• Nenhum resultado encontrado

O processo metodológico percorrido para desenvol- vimento do presente estudo foi uma pesquisa documental, exploratória, com abordagem qualitativa, nas bases de da- dos do Governo Federal. Pretendeu-se compreender como o Programa Nacional de Assistência Estudantil pode contri-

sobrevivendo da agricultura familiar camponesa e, em sua maioria possuem uma baixa renda econômica e consequen- temente, um baixo poder aquisitivo[...]”.

Neste contexto os auxílios do PNAES se tornam um dos importantes fatores de permanência do estudante na instituição. Entre os anos de 2011 a 2017 foram alocados R$ 9.390.472,12 reais a instituição através do PNAES, em 2011 foram alocados R$ 563.666,29 reais, em 2012 R$ 785.410,75 reais, em 2013 R$ 1.022.799,07 reais, em 2014 R$ 1.472.549,63 reais, em 2015 R$ 1.514.934,97 reais, em 2016 R$ 1.343.451,48 reais, em 2017 R$ 1.374.670,48 reais. A previsão de recursos para 2018 é de R$ 1.312.989,45 reais.

Cientes que a alocação deste recurso através do PNAES tem objetivo de permanência dos estudantes na ins- tituição, podemos inferir que há benefícios diretos para o município onde a escola está localizada, através do aqueci- mento do comércio e propiciando que os imóveis ociosos da cidade fossem destinados ao mercado de aluguel mensal. A destinação do recurso para os alunos é feita através de auxí- lios (bolsas) de transferência de renda, tendo como objetivo o pagamento de aluguel, transporte e outros.

Uma característica importante do PNAES nesta institui- ção é que os campi tem autonomia para deliberarem, de acordo com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010 e seu regula- mento institucional, sobre como serão distribuídos os recursos, sendo uma decisão local. Essa autonomia para considerar as demandas locais coaduna com as posições teóricas já elenca- das em Santos (2008), Vieira e Santos (2012) e Veiga (2010).

O PNAES além de possibilitar a permanência dos alunos no campus, evita o desperdício de recurso público em vagas ociosas oriundas da evasão ou retensão. O Gasto Corrente por Aluno (GCA) que mede o custo médio de cada 11.194 na zona rural do município (GOVERNO DO ESTADO

DO TOCANTINS, 2017).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística em 2015 (2017) o salário médio mensal era de dois salários-mínimos, sendo a população ocupada em relação à população total era de 6.3%, haviam 46.1% da população em domicílios com rendimentos mensais de até meio salá- rio-mínimo por pessoa.

Uma característica salutar do município é a Ilha São Vicente que além de praia de veraneio no mês de julho quan- do as águas do rio Araguaia mínguam, foi reconhecida como território tradicional remanescente de quilombolas da Co- munidade Ilha São Vicente. A história do município começa em 1867 e logo se entrelaça à história da comunidade, que se originou no ano 1988 com a Lei Áurea (LOPES, 2014). Os dois casais de ex-escravos e suas 4 crianças que Vicente Bernardi- no, fundador do município de Araguatins, recebeu como pa- gamento de dívida em 1869, foram morar na Ilha São Vicente que possui uma área de 2.502,0437 hectares (LOPES, 2014).

O campus em análise foi criado em 20 de setembro de 1985, através do Decreto nº. 91.673 e inaugurado em 23 de março de 1988 (SOUZA, 2009), anterior a criação do estado do Tocantins e quando a Rede Federal EPTC foi criada ele foi incorporado a ela. O campus completou 30 anos de funcio- namento neste ano de 2018 e têm contribuído com a forma- ção e qualificação profissional do município e da região.

Os programas e projetos para permanência e êxito na instituição, principalmente de transferência de renda como o PNAES, são de suma importância no campus visto que se- gundo Souza (2009, p. 91) um dos fatores que desestimulam jovens a estudarem na instituição “é a questão financeira, pois geralmente os pais destes trabalham nos assentamentos

CONCLUSÃO

Em síntese este estudo buscou compreender como um programa no âmbito da Política de Educação com foco na educação superior e educação técnica pode contribuir no desenvolvimento regional de um município da região do Bico do Papagaio. Verificou – se que o montante de recursos inves- tidos são ínfimos diante da possibilidade de permanência e diplomação dos beneficiários de baixa renda, pertencentes a classe trabalhadora, que buscam através da educação profis- sional, técnica ou superior, melhores condições de vida.

Complementar o investimento em Educação, além do Gasto Custo Aluno, com os investimentos do PNAES podem minimizar o desperdício de recursos públicos que ocorrem devido a vagas ociosas nas instituições federais de ensino de- correntes da evasão. Percebe-se que os recursos do PNAES são um importante investimento possibilitando que os estudan- tes matriculados na rede de ensino possam concluir o curso proposto em tempo regimentar, evitando a retensão escolar e o acúmulo de estudantes em idade ativa sem qualificação profissional, que ficam anos além do necessário nas institui- ções federais de ensino por estarem desfocados do processo ensino-aprendizagem, devido as necessidades materiais de sobrevivência que os levam a buscar trabalhos precarizados.

