• Nenhum resultado encontrado

6. Metodologia

6.2. A recolha dos dados

As fontes, indispensáveis, para a elaboração este estudo, são as primárias, pesquisadas pelo autor, e as secundárias.

As fontes secundárias relacionam-se com a consulta bibliográfica, gráfica e fotográfica acerca do tema estudado. Foram utilizadas para compreender melhor determinados conceitos, metodologias, a região de trabalho, o funcionamento de um produto com denominação protegida (DOP, IGP ou ETG), para aprofundar o estudo da manutenção das comunidades queijeiras DOP em Trás-os- Montes. De forma mais específica serviram para aprofundar:

66

• o conceito de turismo cultural, nos segmentos «gastronómico» e «rural» praticado em Portugal, com ênfase para a região de Trás-os-Montes (Norte-Nordeste);

• os conceitos de património histórico-cultural, material e imaterial, com ênfase para a produção dos referidos queijos;

• a legislação vigente, quer a desenvolvida pela Comunidade Europeia no que reporta a regularização e aplicação das DOP, quer a legislação nacional de incentivo/proteção à produção de bens tradicionais portugueses;

• conhecimentos existentes sobre queijos DOP “Terrincho” e “Cabra Transmontano”, nomeadamente sobre o seu processo de produção tradicional.

Na pesquisa inicial, para Prodanov e Freitas (2013, p. 131),

Analisamos as mais recentes obras científicas disponíveis que tratem do assunto ou que deem embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do projeto de pesquisa. É aqui também que são explicitados os principais conceitos e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa.

Durante esta fase, foi importante levantar as informações gerais e específicas sobre os temas- chaves do trabalho (turismo cultural, património imaterial e queijos DOP) que auxiliaram a delimitar a importância do tema e a equacionar as suas problemáticas.

Sobre o tipo de material que contribuição esta etapa do estudo citamos a consulta de artigos científicos, periódicos, legislações de instituições nacionais e da União Europeia.

A coleta das fontes primárias, realizada numa segunda etapa, também conhecida como estudo de campo, fez uso de duas técnicas de observação direta, a intensiva, através da observação direta e da entrevista, e a extensiva, através da aplicação de uminquérito, em forma de questionário.

A observação direta contou uma visita de dois dias a Mirandela. Foi possível visitar e conhecer parte das instalações da LEICRAS, responsável pela produção do Queijo de Cabra Transmontano DOP, acompanhada pelo responsável técnico da produção, o Sr. Eng.º Inácio Neto.

No local, o responsável descreveu todo o processo de produção, desde a recolha do leite com os produtores de gado, à dinâmica da produção, feita em duas instalações da LEICRAS: a queijaria do Cachão e a queijaria da sede da LEICRAS. A primeira, próxima aos caprinocultores, é responsável pela recolha do leite, controlo de qualidade, transformação e a armazenagem na primeira câmara; a segunda instalação é responsável pelo prolongamento da cura do queijo, embalamento, venda e sua distribuição.

67

No caso da produção do Queijo Terrincho DOP, a única queijaria que esteve disponível para uma entrevista breve, fora de suas instalações, foi a Quinta da Veiguinha, do produtor particular, sr. Telmo Ramos, que entrevistámos. Durante a entrevista, feita num lugar público (cafetaria), o Sr. Telmo respondeu ao questionário e, de forma mais livre, a outras perguntas acerca da produção do queijo e das problemáticas relacionadas com esta atividade.

O facto de a visita só ter sido possível em novembro, impossibilitou o acompanhamento da produção dos queijos (pois este é a época baixa da sua produção), assim como conhecer os produtores dos animais, devido a dificuldades de comunicação e de agendamento.

A queijaria Quinta da Branca, pertencente à Cooperativa dos Produtores de Leite de Ovinos da Terra Quente, CRL – QUEITEC, não está presente nesta dissertação devido à inviabilidade de contacto com a instituição. Durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2018, fizeram-se diversas tentativas de contacto, via email ou telefone, para esta instituição, mas nunca se obteve resposta.

A técnica da entrevista semi-estruturada, conduzida pelo guião de nossa autoria, teve o objetivo em obter dados qualitativos e quantitativos; e, ofereceu a oportunidade de «dar voz» à realidade dos entrevistados. Durante esta etapa, houve a intenção em se perceber as motivações em manterem as suas tradições. Com um guião pré-elaborado, procedeu-se à aplicação de perguntas que versam sobre os assuntos a saber:

• perfil dos entrevistados;

• significado do reconhecimento DOP; • razões da manutenção das produções;

• entendimento da dinâmica social entre os produtores de queijos com e sem reconhecimento DOP e entre estes e produtores de outros géneros DOP locais;

• conhecimento dos anseios e perspetivas para o futuro dos produtores de queijo DOP. As duas técnicas aplicadas (observação e entrevista) possibilitaram ao autor, definir e seguir um roteiro pré-definido e estar aberto a outras informações consideradas importantes. Esta modalidade de entrevista é classificada como semiestruturada.

68

Manzini78 (2004, p. 2) com base em vários autores, como Triviños (1987, p.146 e 152) e Manzini

(1990-91, p. 154) defende que a entrevista semiestruturada,

Tem como característica o questionamento básico (...) apoiado em teorias e hipóteses, que se relacionam ao tema de pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. [...] favorecendo não só a descrição dos fenómenos sociais, mas também a sua explicação e a compreensão na sua totalidade.

Manzini (1990-91, p. 154), diz, ainda, que esta modalidade, deve estar “focalizada em assuntos sobre o qual confecionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista.” Para o autor, “este tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas à uma padronização de alternativas” (Manzini, 2004, p. 2).

A tabela abaixo (Tabela 8) serve para sintetizar a metodologia aplicada na pesquisa de campo, desenvolvida nesta segunda etapa do trabalho.

Tabela 8 – Recolha de dados (Fontes Primárias)

Recolha de Fontes Primárias

Público-alvo Técnica de Pesquisa Modalidade Recursos para coleta de dados

Produtores e Transformadores Observação (Direta e Individual) Semi -es tru tu ra da

Observação do Autor; bloco de notas; dispositivos audiovisuais.

Entrevista e Questionário Observação do Autor; Questionário pré-elaborado; dispositivos audiovisuais.

Agrupamento:

(LEICRAS) Entrevista e Questionário Observação do Autor; Questionário pré-elaborado; dispositivos audiovisuais.

Fonte: Elaborado pelo autor.