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Convenção da OIT – Organização Internacional do Trabalho

1. DIREITOS HUMANOS: BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA

2.4 Convenção da OIT – Organização Internacional do Trabalho

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) foi constituída, em 1944, em decorrência da Declaração da Filadélfia, que a adotou como anexo de sua Constituição, tendo como um dos seus principais objetivos, conforme art. 427, a igualdade de tratamento aos trabalhadores e igual remuneração para homens e mulheres, com a isonomia de tratamento econômico aos trabalhadores que residem legalmente no país. Representa, pois, marco significativo para a proteção dos trabalhadores; adota como premissa o lema de que a paz duradora e universal é essencial para a prosperidade.

Em 1946, a OIT torna-se a primeira agência especializada da ONU, obtendo avanços quanto ao desenvolvimento de um trabalho digno e produtivo, em condições de liberdade, igualdade, segurança e respeito humano.

Para tanto, houve a promulgação de 187 Convenções e 198 Recomendações relativas ao trabalho e à proteção do trabalhador, sendo dever dos países-membros referendá-las por intermédio de suas legislações correspondentes.

As Convenções adotadas pela Conferência Internacional do Trabalho da OIT constituem-se em tratados-leis normativos, multilaterais e abertos que têm por objetivo regular determinadas relações sociais, em especial, na área do direito do trabalho e previdenciário, podendo estas serem classificadas como: autoaplicáveis, quando independem de regulamentação complementar para a sua aplicação pelos Estados-membros; de princípios, quando sua aplicação depende de lei e de outros atos normativos regulamentares posteriores, a cargo dos países que as ratificaram; e promocionais, quando se estabelecem disposições programáticas para a sua aplicação, ou seja, quando se fixa objetivos a serem atendidos pelos Estados- membros que as ratificarem.

Frisa-se que as convenções da OIT não são obrigatórias em razão da soberania de cada país. Todavia, quando o país ingressa na OIT, adere este à

Constituição, tendo obrigação formal de submeter a convenção, no prazo máximo de 18 meses de sua vigência internacional, à autoridade nacional competente para sua aprovação, conforme art. 19, § 5º, a, da Constituição da OIT.

Assim, em que pese o Estado ser soberano para aderir à Convenção da OIT, ao ratificá-la, este, no entanto, fica obrigado a cumprir com a formalidade de submetê-la ao órgão nacional competente, para que se decida soberanamente sobre sua aprovação.

Duas Convenções tratam especificamente do trabalho das pessoas com deficiência, tendo o Brasil dever de cumprir suas determinações por ser signatário, a saber: a de número 111/58 (OIT 111) referente à Discriminação em Matéria de Emprego e Profissão e a de número 159/83 (OIT 159) quanto à Reabilitação Profissional e Emprego

A Convenção nº 111, ratificada pelo Decreto nº 62.150, de 19 de janeiro de 1968, estabelece no art. 1º o seguinte:

1. Para fins de Convenção, o termo “Discriminação” compreende:

a) Toda distinção, exclusão, ou preferência, com base em raça, cor, sexo, religião, opinião política, nacionalidade ou origem social, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidades ou de tratamento no emprego ou profissão;

b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidades, ou tratamento, emprego ou profissão, conforme pode ser determinado pelo país-membro concernente, após consultar organizações representativas de empregadores e de trabalhadores, se as houver, e outros organizamos adequados.

A Convenção de número 159, ao abordar a reabilitação profissional, promulgada pelo Decreto nº 129, de 22 de maio de 199150, descreve o deficiente como “toda pessoa cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de caráter físico ou mental devidamente comprovada”.

Sobre o assunto, a OIT aborda princípios e métodos de orientação vocacional e treinamento profissional, a fim de se aumentar as oportunidades de emprego para as pessoas com deficiência.

Outrossim, determina, quanto aos princípios de reabilitação profissional e de emprego para pessoas com deficiência, o seguinte:

A dita política será baseada no princípio da igualdade de oportunidades entre trabalhadores portadores de deficiência e os trabalhadores em geral. Será respeitada a igualdade de oportunidades e de tratamento entre trabalhadores e trabalhadoras portadoras de deficiência. Não serão consideradas como discriminatórias, com relação aos trabalhadores em geral, especiais medidas positivas que visem a garantir a efetiva igualdade de oportunidades e de tratamento entre eles e trabalhadores portadores de deficiência.

A Recomendação nº 168 da OIT, promulgada pelo Decreto nº 2.682, de 21 de julho de 199851, intitulada como Promoção no Emprego e Proteção no Desemprego, que se refere à reabilitação profissional e o emprego de pessoas com deficiência, assevera que:

Ao aplicar esta Recomendação, assim como a Recomendação sobre a habilitação e a reabilitação profissionais das pessoas portadoras de deficiência (1955), os Membros deveriam considerar que a finalidade da reabilitação profissional, segundo definida na 2ª Recomendação, é a de permitir que uma pessoa portadora de deficiência obtenha e conserve um emprego adequado e progrida no mesmo, e que se promova, assim, a integração ou reintegração dessa pessoa à sociedade. (Capítulo 1, item 2). As pessoas portadoras de deficiência deveriam desfrutar de igualdade de oportunidades e de tratamento no acesso, manutenção e na promoção no emprego que, sempre que for possível, corresponda a sua eleição e suas aptidões individuais. (Capítulo 2, item 7).

Sobre o que se conceitua como pessoa com deficiência, o art. 1º da Convenção 159/1983 determina que são “todas as pessoas cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de nele progredir fiquem substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de caráter físico ou mental devidamente comprovadas”.

Assim, em relação ao trabalho da pessoa com deficiência e, consequentemente, a aposentadoria, uma vez que ao se contribuir com a Previdência Social, faz-se jus à aposentadoria, a reflexão que se propõe é a de que, uma vez que a sociedade é para todos, a todos deveria ser garantido o direito de participar dela ativamente, por meio de um trabalho digno e em atendimento às próprias necessidades individuais, a fim de que o ambiente seja acolhedor, estimulante e enriquecedor, não havendo discriminação, conforme determina o art. 1° da Convenção n. 111/1968 da OIT. Do mesmo modo, a todos, e com uma vantagem diferencial, também deveria ser garantida uma aposentadoria, de forma particularizada, à pessoa com deficiência.

Nesse sentido, uma política de inclusão da pessoa com deficiência é bem- vinda para que, de fato, seja possível construir uma sociedade digna, cidadã e conforme os ditames da justiça social.

Ademais, conforme o art. 1º da referida Convenção n. 159/1983, as pessoas com deficiência possuem dificuldades para obter e conservar um emprego adequado, então, o benefício de aposentadoria se configura como verdadeiro instrumento de construção de direito e justiça, minimizando-se, assim, os efeitos de uma dívida histórica da sociedade para com essa parte da população e garantindo-se uma política de inclusão social.

2.5 Convenção de Nova Iorque e a Classificação Internacional de