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definição institucional (interesses, metas e objetivos de cada um dos agentes); os benefícios da inovação (PRODE, MEM, imagem, modernização, adaptação, reequipamento); e a cultura organizacional / doutrina militar (valores, tradições, costumes).

Tal seleção foi realizada após um estudo minucioso da documentação e dos manuais das Forças Armadas e do Ministério da Defesa, bem como da literatura acadêmica, nacional e internacional, que trata sobre o tema. Este estudo bibliográfico e documental, aliado a uma pesquisa exploratória, cujos resultados estão dispostos no apêndice M, também, contribuiu para a descrição do modelo aparente, que será detalhada a seguir.

Antes, porém, é importante lembrar que, conforme argumentam Malerba (1999; 2005) e Edquist (2001; 2005), um sistema setorial está contido em um sistema nacional de inovação. E, da mesma forma, pode-se dizer o sistema setorial de inovação do setor de Defesa (SS-Def), também, possui seus subsistemas (Marinha, Exército e Aeronáutica) (Figura 27).

Figura 27: Enquadramento do SIS-Def Fonte: Elaborada pelo autor

Baseado nos conceitos de Freeman (1995), Malerba (1999; 2005) e Edquist (2001; 2005), elaborou-se a Figura 28 abaixo, com a finalidade de ampliar a visualização do SIS-Def, de modo a observar outros elementos do sistema. Assim, na figura abaixo, é possível visualizar os seguintes elementos: agentes internos ao SIS-Def (Marinha, Exército e Aeronáutica); os

agentes externos (BID, IES e outros); as atividades (procura, a seleção e a implementação,

Figura 28: Esquema de análise do SNI

Fonte: Elaborada pelo autor com base em Freeman (1995)

No SIS-Def, os agentes internos interagem ou deveriam interagir entre si e com os agen-

tes externos (BID, IES e outros) realizando atividades e interações voltadas para a inovação.

O MD e cada uma das Forças possui uma rotina de atividades que varia de acordo com suas peculiaridades.

Em relação às interações, é possível afirmar existem interações internas (linhas pretas) e

externas ao sistema (seta azul). As interações internas são realizadas pelos agentes internos

ao sistema. Diz-se que um sistema é fragmentado, quando o nível destas interações é baixo. As interações externas são aquelas em que os agentes de um sistema ou subsistema interagem com agentes não pertencentes ao mesmo (agentes externos). Quando o nível destas interações é baixo, se diz que o sistema é desarticulado ou endógeno.

Também são observados, na figura acima, outros dois elementos: infraestrutura e defini-

ção institucional. Tais elementos estão fundamentados nas duas dimensões essenciais para a

inovação, apontadas por Lundvall (1992): estruturas de produção e a definição institucional. Ambos dão suporte às atividades e interações e, assim, impactam o processo de gestão das inovações. Cada uma das Forças (Marinha, Exército e Aeronáutica) possui sua infraestrutura própria, bem como têm uma definição institucional específica. Toda a infraestrutura das For- ças, indiretamente, pertence ao MD.

Agentes Externos

Buscando ampliar a visualização e apresentar novos elementos do modelo aparente, fo- ram elaboradas as representações gráficas abaixo (Figuras 29 e 30), que ajudam a compreen- der, ainda mais, a posição de tais elementos no modelo e a observar, sob outro ângulo, como se dão as relações entre os mesmos.

Figura 29: Representação parcial do modelo aparente (sistemas, agentes e tipos de inovação) Fonte: Elaborada pelo autor

A representação acima permite observar, com maior nível de detalhamento, onde se en- quadram os sistemas de inovação tecnológica e não-tecnológica das Forças e do MD e as rela- ções entre estes elementos. Assim, os novos elementos observados são: os agentes internos (Forças Armadas e MD), localizados na coluna da esquerda da figura; as inovações tecnológi-

cas (inovatec) e as não-tecnológicas (inovadout), observadas na primeira linha; o sistema de inovação tecnológica do MD (SisCTID) e os das Forças (SCTM, SCTEx e SCTA), localizados

na coluna das inovatec; e os sistemas de doutrina do MD (SIDOMC) e os das Forças, vistos na coluna inovadout.

A Figura 29 apresenta, ainda, três tipos de relações, que são representadas pelas setas vermelhas, verdes e azuis. As setas vermelhas representam as interações entre os sistemas de ciência e tecnologia de cada agente (coluna da esquerda) e os seus, respectivos, sistemas de doutrina (coluna da direita). A leitura da documentação que trata de cada um destes sistemas permite inferir que há uma tênue interface entre os mesmos, que é realizada por meio da ex- pedição de documentos, requisitos e relatórios (Apêndice J), que, em geral, são elaborados no nível do MD ou do Estado-Maior das Forças, os quais apontam as necessidades ou capacida- des a serem adquiridas e especificações técnicas de produtos ou sistemas de defesa.

As setas verdes, por sua vez, representam as interações que deveriam haver entre os sis- temas de ciência e tecnologia das Forças e destes como do Ministério da Defesa. No entanto, a pesquisa documental, também, indica uma ligação ainda menos dinâmica que as relações internas (setas vermelhas).

Por outro lado, as setas azuis, que representam as interações entre os sistemas de doutrina das Forças e destas com o MD. Estas relações são mais intensas. Há muitas publicações e exercícios conjuntos.

Complementando o modelo aparente, foi elaborada a Figura 30 a seguir. Nela, observam- se, adicionalmente, os últimos elementos arbitrados ainda não representados nas figuras ante- riores: cultura, cultura organizacional/doutrina militar e cultura de inovação. Estes três ele- mentos são fundamentais para o entendimento de como se dão as interações no segmento de não-guerra do setor de Defesa.

A observação desta estrutura aparente, dos seus elementos e relações, possibilita inferir, com base documental, que, atualmente, no setor de Defesa, a gestão das inovações se dá por uma gama de subsistemas sem interface e, de certa forma, segregados. Disto, depreende-se que o modelo de gestão do processo de inovações na Defesa é fragmentado como atestam as pesquisas de Cunha e Amarante (2011). E, além de não haver integração entre as Forças, o sistema de inovações na Defesa é desarticulado de outros subsistemas componentes do siste- ma nacional de inovações, que é gerido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Valores, Crenças, costu- mes e tradições.

Figura 30: Visão Geral do Modelo Aparente Fonte: Elaborada pelo autor

Com este modelo aparente, cuja visão geral pode ser vista na Figura 30, é possível enten- der a posição de parcela dos elementos na estrutura. Para que a inovação na Defesa ocorra é fundamental a existência de um suporte ou infraestrutura capaz de determinar o nível do es- forço a ser realizado. Neste diagrama, tal suporte está representado pela Infraestrutura e pela

Definição Institucional, cuja importância já foi ressaltada.

Obviamente, tais agentes estão imersos em um ambiente organizacional, que possui uma cultura própria, que expressa valores e crenças específicas, orientando os indivíduos do grupo em sua forma de pensar, agir e tomar decisões, conforme apontam os argumentos de Pires e Macêdo (2006, p.91). Tal cultura é capaz de influenciar, portanto, o estabelecimento de inte- rações e a forma como os agentes realizam as atividades para inovar. Os valores, costumes e tradições ou a doutrina militar, no caso das Forças Armadas, são provenientes desta cultura.

Infraes- trutura Nacional

Definição Institucional

Valores, Crenças, costu- mes e tradições.