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Sistema de Doutrina Militar Combinada (SIDOMC)

CARTEIRA DE PROJETOS Metas e Critérios

23) Fontes Renováveis de Energia – visa dotar tanto defensores isolados quanto Siste mas de Armas de maior dimensão de capacidade de operar em qualquer cenário com razoável

3.5.4.2.1 Sistema de Doutrina Militar Combinada (SIDOMC)

A Portaria normativa no 558/EMD/MD, publicada em 2008, aprovou as diretrizes para organização e funcionamento do Sistema de Doutrina Militar Combinada24 – SIDOMC. A finalidade do SIDOMC é promover o desenvolvimento, a revisão, a consolidação, a aprova- ção e a disseminação da doutrina militar conjunta (comum a todas as Forças), visando ao ajus- tamento constante às necessidades das Forças Armadas. Além disto, regula as atividades e responsabilidades dos diversos órgãos do Ministério da Defesa no decorrer das ações especi-

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O termo “combinada” foi substituído por “conjunta” e refere-se às operações ou atividades em que todas ou pelo menos duas das Forças Singulares estejam atuando em conjunto.

ficadas. Cabe-lhe, ainda, responder aos questionamentos referentes à organização, ao material de emprego militar, aos aplicativos, aos sistemas militares e às situações de combate de um Comando Combinado (BRASIL, 2008c)

Para cumprir esta finalidade, o SIDOMC tem os seguintes objetivos: i) identificar, por in- termédio do emprego intensivo de técnicas de investigação e estudos prospectivos, novos campos para o desenvolvimento da doutrina combinada; ii) contribuir para a definição de pa- drões de eficiência e eficácia compatíveis com FA modernas; iii) obter unidade de doutrina conjunta no âmbito do Ministério da Defesa, buscando a integração com as doutrinas singula- res das FA; e iv) dinamizar todo o processo de planejamento, formulação e validação da dou- trina combinada25 (BRASIL, 2008c)

Alinhado com a DMD (Doutrina Militar de Defesa) a portaria define Doutrina Militar Combinada (Conjunta) como sendo o conjunto de princípios, conceitos, normas e procedi- mentos que estabelecem as bases para a organização combinada, orientando as ações de pre- paro e emprego combinado (conjunto) das Forças Armadas (Figura 17).

Figura 17: Diagrama de representação da Doutrina Militar Combinada / Conjunta Fonte: Sistema de Doutrina Militar Combinada (BRASIL, 2008c)

A formulação, aperfeiçoamento, ou mesmo reformulação da doutrina conjunta decorre de fatores como: possíveis ameaças de guerra ou de não-guerra; surgimento de novas tecnologi- as; aporte de recursos financeiros e materiais; políticas de governo; cultura militar e outros, conforme podemos observar na Figura 18. Em sentido contrário, de acordo com a Portaria, a doutrina também afeta alguns fatores (Figura 19).

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Após 2010, a palavra combinada foi substituída por conjunta, simbolizando a interoperabilidade entre as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica).

Figura 18: Fatores que influenciam a formulação da Doutrina Fonte: Sistema de Doutrina Militar Combinada (BRASIL, 2008c)

Figura 19: Fatores influenciados pela Doutrina

Fonte: Sistema de Doutrina Militar Combinada (BRASIL, 2008c)

Observando as figuras acima, verifica-se que o sistema leva em consideração que a dou- trina é impactada, dentre outros fatores, pelas tecnologias (Figura 18). Entretanto, não deixa claro o impacto da doutrina sobre o surgimento de uma nova tecnologia, embora considere

que a doutrina possa influir sobre o reequipamento das Forças. Isto contraria diversos mode- los de gestão da inovação, como o do Departamento de Investigação Científica Avançado (DARPA) dos Estados Unidos, ligado ao Departamento de Defesa daquele País. Diversas inovações criadas no DARPA foram motivadas por demandas doutrinárias (internet; Google

maps, gps e outros).

