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Ao longo do primeiro bimestre deste ano letivo, os da- dos coletados pautaram-se nas informações disponibilizadas pelo controle acadêmico (número de evasão e rendimento escolar) e na conversa direta e franca com os alunos dos 1ºs. anos que demonstraram a intenção de evadir dos Cursos Téc- nicos Integrados ao Médio em Administração, Agropecuária e Mineração do IFPI – Campus Paulistana, esboçando-se, as- sim, o perfil de cada turma, de modo que se pôde compreen- der algumas das principais causas da evasão, elencadas, nesta pesquisa, como fatores individuais, internos e externos.

Por ordem alfabética, tem-se inicialmente o 1º ano de Administração. A turma iniciou o ano letivo com 38 alunos, compreendidos numa faixa etária de 15 a 17 anos, a maioria residente em Paulistana e advinda de escolas públicas da re- gião. A referida turma apresentou o seguinte desempenho:

Tabela 1: Dados referentes ao 1º ano de Administração.

Arroyo (2001) discute que, por muito tempo, o ima- ginário escolar e docente aparentou aceitar com muita tran- quilidade o fracasso educativo, traduzido pela evasão esco- lar, concebida como fator social e cultural, eximindo-se de toda e qualquer responsabilidade. No entanto, além dos fa- tores externos, devem ser considerados os aspectos internos (gestão escolar, currículo oficial, metodologia do professor, estrutura escolar) e individuais como propulsores da evasão escolar, desencadeando, assim, a exclusão intelectual e so- cial de muitos adolescentes e jovens.

Para Aquino (1997), imputar ao professor individual- mente todos os defeitos da educação é tão injusto quanto li- vrá-lo de toda responsabilidade. Assim, é interessante men- cionar nessa reflexão que o professor deve proporcionar aos alunos informações, fornecendo-lhes material cultural rele- vante que responda aos objetivos e conteúdos da série cor- respondente, além, é claro, de satisfazer aos anseios pessoais e profissionais dos educandos quanto ao processo epistemo- lógico e social da aprendizagem.

Torna-se, pois, difícil delimitar as responsabilidades dos fenômenos ligados à evasão escolar, porque o problema é complexo e se produz no resultado de um conjunto de fa- tores que atuam de modo coordenado, já que nenhum deles tomado isoladamente o conseguiria provocar (BRASIL, 2006).

Desse modo, para mitigar os índices de evasão esco- lar na Educação Básica e Profissional do IFPI – Campus Pau- listana, são necessárias diversas ações: implementação de políticas públicas, visando à diminuição das desigualdades sociais; adoção de um currículo escolar dinâmico e contex- tualizado; realização de cursos de formação continuada para professores, enfocando nos aspectos psicológicos (satisfação de pertencimento, motivação para ensinar e aprender); téc-

tor relata que os alunos desmotivados na escola encontram muita motivação fora dela. Para ele, a escola passa para um segundo plano. Fora do cenário escolar, está à espera do alu- no a cultura de consumo (a do sexo, a da amizade, a dos es- portes, a das drogas) que manipula o comportamento e as pretensões dos sujeitos.

Portanto, há várias atrações externas que estão prontas para serem absorvidas pelos adolescentes e jovens que se en- contram seduzidos por essa cultura (a do consumo). Nesse sen- tido, a escola se mantém arcaica, sem inovação, sem condições de competir com o mundo social. Para ganhar esse jogo, é reco- mendável uma constante inovação na metodologia, na busca de criatividade e nas ações didático-pedagógicas, além de um currículo condizente com as demandas contemporâneas.

Por conseguinte, o 1º ano de Agropecuária foi avalia- do. A turma iniciou o ano letivo com 45 alunos, compreendi- dos numa faixa etária de 15 a 18 anos, a maioria residente em Paulistana e advinda de escolas públicas da região. Os dados coletados revelam o seguinte perfil da turma:

Tabela 2: Dados referentes ao 1º ano de Agropecuária.

