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trabalham nas queijarias da Quinta da Veiguinha e na LEICRAS (Tabela 9). Os dados foram coletados durante a entrevista, diretamente com o Sr. Inácio Neto e o Sr. Telmo Ramos, em forma de questionário. Algumas informações complementares foram solicitadas aos Sr. Inácio Neto e Sr. Telmo Ramos, por email e telefone111, após a entrevista, durante o tratamento de

dados.

O total de trabalhadores são 12: sete trabalham na Quinta da Veiguinha e cinco na LEICRAS. Em ambos os casos, os entrevistados, os senhores Inácio e Telmo, também fazem parte deste número e são os únicos trabalhadores masculinos. São também os únicos com ensino superior (graduados em Engenharia Zootécnica e Gestão e Administração, respetivamente).

Os demais integrantes da amostra são do género feminino, e o nível de maior de escolaridade é o ensino básico (7 casos) e ensino secundário (3 casos).

Quanto a faixa etária, a mais jovem, da Quinta da Veiguinha, possui 28 anos e a mais velha, 58. Na LEICRAS, a mais jovem possui 39 e há duas pessoas com 58 anos. No geral, o grupo com maior concentração está na faixa etária dos 50-59 anos (4 indivíduos). Dos 40-49 anos (1 indivíduo); dos 30-39 (2 indivíduos); e 1 indivíduo entre os 20-29 anos.

111 A impossibilidade de contactar o sr. Telmo Ramos, após a entrevista não permitiu a recolha precisa da idade dos trabalhadores da Quinta da Veiguinha.

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Quanto ao estado civil, 11 encontram-se casado/a(s) e uma está divorciada. Quanto ao rendimento mensal do trabalho na queijaria, todos os 7 funcionários da Quinta da Veiguinha e as 3 funcionárias da LEICRAS possuem um ordenado compreendido entre os 501€ e 1000€/mês.

Tabela 9 – Perfil dos Trabalhadores das Queijarias

Quinta da Veiguinha – Queijo Terrincho DOP LEICRAS – Queijo de Cabra Transmontano DOP

Número total de Funcionários: 7 Número total de Funcionários: 5

Género Género

Masculino 1 Masculino 1

Feminino 6 Feminino 4

Idade 28 / 36 / * / 58 Idade 50(a) / 58 / 58 39 / 42 (a) /

Nível Literário: Nível Literário:

Ensino Básico 4 Ensino Básico 3

Ensino Secundário 2 Ensino Secundário 1

Ensino Superior 1 Ensino Superior 1

Estado Civil Estado Civil

Casado(a)/União de Facto 7 Casado(a)/União de Facto 4

Divorciado(a) Divorciado(a) 1

Dimensão Agregado Familiar Dimensão Agregado Familiar

1 Elemento 0 1 Elemento (a) 1

2 Elementos 2 2 Elementos (a) 3

3 Elementos 0 3 Elementos 1

4 Elementos 5 4 Elementos 0

Elementos que trabalham em queijarias Elementos que trabalham em queijarias

1 elemento 7 1 elemento 5

Rendimento da Atividade Rendimento da Atividade

Até 500/Mês 0 Até 500/Mês (a) 2

De 501 a 1000 /mês 7 De 501 a 1000 /mê 3

Rendimento principal do

Funcionário 7 Rendimento principal do Funcionário 4 Rendimento Complementar 0 Rendimento Complementar 1

No Agregado Familiar No Agregado Familiar

Fonte Principal 0 Fonte Principal (a) 2

Complementar 7 Complementar 3

• Demais idades não fornecidas. De acordo com Sr. Telmo, a idade das funcionárias está entre os 28 e os 58 anos; mais a sua, com 36 anos.

• Grupo (a): informações pertencentes às mesmas funcionárias.

Na LEICRAS, O Sr. Eng.º Inácio enquadra-se na faixa etária dos 50-59 anos (58), possui agregado familiar composto por 2 elementos; seus rendimentos mensais compreendem dos

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501,00€ aos 1.000,00€; e é o único funcionário cuja queijaria não é a única fonte de rendimentos.

Para as duas funcionárias (42 e 50 anos) o rendimento mensal é de até 500,00€ e este valor é a única fonte de renda do agregado familiar; composto por 1 e 2 pessoas. Para as duas últimas funcionárias (39 e 58 anos), o rendimento está entre os 501,00€ e 1.000,00€ por mês e constitui uma fonte complementar de rendimentos dentro do agregado familiar, composto por três e dois elementos.

Quanto ao tamanho do agregado familiar, há um funcionário com 1 elemento; cinco funcionários com 2 elementos; um com 3 elementos; e outros cinco funcionários com 4 elementos. Neste caso, os agregados compostos por 2 e 4 elementos são os mais representativos, com um total de 10 funcionários.

Salientamos, também, que todos os 12 funcionários, somente estes, dentro do agregado familiar, trabalham na atividade queijeira. Os demais elementos do agregado familiar, quando trabalham, estão vinculados a outros ramos de atividade. Não há casos em que alguém do agregado familiar esteja vinculado à ovino/caprinocultura.

Em síntese, o trabalhador das queijarias, com exceção dos gestores (ambos masculinos com curso superior) corresponde a um universo feminino, maioritariamente, com instrução basilar (7 casos) e com ordenados baixos.

11. Escoamento da produção

De acordo com os entrevistados, todo o queijo que é produzido é escoado. Não há acumulação da produção ao longo do ano.

Para o Sr. Inácio, associado ao queijo a produção do Queijo de Cabra Transmontano DOP, é importante criar estratégias para que este produto se insira melhor na economia local, pois é um dos elementos que compõe a gastronomia e a diversidade cultural e ambiental transmontana.