Por outro lado, quanso se analisa o texto do documento, observa-se uma tênue ligação entre o sistema de doutrina e o sistema de ciência e tecnologia no nível do Ministério da Defesa. Por exemplo, na observação dos produtos finais ofertados pelo SIDOMC, verifica-se a existência de Condicionantes Doutrinárias de Emprego Combinado (Conjunto) (CONDEC), que são normas reguladoras e parâmetros que definem, respectivamente, o emprego doutriná- rio do material, dos aplicativos e dos sistemas, e o desempenho esperado dos mesmos. Este documento é a base doutrinária para a elaboração dos Requisitos Básicos de Emprego Combi- nado (Conjunto) (REBDEC) para todos os produtos de Defesa, aplicativos e sistemas de em- prego militar comuns às Forças. Nos REBDEC, constam todas as exigências a serem atendi- das pelas características operacionais dos produtos de defesa para se alcançar a necessária interoperabilidade entre as Forças.

Também, verifica-se a existência do documento denominado Conceito Operacional (CONOP), que é o documento que descreve as características operacionais de um sistema, do ponto de vista do usuário, e pode incluir, dentre outros aspectos, a situação atual e futura do sistema; as justificativas para a existência e evolução do sistema; o ambiente operacional; as restrições operacionais; os modos de operação; os tipos de usuários; as limitações do sistema; os impactos operacionais e organizacionais; e a estrutura de apoio, dependendo da complexi- dade do sistema ou produto de Defesa, o CONOP poderá substituir as CONDEC.

O grande mérito deste sistema é que ele, por meio dos CONDEC ou CONOP e dos REBDEC busca coordenar, no nível estratégico (MD), a adoção de MEM ou PRODE comum às três Forças ou que ou imponha a participação efetiva do Ministério em razão do valor eco- nômico e estratégico agregado.

Além da elaboração dos CONDEC, CONOP e REBDEC, o sistema também tem como frutos a elaboração de manuais doutrinários e manuais técnicos. Todos estes produtos doutri- nários são frutos do ciclo de produção doutrinária do MD, que em última análise pode ser caracterizado como o ciclo de produção das inovações doutrinárias na Defesa. Tal ciclo conta com as seguintes fases: preliminar ou concepção; planejamento; formulação; aprovação e dis- tribuição; aplicação; e realimentação.

A fase Preliminar ou de Concepção da DMD é aquela na qual são elaboradas as diretri- zes básicas para a evolução doutrinária. Nela, o Ministro da Defesa, assessorado Estado- Maior Conjunto das Forças Armadas, com as demais secretarias do MD e com as Forças, ori- enta a elaboração da doutrina conjunta de Defesa.

Na segunda fase, Planejamento, o MD reúne as informações provenientes de várias fon- tes, particularmente, de relatórios setoriais, que constituem os principais subsídios para o le- vantamento dos problemas e deficiências, e o consequente levantamento das necessidades dos sistemas operacionais. Com base neste levantamento, elabora-se o plano de desenvolvimento doutrina conjunta das Forças Armadas (PDDCMD), contendo as diretrizes específicas para a execução de programas e projetos a serem elaborados.

A terceira etapa é a fase da Formulação propriamente dita, na qual serão elaborados os produtos doutrinários necessários para resolver os problemas identificados nas fases anterio- res, tais como deficiências ou impropriedades na doutrina de emprego, no material, nas estru- turas organizacionais, na articulação estratégica das Forças Armadas, nos procedimentos e nas técnicas de combate ou, até mesmo, conflitos entre textos doutrinários em vigor. Para isso, o Ministro de Estado da Defesa poderá indicar qualquer órgão do MD e das Forças Armadas para condução dos projetos, os quais remeterão os trabalhos finalizados ao MD, na forma de proposta, para avaliação e posterior difusão.

A fase seguinte é a de Aprovação e Distribuição. Como o próprio nome indica, nesta eta- pa os projetos são, então, aprovados, publicados e distribuídos aos usuários. Com isso, inicia- se a fase de Aplicação, na qual os usuários colocarão em prática os preceitos contidos nos diversos documentos doutrinários, ficando em condições de criticá-los e, com isso, contribuir com o processo evolutivo da doutrina. Isto é feito por meio de relatórios e outros documentos informativos, caracterizando a última fase do ciclo, a Realimentação.

Vale ressaltar que o SIDOMC é um sistema do nível estratégico (MD). Cada Força Sin- gular possui a sua própria doutrina militar, as quais não podem conflitar com a Doutrina Mili- tar de Defesa. A figura 20 demonstra o espectro das doutrinas militares. As peculiaridades dos sistemas de cada uma das Forças serão descrita nas seções posteriores.

Figura 20: Espectro das doutrinas militares

Fonte: Sistema de Doutrina Militar Combinada (BRASIL, 2008c)