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– PósGraduação em Letras Neolatinas

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

ANÁLISE ENTONACIONAL E PRAGMÁTICA DE CONVERSAS TELEFÔNICAS COLOQUIAIS: OS ENUNCIADOS INTERROGATIVOS TOTAIS NAS

VARIEDADES DE BUENOS AIRES E SANTIAGO DO CHILE

CAROLINA GOMES DA SILVA

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ANÁLISE ENTONACIONAL E PRAGMÁTICA DE CONVERSAS TELEFÔNICAS COLOQUIAIS: OS ENUNCIADOS INTERROGATIVOS TOTAIS NAS

VARIEDADES DE BUENOS AIRES E SANTIAGO DO CHILE

CAROLINA GOMES DA SILVA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, área de concentração Língua Espanhola).

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leticia Rebollo Couto.

Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Maristela da Silva Pinto.

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Análise entonacional e pragmática de conversas telefônicas coloquiais: os enunciados interrogativos totais nas variedades de Buenos Aires e Santiago do

Chile

Carolina Gomes da Silva

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leticia Rebollo Couto. Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Maristela da Silva Pinto.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, área de concentração Língua Espanhola).

Examinada por:

______________________________________________________________________ Presidente, Prof.ª Dr.ª Leticia Rebollo Couto – Letras Neolatinas, UFRJ

______________________________________________________________________ Prof. Dr. João Antônio de Moraes – Letras Vernáculas, UFRJ

______________________________________________________________________ Prof. Dr. Juan Manuel Sosa – Simon Fraser University/CA

______________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Claudia de Souza Cunha – Letras Vernáculas, UFRJ, Suplente

______________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Carolina Ribeiro Serra – Letras Vernáculas, UFRJ, Suplente

*** Co-orientadora:

______________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maristela da Silva Pinto – UFRRJ

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GOMES DA SILVA, Carolina.

Análise entonacional e pragmática de conversas telefônicas coloquiais: os enunciados interrogativos totais nas variedades de Buenos Aires e Santiago do Chile / Carolina Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Faculdade de Letras, 2014.

XIII, 274f.: il.; 31cm.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Leticia Rebollo Couto Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Maristela da Silva Pinto

Dissertação (Mestrado) - UFRJ/ Faculdade de Letras / Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, área de concentração Língua Espanhola), 2014.

Referências bibliográficas: p.179-185.

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RESUMO

Análise entonacional e pragmática de conversas telefônicas coloquiais: os enunciados interrogativos totais nas variedades de Buenos Aires e Santiago do Chile

Este estudo pretende investigar a correlação entre a forma prosódica e a função pragmática de enunciados interrogativos totais, realizados em conversas telefônicas coloquiais por falantes de espanhol das variedades de Buenos Aires e de Santiago do Chile. Os objetivos específicos são: i) verificar quais são os contornos entonacionais encontrados em conversas coloquiais dos enunciados interrogativos totais nas variedades argentina (Buenos Aires) e chilena (Santiago do Chile), através de dois parâmetros acústicos: frequência fundamental e duração e ii) analisar se há uma relação biunívoca entre a forma prosódica e a função pragmática. Para a coleta dos dados, foram analisadas quatro conversas telefônicas coloquiais, amostra de fala espontânea, nas quais encontramos 39 enunciados interrogativos totais para a variedade de Buenos Aires e 39, para a variedade de Santiago do Chile. Totalizando 78 enunciados interrogativos proferidos por oito informantes: dois do sexo feminino e dois do sexo masculino, para a variedade de Buenos Aires e dois do sexo feminino e dois do sexo masculino, para a variedade de Santiago do Chile. Os resultados das análises fonética e fonológica demonstram que os enunciados interrogativos totais apresentam diferentes contornos melódicos finais: na variedade de Buenos Aires, a ocorrência de enunciados interrogativos totais com contorno circunflexo no núcleo é majoritária, ao passo que na variedade de Santiago do Chile, o contorno ascendente no núcleo é o mais recorrente. No que se refere à análise pragmática, verificamos que para as diferentes categorias pragmáticas, encontramos configurações nucleares semelhantes, enquanto que para uma mesma categoria, verificamos diferentes configurações nucleares. Constatamos que tal variação de padrões no núcleo se relaciona com os graus de certeza epistêmica: pedido de informação e pedido de confirmação.

Palavras-chave: entoação; pragmática; enunciados interrogativos totais; Buenos Aires; Santiago do Chile.

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RESUMEN

Análisis entonacional y pragmática de conversaciones telefónicas coloquiales: los enunciados interrogativos totales en las variedades de Buenos Aires y Santiago de Chile

Este estudio pretende investigar la correlación entre la forma prosódica y la función pragmática de enunciados interrogativos totales, realizados en conversaciones telefónicas coloquiales por hablantes de español de las variedades de Buenos Aires y de Santiago de Chile. Los objetivos específicos son: i) verificar cuáles son los contornos entonacionales que se encuentran en conversaciones coloquiales de los enunciados interrogativos totales en las variedades argentina (Buenos Aires) y chilena (Santiago de Chile), a través de dos parámetros acústicos: frecuencia fundamental y duración y ii) analizar si hay una correlación biunívoca entre la forma prosódica y la función pragmática. Analizamos cuatro conversaciones telefónicas coloquiales, muestra de habla espontánea, en las que encontramos 39 enunciados interrogativos totales para la variedad de Buenos Aires y 39, para la variedad de Santiago de Chile, con un total de 78 enunciados interrogativos proferidos por ocho informantes: dos del sexo femenino y dos del sexo masculino, para la variedad de Buenos Aires y dos del sexo femenino y dos del sexo masculino, para la variedad de Santiago de Chile. Los resultados de los análisis fonético y fonológico demuestran que los enunciados interrogativos totales presentan diferentes contornos melódicos finales: en la variedad de Buenos Aires, el contorno final circunflejo en el núcleo es mayoritario, mientras que en la variedad de Santiago de Chile, el contorno ascendente en el núcleo es el más frecuente. El análisis pragmático señala que para las diferentes categorías pragmáticas, encontramos configuraciones nucleares semejantes, mientras que para una misma categoría, verificamos diferentes configuraciones nucleares. Constatamos que dicha variación de patrones en el núcleo se relaciona con los grados de certeza epistémica: pedido de información y pedido de confirmación.

Palabras-clave: entonación; pragmática; enunciados interrogativos totales; Buenos Aires; Santiago de Chile.

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ABSTRACT

Intonational and Pragmatic analyis of colloquial long distance calls: yes-no questions in Argentinean Spanish and Chilean Spanish

This work aims to analyze the correlation between prosodic form and pragmatic function of yes-no questions, extracted from telephone calls by Argentinean speakers (Buenos Aires) and Chilean speakers (Santiago do Chile). Our first goal is to verify what kinf of melodic contours of yes-no questions we can find in colloquial conversations in the Argentinean variety (Buenos Aires) and in the Chilean variety (Santiago) are. We used two acoustic parameters for that: fundamental frequency and duration. And, the second goal is to analyze if there is biunivocal relation between the prosodic form and the pragmatic function. The data were extracted from four colloquial long distance calls from USA to Buenos Aires or Santiago do Chile in which we found 78 examples of yes-no questions: 39 for Argentinean variety, made by 2 male and 2 female informants and 39 for Chilean variety, made by 2 male and 2 female informants too. The phonetic and phonologic results show that yes-no questions present different nuclear configurations: in the Buenos Aires’s variety, the occurrence of total interrogative sentences with circumflex curve in the nucleus is majority. As for the Chilean variety, the ascending curve in the nucleus is the most recurrent. Regarding the pragmatic analysis, we noticed that, for different pragmatic categories, similar nuclear configurations were found. We also noticed that for the same category, different nuclear configurations were found. Such variation of patterns in the nucleus is related to the degrees of epistemic certainty: information request and confirmation request.

Key-words: Intonation; Pragmatic; yes-no questions; Argentinean Spanish; Chilean Spanish.

