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12 A awareness de si próprio em emergências seguras experimentais

Voltando ao cabo Jones e sua hierarquia de respostas saudáveis numa emergência, propomos como estrutura de encontro: provocar uma emergên­ cia segura concentrando-se na situação concreta. Isto parece uma proposição estranha, mas é exatamente o que é feito por terapeutas de qualquer escola em momentos de êxito. Considere uma situação semelhante à seguinte:

1. O paciente, como parceiro ativo no experimento, concentra-se no que está realmente sentindo, pensando, fazendo, dizendo; ele tenta entrar em contato com isso mais intimamente em termos de imagem, sentimento do corpo, resposta motora, descrição verbal etc.

2. Como é algo que o interessa intensamente, não precisa de modo de­ liberado prestar atenção a isto, mas isto lhe atrai a atenção. O contexto pode ser escolhido pelo terapeuta a partir do que ele conhece do paciente e de acordo com sua concepção científica de onde está a resistência.

3. É algo de que o paciente está vagamente consciente e de que se torna nais consciente devido ao exercício.

4. Ao fazer o exercício, o paciente é encorajado a seguir sua inclina­ ção, a imaginar e exagerar livremente, pois trata-se de um jogo seguro. Ele emprega a atitude e a atitude exagerada na sua situação concreta: sua atitu­

de em relação a si próprio, em relação ao terapeuta, seu comportamento costumeiro (na família, no sexo, no trabalho).

5. Alternadamente, ele inibe de modo exagerado a atitude e emprega a inibição nos mesmos contextos.

6. À medida que o contato torna-se mais íntimo e o conteúdo mais com­ pleto, ele fica ansioso. Isto constitui um estado de emergência sentida, mas a emergência é segura e controlável, e os dois parceiros sabem que ela o é.

7. O objetivo é que na emergência segura, a intenção (reprimida) subjacente— uma ação, atitude, objeto atual, memória— se tome dominante e reforme a figura.

8 .0 paciente aceita a nova figura como sendo sua própria, sentindo que “sou eu que estou sentindo, pensando e fazendo isso”.

Esta certamente não é uma situação terapêutica estranha; e não prejulga o emprego de nenhum método, seja ele analgésico, interpessoal ou fisiológi­ co; nem de nenhuma concepção básica. O que é novo é a expectativa da ansie­ dade não como um subproduto inevitável mas como uma vantagemfuncional; e isto é possível porque a atividade interessada do paciente é mantida nocentro do começo ao fim. Ao reconhecer a emergência, ele não foge ou se paralisa, mas mantém sua coragem, toma-se cauteloso e realiza ativamente o compor­ tamento que se toma dominante. E ele que está criando a emergência; esta não é algo que o assola de fora. E a tolerância da ansiedade é o mesmo que a formação de uma nova figura.

Se o estado neurótico é a resposta a uma emergência crônica inexistente de baixo grau, com tono muscular médio e estado de prontidão apático e fixo, em lugar de relaxamento ou um tono galvânico e um estado de prontidão perspicaz e flexível, então o objetivo é concentrar-se em uma emergência de alto grau existente, a qual o paciente pode realmente enfrentar e desse modo crescer. É comum que se diga ao paciente: “Você adotou esse com­ portamento quando estava realmente em perigo— por exemplo, quando era criança; mas agora você está seguro, adulto”. Isto é verdade até certo ponto. Entretanto, o paciente sente-se seguro de fato só enquanto o comportamen­ to neuróticotóo está implicado, quando está deitado conversando com uma pessoa amiga etc. Ou, ao contrário, o terapeuta ataca a resistência e o paci­ ente é assolado pela ansiedade. Contudo, o problema é o paciente sentir o

comportamento em seu próprio emprego num estado de emergência, e ao mesmo tempo sentir que está seguro porque pode enfrentar a situação. Isto

é intensificar a emergência crônica de baixo grau até se tornar uma emer­ gência de alto grau segura, acompanhada de ansiedade, mas ainda assim controlável pelo paciente ativo. Os problemas técnicos são: a) aumentar a tensão por meio de orientações corretas e b) manter a situação controlável e ainda assim incontrolada: a situação é sentida como segura porque o paciente

está num estágio adequado para inventar o ajustamento exigido, e não afastá- lo deliberadamente.

O método consiste em empregar cada parte que funciona como sendo funcional, e não pôr entre parênteses ou abstrair qualquer parte que,funcio­ ne na situação concreta. É encontrar o contexto e o experimento que ativará todas as partes como um todo do tipo exigido. As partes que funcionam são: a auto-regulação do paciente, o conhecimento do terapeuta, a ansiedade li­ berada e (não menos importante) a coragem e o poder criativo e formativo em cada pessoa.

13. Avaliação

No fim, o problema do emprego correto da concepção do terapeuta re- duz-se à natureza da avaliação.

Há dois tipos de avaliação, a intrínseca e a comparativa. A avaliação intrínseca está presente em toda ação que se desenvolve; é o fato de o pro­ cesso estar dirigido a um fim, de a situação inacabada estar deslocando-se em direção à situação acabada, a tensão em direção ao orgasmo etc. O pa­ drão de avaliação emerge na própria ação e é, finalmente, a própria ação como um todo.

Na avaliação comparativa, o padrão é extrínseco à ação, a ação é julgada em comparação com uma outra coisa. O neurótico (e a neurose normal da sociedade) é especialmente propenso a esse tipo de avaliação: toda ação é medida com relação a um ideal de ego, necessidade de elogios, dinheiro, pres­ tígio. É uma ilusão — como sabe todo artista ou educador criativo — que se­ melhante avaliação comparativa conduza a alguma realização adequada; a ilusão nos casos em que parece um incentivo salutar é que a comparação re­ presenta o amor de que se precisa, a ausência de culpa etc., e estes impulsos seriam mais úteis (menos prejudiciais) se não fossem ocultos.

Não adianta nada o terapeuta fazer em qualquer caso avaliações com­ parativas de acordo com sua própria concepção de natureza saudável. Ele deve, de preferência, usar sua concepção e outros conhecimentos descriti­ vamente, para orientações e sugestões, em subordinação à avaliação intrín­ seca que emerge a partir da auto-regulação contínua.

O AMADURECIMENTO EA