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Verificação do termo: a primeira hipótese de caducidade (alínea a)) corresponde à

No documento Direito Do Trabalho II - Romano Martinez (páginas 61-63)

situação típica de extinção do negócio jurídico sempre que as prestações devam ser realizadas num determinado prazo, fixado por lei ou convenção das partes, em que o exemplo normalmente apontado é o do contrato ao qual foi aposto um termo resolutivo, previsto no artigo 278.º CC. Contudo, no contrato de trabalho, atendendo a uma limitação à liberdade contratual, o termo resolutivo só pode ser aposto desde que respeitadas as condicionantes estabelecidas nos artigos 140.º e seguintes CT. No contrato de trabalho a termo certo, diversamente o regime comum, a caducidade não opera ipso iuris, pois estabeleceu-se a regra da renovação automática (artigo 149.º CT) e da conversão (artigo 147.º CT), havendo, por isso, a necessidade de ser invocada por qualquer das partes mediante denúncia. Nada obsta, porém, a que se celebre um contrato de trabalho por um prazo determinado não renovável; nesse caso, decorrido o prazo, o contrato caducará ipso facto; ou seja, a caducidade opera, então, automaticamente, não carecendo de uma prévia denuncia, porque o negócio jurídico deixou de estar sujeito a renovação automática. De facto, ainda que a renovação automática decorra da lei, não se encontra inviabilizada a celebração de um contrato de trabalho por um prazo determinado não renovável; em tal hipótese, decorrido o período ajustado, o contrato caducará sem necessidade de uma prévia denúncia. Deste modo, mesmo quando a renovação automática é imposta legalmente, não se trata de norma imperativa, como resulta do n.º1 do artigo 149.º CT, que pode, portanto, ser afastada por vontade das partes. Do mesmo modo, no contrato de trabalho a termo incerto, a verificação do facto determina a automática extinção do

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preceito decorre da boa fé negocial e a sua falta não determina a manutenção do contrato, mas tão-só uma obrigação de indemnizar o trabalhador (artigo 345.º, n.º3 CT). Contudo, a caducidade do contrato de trabalho a termo incerto, como se referiu supra, encontra-se na dependência da condição de o trabalhador não permanecer ao serviço após a data em que se produziria o efeito extintivo, ou seja, é uma caducidade atípica, pois exige um pressuposto adicional para a produção de efeitos. A caducidade por verificação do termo, embora na alínea a) do artigo 242.º CT não se distinga, segue um regime diverso consoante se trate de:

a. Contrato a termo certo: se o empregador pretende fazer cessar o contrato

a termo certo, deverá enviar ao trabalhador uma declaração de vontade demonstrando a intenção de não renovar o negócio jurídico; declaração essa que tem de ser feita por escrito e com a antecedência mínima de quinze (15) dias em relação ao prazo de vigência do contrato (artigo 344.º, n.º1 CT). Esta declaração consubstancia uma denúncia, pois obsta à renovação do contrato e, eventualmente, à sua conversão, pelo que a caducidade será uma consequência da denúncia. Sendo o trabalhador que pretende pôr termo ao contrato, é necessário igualmente manifestar a sua vontade; só que, neste caso, a denúncia com pré-aviso impõe que seja feita por escrito com oito (8) dias de antecedência. Neste caso, a caducidade também é uma consequência da denúncia. Ainda quanto ao contrato de trabalho a termo certo, admitindo a validade de uma cláusula de não renovação, a caducidade operará automaticamente como o decurso do prazo, não sendo necessário proceder- se à denúncia. Nesta hipótese, a caducidade apresenta autonomia em relação à denúncia. Não caducando no fim do prazo, o contrato renova-se, em princípio, por igual período (artigo 149.º, n.º2 CT), podendo converter-se em contrato sem termo (artigo 147.º, n.º2 CT). Caducando o contrato a termo certo por decisão do empregador, o trabalhador tem direito à compensação prevista no n.º2 do artigo 344.º CT. Trata-se de uma situação excecional resultante da precariedade do vínculo, pois, como se referiu, por via de regra, a caducidade do contrato não determina a obrigação de pagar uma compensação. Com a revisão de 2012, a compensação prevista no n.º2 do artigo 344.º CT deixou de ter um regime especial de cálculo, sendo fixada nos termos do despedimento coletivo, para cujo artigo 366.º CT.

b. Contrato a termo incerto: este contrato não se renova, caducando com a

verificação do termo, mas o empregador deverá comunicar ao trabalhador que tal facto vai ocorrer com uma antecedência mínima de sete a sessenta (7- 70) dias (artigo 345.º, n.º1 CT), sob pena de incorrer no dever de indemnizar (artigo 345.º, n.º3 CT). Não obstante a caducidade ser automática, admite-se a conversão do contrato a termo incerto num contrato sem termo se o trabalhador permanecer no desempenho da sua atividade decorrido o prazo de comunicação ou, na falta desta, passados quinze (15) dias sobre a data em que deveria cessar a relação laboral (artigo 147.º, n.º2, alínea c) CT). A possibilidade de conversão, principalmente no que respeita ao contrato de trabalho a termo incerto, confere à caducidade uma certa atipicidade, pois, nesse caso, a relação laboral caduca, mas não se extingue, transforma-se. A caducidade do contrato de trabalho a termo incerto é atípica porque, apesar de verificados os seus pressupostos, permite a conversão da situação jurídica temporária num contrato de trabalho sem termo; o contrato de trabalho não

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caduca se o trabalhador, decorrido o prazo de aviso prévio ou depois de verificado o termo ou a condição resolutiva, continuar a desempenhar a sua atividade (artigo 147.º, n.º2, alínea c) CT). Dir-se-á, então, que a caducidade do contrato é condicional, pois depende de o trabalhador abandonar o serviço; pelo que, além dos pressupostos comuns, a caducidade do contrato de trabalho a termo incerto está dependente da condição de a atividade não continuar a ser desenvolvida. No caso de contrato de trabalho a termo incerto (artigo 140.ºm n.º3 e seguintes CT), a atipicidade resulta de a caducidade não se encontrar na dependência da comunicação que o empregador deve fazer ao trabalhador (artigo 345.º, n.º1 CT), pois o contrato caduca independentemente desta comunicação. De facto, no contrato de trabalho a termo incerto, apesar de verificados os pressupostos necessários para a caducidade operar, permite-se a conversão da situação jurídica temporária num contrato de trabalho sem termo; o contrato de trabalho não caduca se o trabalhador, após a data da produção de efeitos da denúncia ou, na falta desta, decorridos quinze (15) dias depois da verificação do facto a que se associa o termo incerto ou a condição resolutiva, continuar a prestar a sua atividade ao mesmo empregador (artigo 147.º, n.º2, alínea c) CT). Dir-se-á, assim, que a caducidade do contrato é condicional, pois depende de o trabalhador abandonar o serviço; deste modo, além dos pressupostos comuns, a caducidade do contrato de trabalho a termo incerto está dependente da condição de a atividade não continuar a ser desenvolvida. A caducidade de contrato a termo incerto confere igualmente ao trabalhador o direito a perceber uma compensação, como dispõe o artigo 345.º, n.º4 CT, fixada, agora, nos termos gerais da extinção do contrato de trabalho por causas objetivas, atenta a remissão para o artigo 366.º CT.

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