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AGRADECIMENTOS

“E aprendi que se depende sempre De tanta, muita, diferente gente. Toda pessoa sempre é as marcas Das lições diárias de outras tantas pessoas.”

(Gonzaguinha)

Concluir esta dissertação é também fechar um ciclo de dois anos de novos aprendizados e novas descobertas. Ao longo desse tempo, contei com o apoio e paciência de muitas pessoas, a quem agradeço nas linhas e páginas que seguem.

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, que me sustentou e renovou minhas forças a cada dia e permitiu que eu concluísse esta dissertação de mestrado.

Agradeço aos meus pais, Walter e Eliane, que nunca mediram esforços para que eu fosse criada da melhor forma possível. Ainda que não compreendam a diferença entre uma dissertação e uma tese, tenho certeza de que são as pessoas mais realizadas com esta vitória.

Agradeço a minha avó, Leny, a quem dedico esta dissertação. Seu carinho, sua paciência e sua sabedoria foram e são fundamentais para mim.

Agradeço também ao meu amigo e “namonoivo” Danilo, que acompanhou este

processo desde o período de iniciação científica. Agradeço cada abraço dado nos momentos mais desesperadores, mesmo sem saber a força que continha cada um deles. Agradeço, ainda, pela ajuda com os dados no Excel, afinal, namorado também ajuda na análise dos dados!

Agradeço a minha família querida: tia Eliane, tio Henrique, meus primos João Victor e Pedro Henrique, meus sogros Rosane e Edmundo e minhas cunhadas Daniele e Nayra, pelo carinho e pelas palavras de incentivo. Agradeço ao meu primo João Victor pela disponibilidade em me ajudar com as traduções para o inglês. Em especial, agradeço aos meus sobrinhos, Gabrielle e Gabriel, que colorem minha vida com sorrisos e amor.

Finalmente, mas não menos importante, agradeço à tia Gilma e ao Vô Milton pelos dez anos de suas vidas que me dedicaram e por me fazerem sentir parte da sua família.

Ainda pensando em casa, deixo meus agradecimentos aos meus “irmãos de quatro

patas” que, de uma forma ou de outra, fazem parte da família: Samanta, irmã canina, que

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os textos comigo e Hello Kitty e Branca Leite, minhas irmãs felinas, ariscas, mas carinhosas quando querem comer ou beber leite.

Esta longa caminhada seria incompleta sem o apoio de amigos. Por isso agradeço às amigas de infância, Beatriz e Natalia, minhas amigas desde zigoto. Obrigada por esses 24 anos juntas! Obrigada pelo apoio e amizade que sempre tivemos e desculpem-me pelos momentos em que precisei me ausentar por conta desta dissertação.

Agradeço a todos os membros da família Lino pela amizade, apoio, orações e por permitirem que eu também faça parte dessa família tão querida.

Agradeço também às minhas amigas banguenses pelos momentos agradáveis e por

me aturarem falando de casamento: Bruna, minha quase gêmea; Tati, “produtora” do

melhor caldo de cana da vida e Belinha, que compartilha comigo essa correria da vida acadêmica.

Minha jornada na Faculdade de Letras da UFRJ não seria a mesma se não me encontrasse com Bruno Faber e Camila Pinheiro, formando assim, o tripé. Obrigada pelos quatro anos de faculdade e por tudo que vivemos juntos ao longo desse tempo. Tenho muito orgulho do caminho que cada um de nós escolheu seguir! À Camila, agradeço em especial pelo privilégio de ser sua madrinha de casamento e pela vida do meu sobrinho emprestado, Bernardo.

Agradeço também aos amigos de Vernáculas: ao “quase artista” Caio Castro, por todo incentivo, pelas boas gargalhadas, por me emprestar sua voz para os trabalhos e pelas discussões fonéticas. Você é um exemplo! À companheira caxiense (agora lisboeta), Elaine Melo, pelo apoio, por não ter medo de andar de carro comigo e por me ensinar um pouco de Sintaxe. Aos queridos Ana Carolina Mrad, Camila Duarte, Érica Nascimento e Thiago Laurentino, deixo meu agradecimento pelas trocas, desesperos e conquistas compartilhadas ao longo desses anos.

Agradeço aos amigos de “LitTrailer”, Diego Vargas, Vanessa Portugal, Renato Marques, Douglas Knupp (eterno Dylon) e Mariane Espinheira, que me acolheram tão bem quando eu ainda era uma caloura perdida.

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Especialmente, agradeço aos professores João Moraes, Juan Manuel Sosa, Claudia Cunha e Carolina Serra por terem aceitado o convite e me darem o privilégio de participarem da banca desta dissertação.

De forma muito querida, agradeço à minha orientadora, Leticia Rebollo Couto, por esses cinco anos de orientação. Agradeço por ter me mostrado o mundo da pesquisa e pelos ensinamentos acadêmicos, humanos e éticos. Sem dúvida, não teria conquistado o que conquistei se não fosse seu apoio e incentivo. À Leticia agradeço também pela leitura sempre tão atenta deste trabalho.

De igual forma, agradeço a minha co-orientadora, Maristela da Silva Pinto, por todos esses anos de convívio, amizade e aprendizado. Agradeço pela paciência que sempre teve quando eu ainda engatinhava na pesquisa, pelos trabalhos que realizamos juntas e pelas conversas acadêmicas e não acadêmicas.

Agradeço ainda aos amigos do grupo de pesquisa, Ricardo Pinho, Priscila Ferreira, Natalia Figueiredo, Carolina Fernandes, Aline Gabriel e Diana Pereira, pelos textos e conhecimentos compartilhados.

Devo agradecer também aos meus alunos da UFRJ, em especial aos alunos do curso de Fonética e Fonologia do Espanhol, que sempre foram bastante receptivos às novas descobertas, incluindo o uso do PRAAT! Obrigada por me permitirem crescer com vocês.

Agradeço à aluna Patricia Ramos que muito me ajudou na transcrição das gravações.

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S

UMÁRIO

Lista de figuras ... 18

Lista de tabelas ... 23

Lista de gráficos ... 25

Lista de esquemas ... 26

Introdução ...27

1- Prosódia e entoação: modelos teóricos e representações ... 31

1.1- Prosódia e entoação: definições, parâmetros e funções ...31

1.2- Modelos teóricos da entoação ...34

1.2.1- Representando a entoação: o Sp_ToBI ...36

1.3- Fonologia Prosódica ...39

1.4- Estudos de enunciados interrogativos totais: Buenos Aires e Santiago do Chile ...41

1.4.1- Características entonacionais dos enunciados interrogativos de Buenos Aires . ... 42

1.4.2- Características entonacionais dos enunciados interrogativos de Santiago do Chile ...47

1.5- Resumindo ...52

2- Conversação coloquial ... 53

2.1- Coloquial versus Oral versus Espontâneo ...53

2.2- Conversação coloquial ...56

2.3- Elementos coloquiais...59

2.3.1- Partículas discursivas coloquiais ...59

2.3.1.1- Buenos Aires ...60

2.3.1.2- Santiago do Chile ...63

2.3.2- Formas de tratamento coloquiais ...66

2.3.2.1- Buenos Aires ...67

2.3.2.2- Santiago do Chile ...69

2.3.3- Intensificadores e atenuadores ...71

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2.3.3.2- Santiago do Chile ...74

2.3.4- Diminutivos ...76

2.3.4.1- Buenos Aires ...77

2.3.4.2- Santiago do Chile ...78

2.4- A estrutura conversacional ...79

2.4.1- Os turnos de fala ...79

2.4.2- A conversa telefônica ...80

2.5- Resumindo ...82

3- Metodologia ... 84

3.1- O corpus ...84

3.1.1- Escolha das gravações ...84

3.1.2- As conversas telefônicas ...85

3.1.2.1- Conversa 1 ...86

3.1.2.2- Conversa 2 ...87

3.1.2.3- Conversa 3 ...87

3.1.2.4- Conversa 4 ...87

3.1.3- Critérios de transcrição ortográfica ...87

3.2- Programas de análise ...89

3.2.1- Audacity ...89

3.2.2- Praat ...90

3.3- Critérios de análise ...91

3.3.1- Análise acústica ...91

3.3.2- Análise pragmática ...92

3.4- Resumindo ...94

4- Resultados e discussões: enunciados interrogativos totais – variedade de Buenos Aires ... 96

