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PEDAGÓGICAS DOS CÂMPUS

E SUA RELAÇÃO COM A

PERMANÊNCIA E ÊXITO DO

EDUCANDO NO IFSC

Sandra Lopes Guimarães1

Maria Alice Sens BrezinskI2

Paula Oliveira Camargo3

1Instituto Federal de Santa Catarina (Brasil) 2Instituto Federal de Santa Catarina (Brasil) 3Instituto Federal de Santa Catarina (Brasil) E-mails: sandrag@ifsc.edu.br, aliceb@ifsc.edu.br, paula.oliveira@ifsc.edu.br

RESUMO

O presente artigo aborda uma análise teórica possí- vel da gestão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec- nologia de Santa Catarina, no que se refere a permanência e êxito dos educandos associada à formação dos profissionais que desempenham suas atividades nas coordenadorias pe- dagógicas e setores afins, ou seja os servidores Técnicos Ad- ministrativos em Educação, dos câmpus. Para tanto, destaca uma das ações que foi organizada pela Diretoria de Ensino, vinculada a Pró-reitoria de Ensino do IFSC, frente a questão do fracasso escolar (a partir de Patto/1990 e Dore/2017), com o objetivo de mitigar os índices de evasão escolar e retenção/ reprovação no IFSC. O Anuário Estatístico 2016 do IFSC indi- cava que 1.080 profissionais compunham o número total de Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) no IFSC. Este dado é significativo se comparado ao dado do Relatório de SOUZA, J. A. S. Permanência e Evasão Escolar: um estudo de

caso em uma instituição de ensino profissional. 2014. 152f. Dissertação (Programa de Pós Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública) - Universidade Fe- deral de Juiz de Fora, Juiz de Fora - MG.

que “as universidades gozam de autonomia didático-peda- gógica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensi- no, pesquisa e extensão”. Nesta perspectiva, podemos inferir que a gestão representa o elemento institucional que realiza a mediação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, relações estas que por si só não se estabelecem de forma direta. Ou seja, a gestão é que estabelece condições para que o proces- so de ensino e aprendizagem se desenvolva na instituição de ensino.

Independente da natureza das atividades, gestão im- plica também em liderança. O desenvolvimento de toda ati- vidade naturalmente revela um líder. Encontramos em Mat- ta (2014) que:

Gerenciar é cuidar daquilo que precisa ser fei- to, garantindo a execução das atividades. Já a capacidade de criar um clima organizacional inspirador, estimular colaboradores e preocu- par-se com o bem-estar de todos são caracte- rísticas de quem assume a função de liderança.

Portanto, há requisitos distintos entre um gestor e um líder. Ao nos propormos pesquisar sobre a gestão da edu- cação, num ambiente institucional público, independente do foco da observação e análise, estamos discorrendo sobre gestão e sobre liderança. O excelente gestor não necessaria- mente é líder, ao que a recíproca é verdadeira. Sendo assim, as diferenças entre eles é que “a primeira engloba aspectos práticos e cotidianos, e a segunda engloba os atributos par- ticulares.” (MARQUES, 2012). Ainda de acordo com Marques (2012) o perfil do profissional vai definir se este é um gestor ou também um líder.

Bertucci (1999) diz que a maneira como o gestor vê a organização e como encaminha seus processos, determinará Gestão Exercício 2006, do então Centro Federal de Educação

Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC), que apontava o total de 294 TAEs. Em 10 anos, em função da nova institucio- nalidade e da expansão da rede federal de educação profis- sional, observa-se um aumento de 73 % no quadro de TAEs no IFSC. Sendo que, de acordo com o levantamento feito junta aos Câmpus, 158 destes Técnicos Administrativos em Educação desenvolvem suas atividades nas Coordenado- rias Pedagógicas dos Campus ou setores vinculados a estas atribuições. Nesta perspectiva, a ação institucional intitula- da Projeto de Formação e Atualização dos Profissionais que atuam nas Coordenadorias Pedagógicas e Afins do IFSC tem por objetivo atender esta demanda de servidores, relaciona- da a temáticas (Trabalho Interdisciplinar e Multidisciplinar; Inclusão; Acesso, Permanência e Êxito do Educando; Con- celho de Classe; Processo de Avaliação da Aprendizagem e do Ensino; Modalidades de Aprendizagem e Modalidades de Ensino; Currículo) que compõem a práxis pedagógica.

Palavras-chave: Gestão e Liderança, Evasão, Educação Pro-

fissional, Permanência e Êxito.

INTRODUÇÃO

A gestão de uma instituição de ensino é complexa e requer contínuo acompanhamento de suas práticas. É preci- so estudos e reflexões constantes a fim de conferir os resulta- dos das ações, sempre em busca do cumprimento das metas e dos objetivos institucionais. Gerir organizações pressupõe conhecimentos e competências, trazidas pelos gestores ou formadas ao longo da trajetória.

