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O Sistema de Ciência e Tecnologia da Marinha (SCTM)

CARTEIRA DE PROJETOS Metas e Critérios

23) Fontes Renováveis de Energia – visa dotar tanto defensores isolados quanto Siste mas de Armas de maior dimensão de capacidade de operar em qualquer cenário com razoável

3.5.4.1.4 O Sistema de Ciência e Tecnologia da Marinha (SCTM)

Assim como no Exército e na Aeronáutica, o Sistema de Ciência e Tecnologia da Marinha (SCTM) possui um órgão central de gestão que é a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha (SecCTM), que exerce o planejamento, a orientação, a coordenação e o controle das atividades científicas, tecnológicas e de inovação da Marinha. A SecCTM foi

criada pela portaria nº 115/MB, de 31 de março de 2008, em função da revisão da estrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) da Marinha e da redefinição das atribuições de seus integrantes, a fim de aprimorar a gestão dos recursos (humanos, de material e financeiros) destinados às atividades específicas de CT&I. Atualmente, ela é diretamente subordinada ao EMA.

Para a consecução de sua finalidade, cabem à SecCTM, além de exercer a coordenação do SCTMB, as seguintes tarefas: i) efetuar a administração estratégica de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I); acompanhar a evolução científica e tecnológica, o estado da arte e os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento realizados, em instituições privadas e governamentais, nos assuntos de interesse da Marinha; iii) elaborar, revisar e submeter ao EMA as alterações e atualizações do Plano de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Marinha (PDCTM); iv) identificar e obter fontes alternativas de recursos extraorçamentários para as atividades de CT&I; e v) relacionar-se com as demais Forças Singulares e com os setores industrial, universitário e técnico-científico, nas atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico de sistemas, equipamentos, componentes, materiais e técnicas de interesse da Marinha.

Visando atender ao disposto na Lei 10.973/2004 (Lei de Inovação Tecnológica - LIT), a Marinha optou por constituir um único Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-MB), constituído de várias ICTs, com a finalidade de gerir sua política de inovação daquela Força. Dentre elas, destacam-se a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da MB (SecCTM), o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM); o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM); o Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV), o Centro de Hidrografia da Marinha (CHM); o Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTECCFN) e o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), único órgão não subordinado à SecCTM.

A sua estrutura organizacional apresenta a seguinte configuração, onde a Gerência de Inovação Tecnológica (GIT), órgão central, está localizado na SecCTM e as Células de Inovação Tecnológica (CIT), estão localizadas nas demais ICT da MB (Figura 15).

SecCTM CTMSP CASNAV IEAPM IPqM HNMD CHM Hospital Naval Marcílio Dias Centro de Hidrografia da Da Marinha

Instituto de Pesquisa da Marinha Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo

Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira

CTECCFN

Centro tecnológico dos Fuzileiros Navais CIT CIT CIT CIT CIT CIT

Centro de Avaliação de Sistemas Navais

CIT

NIT

Figura 15: Agentes internos do Sistema de Inovações tecnológicas da Marinha (SCTM) Fonte: Elaborado pelo autor com base no PBCTM (BRASIL, 2009)

A organização de maior visibilidade atualmente dentro da SecCTM é o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP). O CTMSP atua em diversas áreas tecnológicas, tais como o desenvolvimento de sistemas térmicos, químicos e eletromecânicos, de processos químicos e projetos, fabricação e testes de componentes. Conta, para isto, com o suporte de diversas instalações laboratoriais e oficinas. Em sua estrutura estão implantadas as principais oficinas, laboratórios, usinas e protótipos desenvolvidos em parceria com a USP. O principal projeto do CTMSP é o desenvolvimento do Programa Nuclear da Marinha do Brasil (PNM), que visa capacitar o País com vistas ao domínio dos processos tecnológicos, industriais e operacionais de instalações nucleares aplicáveis à propulsão naval. Este programa é composto pelo Projeto