É possível observar que dos 42 alunos matriculados e frequentantes (93,4%), 3 evadiram, o que corresponde a um percentual de (6,6%).

Observa-se que neste primeiro semestre letivo, dos 35 alunos (92,1%) regularmente matriculados e frequentando, 3 evadiram, o que corresponde a um percentual de (7,9%).

Quanto ao rendimento escolar dos 3 estudantes eva- didos, observa-se que, considerando um universo de 18 dis- ciplinas, houve um resultado ínfimo, variando de 3 a 6 notas iguais ou acima da média (7,0). Desse modo, esse contexto adverso, enfrentado pelos referidos discentes, pode ter in- fluenciado quanto à decisão de abandonar o curso, levando em conta que os desafios de aprendizagem transcendiam às possibilidades imediatas.

Em se tratando dos fatores externos como propul- sores da evasão escolar, estes foram pouco relevantes nessa amostra, pois somente um deles revelou a necessidade de trabalhar, com vistas ao sustento da família, sendo assim in- conciliável a realidade de estudos e labor.

Os outros dois casos de evasão escolar ocorreram em decorrência de fatores individuais e internos que se entrela- çam respectivamente, visto que, em conversa com os alunos evadidos, estes revelaram baixa autoestima e, consequen- temente, reduzida motivação para enfrentar os desafios da aprendizagem, enfatizando, também, que, para eles, o ensi- no da instituição é muito complexo, com uma quantidade excessiva de disciplinas, pesada carga horária e inúmeros conteúdos a serem assimilados, o que dificulta a aprendiza- gem discente, em virtude da falta de nivelamento intelectual e hábito com esse novo sistema de ensino que se contrasta com o modelo do Ensino Fundamental anteriormente viven- ciado por esses estudantes.

Vale assinalar que Freire (2001) concebe a motiva- ção como um problema, explicitando que ela paira sobre as escolas como uma “pesada nuvem”. Nessa colocação, o au-

Tabela 3: Dados referentes ao 1º ano de Mineração.

Nota-se que apenas 1 aluno evadiu, o que correspon- de a um percentual de 2%, num contingente de 48 alunos matriculados (98%) e que tem frequentado às aulas.

Quanto ao rendimento escolar desse estudante que evadiu, observa-se que, considerando um universo de 18 dis- ciplinas, em apenas uma delas, o aluno obteve nota superior à média (7,0), sendo que, nas demais, as notas foram abaixo da média. Assim, conclui-se que o baixo desempenho nas no- tas influenciou sobremaneira na decisão de desistir do curso. Outros fatores individuais e internos também con- tribuíram, para que o aluno evadisse do curso. Em conversa com os estudantes da turma da qual esse aluno fazia parte (1º Mineração), eles revelaram que o referido aluno não se interessava por obter notas satisfatórias, alegando que não se identificava com o curso e que procuraria uma escola pú- blica que ofertasse apenas o Ensino Médio Regular. Corro- borando com esses fatores, Rumberger (2011) advoga que uma grande variedade de fatores contribui para o fenômeno da evasão, afirmando, inclusive, que a interação entre esses fatores ao longo do tempo torna praticamente impossível a tarefa de apontar uma relação causal entre um elemento iso- lado e a decisão do abandono.

No que diz respeito ao rendimento escolar dos 3 estu- dantes evadidos, observa-se que, considerando um universo de 22 disciplinas, em nenhuma delas, os alunos obtiveram notas iguais ou superiores à média (7,0). Diante dessa rea- lidade, é possível concluir que o desestímulo frente a tantas notas baixas foi maior que o desejo de permanecer na insti- tuição. A sensação de incapacidade foi o fator primordial que levou os referidos alunos do curso de Agropecuária a evadi- rem já no primeiro bimestre.

Quanto aos fatores externos como propulsores da evasão escolar, é preciso destacar que, dos três alunos que evadiram, um deles afirmou que problemas familiares in- fluenciaram na decisão de evadir do curso, pois seria ne- cessário morar em um povoado próximo de Paulistana por questões econômicas e de acompanhamento familiar.