4.1- Análise Fonética ...98

4.1.1- Análise Fonética: Descrição da F0 ...98

4.1.2- Análise Fonética: Descrição da duração ... 103

4.2- Análise pragmática e notação fonológica das curvas entonacionais ... 108

4.2.1- Análise pré-nuclear ... 109

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4.2.2.1- Detalhe de elaboração ... 112

4.2.2.2- Informação suplementar... 116

4.2.2.3- Iniciador de tópico ... 120

4.2.2.4- Diretor do fluxo de informação ... 121

4.2.2.5- Pergunta esclarecedora... 122

4.2.2.6- Pergunta retórica ... 126

4.3- Notação fonológica e padrão acentual ... 130

4.4- Resumindo ... 131

5- Resultados e discussões: enunciados interrogativos totais – variedade de Santiago do Chile... 133

5.1- Análise Fonética ... 135

5.1.1- Análise Fonética: Descrição da F0 ... 135

5.1.2- Análise Fonética: Descrição da duração ... 140

5.2- Análise pragmática e notação fonológica das curvas entonacionais ... 145

5.2.1- Análise pré-nuclear ... 145

5.2.2- Análise nuclear ... 147

5.2.2.1- Detalhe de elaboração ... 148

5.2.2.2- Informação suplementar... 152

5.2.2.3- Pergunta esclarecedora... 154

5.2.2.4- Diretor do fluxo de informação ... 155

5.2.2.5- Iniciador de tópico ... 156

5.3- Notação fonológica e padrão acentual ... 159

5.4- Resumindo ... 161

6- Sintagmas entonacionais seguidos de tag question: análise preliminar ... 163

6.1- Estudos sobre os tag questions: O âmbito prosódico... 163

6.2- Corpus Preliminar ... 167

6.3- Análises preliminares ... 168

6.3.1- Buenos Aires ... 168

6.3.2- Santiago do Chile ... 171

6.4- Resumindo ... 174

(17)

Referências Bibliográficas ... 179

Anexo 1: Médias de F0 e duração ... 186

Anexo 2: Contornos entonacionais do pré-núcleo e do núcleo ... 207

Anexo 3: Contornos entonacionais dos Is+¿no?/Is+¿ah? ... 239

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L

ISTA DE

F

IGURAS

Figura 1: Esquemas dos acentos tonais (AGUILAR et alii., 2009). ...37 Figura 2: Esquemas dos tons de fronteiras (break índice of level 4) e tons de frases intermediárias (break índice of level 3) (AGUILAR et alii., 2009). ...38 Figura 3: Esquema arbóreo dos constituintes prosódicos (BISOL, 2005, p. 244). ...39 Figura 4: Contorno melódico do enunciado interrogativo total de Buenos Aires (SOSA, 1999, p.199). ...42 Figura 5: Enunciado interrogativo total com constituintes paroxítonos de Buenos Aires (GURLEKIAN et alii.., 2010). ...43 Figura 6: Contorno melódico do enunciado interrogativo total neutro (information seeking) de Buenos Aires (GABRIEL et alli., 2010, p. 296). ...44 Figura 7: Contorno melódico do enunciado interrogativo total confirmativo de Buenos Aires (GABRIEL et alli., 2010, p. 301). ...44 Figura 8: Pergunta conformativa da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.91). ...45 Figura 9: Pergunta neutra da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.95). ....46 Figura 10: Pergunta incrédula, com foco amplo da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.104). ...46 Figura 11: Pergunta incrédula, com foco no pré-núcleo da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.104). ...46 Figura 12: Pergunta incrédula, com foco no núcleo da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.104). ...46 Figura 13: Pergunta retórica da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.109). ...47 Figura 14: Valores de frequência fundamental das três repetições do enunciado “¿El

saxofón se toca con obsesión?” (ROMÁN, COFRÉ & ROSAS, 2008, p.142). ...49

Figura 15: Valores de frequência fundamental das três repetições do enunciado “¿La guitarra se toca con obsesión?” (ROMÁN, COFRÉ & ROSAS, 2008, p.142). ...49

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Figura 18: Contorno melódico do enunciado interrogativo total, com marcas de polidez de

Santiago do Chile (ORTIZ et alli., 2010, p. 266). ...51

Figura 19: Contorno melódico do enunciado interrogativo total confirmativo de Santiago do Chile (ORTIZ et alli., 2010, p. 270). ...51

Figura 20: Exemplo de uma gravação do nosso corpus no programa Audacity. ...89

Figura 21: Exemplo de um enunciado do nosso corpus no programa Praat. ...90

Figura 22: Exemplo de contorno melódico suavizado. ...91

Figura 23: Comportamento da F0 no pré-núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ...98

Figura 24: Comportamento circunflexo da F0 no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 100

Figura 25: Comportamento ascendente da F0 no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 100

Figura 26: Comportamento descendente da F0 no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 101

Figura 27: Comportamento da duração no pré-núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 103

Figura 28: Comportamento da duração no pré-núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ...104

Figura 29: Comportamento da duração no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 106

Figura 30: Comportamento da duração no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 106

Figura 31: Contorno melódico do enunciado “¿Con tus amigos todo bien?”, produzido pelo falante 2 do sexo feminino. ... 109

Figura 32: Contorno melódico do enunciado “¿Alguien que esté también tan cerca?”, produzido pelo falante 1 do sexo feminino. ... 110

Figura 33: Contorno melódico do enunciado “¿Venís para las fiestas?”, produzido pelo falante 2 do sexo masculino. ... 110

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Figura 36: Contorno melódico do enunciado “¿Te sentis responsable?”, classificado como

detalhe de elaboração (produzido pelo falante 1 do sexo feminino). ... 114

Figura 37: Contorno melódico do enunciado “¿Venís para las fiestas?”, classificado como

detalhe de elaboração (produzido pelo falante 2 do sexo masculino). ... 115

Figura 38: Contorno melódico do enunciado “Ah ¿estudia esto?”, classificado como

informação suplementar (produzido pelo falante 2 do sexo masculino). ... 117

Figura 39: Contorno melódico do enunciado “¿Esa es la que vos la tenías cagazo?”,

classificado como informação suplementar (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 118

Figura 40: Contorno melódico do enunciado “¿Dos de enero?”, classificado como

informação suplementar (produzido pelo falante 2 do sexo masculino). ... 119

Figura 41: Contorno melódico do enunciado “¿Con tus amigos todo bien?”, classificado

como iniciador de tópico (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 121

Figura 42: Contorno melódico do enunciado “¿Está allá ahora?”, classificado como diretor

do fluxo de informação (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 122 Figura 43: Contorno melódico do enunciado “¿Hablaban em código?”, classificado como pergunta esclarecedora (produzido pelo falante 1 do sexo feminino). ... 123

Figura 44: Contorno melódico do enunciado “¿Ella está mal?”, classificado como pergunta

esclarecedora (produzido pelo falante 1 do sexo feminino). ... 124

Figura 45: Contorno melódico do enunciado “¿Con tu hermanito?”, classificado como

pergunta esclarecedora (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 125

Figura 46: Superposição dos contornos melódicos do enunciado “¿Con tu hermanito?”.