Ele acredita ser importante reforçar a identidade do queijo na região e também o inserir como uma oportunidade de exploração de mercado. Seja através da criação do animal, seja através do fabrico do queijo. Para além disso, também acredita que esta tradição pode ser aproveitada

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turisticamente. Por isso, faz questão que este queijo esteja disponível e acessível para a maior parte dos consumidores locais e regionais.

Na região, o queijo encontra-se disponível em grandes superfícies, feiras, mercados locais e lojas de produtos e géneros alimentícios. Por não terem, ainda, uma grande produção e procura por parte do consumidor nacional, é mais raro encontrar estes queijos em grandes superfícies ao longo do país.

No sítio virtual da LEICRAS112, que informa as estimativas de vendas, em torno de 50% da

produção é destinada para venda e consumo dentro do mercado local; os outros 50% são para as grandes superfícies, para alcance nacional, e cerca de 2%, através de intermediários, são exportados para países como França e Estados Unidos.

A primeira distribuição é feita diretamente pelo produtor, neste caso, pela cooperativa LEICRAS até o ponto de venda (comércio local, distribuidor, grandes superfícies, feiras, etc.).

A perspetiva do Sr. Telmo, representante Terrincho DOP, é diferente. Segundo ele:

Um queijo caseiro não pode ser equiparado a um queijo artesanal certificado. Para além da concorrência desleal, com diferenças de preços absurdas, isto desestimula o reconhecimento da técnica, tradição e do interesse investido num produto único.

Perante este cenário, a opção da Quinta da Veiguinha foi a de buscar mercado fora da região, apresentando-se como um produto de qualidade e de “alta gama”; valorizado por quem sabe reconhecer um produto tradicional. A sua estratégia de escoamento é a de buscar mercado fora da região de Trás-os-Montes, a distribuir seus produtos noutras regiões do país, e também no exterior (França, Suíça e Estados Unidos), promovendo o queijo Terrincho e Terrincho Velho como mais uma oferta de queijo português com certificação DOP.

11.1. Preços e consumo dos queijos DOP transmontanos

Segundo dados do INE (2007) o preço médio praticado para os queijos Terrincho DOP e Cabra Transmontano DOP (em ambas as versões velho DOP), entre 2007 e 2016, foi de 13,18 € para o Terrincho, face ao valor de 12,15 € para o queijo não certificado. No caso do Cabra Transmontano DOP, o valor médio foi de 9,95 € face ao valor de 8,64 € para o queijo não certificado.

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Fernandes et al. (2017) no artigo “Consumo de Queijos DOP da região de Trás-os-Montes, no concelho de Bragança Portugal”113 com base num questionário realizado a 400 indivíduos

pertencentes ao concelho de Bragança (a representar mais de 1% da população do concelho). Na pesquisa, verifica-se que 67,8% dos indivíduos consome queijos (p. 9), quer como entrada (65,6%) quer como sobremesa (49,8%).

Quanto ao conhecimento, a maior parte dos entrevistados conhece os dois produtos, 52,7% para o Terrincho DOP e 58,2% para o Cabra Transmontano DOP. Isso indica também que 40% dos entrevistados não conhecem estes produtos regionais. Mas, dos 400 indivíduos da amostra, apenas 163 (40,7% da amostra) consome queijos DOP transmontanos. Esse valor de 163 indivíduos também representa menos de 0.5% da população do Concelho de Bragança). O artigo apresenta os resultados da pesquisa de forma mais abrangente. Nas considerações finais do trabalho de Fernandes et al. (2017) afirmam:

Quanto ao perfil do consumidor de queijos DOP da Região de Trás-os-Montes, os resultados revelaram que; a maioria é do género masculino; tem, em média, 41 anos de idade; possui habilitações académicas ao nível do ensino superior; são inativos ou desempregados ou trata-se de pessoal administrativo, serviços ou empregado do comércio; na sua maioria, os agregados familiares são constituídos por 3 ou 4 elementos; e, o rendimento mensal situa-se no escalão de 500 a1000 Euros. Quanto aos hábitos de compra de queijos DOP de Trás-os-Montes, os respondentes baseiam a escolha do local da compra em fatores como a confiança, o preço e a proximidade, razão pela qual os adquirem em hipermercados. A escolha deste produto baseia-se em critérios como a qualidade, a marca, a apresentação e o preço. A televisão é meia de comunicação preferido. A degustação e a oferta de amostras grátis são as formas de promoção preferidas pelos consumidores. Quanto ao preço, a maioria está disposta a pagar mais por um queijo DOP da região de Trás-os-Montes.

Relativamente aos hábitos de consumo, verificou-se que a maioria consome queijos quer de origem nacional quer estrangeira mais do que uma vez por semana. O queijo é consumido ao lanche com o acompanhamento de marmelada ou doce. No entanto, nas refeições principais (almoço e jantar) é consumido como entrada. As preferências dos consumidores vão para o queijo de ovelha e para o queijo de mistura sejam eles frescos, curados ou amanteigados. Os queijos transmontanos certificados, nomeadamente, o Queijo de Cabra Transmontano e o Queijo Terrincho são reconhecidos e consumidos por serem produtos da região de Trás-os-Montes de qualidade superior.

Os próprios autores reconhecem as limitações desta pesquisa, por ser um estudo estático e resultante de uma pequena amostragem da população do concelho de Bragança. Mas, ao mesmo tempo é significativo como indicadora do muito que pode ser feito para incentivar o consumo destes produtos na região.

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