Quanto aos outros dois casos, sabe-se que a evasão foi motivada por fatores individuais e internos, respectiva- mente. Ao dialogar com os alunos evadidos, estes demons- traram baixa autoestima e, consequentemente, uma desmo- tivação frente aos desafios da aprendizagem, enfatizando, também, que, para eles, o curso de agropecuária não era in- teressante pelo fato de não se identificarem com a sua pro- posta curricular.

Por fim, o 1º ano de Mineração também foi avaliado. A referida turma iniciou o ano letivo com 49 alunos, com- preendidos numa faixa etária de 15 a 17 anos, a maioria resi- dente em Paulistana e advinda de escolas públicas da região. Observou-se o seguinte desempenho da turma:

Dessa maneira, poderão ser amenizados os índices de desigualdade social, emergindo um novo espaço humano e so- cial em que haja, efetivamente, a igualdade de oportunidades, na qual pobres e ricos usufruam dos bens sociais e culturais.

A garantia de uma educação de qualidade é, então, uma possibilidade concreta de exercício pleno da cidadania. Portanto, é imprescindível debruçar-se no tema da evasão escolar, para que, compreendendo essa problemática, novos horizontes possam ser trilhados pelos alunos, professores, gestão escolar e administração pública, com vistas ao acesso, permanência e êxito dos adolescentes e jovens dos Cursos Técnicos Integrados ao Médio do IFPI – Campus Paulistana.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente a Deus, pelo dom da vida. Ao IFPI cam- pus Paulistana pelo apoio e incentivo nas atividades de- senvolvidas ao longo da pesquisa sobre evasão escolar. Aos organizadores do V CIEPEE pela oportunidade de comparti- lharmos experiências com outros pesquisadores e professo- res que ora comungam com nossos ideais na busca de solu- ções para os desafios educacionais que nos cercam.

REFERÊNCIAS

AQUINO, Júlio Groppa. O mal-estar na escola contempo- rânea: erro e fracasso em questão. AQUINO, J. G. (Org.). In:

Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. 4.

ed. São Paulo: Summus,1997.

ARROYO, Miguel. Prefácio. PARO, V. H. In: Reprovação esco-

lar: renúncia à educação. 2. ed. São Paulo: Xamã, 2001.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

CONCLUSÃO

A presente pesquisa é desafiadora, se considerarmos a necessidade urgente de ações concretas para a diminuição da evasão escolar na Educação Básica e Profissional do IFPI – Campus Paulistana. Ressalta-se que essa temática repre- senta um problema histórico que tende a perdurar por inú- meras décadas, haja vista a ineficácia das políticas públicas de inclusão de adolescentes e jovens, não garantindo a per- manência dos alunos na escola, bem como em face de um sistema de ensino ultrapassado que não atende às expectati- vas desse público, gerando, assim, insatisfação e abandono. E, por último, em virtude da própria desmotivação do aluno, certamente causada por problemas pessoais e familiares, in- terferindo no ato de aprender.

Salienta-se, pois, que todos os segmentos constituí- dos (escola, governo, família e sociedade) são corresponsá- veis pelo sucesso ou fracasso escolar. Por isso, não se pode atribuir a responsabilidade da evasão escolar apenas para um desses entes (a escola, o poder público ou o próprio aluno).

Nessa perspectiva, o problema persiste em decorrên- cia de falhas sistemáticas e estruturais (internas e externas), além de fatores individuais, intrínsecos aos alunos. Desse modo, faz-se necessária uma conjunção de forças, para que a permanência escolar receba um impulso heterogêneo (de vários segmentos) e unívoco (na mesma direção), capaz de proporcionar o êxito estudantil e profissional do cidadão.

Assim, o que falta ao contexto escolar é a execução de projetos coletivos que primem pela participação social a partir da inclusão escolar, pois é, na escola, que o sujeito adquire ferramentas indispensáveis à inserção no mundo do trabalho e da cidadania.

COMBATER A EVASÃO NA

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