Em linha contínua azul, classificado como pergunta esclarecedora e em linha pontilhada rosa, classificado como iniciador de tópico. ... 126

Figura 47: Contorno melódico do enunciado “¿Sabés qué soñé?”, classificado como

pergunta retórica (produzido pelo falante 1 do sexo feminino). ... 127

Figura 48: Notação fonológica do enunciado com final proparoxítono “Ah ¿hablaban em código?”, produzido pelo falante 1 do sexo feminino. ... 130

Figura 49: Notação fonológica do enunciado com final oxítono “¿Sabías que hablando de

(21)

Figura 52: Comportamento ascendente da F0 no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 137 Figura 53: Comportamento descendente da F0 no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 138 Figura 54: Comportamento circunflexo da F0 no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 138 Figura 55: Comportamento da duração no pré-núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 141 Figura 56: Comportamento da duração no pré-núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 141 Figura 57: Comportamento da duração no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 143 Figura 58: Comportamento da duração no núcleo de enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 144

Figura 59: Contorno melódico do enunciado “Pero ¿te conviene ir allá a la casa?”,

produzido pelo falante 1 do sexo masculino. ... 147

Figura 60: Contorno melódico do enunciado “¿Todos bien?”, produzido pelo falante 1 do

sexo masculino. ... 147

Figura 61: Contorno melódico do enunciado “¿La empleada?”, classificado como detalhe de elaboração (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 149

Figura 62: Contorno melódico do enunciado “¿Este es adoptivo también?”, classificado

como detalhe de elaboração (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 151 Figura 63: Contorno melódico do enunciado “Ya ¿los mails?”, classificado como pergunta recíproca (produzido pelo falante 2 do sexo masculino). ... 151

Figura 64: Contorno melódico do enunciado “¿Los tienes ahí?”, classificado como

informação suplementar (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 153

Figura 65: Contorno melódico do enunciado “Pero ¿no está contento?”, classificado como

informação suplementar (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 153

Figura 66: Contorno melódico do enunciado “¿U Chile?”, classificado como pergunta esclarecedora (produzido pelo falante 2 do sexo masculino). ... 156

Figura 67: Contorno melódico do enunciado “¿Te acuerdas de ese Arnoldo primo de nosotros?”, classificado como diretor do fluxo de informação (produzido pelo falante 2 do

(22)

Figura 68: Contorno melódico do enunciado “Oye ¿recibiste hoy una carta mía?”,

classificado como iniciador de tópico (produzido pelo falante 2 do sexo feminino). ... 158

Figura 69: Notação fonológica do enunciado com final proparoxítono “¿Estai en el

república?”, produzido pelo falante 1 do sexo masculino. ... 160

Figura 70: Notação fonológica do enunciado com final oxítono “¿No recibiste nada así?”,

produzido pelo falante 1 do sexo masculino. ... 161

Figura 71: Exemplo de “I degenerado” (SERRA, 2009:135). ... 165

Figura 72: Exemplo de fronteira prosódica entre o I precedente e o I que contém o “né?”,

ambos com acento tonal e tom de fronteira (SERRA, 2009:135). ... 165 Figura 73: Realização de fronteira prosódica entre o I precedente e o I que contém o

“¿no?”, ambos com acento tonal e tom de fronteira, na variedade de Buenos Aires.

Enunciado produzido pelo informante 2, do sexo feminino. ... 169

Figura 74: Contorno de “¿no?” L+H*HH%, realizado em 100% dos 8 casos. ... 170 Figura 75: Realização de fronteira prosódica entre o I precedente e o “¿no?”, ambos com acento tonal e tom de fronteira, na variedade de Santiago do Chile. ... 171

Figura 76: Realização de fronteira prosódica entre o I precedente e o “¿ah?”, ambos com

acento tonal e tom de fronteira, na variedade de Santiago do Chile. ... 172

Figura 77: Contorno de “¿no?” L+H*HH% realizada em 100% dos casos, na variedade de

(23)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que compõem o corpus interrogativo (Gurlekian et alii., 2010). ...43

Tabela 2: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que compõem o corpus interrogativo (Román, Cofré & Rosas, 2008). ...48

(24)

Tabela 19: Exemplos de marcas de espontâneo. ...88 Tabela 20: Categorias Pragmáticas (Adaptada de Hedberg et alii., 2010). ...93 Tabela 21: Quantitativo de enunciados interrogativos totais em cada categoria pragmática, variedade de Buenos Aires. ... 112 Tabela 22: Variação tonal no núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 128 Tabela 23 Síntese das configurações nucleares encontradas para cada categoria pragmática. ... 129 Tabela 24: Quantitativo de enunciados interrogativos totais em cada categoria pragmática, variedade de Santiago do Chile. ... 148 Tabela 25 Variação tonal no núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 158 Tabela 26: Síntese das configurações nucleares encontradas para cada categoria pragmática. ... 159* Tabela 27: Distribuição das configurações nucleares obtidas para os Is precedentes ao

“¿no?”, na variedade de Buenos Aires. ... 169 Tabela 28: Distribuição das configurações nucleares obtidas para os Is precedentes ao

(25)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Variação de média de F0 (em Hz) do pré-núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ...99

Gráfico 2: Variação de média de F0 (em Hz) do núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 102

Gráfico 3: Variação média da duração (em ms) nas sílabas pretônicas, tônicas e pós-tônicas do pré-núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ...105

Gráfico 4: Variação média da duração (em ms) nas sílabas pretônicas, tônicas e pós-tônicas do núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires. ... 107

Gráfico 5: Variação de média de F0 (em Hz) do pré-núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 136

Gráfico 6: Variação de média de F0 (em Hz) do núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. ... 139

Gráfico 7: Variação média da duração (em ms) nas sílabas pretônicas, tônicas e pós-tônicas do pré-núcleo dos enunciados interrogativos totais da variedade de Santiago do Chile. .. 142

(26)

L

ISTA DE

E

SQUEMAS

(27)

INTRODUÇÃO

Nossa pesquisa: objetivos e hipóteses

Esta pesquisa consiste em uma descrição da entoação de enunciados interrogativos totais realizados em conversas telefônicas coloquiais por falantes de espanhol das variedades de Buenos Aires e de Santiago do Chile, a partir da investigação da correlação entre a forma prosódica e a função pragmática destes enunciados. Para isso, nos baseamos nos pressupostos da fonologia entonacional (LADD, 1996), além do sistema de notação prosódica SP_ToBI (ESTEBAS-VILAPLANA & PRIETO, 2008) e do modelo proposto por Hedberg et alii (2010) para a classificação pragmática dos enunciados interrogativos totais, segundo a função que os mesmos ocupam no discurso .

A partir desse objeto de estudo, levantamos algumas perguntas de pesquisa, que norteiam nossa investigação:

(i) As descrições existentes para a entoação dos enunciados interrogativos totais, em corpus de fala atuada, sugerem comportamentos divergentes do contorno de frequência fundamental, no núcleo. Gabriel et alii (2010) descrevem para os enunciados interrogativos totais da variedade de Buenos Aires um núcleo ascendente-descendente, ao passo que Ortiz et alii (2010) propõem para o núcleo desses enunciados, para a variedade de Santiago do Chile, um contorno ascendente. Tais movimentos dos contornos entonacionais também serão encontrados em conversas coloquiais dos enunciados interrogativos totais nas variedades argentina (Buenos Aires) e chilena (Santiago do Chile)? Ou seja, os dados de fala espontânea corroboram os resultados de pesquisas já realizadas para a fala lida e/ou atuada?

(ii) A função pragmática que ocupa o enunciado interrogativo total modifica seu contorno entonacional ou haverá uma relação biunívoca entre a forma prosódica e a função pragmática?

(28)

ou se realizam em Is diferentes e quais são os contornos entonacionais do

marcador interrogativo “¿no?” nas variedades do espanhol de Buenos Aires e

de Santiago do Chile?