Ao observarmos os Institutos Federais, enquanto instituições de ensino, podemos verificar que são afetados pela Constituição Federal em seu art. 207, quando indica

Levando em conta os índices relacionados à perma- nência e êxito dos educandos, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), vem desde 2006 desenvolvendo trabalhos e promovendo debates que possam subsidiar a prevenção e a diminuição da evasão e da retenção/reprovação escolar, problema que também é conceituado (apontado) por alguns autores como “fracasso escolar”.

Neste espaço de tempo (2006-2016), em que ações institucionais amplas e específicas (a partir da realidade de um dos câmpus, e de um determinado curso) foram realiza- das e sistematizadas, coube à gestão definir algumas áreas prioritárias para o desenvolvimento de ações estratégicas, apontadas também no Plano de Desenvolvimento Institu- cional do IFSC (2015, p. 60):

Com o objetivo de identificar mecanismos que possam levar à permanência e ao êxito dos dis- centes, a instituição vem fortalecendo a implan- tação de equipes interdisciplinares nos câm- pus, para ampliar as ações das Coordenadorias Pedagógicas. As ações dessas equipes têm por objetivo articular o trabalho de servidores em prol de melhores taxas de permanência e êxi- to dos discentes. Compreende-se que, através dessas ações conjuntas, será possível aprimorar o processo de criação dos cursos, metodologias de ensino e acompanhamento acadêmico dis- cente, a fim de causar um impacto positivo nas taxas de permanência e êxito dos discentes no IFSC, contemplando o atendimento às diferen- tes formas de aprender.

Uma dessas ações estratégicas foi definida na Pró- -reitoria de Ensino, por meio da Diretoria de Ensino e em conjunto Diretoria de Gestão de Pessoas, foi à elaboração do Projeto de Capacitação, Formação e Atualização dos Profis- sionais que atuam nas Coordenadorias Pedagógicas e Afins o desempenho dessa organização. Assim, profissionais atua-

lizados e receptivos às mudanças que acompanham o desen- volvimento tecnológico, por exemplo, tendem a influenciar decisões estratégicas no sentido da modernização organi- zacional. Profissionais com perfil mais conservador podem apresentar maior dificuldade em desenvolver estratégias ali- nhadas às constantes mudanças do mundo globalizado.

De acordo com Jacoski (2013), em estudos mais recen- tes afirma que “o novo perfil do gestor, obriga-o a ser um agente propulsor de mudanças”. Queremos destacar a ideia do autor para a necessidade de gestores completos, capazes de perceber para além da tarefa em si e agregar pessoas igualmente capa- zes, capacitadas e comprometidas, por meio do conhecimento construído nas reflexões e nos debates coletivos.

Bittencourt (2006), citado por Jacoski (2013, p. 57), diz que a aprendizagem organizacional é o que proporcio- na o aparecimento das competências nos profissionais, em ambientes onde todos ensinam, aprendem, experimentam e são capazes de transformar. Neste viés, remetemos para as políticas institucionais, que destacam o pensamento e a in- tenção de uma prática democrática a partir da participação de toda a comunidade escolar. Assim, se conjecturamos que a aprendizagem ocorre em todos os sentidos na escala hie- rárquica, estamos inferindo também que o gestor apresente capacidade de agregar pessoas e competências para o desen- volvimento das ações institucionais.

Quando nos propomos a tratar do tema da perma- nência e êxito do educando no Instituto Federal de Santa Catarina(IFSC), precisamos observar, primeiro, os dados es- tatísticos, que são o reflexo, ou resultado de nossas ações. E nesta perspectiva, cabe questionar se o que fazemos e como fazemos está adequado e suficiente.

Aliada a demanda de capacitação destes servidores agrega-se também a demanda da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) para a “elaboração de um plano estratégico de intervenção e monitoramento para su- peração da evasão e da retenção na Rede Federal”. Assim, a decisão da gestão, para além de privilegiar a qualificação os servidores das Coordenadorias Pedagógicas e setores afins, coloca em foco estratégico a capacitação na perspectiva da diminuição dos índices de evasão e repetência/retenção do educando no IFSC.

Nesta perspectiva Dore, Sales e Silva (2017) corrobo- ram com nossos argumentos informando que o Brasil teve:

nas últimas décadas uma expansão sem prece- dentes da educação profissional. Novas oportu- nidades de formação dos jovens para o mundo do trabalho passaram a surgir. Entre 2003 e 2010, o MEC inaugurou 214 instituições de educação profissional, previstas no plano de expansão da rede federal de educação profissional. Entre 2011 e 2014, entraram em funcionamento 208 novas instituições, totalizando 562 unidades em atividade e refletindo um investimento de mais de R$3,4 bilhões. A ampliação das condi- ções de formação técnica e tecnológica contri- buiu, sem dúvidas, para democratizar o acesso à educação no País.

