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CARTEIRA DE PROJETOS Metas e Critérios

23) Fontes Renováveis de Energia – visa dotar tanto defensores isolados quanto Siste mas de Armas de maior dimensão de capacidade de operar em qualquer cenário com razoável

4.1 ORIENTAÇÃO DA PESQUISA

Pelo fato de a gestão da inovação se tratar de uma temática ainda recente e que envolve conteúdos multidisciplinares complexos e, também, por esta investigação abordar aspectos culturais do segmento de não-guerra do setor de Defesa, que é um campo bastante específico, esta pesquisa, quanto aos fins, é de cunho descritivo e explicativo, porém com uma fase ex- ploratória antecedente e, quanto aos meios, pode ser considerada documental, bibliográfica e de campo, conforme taxionomia apresentada por Vergara (2012).

Descritivo, pois buscou estudar a gestão da inovação e as características da cultura orga- nizacional que influenciam no processo inovativo de um setor específico (Setor de Defesa, segmento não-guerra) composto por agentes como: indústrias de Defesa, Forças Armadas, centros de pesquisa e universidades civis e militares. Neste estudo, os aspectos descritivos aproximaram-se das especificidades da pesquisa explicativa, já que não se buscou apenas ex- por os elementos e, sim, compreender a relação entre eles, conforme proposto por Thiry- Cherques (2008). Por ser uma pesquisa de cunho descritivo, optou-se pela inclusão de obser- vações, registros, análises, classificações e interpretações, conforme indica Gil (2002). Este autor refere-se, ainda, ao uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário e ob- servação sistemática).

Explicativo, porque além de explorar e descrever, foram buscadas explicações sobre os elementos da estrutura aparente e suas relações, de modo a desenvolver um modelo conceitual para gestão das inovações no setor, demonstrando a importância, ou não, dos interesses dos agentes, do tipo de interação, dos valores de cada agente nesta interação, dos benefícios visua- lizados pela formação de alianças para inovar e dos fatores que dão suporte à inovação. Con- forme sugerido por Gil (2002), este tipo de pesquisa deve buscar identificar e investigar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Segundo ele, é o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Vergara (2012) define pesquisa explicativa como aquela cujo principal foco é tornar algo inteligível. Para Alves-Mazzoti e Gewandsznajder (1999), a explicação é um dos pontos fundamentais da ciência, visto que tem como objetivo explicar os fenômenos e não apenas descrevê-los.

A investigação é de cunho, eminentemente, qualitativo. A pesquisa qualitativa possui ca- racterísticas específicas. Nela, considera-se que a produção do conhecimento é um processo

de caráter interativo, onde as relações entre participantes e pesquisadores e entre pesquisado- res entre si são atributos constitutivos deste processo - diferentemente do olhar positivista que separa sujeito e pesquisador, compreendendo o pesquisador como o detentor do conhecimento e o participante como mero respondente (MADUREIRA; BRANCO, 2001). Em outras pala- vras, as relações entre o pesquisador e o objeto de estudo são entendidas como essenciais ao processo de construção do conhecimento qualitativo, já que além de coletar os dados, a fase principal do estudo é aquela na qual o pesquisador constrói sentidos diferenciados ao material coletado. E é rejeitada a compreensão de que ―os dados falam por si só (MADUREIRA; BRANCO, 2001).

Outro aspecto da pesquisa qualitativa é que a subjetividade e a afetividade não são consi- deradas fontes de erro. O pesquisador se implica no processo de construção do conhecimento, como ser inteiro, permeado por crenças, valores, visões de mundo. E assim, o mito da neutra- lidade científica e do controle em relação aos fenômenos estudados é questionado e conside- rado irreal (MADUREIRA; BRANCO, 2001, p. 65).

Ressalta-se também, conforme abordado na introdução e no capítulo 2, que esta pesquisa foi de caráter estruturalista. Como se sabe, a proposta do método é a definição da estrutura subjacente, partindo de um conjunto de relações entre elementos concretamente observados (THIRY-CHERQUES, 2008). A estrutura subjacente para Lévi-Strauss é: i) um esquema ló- gico matemático, constituído como um modelo de transformações de elementos, tal que qual- quer modificação de um elemento implica na modificação de todos os outros; ii) uma totali- dade que possui um sentido, isto é, dispõe de: (a) um significado; (b) uma direção; e (c) uma finalidade; iii) uma organização lógica, concebida como uma propriedade do real, que forma uma ponte entre o modelo teórico e a realidade empírica.

Empregou-se, ainda, nesta pesquisa, a estratégia da triangulação. Acredita-se, conforme argumentado por Patton (2002), que ela contribua para a validade e para confiabilidade, com- pondo um quadro mais fiel do fenômeno por meio da convergência. Vale lembrar que a ori- gem do conceito de “triangulação” não vem das ciências sociais e humanas, mas sim das ci- ências militares. “Decorrente da navegação e da topografia, a triangulação é frequentemente entendida como um método para fixar uma posição” (COX; HASSARD, 2005).