Para responder às perguntas levantadas anteriormente, propomos alguns objetivos, a saber:

(i) Verificar quais são os contornos entonacionais encontrados em conversas coloquiais dos enunciados interrogativos totais nas variedades argentina (Buenos Aires) e chilena (Santiago do Chile), através de dois parâmetros acústicos: frequência fundamental e duração; observando se dados conversacionais e espontâneos confirmam ou não os resultados já descritos para a fala lida e/ou atuada (SOSA, 1999; GABRIEL et alii, 2010; ORTIZ et alii, 2010; FIGUEIREDO, 2011);

(ii) Analisar se há uma relação biunívoca entre a forma prosódica e a função pragmática;

(iii) Descrever os contornos entonacionais do tag question “¿no?” nas variedades do espanhol de Buenos Aires e de Santiago do Chile e verificar se dito marcador pertence a um mesmo sintagma entonacional ou se constitui um sintagma distinto.

Três hipóteses iniciais podem ser pensadas a partir da relação entre forma prosódica e função pragmática:

(i) Para a variedade de Buenos Aires, Gabriel et alii (2010) descrevem para os enunciados interrogativos totais um núcleo ascendente-descendente, ao passo que Ortiz et alii (2010) propõem para a variedade de Santiago do Chile, um núcleo com contorno ascendente. Valendo-nos de tais pesquisas já realizadas para os enunciados interrogativos totais, acreditamos que nossos dados confirmam as descrições anteriores para fala lida e/ou atuada;

(ii) Em função das descrições já realizadas em que se comprovam divergências entre o contorno entonacional e as diferentes atitudes proposicionais (MORAES, 2008; FIGUEIREDO, 2011; SÁ, inédito), podemos supor que também não haverá biunivicidade entre a forma prosódica e a função pragmática dos enunciados interrogativos totais;

(29)

serão realizados em sintagmas entonacionais diferentes, com contorno semelhante ao do sintagma entonacional que o precede.

Organizamos nossa dissertação em seis capítulos, ao término dos quais seguem pequenos resumos das informações discutidas ao longo do texto. Inicialmente, no capítulo1, conceitualizamos a entoação, os modelos entonacionais e os estudos que guiam nossa descrição e análise. No capítulo 2, discutimos a caracterização do nosso corpus como conversação coloquial e espontânea (BRIZ, 1998, 2002; BLANCHE-BENVENISTE, 1998; LENVINSON, 2007).

No capítulo 3, descrevemos as ferramentas metodológicas utilizadas para o exame dos dados, desde a constituição e seleção do corpus bem como os parâmetros acústicos que serviram de base para nossas análises. Ainda, apresentamos os instrumentos computacionais que permitiram a realização de nossa investigação.

As análises e os resultados encontrados em nossa pesquisa são discutidos nos capítulos 4, 5 e 6 desta dissertação. Nos dois primeiros, 4 e 5, apresentamos as análises e discussões acerca dos enunciados interrogativos totais das variedades de Buenos Aires e Santiago do Chile, respectivamente. No capítulo 6, apresentamos uma análise preliminar de sintagmas entonacionais seguidos do tag question “¿no?”.

Em continuação a esses três capítulos de análises de dados, apresentamos as considerações finais e as referências bibliográficas, respectivamente.

Contribuições para a área

O presente trabalho, resultado de pesquisas realizadas no grupo de estudos “A interface pragmática e prosódica em diferentes tipos de enunciados e modos de produção

do discurso oral”, constitui também uma complementação aos trabalhos realizados por

Figueiredo (2011) e Pinho (2013), para o espanhol das variedades bonaerense e chilena, respectivamente.

(30)
(31)

E

NTOAÇÃO

:

M

ODELOS

T

EÓRICOS E

R

EPRESENTAÇÕES

Este capítulo pretende caracterizar a entoação e seus modelos teóricos. Para isso, apresentamos em 1.1, as definições, os parâmetros e as funções da entoação. Em 1.2 e 1.3, delimitamos os modelos teóricos nos quais nos baseamos para análise dos nossos dados: a fonologia entonacional e a fonologia prosódica, respectivamente. Finalmente, na seção 1.4, apresentamos estudos entonacionais de enunciados interrogativos totais para as variedades que estudamos nesta dissertação: Buenos Aires e Santiago do Chile.

1.1- Prosódia e entoação: definições e funções

De acordo com Cortés (2000), a fonologia se divide em dois blocos de estudo: a fonemática e a prosódia. A primeira se dedica ao estudo dos fonemas de uma língua, ou seja, os sons (ou segmentos) que se produzem ou se identificam na comunicação oral. Diferentemente, a prosódia trata dos fenômenos prosódicos, em outras palavras, aqueles que afetam a unidades superiores ao fonema e que se superpõem a sua articulação para manifestar significado semântico ou pragmático. Por essa razão, é possível nomear a estes fenômenos de suprassegmentais, pois se estendem por mais de um segmento.

A palavra “prosódia” se deriva do grego antigo, onde era usada como “som produzido acompanhado de música instrumental”. Atualmente, o termo é usado para

referir-se às propriedades da fala que não podem ser derivadas da sequência segmental de fonemas subjacentes à fala humana (NOOTEBOOM, 1997, p.640).

Segundo Fónagy (2003 apud Sá, inédito) a prosódia possui diferentes funções, a saber: (i) demarcar as unidades discursivas; (ii) segmentar a mensagem em partes; (iii) atrair a atenção do ouvinte para um ponto específico da mensagem; (iv) mostrar qual é o tipo gramatical do enunciado proferido; (v) retirar a ambiguidade de sentenças com dois (ou mais) sentidos; (vi) distinguir asserções de questões; (vii) preparar o que trará a frase seguinte; (viii) expressar a atitude, a emoção e/ou a intenção do locutor; (ix) auxiliar na identificação de quem fala e (x) contribuir para o reconhecimento de gêneros discursivos diferentes.

Hirschberg (2002) aponta que a prosódia tem um importante papel no processamento da linguagem. Para os sintaticistas e os semanticistas, a prosódia funciona

(32)

como um desambiguador estrutural; para os cientistas da pragmática e da análise do discurso, a prosódia mostra pistas para a transmissão e entendimento dos atos de fala diretivos e indiretos e também para a organização hierárquica do discurso.

Cortés (2000) considera como fenômenos prosódicos o ritmo, a acentuação e a entoação. Dentre esses fenômenos prosódicos, nos centraremos no fenômeno da entoação, definida por diversos autores, de distintas formas. Ladd (1996), por exemplo, afirma que o termo entoação se refere ao uso do caráter fonético suprassegmental que carrega significados pragmáticos no nível pós-lexical ou no nível da sentença de maneira linguisticamente estruturada. Seguindo a linha teórica de Ladd (1996), Prieto (2003) afirma que a entoação é um fenômeno linguístico, pertencente ao componente fonológico da linguagem.

Cantero (2002:18) define entoação como “as variações de frequência fundamental

que cumprem uma função linguística ao longo da emissão de voz”. Bem como Cantero (2002), outros autores também se baseiam nas variações de frequência fundamental (doravante, F0) e outros parâmetros acústicos como a duração e a intensidade ao definir a entoação. Aguilar (2000:110), por exemplo, sugere que a entoação é “la sensación

perceptiva de las variaciones de tono, duración e intensidad a lo largo del enunciado”.

Hirst e Di Cristo (1998 apud Pinho, inédito), por sua vez, afirmam que a entoação, do ponto de vista dos termos físicos, pode ser usada para referir-se às variações de apenas um ou de mais de um parâmetro acústico.

Resumidamente, assumimos que a entonação abrange distintos parâmetros prosódicos que empregam os falantes de uma língua com finalidade comunicativa. Mas, quais seriam esses parâmetros prosódicos? Entre eles, é importante destacar o tom, cujo correlato acústico é a F0, isto é, a frequência que corresponde à vibração das cordas vocais durante a emissão do continuum sonoro. Além do tom, assinalamos a duração, que mantém relação com o tempo gasto para produzir a fala e a intensidade, que se relaciona à energia usada para a produção do som.

(33)

apud AGUILAR, 2000), o que significa que o que se diz deve ser completado com o conteúdo suprassegmental, indicando assim, se um enunciado é assertivo ou interrogativo, dito com raiva ou alegria, por exemplo.

