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1. Conceitos Operatórios

1.1. Turismo

1.1.4. Turismo em espaço rural

Há um grande debate para se assentar e definir o que é o espaço rural, e consequentemente, o turismo rural, atividade promovida neste espaço. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – OCDE (1994) encontrou três características comuns utilizados para a conceituação de um espaço rural:

a) a densidade populacional e a densidade dos aglomerados;

b) a ocupação do solo e o predomínio da atividade agrícola e florestal;

c) a existência de estruturas sociais tradicionais, património e fatores de identidade local.

De forma a especificar mais as similaridades encontradas (pois estas não correspondem a definições absolutas), para além da baixa densidade populacional e das atividades económicas ligadas ao solo ou à extração de matéria-prima, os contextos sociais devem ser tidos em conta, tais como as questões familiares, religiosas e um estilo de vida menos acelerado, por comparação com o ritmo urbano, que, de forma direta ou indireta, influenciam na criação de uma identidade local, no tradicionalismo, e no que se entende por património.

Para os autores Campanhola e Graziano da Silva (2000, p. 147)17,

O turismo no meio rural consiste de atividades de lazer realizadas no meio rural e abrange várias modalidades definidas com base em seus elementos de oferta como: turismo rural, ecológico ou ecoturismo, turismo de aventura, turismo cultural, turismo de negócio, turismo jovem, turismo social e turismo esportivo. Envolve ainda, atrativos como: parques naturais, “spas” rurais, turismo de saúde, locais de treinamento de executivos, turismo de negócio, centro de convenções rurais, visitas a amigos e parentes, visitas a museus, igrejas, monumentos e construções históricas, festivais, rodeios e shows regionais, visitas a paisagens cênicas e ambientes naturais, gastronomia regional, alambiques, atividades pedagógicas, artesanato, colônias de férias, hotéis-fazendas, fazendas-hotéis, chácaras de recreio e condomínios como segunda moradia, entre outros. Isto é o turismo no meio rural, ou seja, qualquer atividade de lazer e turismo que seja realizada em espaços rurais. O que se pode perceber com base nesta conceção, é que o turismo rural se baseia mais na localidade, ou seja, no tipo de espaço em que o turismo é praticado, e não somente na atividade ou no interesse que mobiliza o turista. Neste sentido, outras atividades podem ser acrescentadas no espaço rural, como atividades desportivas, gastronómicas, festivais, eventos de negócios, etc.

Portugal, hoje, é um destino que vem aprofundando o desenvolvimento de equipamentos turísticos no espaço rural. Estes vão desde os meios de hospedagem (que variam) quer valorizando as arquiteturas tidas como mais tradicionais e pitorescas, quer outras mais modernas e luxuosas, existindo, ainda, equipamentos com alternativas sustentáveis e ecológicas.

17 Campanhola, Carlos; Silva, José G. O turismo como nova fonte de renda para o pequeno agricultor brasileiro. In: Almeida, J. A. e Riedl, M. (Org.). Turismo rural: ecologia, lazer e desenvolvimento. Bauru, SP: EDUSC. 2000.

17

Ribeiro, 2003 (p. 204) explica a evolução da terminologia do TER:

A partir dos anos 70, no desenvolvimento do turismo, começam a surgir a necessidade de recuperação de casas e moradias tradicionais (com estilos arquitetónicos próprios) em zonas rurais. Estas casas, particulares, começam a arrendar os quartos para turistas. Em 1978, através do Decreto-Lei nº 14/78 designa o “turismo de habitação”, classificando-o como “forma de alojamento turístico que consiste no aproveitamento de quartos em casa particulares, com vista a ampliar a capacidade de alojamento onde não existem estabelecimentos hoteleiros ou estes são insuficientes.

Posteriormente, em 1986, o Plano Nacional do Turismo (PNT), através do Decreto-Lei nº 256/86 define o TER como:

Atividade de interesse para o turismo, com natureza familiar, que consiste na prestação de hospedagem em casas que sirvam simultaneamente de residência aos seus donos”. Neste mesmo período, o turismo é dividido em três modalidades, enquadrados conforme o tipo de alojamento:

Art. 2º: Turismo de Habitação (TH): aproveitamento de casa antigas de tipo solar, casa apalaçada ou residência de reconhecido valor arquitetónico, com dimensões adequadas, mobiliário e decoração de qualidade;

Art. 3º: Turismo Rural (TR): aproveitamento turístico de casas rústicas com características próprias do meio rural em que se insere, situando-se em aglomerado populacional ou não longe dele;

Art. 4º: Agroturismo (AT): utilização de casas de habitação ou seus complementos integrados em explorações agrícolas, caracterizando-se por algum modo de participação dos turistas, nos trabalhos da própria exploração ou em formas de animação complementares.

E, no Decreto-Lei nº169/97 (Art. 1º) o conceito é ampliado: o TER é definido como:

O conjunto de atividades e serviços realizados e prestados mediante remuneração, em zonas rurais, segundo diversas modalidades de hospedagem, de atividades e serviços complementares de animação e diversão turística, tendo em vista a oferta de um produto turístico completo e diversificado no espaço rural.

Como forma de concentrar e lutar pelos interesses e manter uma melhor sustentabilidade das atividades de TER, em 1983 foi criada a Associação do Turismo de Habitação – TURIHAB – que hoje conta com aproximadamente 130 estabelecimentos registados para a prática do turismo nas modalidades TH, TR e AT18. A Associação também busca promover atividades complementares à

habitação, com outros serviços incluídos, para dinamizar a oferta.

Contudo, esses dados representam apenas uma parte da oferta deste segmento (cerca de 10% em 2016). Em 2017, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE)19, reportando-se ao ano de 2016 (p. 50),

apontou a existência de 1305 estabelecimentos de TER e TH em atividade. Isso representa um crescimento de 14% comparado ao ano base de 2014 (1145 estabelecimentos ativos). Para 2016,

18 Disponivel em https://www.turihab.pt/PT/membros.html. Acesso em 15/05/2018

19 Disponível em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpagenumber=1&PUBLICACOESrevista= 00&PUBLICACOEStema=55581. Acesso em 16/05/2018

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isto representa a capacidade de 22.5 mil camas (em comparação às 13,7 mil, em 2014, uma variação de 64%).

Nas sub-segmentações, 55% dos estabelecimentos eram denominadas “casas de campo”, 14% Agroturismo (AT), Turismo de Habitação (TH) com 16,6%, Hotéis Rurais, com 5,9% e “Outros”, com 8,5%.

Das regiões, com maior capacidade de alojamento – número de estabelecimentos e de camas – temos a região Norte (com 37,6% dos estabelecimentos, e 33,9% das camas), o Centro (24,1% e 22,2%) e o Alentejo (20,5% e 28,8%). As regiões “Área Metropolitana de Lisboa”, “Algarve” e as Regiões Autónomas dos “Açores” e também da “Madeira” concentram o restante dos percentuais: 17,8% e 15,1%.

Os dados consultados, de anos anteriores, como 1999, 2004, 2008, e 2014, apontam um crescimento gradual da oferta de estabelecimentos em todo o país (com 606, 965, 1047 e 114 unidades, respetivamente), o que representa uma saída para o desenvolvimento socioeconómico, do reconhecimento e valorização desta atividade turística no país.