Entretanto, intensificou-se o número de estu- dantes que passaram a abandonar os estudos. Tal problema foi constatado na auditoria reali- zada na Rede Federal de Educação Profissional, em 2012, pelo Tribunal de Contas da União, que recomendou o desenvolvimento de estudos e de estratégias para prevenir a evasão escolar. Como resposta, a Secretaria de Educação Pro- fissional e Tecnológica (SETEC/MEC) elaborou, em 2014, um documento orientador para supe- rar a evasão escolar. Sucederam-se outros do-

do IFSC (PCFAPCPed-IFSC), para implementação no ano de 2017 ou 2018. A decisão por este projeto foi pautada levan- do em consideração os dados do Anuário Estatístico 2016 da PROEN, onde foi informado que 1.080 profissionais compu- nham o número total de Técnicos Administrativos em Edu- cação (TAE) no IFSC. Este dado é significativo se compara- do ao dado do Relatório de Gestão Exercício 2006, do então Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC), que apontava o total de 294 TAEs. Em 10 anos, em função da nova institucionalidade e da expansão da rede federal de educação profissional, observa-se um aumento de 73% no quadro de TAEs no IFSC. Sendo que, de acordo com o levantamento feito junto aos Câmpus, 158 destes Técnicos Administrativos em Educação desenvolvem suas atividades nas coordenadorias Pedagógicas dos Câmpus ou setores vin- culados a estas atribuições.

Em menos de uma década como instituto federal, o IFSC recebeu novos desafios relacionados ao âmbito de sua atuação, o que implica na complexidade e singularidade de suas finalidades e características. Neste contexto, o aumento do número de profissionais na instituição, e mais especifica- mente a chegada de novos profissionais para atuar nas Coor- denadorias Pedagógicas (e afins) impõe a necessidade de execução de um projeto de formação, devidamente orientado também pela legislação vigente, mais precisamente apontada na Resolução Nº 45, de 18 de Dezembro de 2014, do Conselho Superior do IFSC em seu artigo primeiro definindo que:

A Política de Formação do Instituto Federal de Santa Catarina constitui-se num conjunto de ações voltadas para o desenvolvimento dos servidores do IFSC e demais profissio- nais de instituições de ensino, e ampliação das oportunida- des de acesso a diferentes possibilidades de cursos de forma- ção: qualificação, capacitação e treinamento.

ção a ser atendida. Nesta perspectiva, com relação aos motivos da evasão Dore e Sales (p.116, 2017) destacam que:

A disposição de um estudante de continuar ou não na escola até a conclusão dos estudos está associada a fatores diversos. Nenhum fator úni- co é capaz de explicar por si só e de modo com- pleto esse processo. Assim como acontece com os próprios estudantes, as pesquisas acadêmi- cas relatam uma variedade de fatores associa- dos à decisão de evadir-se da escola.

O conceito de êxito, tomado como consequência, anuncia seu foco no processo e não exclusivamente com o momento no qual o sucesso é aferido (nota final ou conclu- são do curso). Neste sentido, este conceito se refere ao per- curso do aluno para atingir ao êxito como efeito do processo de ensino aprendizagem ao longo do curso, levando em conta os tempos e espaços diversos, sua escolarização, bem como indicadores referentes ao egresso. Os indicadores do egresso enquanto fonte de informação para os Institutos Federais (IF) da condição de inserção no mundo do trabalho, bem como da necessidade de continuidade de formação dos ex-alunos.

As ações na perspectiva da Permanência e do Êxito dos educandos estão respaldadas tanto na Constituição da República Federativa do Brasil, como a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014, em consonância com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, assinalando a necessidade de garantia do aten- dimento escolar em todos os níveis da Educação, e com esta finalidade propõe diretrizes e metas.

Com relação ao PNE 2014-2024, é oportuno destacar que entre as estratégias previstas para atingir a Meta 11, no item 11.11, que trata do aumento da oferta de educação pro- fissional técnica de nível médio, a elevação gradual da taxa

cumentos normativos e ações que começaram a ser desenvolvidas diretamente pelas institui- ções de ensino.

OBJETIVO

O objetivo geral deste artigo é apresentar e descre- ver o Projeto de Capacitação, Formação e Atualização dos Profissionais que atuam nas Coordenadorias Pedagógicas e Afins do IFSC (PCFAPCPed-IFSC), enquanto ação estratégica da Diretoria de Ensino do IFSC para redução dos índices de evasão e repetência/reprovação.

Os objetivos específicos são:

• Apontar as razões que fundamentaram a elabo- ração do PCFAPCPed-IFSC como ação estratégica de gestão

• Descrever a metodologia proposta para a execu- ção do PCFAPCPed-IFSC na perspectiva de uma resposta gerencial para permanência e êxito dos educandos no IFSC.

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