O que foi indicado no parágrafo acima constitui algumas das funções da entoação. Assim como a pluralidade de definições para o termo entoação, também existem distintos estudos que descrevem as funções da entoação. Aguilar (2000) propõe duas funções básicas para a entonação: uma fonológica e outra pragmática. A função fonológica, conforme afirma Aguilar (2000), é a capaz de distinguir enunciados, isto é, indica uma modalidade oracional ou a estrutura sintática do mesmo e equivale ao que Navarro Tomás (1948 apud Aguilar, 2000) denomina de função lógica da entoação. Por sua vez, a função pragmática interfere na expressão de determinados estados psíquicos e sentimentos, de certas intenções ou atitudes. Esta função possui grande importância na comunicação oral, uma vez que a interpretação da mensagem não passa despercebida pelo ouvinte e, por essa

razão, com frequência escutamos algo como “Não fale comigo com esse tom de voz”.

Dessa forma, não é difícil que a função da entoação apareça integrada ao discurso comunicativo oral. É o que Quilis (1993) apud Cortés (2000) denomina função integradora-delimitadora, dado que a entoação contribui para a estruturação da fala, mais especificamente de cada turno de fala, em porções discursivas significativas e de fácil compreensão tanto para o ouvinte como para o falante.

Pinho (inédito), a partir de trabalhos de diferentes autores, sintetiza as funções da entoação em seis categorias: (i) função pragmática, (ii) função discursiva, (iii) função sintática, (iv) função semântica, (v) função expressiva e (vi) função sociolinguística. A função pragmática se relaciona à força intencional no modo de falar, ou seja, à atitude do locutor em relação ao interlocutor na interação. A função discursiva se caracteriza pela variação entonacional em função do estilo de fala (leitura, fala atuada ou fala espontânea).

A função sintática, por sua vez, diz respeito à contribuição dada pela entoação na articulação, segmentação ou integração das unidades linguísticas. Semanticamente, a entoação é capaz de distinguir entre enunciados assertivos, interrogativos e imperativos. Do ponto de vista expressivo, a entoação se relaciona à expressão do estado emocional do falante. E, finalmente, do ponto de vista sociolinguístico, segundo Pinho (inédito), a entoação carrega marcas da identidade do falante, tanto de sua caracterização individual quanto das marcas do grupo ao qual pertence.

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características linguísticas, tais como o fato de distinguir modalidades oracionais e transformar unidades linguísticas em conversacionais. Por outro, compreende características que não são puramente linguísticas, mas expressivas, emocionais, atitudinais, ou seja, pragmáticas.

1.2- Modelos teóricos da entoação

Os estudos linguísticos da entoação começam a desenvolver-se a princípios do século XX (PRIETO, 2003). Nesse contexto, surgem os primeiros modelos de análise para a língua inglesa: o modelo da escola britânica, que busca analisar os contornos melódicos como uma sequência de configurações expressas pelos movimentos tonais e o modelo da escola americana, que analisa os contornos melódicos mediante uma série de tons estáticos. Por isso, as propostas dessas escolas se denominam, respectivamente, análise por configurações e análise por níveis.

Posteriormente a essas duas escolas, surgem outros modelos de análise mais atuais, mas que mantêm uma base nas tradições anteriores. Com inspiração na escola britânica, surge a escola holandesa (modelo IPO), que emprega como unidades mínimas de análise configurações e movimentos tonais. Segundo o modelo IPO, as unidades de análise tonal se configuram a partir de dez diferentes tipos de movimentos, sendo cinco do tipo ascendente e cinco do tipo descendente, que constituem as unidades básicas da análise melódica.

Por outro lado, inspirados na escola americana, temos como modelos atuais de análise da entoação o modelo Aix-en-Provence. Este modelo considera como unidades básicas de um contorno os níveis T (top), ou altura tonal máxima do locutor; B (bottom), ou altura tonal mínima do locutor e M (mid), valor médio do locutor. Também inspirado na escola americana, encontra-se o modelo métrico-autossegmental. Segundo Prieto (2003), esses modelos atuais da entoação incluem, diferentemente das escolas tradicionais (britânica e americana), um componente fonético em suas análises, ou seja, verificam a relação entre o continuum melódico e a representação fonológica.

(35)

métrico-autossegmental (doravante, AM), proposto, inicialmente, por Pierrehumbert (1980) para a análise das características fonológicas da entoação do inglês.

Este modelo entende os contornos melódicos como uma concatenação linear de dois tipos de elementos fonológicos que se associam com pontos prosodicamente marcados do enunciado, que estão associados a determinadas sílabas, ou seja, o modelo considera que há um vínculo entre a acentuação e a entoação, e do papel da estrutura métrica como coluna vertebral dos movimentos melódicos. Do ponto de vista fonológico, os tons podem se associar às sílabas acentuadas (acentos tonais) ou ao final dos enunciados (tons de fronteira).

As distintas melodias que integram um enunciado são descritas a partir de uma sequência de dois tons: um tom alto (H, do inglês high) e um tom baixo (L, do inglês low). Os movimentos associados ao redor das sílabas tônicas dos enunciados são denominados acentos tonais (pitch accents), que podem ser monotonais (apenas um tom) ou bitonais (dois tons). Para o inglês, Pierrehumbert (1980 apud HUALDE, 2003) apresenta o seguinte repertório de acentos tonais H* e L* (monotonais) e L*+H, L+H*, H+L*, H*+H (bitonais).

Os tons de fronteira (boundary tones), por sua vez, são os tons que se alinham aos limites de uma frase (L% ou H%). Beckman & Pierrehumbert (1986 apud HUALDE, 2003) sinalizam em seu trabalho, para a entoação do inglês, a existência de um acento de frase (ou tons de fronteiras intermediárias), que pode não ser de valia para outras línguas (SOSA, 1999).

É interessante ressaltar que o número de acentos tonais e de tons de fronteira pode variar de língua para língua (HUALDE, 2003). Como cada língua possui contornos entonacionais particulares, é possível ampliar o repertório de combinações de tons, o que possibilita o uso de um tom de fronteira bitonal como LH% ou HL%.

Cabe destacar também a inclusão dos diacríticos de upstep (¡) e downstep (!) no tom H, marcando uma ampliação ou redução da altura tonal. No entanto, ainda é controversa a utilização destes símbolos, visto que é necessária uma investigação mais detalhada a fim de verificar se o acento com escalonamento ascendente e descendente constitui unidades fonológicas ou se são variantes alofônicas de um mesmo acento (ESTEBAS-VILAPLANA & PRIETO, 2008).

(36)

1.2.1- Representando a entoação: o Sp_ToBI

O sistema ToBI – Tones and Break Indices – é um sistema de notação prosódica, com raízes no modelo métrico-autossegmental (Pierrehumbert, 1980; Beckman & Pierrehumbert, 1986; Ladd, 1996 e outros). Considerando as características do modelo AM (já explicitadas na seção 1.2.1 deste capítulo), o sistema ToBI foi concebido como um tipo estandarizado de etiquetagem prosódica para transcrição entonativa do inglês norteamericano. Nos últimos anos, tem sido utilizado para a descrição prosódica de distintas línguas, incluindo a língua espanhola. Por essa razão, recebe o prefixo denotador

“Sp” (Spanish).

Inicialmente, o Sp_ToBI foi pensado como um modelo capaz de transcrever e notar fonologicamente a entoação de diversas variedades do espanhol (SOSA, 2003). Assim como Pinho (inédito), reconhecemos que, devido a sua amplitude inicial, algumas unidades propostas podem refletir não mais do que um nível bastante superficial, podendo ser interpretadas como alofônicas por falantes de outros dialetos.

Tal sistema diferencia quatro níveis de análise (ESTEBAS-VILAPLANA & PRIETO, 2008): (i) nível ortográfico, em que se transcrevem ortograficamente as palavras ou sílabas dos enunciados; (ii) nível de disjunção1 ou separação prosódica, em que se marca

a presença ou ausência de domínios prosódicos que vão desde a palavra ortográfica à frase entonacional; (iii) nível tonal, em que se transcrevem os acentos tonais e tons de fronteira e (iv) nível miscelâneo, em que é possível anotar fenômenos paralinguísticos, como ruídos, risadas, etc.

