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DECRETADA» QUER EM TERMOS DE «PARTICIPAÇÃO PRA TICADA» E AINDA NA SUA VARIANTE DE PARTICIPAÇÃO

7. A realidade a estudar

7.1. Os limites temporais do estudo

Como já vimos, o nosso trabalho analisa dois períodos político-administrativos diferenciados com o objectivo central de saber se o antagonismo entre os dois, ao

nível dos princípios, produz rupturas quer ao nível dos domínios da administração da educação a estudar, quer ao nível das competências organizativas atribuídas aos pro- fessores na organização da escola e do processo de ensino, quer ainda ao nível das contradições entre «participação decretada» e «participação praticada».

Em congruência com este objectivo, os dois períodos político- administrativamente diferenciados são: o 1º período - de 28 de Maio de 1926 a 24 de Abril de 1974, constituinte do Estado Administrativo, Autoritário e Corporativo e de Direito Formal; e o 2º período - de 25 de Abril de 1974 a Outubro de 1995, parte temporal constituinte da "República Democrática e Pluralista" e do Estado de Direito Democrático, 5 período que continua para lá dos limites do nosso estudo.

Assim, se a data do início dos dois períodos se reveste da mesma natureza - o golpe político-militar -, já a data de término do trabalho é de natureza política, dado tratar-se do ano do fim de um ciclo de dez anos de governação do Partido Social Democrata.

7.2. As fontes do estudo

Para além das fontes bibliográficas da literatura administrativa, política, políti- co-administrativa, sociológica, político-educativa e curricular, a partir da qual elabo- ramos o quadro teórico, o nosso estudo analisa três tipos de fontes primárias:

1) documentos legais (Leis Constitucionais, Leis, Decretos-Leis, Decretos, Por- tarias, Despachos, Circulares) considerados fundamentais na análise dos princípios político-administrativos, da «participação decretada», da política educativa, da estru- tura administrativa, de formação de professores e do estatuto sócio-profissional des- tes;

2) outros textos como as revistas Escola Portuguesa, Escola Democrática, o Professor, A Página da Educação, veículos de ideologia político-educacional, de modelos pedagógicos e ideológicos, em qualquer dos domínios antes referidos; e

3) 24 entrevistas semi-estruturadas, dirigidas a dois grupos de professores do ensino primário, do Distrito de Bragança, 12 por grupo, abrangendo o primeiro grupo professores que leccionaram entre 1946 e 1993, e o segundo entre 1957 e 1998, para análise das representações dos professores sobre as suas práticas organizativas e sua participação na organização da escola, isto é, para análise da sua «participação prati- cada» e auto-instituída.

5) Canotilho (1980) distingue entre Estado de Direito Formal - o Estado Novo e Estado de Direito Demo-

crático - o da República Democrática e Pluralista. Para o autor, "o Estado de Direito do Estado Novo é

um Estado de legalidade administrativa, um sistema apolítico de defesa e distanciamento perante o Estado. Porém, esta componente formal não era mais que o acentuar da componente burguesa do Estado de Direito. (..). Suprimindo qualquer referência ao conteúdo jurídico-material da legislação, claudicando na inserção jurídico-constitucional dos direitos fundamentais, o princípio da legalidade da administração transformava-se em fundamento de um Estado de Direito que, por sua vez, era a casca vazia dessa mesma legalidade".Ver Joaquim Gomes Canotilho (1980): Direito Constitucional,

7.3. O conceito de Escola Primária

No horizonte do nosso estudo, preferimos designar a escola como escola primária e a educação como educação primária. Tal radica em razões de unidade con- ceptual para todo o período, de 71 anos, mas também na realidade de este nível de ensino ter sido, ao longo de todo este tempo, aquilo que José Gomes Branco Director Geral do Ensino Primário, em 1961, designou como «ensino primeiro».

De acordo com este conceito, podemos estabelecer limites legais e limites reais para o uso do conceito de ensino primário.

Legalmente, ele passou a 1º ciclo do ensino básico com a Lei 5/73, de 25 de Julho (Lei da «Reforma Veiga Simão»). Porém, só teve substituto como ensino pri- meiro pelo Decreto-Lei nº 144/97, o qual considerou a Educação Pré-Escolar como primeira etapa da educação básica.

A realidade é bem diferente e diz-nos que o conceito de «ensino primeiro» tem ainda toda a pertinência face à não obrigatoriedade da educação pré-escolar e também face à sua não extensão a todas as crianças.

Por todas estas razões, insistimos nos conceitos de educação primária, de ensino primário e de ensino primeiro.

8. A metodologia

Como metodologia para a elaboração do trabalho, utilizámos, para os primeiros seis Capítulos, a análise de bibliografia sobre os temas em estudo, utilizando as obras possíveis (a que tivemos acesso) dos autores das diferentes épocas e escolas estudadas (fontes primárias) e outras obras sobre essas temáticas e /ou autores (fontes secundá- rias). A análise e interpretação da bibliografia foi efectuada face às hipóteses e variá- veis em estudo.

Para os Capítulos VII a IX, utilizámos como metodologia a análise documental sobre legislação e regulamentos quer numa perspectiva indutiva quer numa perspecti- va dedutiva-interpretativa, a partir de categorias pré-estabelecidas, inerentes às variá- veis estabelecidas, à luz do quadro teórico (teórica, política, administrativa ou educa- cional).

No Capítulo X analisaremos as entrevistas dos professores. Para a descrição do conteúdo destas, seguiremos uma metodologia interpretativa tomando como referen- tes os valores de realização / não realização das categorias em análise.

O estudo procurará assim elaborar, sempre que possível, uma análise qualitativa e quantitativa da realidade, no sentido de melhor a caracterizar, dado que a mera interpretação dessa mesma realidade pode produzir uma percepção menos objectiva, embora a preocupação objectivante e quantitativa também possa distorcer a poliva- lência da interpretação. Neste sentido, preferimos uma interpretação globalizante de cada entrevista a uma codificação e classificação específica de carácter mais atomi- zante.

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