações do SIDMAE destinadas a regular princípios, conceitos, técnicas, táticas e procedimentos relacionados ao preparo e emprego do Poder Militar Aeroespacial; b) notas de coordenação doutrinária (NCD), que são destinadas a dirimir eventuais pontos conflitantes nas doutrinas em vigor; o relatórios de lições aprendidas (RLA), que são publicações doutrinárias complementares, destinadas a registrar, de forma padronizada, conhecimentos doutrinários obtidos com base

em experiências, com a finalidade de aperfeiçoar doutrinas em vigor ou em desenvolvimento. De modo geral, os RLA são originados durante a fase de análise pós-evento (operações ou exercícios), a partir de discrepâncias entre preceitos doutrinários e efeitos obtidos.

Em relação à organização do SIDMAE, pode-se dizer que o Órgão Central do SIDMAE é o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), conforme acontece, também, com o Exército Brasileiro. Os agentes do SIDMAE, também chamados de Elos do Sistema, são todos os órgãos da estrutura organizacional do Comando da Aeronáutica. No SIDMAE, existem os

Elos Permanentes e os Elos Eventuais. Os Elos Permanentes podem ser classificados como: Elos de Desenvolvimento, Experimentação e Elaboração; Elos de Aprovação; e Elos de Difusão. Os Elos Eventuais, existentes nas demais OM, são essencialmente Elos de Difusão,

podendo, mediante coordenação do Órgão Central, atuar em atividades doutrinárias.

Os Elos de Desenvolvimento,Experimentação e Elaboração, em geral, são as todas as organizações militares com atribuição específica para o trato de assuntos doutrinários, inclusive as ligadas ao DCTA. Os Elos de Aprovação são os ODS existentes nas estruturas do Órgão Central do Sistema (EMAER). Tais órgãos compõem o Conselho de Doutrina Militar Aeroespacial (CDMAE). Os Elos de Difusão são constituídos, em caráter permanente, pelos Estabelecimentos de Ensino e pelas OM do COMAER com atribuições relacionadas a atividades de capacitação de recursos humanos, e em caráter eventual nas demais OM do COMAER.

Pode-se dizer que o modelo da FAB, assim como o do Exército, são modelos buscam criar um ambiente que favoreça o surgimento e a proposição de novas ideias, apoiando-se em princípios como inovação e criatividade. Além disso, estes novos modelos buscam aproximar as inovações tecnológicas com as não-tecnológicas.

c) Sistema de Doutrina Militar Naval

Não há, até o presente momento, um modelo semelhante, sistematizado, de evolução da doutrina militar naval. O Manual de doutrina básica da Marinha (EMA-305) prescreve a doutrina vigente, mas não aponta uma sistemática de inovação doutrinária. As ações de evolução da doutrina são realizadas de modo não formalizado. O Manual de Publicações da Marinha (EMA 411), em seu capítulo 6, estabelece as normas para a modificação, revisão e baixa das publicações do SPM, mas não aborda sobre necessidades de inovações doutrinárias.

3.5.4.3 Comparação sintética dos sistemas de inovação vigentes

Esta seção tem por finalidade apresentar uma comparação sintética a resepito dos sistemas de inovações tecnológicas e não-tecnológicas vigentes, levantando as principais ob- servações que afetam esta pesquisa. Para facilitar essa tarefa, foi elaborado o Apêndice J, que demonstra um quadro comparativo, contendo todas as etapas de cada um dos modelos.

De modo geral, observa-se que não há um sistema que integre a gestão das inovações no âmbito da Defesa em seu amplo espectro. Como também não há interligação entre os sistemas de inovação tecnológica no âmbito do MD.

Em todos os sistemas de inovação tecnológica (MD e Forças), observa-se que o ciclo de vida de material começa com a tradução das necessidades operativas em requisitos de projeto. Os modelos consideram tal procedimento uma etapa decisiva para o sucesso do desenvolvi- mento do PRODE, uma vez que, a partir deles, há aplicação intensiva de recursos. Blanchard e Fabrycky (2006) afirmam que as deficiências dos requisitos iniciais do projeto se refletem ao longo do ciclo de vida do produto, tornando o Custo do Ciclo de Vida demasiadamente alto.

Observando o Apêndice J, percebe-se que as três Forças possuem sistemas de gestão formais de inovações tecnológicas. Em cada um destes sistemas (SCTEx, SCTM e SCTA), os nomes e o número de fases variam, mas os conceitos de cada uma delas são praticamente os mesmos. Porém, no nível estratégico (MD), as fases do SisCTID não foram descritas nos do- cumentos que tratam do sistema de inovação tecnológica (Concepção Estratégica e Gerencia- mento de Projetos no SisCTID). Entretanto, elas constam da figura que trata sobre o ciclo de vida e são as seguintes: levantamento de necessidades; geração de ideias; pesquisa básica e aplicada; desenvolvimento; produção; Operação; Manutenção (modernização e revitalização); e alienação.

Já em relação às inovações não-tecnológicas, o modelo do MD, SIDOMC, contem uma descrição sistematizada de todas as etapas de evolução doutrinárias. O sistema é semelhante ao adotado pela Força Terrestre com pequenas alterações de nomes, mas nenhuma conceitual, conforme se pode observar no Apêndice J. A Força Aérea, com base nos modelos do Exército e do MD, elaborou SIDMAe, em julho de 2013, que guarda muitas semelhanças com os seus congêneres, variando no nome em numero de etapas. Já a Marinha não dispõe de uma siste- mática oficial de inovação doutrinária (não-tecnológica).

Esta comparação foi importante para a elaboração do modelo conceitual apresentado no capítulo 9.

4 METODOLOGIA