No que se refere aos acentos tonais, a primeira proposta do Sp_ToBI (BECKMAN et alii, 2002) propôs quatro acentos tonais para a língua espanhola L*+H, L+H*, H+L* e H*. A proposta mais recente do Sp_ToBI (AGUILAR et alii, 2009) propõe sete tipos de acentos tonais, a saber, dois monotonais: H* (F0 alta sem vale anterior) e L* (F0 baixa derivada de um descida progressiva da F0) e cinco bitonais: H+L* (acento descendente com queda na sílaba tônica), L*+H (tom baixo na sílaba tônica e subida na pós-tônica), L+H* (acento ascendente com pico alinhado à sílaba tônica), L+¡H* (acento ascendente com pico alinhado à sílaba tônica, com registro mais alto que o L+H*) e L+>H* (acento

1 O sistema Sp_ToBI prevê cinco níveis de disjunção ou separação prosódica, a saber: (i) nível 0, que marca a

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ascendente com pico deslocado à sílaba pós-tônica). Na figura 1, abaixo, apresentamos esses acentos tonais juntamente com suas respectivas representações esquemáticas: a caixa sombreada representa os limites das sílabas acentuadas e a caixa branca, os limites das sílabas adjacentes a acentuada.

Figura 1: Esquemas dos acentos tonais (AGUILAR et alii, 2009).

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subida até um tom médio de F0) e um tom de fronteira tritonal, LHL% (descida-subida-descida de F0 depois de um acento nuclear alto).

Além dos tons de fronteira de frases entonacionais, o modelo propõe sete tons de fronteira de frases intermediárias. Há uma grande discussão se de fato pode-se considerar a existência de frases intermediárias na língua espanhola, mas Aguilar et alli (2009) apresentam dois argumentos para a existência deste nível em espanhol: a sua percepção auditiva e marcação tonal, que apresentaria níveis diferentes da frase entonacional.

Figura 2: Esquemas dos tons de fronteiras (break índice of level 4) e tons de frases intermediárias (break índice of level 3) (AGUILAR et alii, 2009).

Na figura 2, acima, apresentamos os tons de fronteira e os tons de frases intermediárias de forma esquemática. A caixa sombreada corresponde às sílabas pós-tônicas.

(39)

1.3- Fonologia Prosódica

Como um dos objetivos desta dissertação é descrever os contornos entonacionais do tag question “¿no?” nas variedades do espanhol de Buenos Aires e de Santiago do Chile e verificar se dito marcador pertence a um mesmo sintagma entonacional ou se constitui um sintagma distinto, cabe-nos discutir os pressupostos da fonologia prosódica (NESPOR & VOGEL, 1994; SERRA, 2009), teoria na qual nos baseamos para a análise de tais dados.

A teoria da fonologia prosódica sugere que a representação mental da fala está dividida em fragmentos hierarquicamente organizados (NESPOR & VOGEL, 1994, p.13). De acordo com esta teoria, a fonologia interage com outras estruturas da gramática, como a morfologia, a semântica e, principalmente, a sintaxe.

Desde a perspectiva da hierarquia prosódica, assume-se a existência de constituintes, ou seja, uma unidade linguística formada por dois ou mais membros que estabelecem entre si uma relação de dominante e dominado (BISOL, 2005). É interessante destacar que o constituinte prosódico não é, necessariamente, isomórfico dos demais constituintes gramaticais.

Nespor & Vogel (1994) propõem a existência de sete níveis estruturados hierarquicamente, a saber, em ordem crescente: sílaba (σ), pé (Σ), palavra fonológica (ω), grupo clítico (C), sintagma fonológico (Φ), sintagma entonacional (I) e enunciado (U). Muitos processos fonológicos (segmentais ou prosódicos) podem ser aplicados ou bloqueados nos limites desses domínios, o que justifica a distribuição hierárquica dos mesmos. Podemos representar a hierarquia entre os constituintes prosódicos através de um esquema arbóreo (BISOL, 2005, p. 244), como mostra a figura 3.

Constituintes Prosódicos

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Para esta investigação, mais especificamente, nos centraremos na análise dos sintagmas entonacionaias, ou seja, um conjunto de sintagmas fonológicos ou apenas um sintagma fonológico que porte um contorno de entoação identificável (BISOL, 2005). O limite de um I pode ser identificado por uma pausa, um alongamento silábico pré-fronteira ou um movimento tonal.

Segundo a teoria da fonologia prosódica, a boa formação de I segue as seguintes regras:

Toda sequência não estruturalmente anexada à oração raiz ou todas as sequências

de Φs em uma oração raiz são mapeadas dentro de I (Nespor & Vogel 1986, Frota

2000). A formação de I está sujeita a condições de tamanho prosódico: sintagmas

longos (em número de sílabas e de palavras prosódicas) tendem a ser divididos, da

mesma forma que sintagmas pequenos tendem a formar um único I com um I

adjacente, o que leva à formação de sintagmas com tamanhos equilibrados.

(SERRA, 2009, p. 70)

De acordo com o algoritmo de construção de um I, citado anteriormente, o tag question “¿no?” deve ser prosodizado separadamente, uma vez que foi gerado fora da oração raiz. Observa-se em (1), um exemplo de prosodização prevista para um enunciado do nosso corpus.

(1) [Es lo que hacés vos]I [pero tiene un nombre formal]I [digamos]I [¿no?]I

No entanto, o sintagma entonacional pode sofrer um processo de restruturação em razão do seu tamanho, da velocidade de fala, do estilo de fala e também da proeminência contrastiva (NESPOR & VOGEL, 1994, p. 224). No que se refere ao tamanho de I, em alguns casos quando o material de I é muito longo, há reestruturação para criar constituintes menores por razões fisiológicas bem como por razões relacionadas ao processamento linguístico. Vale destacar também que há uma tendência a evitar sequências de Is muito pequenas e Is de diferentes tamanhos.

Frota (2000 apud SERRA, 2009, p.130) corrobora tal ideia ao constatar, para o

Português Europeu, que um I pequeno, como é o caso do “¿no?”, tende a constituir um

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Is+¿no? ou a variante Is+¿ah?, na variedade de Santiago do Chile, são realizados como um mesmo I ou se realizam em Is diferentes.

1.4- Estudos entonacionais de enunciados interrogativos totais: Buenos Aires e Santiago do Chile

O objeto de nossa investigação são os enunciados interrogativos totais, portanto, cabe-nos refletir sobre este tipo de enunciado. Escandell Vidal (1999) distingue entre oração interrogativa e perguntas, uma vez que estas objetivam obter uma informação do destinatário e as orações fazem referência a aspectos estritamente gramaticais, tanto sintáticos quanto semânticos. Observemos o exemplo (1).

(1) ¿Acaso no cumplimos con nuestro deber? (ESCANDELL VIDAL, 1999, p.3931)

No exemplo (1) acima, temos um exemplo de oração interrogativa, desde o ponto vista sintático. No entanto, tal oração não constitui um exemplo de pergunta, visto que não espera nenhuma resposta por parte do destinatário. Concluímos, com base em Escandell Vidal (1999), que uma pergunta é o protótipo de uma oração interrogativa.

Pensando em termos pragmáticos, todas as perguntas se apresentam como uma estrutura proposicional aberta que possui, pelo menos, uma incógnita. No caso da interrogativa parcial, a incógnita corresponde ao pronome, adjetivo ou advérbio interrogativo. A interrogativa do tipo disjuntiva se caracteriza por restringir de maneira expressa e por meios lexicais, as possíveis respostas, já que a formulação da pergunta propõe uma alternativa. Já, a interrogativa total corresponde ao caráter afirmativo ou negativo da predicação.

