• Nenhum resultado encontrado

FORTALECIMENTO DO IFCE

CAMPUS ITAPIPOCA

Miliany Michelly Barreto de Souza1

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE Campus de Itapipoca (Brasil) E-mail: michelly.barreto@ifce.edu.br

RESUMO

O presente artigo disserta sobre os desafios enfrenta- dos pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Rede Federal), desde o início de sua criação em 2008, por ser influenciada por diversos fatores, encontrando, ao longo do processo de expansão, adversidades no contex- to social e político brasileiro. Tem-se, como alguns dos desa- fios encontrados, a atual recessão econômica e as medidas de austeridade do governo vigente desde 2016, que acabam por colocar em risco o desenvolvimento dos campi, como no caso do IFCE campus Itapipoca, unidade da política pública aqui discutida, implantada em 2015. São balizadoras desta pesquisa as ideias de Avritzer (2016) e Andrade (2002; 2009), que defendem a participação popular como forma de enga- jamento da sociedade no sistema político para uma trans- formação rumo à democratização das relações da sociedade com o Estado. Este artigo tem como objetivo explicar como a participação popular pode ser uma estratégia de fortaleci- mento do IFCE campus Itapipoca. Para tanto, o artigo se pau- tou em pesquisas documentais sobre a Rede Federal e o IFCE campus Itapipoca, além de pesquisas bibliográficas acerca de NORO, Margarete Maria Chiapinotto. Gestão de processos pe-

dagógicos no PROEJA: razão de acesso e permanência. Dis- sertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Gra- duação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2011.

PAIVA, Jane. Direito à educação: permanecer na escola é um problema público? In: CARMO, Gerson. (Org.). Sentidos da permanência na educação: o anúncio de uma construção co- letiva. Rio de Janeiro, RJ: Tempo Brasileiro, 2016, pp. 99-116. RESENDE, José Manuel. Mensagem por e-mail a Gerson do Carmo. De: josemenator@gmail.com para: gtavares33@yah- oo.com.br, em 25 nov. 2015.

_______. À título de posfácio - Testemunhos analíticos sobre a Inclusão Escolar: a Escola para todos pondo à prova a So- ciologia Pragmática sobre a Socialização Política Escolar. In: CARMO, Gerson (Org.). Sentidos da permanência na educa- ção: o anúncio de uma construção coletiva. Rio de Janeiro, RJ: Tempo Brasileiro, 2016. pp. 235-260.

RIBEIRO, Priscila Teixeira. Fracasso escolar: reflexões sobre um problema que se repõe e possibilidades de enfrentamento. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Ciên- cias Humanas, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Metodista de Piracicaba, SP, 2013.

RICOEUR, Paul. Para uma ética do compromisso. Entrevista realizada por Jean-Marie Muller e François Vaillant. Revista Alternatives Non-Violentes, Nº 80, out.1991. pp. 2-7.

THÉVENOT, Laurent. La acción en plural: uma introdución a la so- ciología pragmática. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2016. TINTO, Vincent. Research and practice of student retention: what next? Journal of college student retention: research, theory & practice, v. 8, Nº 1, 2006. pp. 1-19.

ted, so that is defended from the resulting scrapping of the current political and economic instability.

Keywords: Social Participation, Expansion of Rede Federal,

Democratization of Education.

INTRODUÇÃO

Este artigo disserta sobre a importância da mobili- zação popular para a defesa da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (Rede Federal) enquanto política pública em educação. A Rede Federal se iniciou com a Lei nº 11.892, de 29 de Dezembro de 2008 (BRASIL, 2008), que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecno- logia (IF’s) e reuniu outras instituições de educação profis- sional e tecnológica. Os IF’s foram definidos pela lei como instituições de educação profissional, superior e básica, plu- ricurriculares e multicampi, especializados na oferta de edu- cação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, visando o desenvolvimento científico e tecnoló- gico, além da qualificação profissional e da atuação com ên- fase no desenvolvimento local, regional e nacional (BRASIL, 2008). Atualmente, os IF’s contam com 644 campi pelo país, fruto de uma política de expansão da Rede Federal iniciada em 2005, com vistas à democratização do ensino profissio- nal, à contribuição para superação das desigualdades regio- nais e para o desenvolvimento local, regional e nacional (MI- NISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC, 2015a).

A expansão, que buscou descentralizar o ensino das capitais aos interiores do país, acabou encontrando desafios, reflexo da complexidade histórica da desigualdade social no Brasil, como a evasão e a retenção escolares e, mais recente- mente, a crise econômica nacional e a mudança de governo, com interesses diferentes dos governos anteriores para a ex- análises sobre o desenvolvimento das políticas públicas no

Brasil e participação social. A discussão leva à conclusão da importância do campus incentivar a comunidade acadêmica à participação popular, bem como se aproximar da comuni- dade onde se insere, para que seja defendido do sucateamen- to consequente da atual instabilidade política e econômica.

Palavras-Chave: Participação Social, Expansão da Rede Fe-

deral, Democratização do Ensino.