do Ciclo do Combustível, pelo Projeto do Laboratório de Geração de Energia Núcleoelétrica e pelo Projeto de Infraestrutura. O Projeto do Ciclo do Combustível visa o

domínio do ciclo do combustível nuclear nas fases necessárias para atender o abastecimento dos reatores de interesse da MB. O Projeto do Laboratório de Geração de Energia

e manter instalações nucleares aplicáveis à propulsão naval. O Projeto de Infraestrutura visa prover todas as facilidades para o desenvolvimento dos projetos anteriores, tais como: água, energia, captação e tratamento de esgoto e efluentes industriais, comunicações, sistemas viários, sistemas de segurança e prédios das unidades de apoio.

Outra ICT importante da SCTM é o CASNAV, o qual foi criado em junho de 1975, na cidade do Rio de Janeiro, inicialmente com a finalidade de realizar a avaliação operacional e otimizar o emprego das Fragatas Classe Niterói, primeira classe de navios da Marinha a empregar sistemas digitais para operar suas armas e sensores. Em 2008, com a criação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, o CASNAV passou a ser subordinado à SecCTM e, com isso, sofreu uma forte reestruturação, que culminou com a implantação de um modelo inovador de obtenção de soluções de Tecnologia da Informação criando a Divisão de Gerência de Projetos Terceirizados em 2011. Tal estrutura proporciona à Marinha acesso, transferência e capacitação em tecnologias, com controle, objetivo de cronogramas e compartilhamento de responsabilidades. A CIT do CASNAV é vinculada funcionalmente a Gerência de Inovação Tecnológica (GIT), órgão central do Núcleo de Inovação Tecnológica da Marinha (NIT-MB), localizado na Secretária de Ciência Tecnologia e Inovação da Marinha (SecCTM). Ela tem por objetivos: i) promover um ambiente que estimule a preservação da Propriedade Intelectual na Organização; ii) capacitar e valorizar os recursos humanos envolvidos nos processos de geração de novos conhecimentos e de proteção da propriedade intelectual; e fomentar a transferência de tecnologias geradas no âmbito do Ministério da Defesa (MD).

Por fim, o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), com sede na cidade do Rio de Janeiro, tem como missão o desenvolvimento de tecnologias necessárias à Marinha. Para isso tem a responsabilidade de manter intercâmbio com os setores industrial, universitário e técnico-científico nas atividades de pesquisa e desenvolvimento de interesse da Marinha.

A Marinha, diferentemente do Exército e da Aeronáutica, não possui um Instituto Tecnológico, como o IME e o ITA. Por esta razão, ela vem desenvolvendo uma série de parcerias estratégicas com IES e centros de pesquisa, o que tem contribuído com o intercambio cientifico e tecnológico. O CASNAV, por exemplo, interage com universidades renomadas e institutos de pesquisa como: a Universidade Federal Fluminense (UFF), o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE-UFRJ), o Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo (LSI-USP), o Centro de

Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI-Renato Archer), ligado ao MCTI.

A integração da Marinha do Brasil com o setor acadêmico proporciona programas conjuntos anuais, incluindo parcerias em bolsas de estudos, abertura de oportunidades para o corpo discente e pesquisas técnicas alusivas aos projetos de interesses comuns. As atividades são desenvolvidas por mão de obra especializada nas várias áreas do conhecimento.

Uma destas parcerias é o acordo de Cooperação Acadêmica, Técnica e Cientifica com a UFF, assinado em 2011. Essa parceria se deve à crescente necessidade de troca de experiências com o objetivo de maximizar os resultados institucionais, unir esforços além de prestar apoio mútuo às atividades de pesquisa que possam contribuir para o desenvolvimento de uma tecnologia de Defesa no País. O CASNAV coordena o Núcleo do Escritório de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha na Universidade Federal Fluminense (NuEscCTI- MB/UFF). Localizado na Escola de Engenharia da UFF, o Núcleo realiza estudos e desenvolve projetos de interesse da Marinha em parceria com aquela universidade. Neste Escritório apoiam-se os cursos de pós-graduação da Marinha do Brasil, executam-se projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Prospecções, também, são desenvolvidas por meio da Agência de Inovação Tecnológica da UFF. O Núcleo conta ainda com o apoio do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da UFF, nas áreas de Política e Estratégia de Suporte à Ciência e Tecnologia.