Muito se tem para ser pesquisado e aprofundado dentro da temática proposta, pois somos cientes que um país desenvolvido e sem desigualdades é sinônimo de superação da pobreza e a Educação é imprescindível nesse processo. Sozinha a Política de Educação não promove o desenvolvi- mento regional, mas, conjuntamente a outras políticas pú- blicas podem tensionar os processos excludentes da socie- dade capitalista, propiciando novas formas de sociabilidade onde o desenvolvimento sustentável não seja utopia.

aluno da Instituição (MEC, 2014), mediante “dados oficiais do Ministério da Educação (MEC) registram que, no ano de 2016, o Gasto Corrente por Aluno GCA-Absoluto dos Institu- tos Federais foi de R$ 12.917,35” (CONIF, 2018, p. 1). Percebe- mos que cada estudante que evade de um IFs é um desper- dício de recurso público e destinar recursos financeiros para serem alocados em auxílios financeiros para permanência do aluno na instituição é indubitavelmente um investimento e não gasto, pois o gasto é a evasão e a retenção.

Ao retomarmos a discussão já feita sobre pobreza, é importante reafirmarmos que para muitos estudantes so- mente a gratuidade do ensino não é suficiente para que ele consiga permanecer na instituição até o final de seu curso em tempo previsto. Pois ao se agudizarem as necessidades financeiras a família do estudante e ele próprio (maior de de- zoito anos ou não), tomam a difícil decisão de conciliar a es- cola com um trabalho precarizado, muitas vezes informal e com baixos salários, ou abandonar a instituição para almejar uma vaga de trabalho de tempo integral com um rendimento um pouco maior. Lembrando que os alunos do ensino técni- co profissional, em geral, não possuem o ensino médio com- pleto e são menores de 18 anos, pois o campus oferta o maior número de vagas para os cursos integrados.

Assim, ofertar auxílios financeiros de transferência de renda, que não ultrapassam os 400 reais mensais (POR- TAL DA TRANSPARÊNCIA, 2018) aos alunos do campus se torna uma estratégia para profissionalizar diversos jovens da classe trabalhadora, visando melhor colocação no mercado de trabalho e assim possibilitar o rompimento com a pobre- za, além disso propicia o desenvolvimento regional na pers- petiva sustentável com tecnologias inovadoras.

_______. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tec- nológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial [da] Re- pública Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 dez. 2008. Dispo- nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2008/lei/l11892.htm>. Acesso em: 10 mai. 1998.

_______. Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe so- bre o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 jul. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7234.htm>.

Acesso em: 10 mai. 1998.

_______. Portal da transparência. 2018. Disponível em

<http://www.portaltransparencia.gov.br/>. Acesso 30 de

maio de 2018.

COMISSÃO BRUNDTLAND. Relatório Brundtland. 1987. In

A ONU e o meio ambiente. Organização das Nações Unidas

no Brasil. Disponível em <https://nacoesunidas.org/acao/

meio-ambiente/>. Acesso 30 de maio de 2018.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Subsídios para

a atuação de assistentes sociais na Política de Educação. 1

ed. Brasília, 2012.

CONSELHO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DA REDE FE- DERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TEC- NOLÓGICA. Nota de repúdio. 2017. Disponível em <http:// portal.conif.org.br/images/23_11__Nota_de_rep%C3%Ba-

dio.pdf>. Acesso 30 de maio de 2018.

GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS. Perfil socioeco-

nômico dos municípios. Secretaria do Planejamento e Or-

çamento. Março de 2017. Disponível em <https://central3.

to.gov.br/arquivo/348463/>. Acesso em 30 de maio de 2018.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos que contribuíram direta e indireta- mente com a elaboração deste estudo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. Apontamentos sobre a po- lítica de educação no Brasil hoje e a inserção dos/as assis- tentes sociais. In: Subsídios para o Debate sobre o Serviço

Social na Educação, 2011. CFESS- Brasília. Disponível em:

<http://cfess.org.br/arquivos/subsidios-servico-social-na-

-educacao.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2015.

BRASIL, Decreto nº 91.673, de 20 de setembro de 1985. Cria a Escola Agrotécnica Federal no Município de Araguatins, no Estado de Goiás, e dá outras providências. Disponível em

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/

decreto-91673-20-setembro-1985-441748-publicacaoorigi-

nal-1-pe.html>. Acesso em 30 de maio de 2018.

______. Decreto nº 7.566, de 23 de Setembro de 1909. Créa nas capitaes dos Estados da Escolas de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primario e gratuito. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/decre- to_7566_1909.pdf>. Acesso em: 11 mai. 2018.

_______. Constituição da República Federativa do Brasil de

1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Bra-

sília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: <http://www.planal-

to.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso

em: 10 mai. 2018.

