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Aposentadoria por Tempo de Contribuição da Pessoa com Deficiência:

7. APOSENTADORIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: REQUISITOS

7.5 Aposentadoria por Tempo de Contribuição: Conceito e Requisitos

7.5.1 Aposentadoria por Tempo de Contribuição da Pessoa com Deficiência:

Para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência, o art. 70-B do Decreto nº 3.048/99 determina que:

Art. 70-B. A aposentadoria por tempo de contribuição do segurado com deficiência, cumprida a carência, é devida ao segurado empregado, inclusive o doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, observado o disposto no art. 199-A e os seguintes requisitos.

I - aos vinte e cinco anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se homem, e vinte anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; (Incluído pelo Decreto nº 8.145, de 2013)

II - aos vinte e nove anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se homem, e vinte e quatro anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; e (Incluído pelo Decreto nº 8.145, de 2013)

III - aos trinta e três anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se homem, e vinte e oito anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve. (Incluído pelo Decreto nº 8.145, de 2013) Parágrafo único. A aposentadoria de que trata o caput é devida aos segurados especiais que contribuam facultativamente, de acordo com o disposto no art. 199 e no § 2o do art. 200. (Incluído pelo Decreto nº 8.145, de

2013)

Para tanto, tem-se que na aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência, em se tratando de deficiência grave, deverá o segurado

244 BRASIL. Lei 9.528, de 10 de dezembro de 1997. 245 BRASIL. Lei 10.666, de 08 de maio de 2003.

cumprir 25 anos de trabalho se homem, e 20 anos, se mulher. Se a deficiência for moderada, o tempo de contribuição é de 29 anos para os homens e de 24 para as mulheres. No caso de deficiência leve, o tempo mínimo de trabalho requerido é de 33 anos para os homens e 28 para as mulheres, conforme Tabela 3246 a seguir:

Tabela 3: Aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência

Tipo de Aposentadoria Homem Mulher

Aposentadoria por tempo de

contribuição comum 35 anos de contribuição 30 anos de contribuição Aposentadoria com grau leve 33 anos de contribuição 28 anos de contribuição Aposentadoria com grau

moderado 23 anos de contribuição 24 anos de contribuição Aposentadoria com grau grave 25 anos de contribuição 20 anos de contribuição

Fonte: Lei Complementar nº 142 de 2013

Quanto à avaliação do grau de deficiência, o Ministério da Previdência Social e Instituto do Seguro Social – INSS, conjuntamente com as entidades de pessoas com deficiência, adequou um instrumento a ser aplicado nas avaliações das deficiências dos segurados. Trata-se de um questionário que considera o tipo de deficiência e é aplicado em relação às funcionalidades do trabalho desenvolvido pela pessoa, em consideração tanto ao aspecto social quanto pessoal, balizado nas considerações do método Fuzzy.

Para avaliação da gravidade da deficiência, art. 70-D do Decreto 3.048 de 1999, dá-se início ao processo de avaliação social. Há uma avaliação conjunta tanto do médico perito, como também do assistente social, podendo, inclusive, outros profissionais serem convocados para o caso.

Frisa-se que é possível que a deficiência venha a se modificar ao longo da vida do segurado, devendo o médico perito determinar as datas de cada alteração no quadro e no grau de deficiência. Para tanto, um segurado só poderá se aposentar como aquele que apresenta deficiência grave se durante todo o seu período for acometido por doença grave. Assim, caso haja mudança, uma conversão de tempo deve ser realizada. Do mesmo modo se orienta as demais gradações de deficiência. Para o cálculo de conversão, que será abordado mais profundamente nos tópicos seguintes, há uma determinação do grau de deficiência preponderante, conforme interpretação do art. 7º Decreto nº 3.048/99.

Art. 7º Se o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver seu grau de deficiência alterado, os parâmetros mencionados no art. 3º serão proporcionalmente ajustados, considerando-se o número de anos em que o segurado exerceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência, observado o grau de deficiência correspondente, nos termos do regulamento a que se refere o parágrafo único do art. 3º desta Lei Complementar.

Quanto ao grau de deficiência preponderante, este é determinado no art. 79-E [...], § 1º

§ 1º O grau de deficiência preponderante será aquele em que o segurado cumpriu maior tempo de contribuição, antes da conversão, e servirá como parâmetro para definir o tempo mínimo necessário para a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência e para a conversão.