Outra importante parceria é o acordo de Cooperação Acadêmica, Técnica e Científica com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE- UFRJ), em março de 2011. Essa parceria busca unir esforços para prestar apoio mútuo às atividades de pesquisa que possam contribuir para o desenvolvimento de uma tecnologia de Defesa no País. O Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM) coordena o Núcleo do Escritório de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha na COPPE-UFRJ (NuEscCTI-MB/COPPE- UFRJ). O CASNAV desenvolve, com o apoio do Laboratório de Tecnologia Oceânica - LabOceano da COPPE-UFRJ, juntamente com pesquisadores da UFF e do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (LSI/USP)

Os benefícios são intangíveis para essas instituições. Um dos principais objetivos desta parceria é a preparação tanto acadêmica quanto profissional dos militares e servidores da Marinha do Brasil, bem como alunos e profissionais da Marinha Mercante, para responder aos novos desafios que já se fazem presentes nesta área tecnológica. Um grande exemplo disso é o aumento de embarcações que farão parte dos cenários previstos pelo advento do pré-sal,

como também, os desafios impostos pela construção do Submarino com Propulsão Nuclear, o qual demandará preparo e conhecimento para o pleno emprego de todo o potencial oferecido pelos simuladores.

Em geral, as inovações tecnológicas da Marinha são originadas em uma das CIT (célula de inovação tecnológica) do Poder Naval. O modelo de gestão destas inovações se dá por meio do Ciclo de Vida dos materiais da Marinha, denominado por aquela Força de “Cadeia de Valor” (Figura 16) pode-se dizer que, salvo algumas peculiaridades, o modelo é bem semelhante ao do SisCTID e ao do SCTEx e está detalhado na publicação EMA 410 – Plano de Desenvolvimento Científico-Tecnológico e de Inovação da Marinha (PDCTM) (BRASIL, 2009)

Figura 16: Ciclo de Vida dos Materiais da Marinha (“cadeia de valor”) Fonte: Plano Básico de Ciência e Tecnologia da Marinha (BRASIL, 2009)

De acordo com o Modelo do Ciclo de Vida da Força Naval (Cadeia de Valor), descrito no Plano de Desenvolvimento Científico-Tecnológico e de Inovação da Marinha (PDCMT), a obtenção23 (desenvolvimento, aquisição) tem sua origem numa determinação do Comandante da Marinha para realização de estudos. O processo de obtenção é composto de cinco fases distintas: Concepção; Preliminar; Contrato; Execução; e Avaliação Operacional. Cada uma

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Obtenção na Marinha é o que no meio acadêmico costuma ser chamado de “aquisição de defesa”. Ela poderá ocorrer por construção, conversão ou pela própria aquisição, tendo como propósito suprir as necessidades militares decorrentes do Plano Estratégico da Marinha (PEM).

das instituições (organizações militares) acima descritas possuem atribuições neste sistema. Vale dizer que a obtenção tem por objetivo suprir as necessidades militares decorrentes do Plano Estratégico da Marinha (PEM) (BRASIL, 2002; 2009)

A fase da Concepção inicia-se com o levantamento das necessidades. Nela, ocorre a elaboração dos Requisitos de Estado Maior (REM) pelo EMA, equivalente aos CONDOP confeccionados pelo Estado-Maior do Exército. Em seguida, são produzidos documentos que tratam sobre os Requisitos de Alto Nível de Sistemas (RANS), equivalentes ao ROB da Força Terrestre. A partir dos REM e dos RANS, ainda na fase de concepção, é realizado o Estudo de Exequibilidade (EE), pelos Gerente Participantes Coordenadores (GPaC) e Gerentes Participantes (GPa), no qual serão propostas e avaliadas as alternativas de projeto viáveis, técnica e economicamente, que solucionem o atendimento aos requisitos pretendidos. Conflitos entre requisitos podem surgir nessa fase, demandando utilização de ferramentas analíticas adequadas em busca da melhor solução.