ABSTRACT

This article tells about the challenges faced by  the Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecno- lógica (Rede Federal), since its inception in 2008, influenced by several factors, finding, during the expansion process, adversities at the social and political context in Brazil. There are, as some of those present, current recessive and as auste- rity measures of the government in force since 2016, which end up by endangering the development of campi, as in the case of the IFCE campus Itapipoca, policy unit, implemented in 2015. This research is guided by authors such as Avritzer (2016) and Andrade (2002; 2009), who defend a popular par- ticipation as a way of engaging society in the political system for a transformation towards the democratization of society’s relations with the State. This article aims to explain how a po- pular participation can be a strategy to strengthen the IFCE campus Itapipoca. Therefore, documentary research about Rede Federal and IFCE campus Itapipoca was done, as well as bibliographical research about analyzes of the develop- ment of public policies in Brazil and social participation. The discussion leads to the conclusion of the importance of the campus to encourage the academic community to popular participation, as well as of the community where it is inser-

lugar de atuação profissional da pesquisadora desde 2015, ano de sua inauguração, e por ser um campus recém implantado, que se iniciou e está se desenvolvendo no atual contexto de instabilidade econômica e política nacional. O panorama de implantação desse campus é motivo de inquietação à pesqui- sadora, dado o desafio de consolidar o andamento das ativi- dades da instituição na cidade de Itapipoca-CE, mesmo com o corte de investimentos em educação, que afeta toda a Rede Fe- deral. Considera-se que a participação popular é uma alterna- tiva para fortalecer a implementação de políticas públicas, em consonância com os autores que fundamentam esta pesquisa. Busca-se aqui explicar como a participação popular pode ser uma estratégia de fortalecimento do IFCE campus Itapipoca. Como objetivos específicos, busca-se revisar a trajetória da Rede Federal e o contexto político que a envolve e analisar a relação entre esta política, o Estado e a participação social.

Este artigo é fruto do trabalho de uma disciplina do Mestrado Profissional em Avaliação de Políticas Públicas, da Universidade Federal do Ceará (MAPP - UFC), da qual a pes- quisadora é integrante. A relevância desta pesquisa está em trazer à tona fatores importantes para a reflexão dos desafios enfrentados pela Rede Federal para a sua implementação, bem como em sugerir estratégias para que o IFCE campus Itapipoca contorne as ameaças sofridas durante o seu desen- volvimento. O artigo se pautou em pesquisas documentais sobre a Rede Federal e o IFCE campus Itapipoca, além de pesquisas bibliográficas acerca de análises sobre o desenvol- vimento das políticas públicas no Brasil e participação social. pansão, que acabou por desacelerá-la. A evasão é definida

como a saída definitiva do estudante do seu curso de origem sem concluí-lo (MEC, 2014). Já a retenção é aqui entendida como a reprovação em mais de duas disciplinas, devendo o discente cursar no semestre seguinte apenas as disciplinas nas quais foi reprovado (IFCE, 2015). Em combate ao fenô- meno da evasão e da retenção escolares, a Rede Federal vêm adotando medidas, como o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), através do Decreto 7.234 de 19 de Julho de 2010 (BRASIL, 2010), o Documento Orientador para a Su- peração da Evasão e Retenção na Rede Federal (MEC, 2014) e a Portaria nº23, de 10 de Julho de 2015, que institui a Comis- são Permanente de Acompanhamento das Ações de Perma- nência e Êxito dos Estudantes da Rede Federal (MEC, 2015b).

Apesar dos esforços, o contexto atual de recessão econômica gera uma desaceleração nos investimentos dos campi e na Expansão, chegando a pôr em risco o funcio- namento de algumas instituições da Rede Federal (CONIF, 2016; G1, 2016; PIMENTEL, 2017). Observa-se aqui um novo desafio: manter o funcionamento dos campi, diante de um contexto de recessão econômica e implementação de medi- das políticas de austeridade econômica, que afetam a educa- ção pública, a exemplo da Emenda Constitucional nº 95, de 16 de Dezembro de 2016 (BRASIL, 2016). Segundo matéria da Folha de São Paulo, de 14 de Janeiro de 20181, entre os anos de 2015 a 2017, os repasses orçamentários à Rede Federal caíram 14%, com valores corrigidos pela inflação, sendo que o valor destinado a recursos para obras e compra de equipa- mentos caiu 61% neste mesmo período.

Como campo de pesquisa aqui discutido, tem-se o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Cea- rá - campus de Itapipoca (IFCE campus Itapipoca), por ser o

da Lei nº378, de 13 de Janeiro de 1937, que dá organização ao Ministério da Educação e Saúde (BRASIL, 1937). O Brasil passa por um período de incentivo à industrialização, que influenciará os Liceus. Neste contexto, as escolas profissio- nalizantes vão se desenvolvendo aliadas às políticas de de- senvolvimento econômico, com vistas a “qualificar mão de obra tendo em vista o seu papel estratégico para o país, ca- racterística típica de governos no estado capitalista moderno no que concerne a sua relação com o mercado, objetivo que se complementa com a manutenção, sob controle social, dos excluídos dos processos de produção” (MEC, 2010, p.10). Cinco anos depois, o Decreto-Lei 4.127, de 25 de Fevereiro de 1942 (BRASIL, 1942) transforma os Liceus Industriais em Es- colas Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível  equivalente ao secundário. A década de 1950 também é marcada pelo desenvolvimentismo indus- trial. No governo de Juscelino Kubitschek há um aprofunda- mento da relação entre o Estado e a economia e um interesse em formar mão de obra qualificada para garantir as metas de desenvolvimento do país, de aceleração da industrialização. As Escolas Industriais e Técnicas passam a se chamar Escolas Técnicas Federais, autarquias com autonomia didática e de gestão (MEC, 2010).

Na década de 1970, durante o Regime Militar, ocor- rem mudanças na política de educação profissional a fim de formar mão de obra qualificada em regime de urgência, para atender o objetivo de aceleração do crescimento econômi- co. A Lei 5.692, de 11 de Agosto de 1971, fixa a habilitação profissional ao ensino de 2º grau (BRASIL, 1971). As Escolas Técnicas Federais aumentam expressivamente o número de matrículas e implantam novos cursos técnicos (MEC, 2010). Moura (2007) analisa que, a princípio, a compulsoriedade do ensino profissional ao 2º grau elimina a dualidade educacio-

Outline

Documentos relacionados