Em 2000, Denzin e Lincoln afirmaram que em ciências sociais a:

[...] triangulação não é uma ferramenta ou uma estratégia de validação, é uma alternativa à validação. A combinação de diferentes perspectivas metodológicas, di- versos materiais empíricos e a participação de vários investigadores num só estudo devem ser vista como uma estratégia para acrescentar rigor, amplitude, complexida- de, riqueza, e profundidade a qualquer investigação (DENZIN; LINCOLN, 2000).

No final década de 70, Denzin (1978) identificou quatro tipos de triangulação: de dados, de teorias, metodológica e de investigadores.

Segundo aquele autor, a triangulação de dados significa coletar dados em diferentes perí- odos e de fontes distintas de modo a obter uma descrição mais rica e detalhada dos fenôme- nos. Por essa razão, os dados foram coletados em fontes diferentes, tais como: Marinha, Exér- cito e Aeronáutica; indústrias de materiais de Defesa de pequeno, médio e grande porte; e universidades.

A triangulação teórica refere-se à possibilidade de o investigador recorrer a múltiplas teo- rias para interpretar um mesmo conjunto de dados. Ela foi posta em prática, nesta pesquisa, com o uso de múltiplas teorias, conforme descrito no referencial teórico, a fim de interpretar as estruturas aparente e subjacente do sistema de inovação do setor de defesa.

A triangulação metodológica refere-se ao uso de múltiplos métodos para obter os dados mais completos e detalhados possíveis sobre o fenômeno. Este tipo de triangulação é a mais estudada e aplicada. Neste trabalho, ela envolveu a combinação de diferentes métodos de co- leta de dados (entrevistas, questionários, observação e notas de campo, documentos etc.), bem como diferentes métodos de análise dos dados: análise de conteúdo, métodos estatísticos etc. Este procedimento contribui para uma melhor compreensão dos diferentes aspectos de uma realidade e a evitar os vieses de uma metodologia única. A articulação da observação com a entrevista também já havia sido preconizada por Becker e Geer em 1957 (SEALE, 1999).

Bourdieu (1999) indica que a escolha do método não deve ser rígida, mas sim rigorosa, ou seja, o pesquisador não necessita seguir um método só com rigidez, mas qualquer método ou conjunto de métodos que forem utilizados devem ser aplicados com rigor.

Além disso, vale dizer que, seguindo o protocolo proposto por Thiry-Cherques (2008) (Quadro 1), realizou-se a delimitação do Campo Observacional (segmento de não-guerra do setor de Defesa), que foi descrito na seção 3.3 deste trabalho. Em seguida, foi exposto o Ponto

de Vista Analítico escolhido (sistema de inovações), a fim de esclarecer a forma como se daria

o levantamento do Corpus de Elementos e foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, que, ao lado referencial teórico, contribuiu para a realização da escolha dos Elementos que iriam compor o Modelo Aparente, descrito no próximo capítulo (Cap. 5).

A descrição do modelo aparente foi elaborada com base no referencial teórico e, também, na pesquisa de campo de caráter exploratório, a qual será detalhada adiante.

Com o modelo aparente descrito, foram realizados os procedimentos de análise variacio- nal e transformacional, descritos no método estruturalista (Cap. 2), onde foi possível variar os

elementos em posicionamento na estrutura, substituí-los e eliminar aqueles que não eram es- senciais ao modelo, abrindo caminho para o desvelamento da estrutura subjacente, cujo pri- meiro modelo é apresentado no capítulo 6. Os elementos essenciais desta estrutura subjacente (primeiro modelo) foram, então, reconceitualizados. Este procedimento foi fundamental para elaboração das categorias que deram suporte ao trabalho de campo.

De posse dos modelos aparente e subjacente e, também, das categorias, foram elaborados os roteiros de entrevistas e a estrutura de registro das observações e depoimentos no Software ATLAS TI, utilizado para a organização dos dados coletados.

Foram entrevistados 59 (cinquenta e nove) integrantes do Sistema de Inovação da Defesa, conforme será visto adiante e, após a coleta de todo material (entrevistas, observações, docu- mentos etc.) e a realização do tratamento e discussão sobre os dados coletados (Cap.7), foram feitas as análises que permitiram ratificar o modelo aparente descrito e efetuar pequenas alte- rações no modelo subjacente, que foram apresentadas no capítulo 8. O último capítulo apre- senta, então, o modelo definitivo da estrutura subjacente e discute a relação entre os elemen- tos desta estrutura, demonstrando a interpretação que o pesquisador faz sobre o referido mo- delo.

A discussão apresentada no capítulo 7 permitiu, também, o levantamento dos principais óbices que a estrutura oculta desvelada induz sobre o processo de gestão e sobre o estabeleci- mento e desenvolvimento de interações entre os principais agentes do sistema em estudo.

Do Modelo ou Estrutura Subjacente definitiva, derivou o modelo conceitual para gestão da inovação no setor de Defesa (segmento de não-guerra) e as medidas sugeridas no intuito de incrementar a cooperação, a interação e o fluxo das transferências de informações intra e inte- rinstitucionais e, assim, dinamizar o processo inovativo no segmento.

O Quadro Metodológico (Apêndice F) sintetiza todos os procedimentos realizados nesta pesquisa.