Ainda com base na autora, dividimos os enunciados interrogativos em duas classes: os neutros e os orientados. A primeira classe (perguntas, petições, oferecimentos) corresponde aos enunciados com ausência de marcas de orientação ao passo que a segunda classe (perguntas eco, retóricas) compreende os enunciados que possuem marcadores de orientação, como a não inversão de sujeito-verbo.

(42)

1.4.1- Características entonacionais dos enunciados interrogativos de Buenos Aires

Os estudos entonacionais da variedade argentina têm sido foco de pesquisas desde a segunda metade do século XX (GABRIEL et alii, 2010). As pesquisas iniciais, como a de Fontanella de Weinberg (1966, apud Figueiredo, 2011), sinalizam três tipos de inflexão final para os contornos dos enunciados interrogativos da variedade de Buenos Aires: um ascendente, um em suspensão e um descendente.

As pesquisas mais recentes e no âmbito do modelo AM têm confirmado as características já descritas por Fontanella de Weinberg (1966). Entre tais pesquisas, destacamos o trabalho de Sosa (1999), considerado pioneiro, uma vez que descreve e atribui acentos fonológicos a entoação de distintos tipos de enunciados em dez variedades

do espanhol. A partir da leitura do enunciado “¿Le dieron el número del vuelo?”, por um

informante de Buenos Aires, o autor caracteriza o contorno melódico dos enunciados interrogativos totais com picos iniciais altos e contorno final ascendente, como ilustra a figura 4.

¿Le dieron el número del vuelo?

Figura 4: Contorno melódico do enunciado interrogativo total de Buenos Aires (SOSA, 1999, p.199).

Observamos que no núcleo do enunciado há uma subida da sílaba pretônica para a sílaba tônica que se mantém alta na sílaba pós-tônica, representada pela notação fonológica L+H*H%.

(43)

criadas nove frases a partir da combinação de “La guitarra / La cítara / El saxofón”, em posição não-final, com “se toca con mesura / pánico / obsesión”, em posição final, resultando em 108 enunciados, sendo 9 enunciados com 3 repetições de cada, produzidos por quatro informante do sexo feminino com ensino fundamental.

Tabela 1 ¿La guitarra

se toca con

mesura?

¿La cítara pânico?

¿El saxofón obsesión?

Tabela 1: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que compõem o corpus interrogativo (Gurlekian et alii., 2010b).

Gurlekian et alii. (2010b) encontram, para a mmmposição pré-nuclear, dois acentos diferentes: H+L* e L*+>H. Para a posição nuclear, a configuração mais frequente foi a

circunflexa, L+>H*L%, em que o diacrítico de “>” representa o alinhamento tardio do

pico de F0. A figura 5 ilustra este contorno circunflexo final.

¿La guitarra se toca con mesura?

Figura 5: Enunciado interrogativo total com constituintes paroxítonos de Buenos Aires (GURLEKIAN et alii., 2010b).

Gabriel et alii (2010b) também descrevem os enunciados interrogativos totais da

variedade de Buenos Aires, pertencente ao projeto “Atlas Lingüístico de la Entonación del

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como pedido de informação. Na figura 6, observamos que o acento pré-nuclear apresenta um movimento ascendente (L+H*). Já, para a posição nuclear, temos um contorno circunflexo com pretônica baixa, seguida de uma tônica alta, que se mantém alta na sílaba pós-tônica, onde se inicia o movimento de descida, representada pela notação L+¡H*HL%.

¿Tiene mandarinas?

Figura 6: Contorno melódico do enunciado interrogativo total neutro (information seeking) de

Buenos Aires (GABRIEL et alli., 2010, p. 296).

Para os enunciados interrogativos totais que funcionam como perguntas confirmativas, os autores sugerem a mesma descrição fonológica do enunciado neutro: acento pré-nuclear ascendente e acento nuclear circunflexo (figura 7).

Juan ¿venís a cenar esta noche?

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Encontramos descrições para os enunciados interrogativos totais também em Figueiredo (2011) que analisa este tipo de enunciado ao comparar a fala de Buenos Aires e Córdoba, em quatro contextos atitudinais: pergunta confirmativa, pergunta neutra,

pergunta incrédula e pergunta retórica, a partir do estímulo “Marcela cenaba” produzido

por oito informantes, sendo duas mulheres e dois homens de Buenos Aires e duas mulheres e dois homens de Córdoba.

Os contextos atitudinais variam do eixo de maior certeza (confirmativo) ao de certeza de uma resposta negativa (retórico), passando pelo enunciado neutro e o de dúvida (estranheza). Apresentaremos os resultados descritos pela autora para a variedade bonaerense.

Para as perguntas confirmativas, que correspondem a um pedido de informação em que o falante pretende certificar-se de uma informação na qual está quase seguro que é verdadeira, da variedade de Buenos Aires, a autora descreve um contorno ascendente em posição pré-nuclear e um contorno circunflexo em posição nuclear, com notação fonológica, com base nas propostas do Sp_ToBI, L+H*L%, conforme ilustrado na figura 8.

¿Marcela cenaba?

Figura 8: Pergunta conformativa da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.91).

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pré-nuclear ascendente e acento pré-nuclear circunflexo, com pico de F0 deslocado à sílaba pós-tônica, L+H*HL% (vide figura 9).

¿Marcela cenaba?

Figura 9: Pergunta neutra da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.95).

Para a descrição da curva melódica das perguntas incrédulas, que corresponde a um tipo de pedido de informação em que o interlocutor é posto em dúvida pelo que acaba de afirmar, a autora utiliza a notação L+>H*, para o pré-núcleo ascendente e L+H*L%, para o núcleo circunflexo. Vale destacar que Figueiredo (2011) não observa diferenças em termos de notação fonológica para os enunciados com foco amplo ou foco estreito tanto no pré-núcleo quanto no núcleo, como exemplificado nas figuras 10, 11 e 12.

¿Marcela cenaba? ¿Marcela cenaba? ¿Marcela cenaba?

Figura 10: Pergunta incrédula, com

foco amplo da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011,

p.104).

Figura 11: Pergunta incrédula, com

foco no pré-núcleo da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO,

2011, p.104).

Figura 12: Pergunta incrédula,

com foco no núcleo da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO,

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Finalmente, para as perguntas retóricas, isto é, uma pergunta em que o pedido de informação não é real, pois falante e ouvinte já sabem que seu conteúdo proposicional é falso, Figueiredo (2011) propõe um contorno ascendente para a posição pré-nuclear, L+H*, e um contorno circunflexo para a posição nuclear, L+H*L% (vide figura 13).

¿Marcela cenaba?

Figura 13: Pergunta retórica da variedade de Buenos Aires (FIGUEIREDO, 2011, p.109).

Os trabalhos descritos nesta seção, Sosa (1999), Gurlekian et alii. (2010), Gabriel et alii. (2010) e Figueiredo (2011), embora apresentem propostas distintas, nos servirão de base para a análise dos nossos dados. Tais movimentos dos contornos entonacionais também serão encontrados em conversas coloquiais dos enunciados interrogativos totais na variedade de Buenos Aires?

1.4.2- Características entonacionais dos enunciados interrogativos de Santiago do Chile

Os estudos entonacionais chilenos começam a desenvolver-se a partir da década de 50, a partir do desenvolvimento dos estudos fonológicos (ORTIZ et alii, 2010). Tais autores destacam alguns trabalhos, como o de Silva Fuenzalida (1956-1957) que identificou os

contornos de acentos tonais e os reduziu a um número finito de “fonemas de pitch”, que

se combinavam com o acento de palavra e com fonemas de juntura.

Imagem

Figura 4: Contorno melódico do enunciado interrogativo total de Buenos Aires (SOSA, 1999, p.199)
Tabela 1: Combinação de constituintes oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos que compõem o corpus  interrogativo (Gurlekian et alii., 2010b)
Figura 7: Contorno melódico do enunciado interrogativo total confirmativo de Buenos Aires
Figura 15: Valores de frequência fundamental das  três repetições do enunciado “¿La guitarra se toca con
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Referências

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