Após receber os relatórios dos documentos citados acima, o EMA decide a configuração do meio e propões ao Comandante da Marinha a criação de um empreendimento modular, por intermédio do envio do Plano de Empreendimento Modular (PLANEM).

Após isso, é iniciada a elaboração das Especificações de Alto Nível dos Sistemas (EANS) pelos ODS. Ao final desta fase é produzido, pelo ODS responsável pela obtenção, o Relatório de Fim de Fase (RFF), o qual será submetido à aprovação do EMA.

A etapa seguinte é a Preliminar. Nela, o EMA autorizará o prosseguimento do processo, depois de definida a configuração e aprovado o relatório da fase de Concepção. O Setor do Material elaborará o Projeto Preliminar e determinará a consolidação das EANS. Nesta mesma oportunidade, o Setor Operativo dará início aos estudos para a elaboração dos Requisitos Táticos Operativos (RTO), que, ao lado do REM e RANS, é o ponto de ligação da Ciência e Tecnologia com a doutrina, semelhante ao RTB, no Exército. Após se tornar concreto o conhecimento das definições dos sistemas do meio a ser obtido, o CASNAV iniciará o planejamento da Avaliação Operacional. O ODS responsável submeterá à apreciação do EMA a necessidade de criação de projetos específicos, a serem desenvolvidos no âmbito do Plano de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Marinha (PDCTM), que é um documento componente do Sistema de Planejamento Estratégico da Marinha (SPEM).

Após a conclusão do relatório da fase Preliminar, dará início a fase de Contrato. O EMA autorizará o prosseguimento do processo de obtenção e o Setor do Material selecionará os possíveis construtores ou fornecedores, redigirá o contrato a ser firmado, assessorado pela

Secretaria Geral da Marinha quanto aos aspectos relacionados a normas, legislação e alternativas financeiras para as Operações de Crédito.

Terminada a fase anterior, inicia-se a fase de Fase de Execução, que deve ser voltada para a coordenação dos esforços e investimentos previstos nos diversos projetos componentes do Estado-Maior. Ao final desta fase, será lavrado o Relatório Final de Aceitação (RFA), que caracteriza a aceitação contratual e relaciona as pendências, seus reflexos de caráter financeiro e os prazos estipulados para correção.

A última fase, Avaliação Operacional, constatará a real capacidade do meio, quantificará seu desempenho e poderá indicar a necessidade de introduzir alterações no projeto de concepção, quando se tratar do primeiro meio de uma classe. Sua eficácia requer que seu planejamento seja iniciado na fase Preliminar da obtenção do meio.

As fases descritas acima não estão claramente definidas no ciclo de vida ou, no caso da Marinha, Cadeia de Valor. O PDCTM (BRASIL, 2009), ao descrever o ciclo de produção, científico tecnológica, apresenta apenas uma figura que representa a Cadeia de Valor (Figura 16), abordando que, nela, são consideradas as competências científicas e tecnológicas (capacitação de pessoal e infraestrutura técnico-científica), bem como as necessidades dos clientes do sistema, que se articulam formando um processo cíclico referente à geração, à implementação e à difusão de funções, nas quais o valor é agregado a produtos ou serviços. Não há, portanto, congruência entre o texto que descreve os procedimentos e as fases do cadeia de valor, que a figura retrata.

3.5.4.2 No campo das Inovações Não-tecnológicas / doutrinárias