Assim, faz-se necessário uma análise do grau de deficiência preponderante a ser estabelecido pelo tempo de contribuição conforme avaliação de perícia biopsicossocial do INSS, e, havendo alteração, deve ser analisado o grau que perdura por mais tempo. Na sentença do Juizado Especial Federal Cível Nº 5000168- 30.2014.4.04.7031/Pr (conforme Anexo H), foi reconhecido a deficiência, em caráter leve para fins de concessão da aposentadoria por tempo de contribuição:

Procedimento do Juizado Especial Federal Cível N° 5000168- 30.2014.4.04.7031/Pr

Autor: Neide Aparecida Alexandrini Advogado: André Benedetti de Oliveira

Réu: Instituto Nacional Do Seguro Social – INSS Sentença

A parte autora ajuizou a presente ação pretendendo o reconhecimento da deficiência para a concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência regulamentada pela Lei Complementar n. 142/2013

O INSS contestou e requereu a improcedência dos pedidos.

Decido

Da aposentadoria da pessoa com deficiência

[...]

Para a avaliação da deficiência foi realizada perícia médica e funcional, conforme a exigência legal.

Para fins de verificar a deficiência da autora sob o aspecto funcional, a assistente social se utilizou dos parâmetros normativos da Portaria interministerial SDH/MPS/MOG/AGU n.01/2014 (evento 33) e apurou o montante de 2.925 pontos.

Em complementação, a perícia médica (evento 54) diagnosticou “monoparesia de membro inferior direito” e “artrose de coluna lombossacra”. Ainda afirmou:

A parte autora do ponto de vista médico apresenta restrições a atividades de trabalho onde haja a necessidade de caminhadas constantes ou

carregamento de peso acima de 10 kg em caráter contínuo. Não existem elementos que denotem um agravamento significativo da deficiência da autora ao longo dos anos e que ocorre desde a sua entrada no mercado de trabalho.

Nos termos da Portaria Interministerial já citada, a perícia médica apurou 3.700. Somando-se aos pontos da assistente social de 2.925, totaliza 6.625 pontos, os quais estão dentro do parâmetro de deficiência leve em todo o período laborativo da autora.

Em razão disso, o tempo necessário para a autora ter direito ao benefício requerido corresponde a 28 anos de contribuição (art. 3ª, da LC 142/2013). [...]

Conforme demonstra a tabela de tempo de contribuição, o tempo de 33 anos, 07 meses e 17 dias são suficientes para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição à pessoa com deficiência, pois no caso da autora exigia-se 28 anos de contribuição.

Além disso, o Decreto n. 8.145/2013 que regulamentou essa aposentadoria estipula que para o segurado que se tornou deficiente após filiação ao RGPS, ou que tiver seu grau alterado, haverá a soma dos períodos após a utilização da tabela de conversão de tempo do art. 70-E do referido Decreto.

[...]

DISPOSITIVO

CONDENO O INSS, ainda, a:

I) CONCEDER o benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de

contribuição à pessoa com deficiência (NB 165.500.502-0), com data de início do benefício (DIB) a partir de 05/05/2014. A RMI corresponde a R$ 1.033,90

(um mil e trinta e três reais e noventa centavos).

Do mesmo modo, segue o acórdão da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina, de relatoria de Luisa Hickel Gamba (Anexo I), que concedeu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição à pessoa com deficiência de natureza moderada:

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. Como se vê, o tempo de contribuição computado pelo INSS se mostra suficiente para a concessão do benefício pleiteado desde o requerimento administrativo em 11.07.2014, porquanto naquela data contava com 24 anos, 8 meses e 5 dias de tempo de contribuição (evento 1, PROCADM8, p. 55). Assim, estando evidenciado que a deficiência da parte autora é moderada e é capaz de obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, faz à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição nos termos do art. 3º, I, da LC 142/2013.

Importante consignar que os segurados facultativos e contribuintes individuais participantes do sistema de inclusão previdenciária não possuem direito ao benefício nas seguintes hipóteses: se facultativos e contribuintes com alíquotas de 11% sobre o salário-mínimo; os facultativos de baixa renda que contribuem com a alíquota de 5% sobre o salário-mínimo; os contribuintes individuais que recolhem 11% sobre do salário-mínimo; e os microempreendedores individuais que contribuem com a alíquota de 5% sobre o salário-mínimo. Para estes segurados, a aposentadoria por tempo de contribuição à pessoa com deficiência só é garantida caso haja complementação da contribuição, segundo o art. 21, § 3º da Lei nº 8.212/91.

7.5.2 A utilização de períodos especiais para a Aposentadoria da Pessoa com