_______. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Portaria Normativa

nº 39, de 12 de dezembro de 2007. Disponível em <http://

portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/portaria_pnaes.pdf>. Aces-

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensa- mento único à consciência universal. 16. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens e concepções sobre o

território. 4. ed. São Paulo: Outras Expressões, 2015.

SOUZA, Isa Fernandes. Análise dos distanciamentos entre

a escola Agrotécnica Federal de Araguatins e os assenta- mentos do Bico do Papagaio. Analysis of the distancing bet-

ween the Federal agriculture Techinical Scholl in araguatins and Bico do Papagaio s settlements. 2009. 115 f. Dissertação (Mestrado em Educação Agrícola) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2009.

TODOS PELA EDUCAÇÃO. Anuário Brasileiro da Educação

Básica 2017. Editora Moderna: 2014. Disponível em: <ht- tps://www.todospelaeducacao.org.br//arquivos/biblioteca/ anuario_brasileiro_da_educacao_basica_2017_com_marca-

dores.pdf>. Acesso em: 25 maio 2018.

UNESCO. Educação de qualidade para todos: um assunto de direitos humanos. 2ª ed. Brasília: Escritório Regional de Educa- ção para a América Latina e Caribe, 2008. Disponível em: <http://

unesdoc.unesco.org/images/0015/001505/150585por.pdf>.

Acesso em 10 mai. 2018.

VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010.

VIEIRA, Edson Trajano; SANTOS, Moacir José dos. Desenvol- vimento econômico regional – uma revisão histórica e teóri- ca. In: Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Re-

gional. v. 8, n. 2, p. 344-369, mai-ago/2012, Taubaté, SP, Brasil.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.

Araguatins. 2017. Disponível em <https://cidades.ibge.gov.br/

brasil/to/araguatins/historico>. Acesso em 29 de maio de 2018.

______. Divisão regional do Brasil em regiões geográficas

imediatas e regiões geográficas intermediárias: 2017. Rio

de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em <https://biblioteca.

ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100600.pdf>. Acesso 30 de

maio de 2018.

INSTITUTO FEDERAL DO TOCANTINS. Lei Orçamentária Anual. Disponível em <http://www.ifto.edu.br/>. Acesso em 30 de maio de 2018.

LOPES, Rita de Cássia Domingues. Relatório Antropológico

de Reconhecimento e Delimitação da Comunidade Qui- lombola Ilha São Vicente apresentado ao INCRA e à UFT como resultado do Termo de Cooperação Técnica assinado entre as instituições, nº 1000/2011. Outubro, 2014. Tocan-

tins. Disponível em <http://www.consultaesic.cgu.gov.br/ busca/dados/Lists/Pedido/Attachments/521320/RESPOS-

TA_PEDIDO_RTID_ILHA_DE_SO_VICENTE_TO.pdf>. Aces-

so em Acesso 30 de maio de 2018.

MARX, Karl. Processo de trabalho e processo de valorização. In: ANTUNES, Ricardo. (Org.). A Dialética do trabalho I: es- critos de Marx e Engels. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2013. p. 31-58.

PACHECO, Eliezer; RISTOFF, Dilvo I. Educação superior: de- mocratizando o acesso. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2004. Disponível em

<http://portal.inep.gov.br/documents/186968/485287/Edu-

ca%C3%A7%C3%A3o+superior+democratizando+o+aces-

so/55de1414-1620-4b62-bdea-595ee7a32c2e?version=1.2>.

principalmente no contexto de fortes tensões e ataques que a educação brasileira vem sofrendo nas últimas décadas. Des- tacamos a participação dos sujeitos na construção do PPP do IFMA Campus Monte Castelo e concluímos que a escola precisa romper com relações verticalizadas quebrando com a velha separação entre pensar e executar ainda presente na realidade estudada.

Palavras-chave: Políticas educacionais. Projeto Político Pe-

dagógico. Gestão democrática.

ABSTRACT

This article part of initial studies for elaboration of dissertation of master in education of the Federal Univer- sity of Maranhão (UFMA), having as one of yours objectvies discuss of importance of coletive build of Pedagogical Politi- cal Project (PPP) like one of the forms of effectivation of the management democratc in IFMA/Campus São Luís Monte Castelo. The methodology is based on dialectical historical materialism and uses bibliographical research through the raising of a theoretical framework about of PPP and your relation with practice of the dialogic planning reflecting in efetivation of one conception of democratic management in school. This way, field research was carried out to analyse if was is contained in official speech of document is concretized through the lived practices by research subjects. The authors who grounded this study are: Veiga (1995,2003,2010), Medel (2008), Libâneo (2015), Padilha (2006), Gandin (1994), Gadot- ti e Romão (2001) and others. Initially, the etymology of the term project, the importance of the collective construction of the PPP for the consolidation of a project, and this subject is still enought studied by Brazilian researchers mainly in the context of strong tensions and attacks that Brazilian educa-

Outline

Documentos relacionados