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DOUTRINA Capacidades, Competências e Lideranças PRODE (MEM/SD) e Instalações “Cultura Organizacional” - - Como preparar? - - Como organizar?

- - Como Combater? MILITAR DE SISTEMA

Interpretando o Triangulo do Sistema Militar de Defesa (Figura 5) sob Ponto de Vista

Analítico selecionado (Inovações no setor de Defesa) e tendo como premissa a certeza de que

os vértices são interdependentes, pode-se inferir que qualquer inovação que ocorra em um deles poderá motivar inovações nos demais. Ou seja, uma inovação doutrinária, pode induzir a inovações nos MEM, pela incorporação de tecnologias. O contrário também é verdadeiro, as inovações tecnológicas incorporadas num determinado produto de Defesa, poderá conduzir a inovações doutrinárias. Nas próximas seções, este assunto será explorado com maior profun- didade.

A representação do Sistema Militar de Defesa (Figura 5) ajuda a entender mais sobre o

Campo Observacional. Em outros países também existem diagramas parecidos para facilitar a

interpretação e a integração do sistema. No Exército dos EUA, por exemplo, a representação se faz pelo acrônimo: DOTMLPF, que significa: doctrine, organization, training, material,

leadership, personnel and facilities (FERNANDES, 2010, p.69). De acordo com Fernandes

(2010, p.69) o Comando de Instrução e Doutrina do Exército dos EUA (U.S. Army Training

and Doctrine Command - TRADOC) adota esta sigla, acreditando que a mesma contribui para

o entendimento de como desenvolver e integrar conceitos para as Forças Armadas america- nas. No Brasil, há estudos incluindo a letra “I” ao acrônimo (DOTMLPF-I), indicando a ne- cessidade de se pensar na questão da interoperabilidade, ou seja, na operação conjunta das Forças Armadas.

Em relação ao vértice Material (MEM / PRODE) da Figura 5, especificamente, pode-se dizer que, normalmente, os sistemas de armas e equipamentos são produtos de defesa de alto valor agregado, de longo prazo de desenvolvimento, de baixa escala de produção e que de- mandam intensivo uso de tecnologias inovadoras. Além disso, eles requerem tratamento dife- renciado quanto a sigilo e exportação, sendo, justamente por estas razões, regulados por trata- dos internacionais. Por este motivo, eles estão sendo concebidos, desenvolvidos e produzidos, em maior escala, por países tecnologicamente avançados, com poder de embargo sobre poten- ciais interessados nestes produtos. A dependência externa de produtos desta natureza pode por em risco a atuação da Expressão Militar do Poder. Por outro lado, também, há uma série de produtos de tecnologia dual, da qual a sociedade se beneficia dos esforços científicos e tecno- lógicos desenvolvidos na área militar e vice-versa.

Por exemplo, de acordo com o General Rocha Paiva, ex-comandante da ECEME (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), sem um satélite próprio, o “País depende de es- trangeiros para proteger suas riquezas, fluir informações militares e até controlar o tráfego

aéreo”. Em tempo de paz, por onde circulam as informações mercadológicas ou outra nature- za sigilosa? Quais os riscos de a Nação sofrer um ataque cibernético? Em caso de calamidade pública ou desastres naturais, até que ponto as informações meteorológicas serão confiáveis? Como controlar a entrada de armas e drogas em uma imensa fronteira permeável sem tecno- logias apropriadas e nacionais? Ao contrário das principais nações desenvolvidas e emergen- tes do mundo, o Brasil não tem controle nem ao menos sobre um dos quase mil satélites que estão em órbita no mundo hoje. A Índia, por exemplo, tem seis deles dedicados a ela e a Chi- na, outros 60 (FLORES, 2011). Desde 1998, todas as informações brasileiras que trafegam pelo espaço – sejam elas militares, governamentais ou de empresas privadas nacionais – pas- sam por satélites privados, controlados por uma única empresa mexicana (Star One internaci- onal).

Em duas ocasiões pelo menos o Brasil sofreu os efeitos desta dependência ainda que de maneira indireta. Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, um dos satélites meteorológicos que fornecia imagens para o governo foi reposicionado pelos Estados Unidos e deixou de for- necer informações sobre o clima em todo o Hemisfério Sul durante dois meses. Em 2005, segunda a Agência Espacial Brasileira, por conta do furacão Katrina, os americanos precisa- ram usar toda a potência de varredura de seus satélites para rastrear o fenômeno, reduzindo a frequência das imagens da América do Sul e do Brasil.

A questão do satélite serve apenas para exemplificar a dependência externa do Poder Mi- litar, mas não é só esta dependência que compromete o Poder Nacional. Muitos outros meios de emprego militar são adquiridos no exterior, quando poderiam ser produzidos no País, por empresas brasileiras, fortalecendo não somente a expressão econômica, mas a militar e a psi- cossocial, já que contribuiria com a geração de empregos no País. Sem falar na científica e tecnológica que ganha quando se aplica recursos econômicos para pesquisa e desenvolvimen- to de produtos e serviços de alta tecnologia. Obviamente não são todos os produtos que de- vam ser produzidos no País, mas sim aqueles considerados produtos estratégicos de Defesa17.

Além do triangulo do sistema militar de Defesa, outro modelo teórico que ajuda a consti- tuir a massa amorfa de elementos advém da pesquisa de Cunha e Amarante (2011). O Ice- berg e a Pirâmide de Defesa (Figura 6), elaborados pelos autores, auxiliam a compreender quem são os agentes formadores do campo e como eles se relacionam.

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Produto Estratégico de Defesa: são bens e serviços que pelas peculiaridades de obtenção, produção, distribuição, armazenagem, manutenção ou emprego possam comprometer, direta ou indiretamente, a consecução de objetivos relacionados à segurança ou à defesa do País.(BRASIL, 2006).

De acordo com Cunha e Amarante (2011, p. 17), o bloco mais elevado da “Pirâmide de Defesa” refere-se à consciência do Estado sobre a necessidade de Defesa, sendo ocupado pe- los setores responsáveis pela definição da política e da estratégia nacionais de Defesa, especi- almente, os agentes públicos: do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Aqui são abriga- dos os estudos sobre as aspirações, as potencialidades e as vulnerabilidades do País, tratados os assuntos de caráter político e estratégico, relativos à Defesa, e avaliadas as probabilidades de surgimento de ameaças, crises e guerras.

O segundo bloco concentra as Forças Armadas, a Expressão Militar do Poder Nacional, a capacidade da sociedade de combater o que considera “novas ameaças”. A política e a estra- tégia militares, as hipóteses de emprego e o trato dos assuntos relacionados às operações e à logística das operações militares de guerra e não-guerra estão aqui representados. O terceiro bloco apresenta a Base Industrial de Defesa, suporte das forças combatentes em termos de conhecimentos, sistemas, equipamentos, materiais, serviços e tecnologia. Trata-se de um ele- mento complexo da estrutura. Todos os seus elementos (instituições e empresas), com dife- rentes especializações e difícil relacionamento, precisam operar de forma harmoniosa para produzir os materiais e serviços do setor de Defesa.

O quarto bloco representa a “base nacional”, sustentáculo de toda a estrutura de defesa, provedora dos recursos básicos, tanto humanos como tecnológicos e industriais de base (side- rurgia, metalurgia, bens de capital, mecânica, eletrônica, material de transporte, química, tele- comunicações, logística, ou seja, a infraestrutura nacional).

ICEBERG DA DEFESA PIRÂMIDE DA DEFESA