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Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade

3. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA A RESPEITO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

4.6 Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade

O princípio da Proporcionalidade estrutura a aplicação dos princípios que se sobrepõem-se parcialmente aos outros por meio de uma relação de causa e efeito

143 HORVATH JÚNIOR, Miguel; SILVA, Roberta Soares da. Direitos Humanos e Pessoa com

Deficiência: uma Visão Integrativa. In: COSTA-CORRÊA, André L. et al. (Orgs.). Direitos e

garantias fundamentais: novas perspectivas. Birigui-SP: Editora Boreal, 2016, p. 211.

144 LORENZO, Wambert Gomes Di. Teoria do estado de solidariedade: da dignidade da pessoa

entre um meio e um fim junto à aplicação da adequação, proporcionalidade e necessidade. Consiste em um princípio informador e equacionador dos casos concretos, o qual intenta a aplicação da justiça.

Para Willis Santiago Guerra Filho:

O princípio da proporcionalidade, em sentido estrito, determina que se estabeleça uma correspondência entre o fim a ser alcançado por uma disposição normativa e o meio empregado, que seja juridicamente a melhor possível. Aqui importa, acima de tudo, que não se fira o “conteúdo essencial” de direito fundamental, com o desrespeito intolerável da dignidade humana, bem como que, mesmo em havendo desvantagens para, digamos, o interesse das pessoas, individual ou coletivamente consideradas, acarretadas pela disposição normativa em apreço, as vantagens que traz para interesses de outra ordem superam aquelas desvantagens.145

Tem-se, então, que pelo princípio da proporcionalidade faz-se possível balizar as decisões judiciais por meio de uma colisão de princípios, quando se observa, de algum modo, que há prejuízo ao conteúdo essencial do direito fundamental, como a dignidade da pessoa humana, tratada por Willis Santiago Guerra Filho146. Busca-se, assim, o justo, o equânime.

Nesse sentido, três elementos devem ser observados quando se trata a respeito do princípio da proporcionalidade, a saber: pertinência ou adequação, necessidade e proporcionalidade, em sentido estrito.

A pertinência relaciona-se com a análise proveniente da adequação, em correspondência da validade do fim, ao vedar o arbítrio e preservar-se os direitos fundamentais, demonstrando-se que o meio escolhido atinge o fim estabelecido, sendo, então, adequado.

A necessidade, por sua vez, se observa quando não se excede os limites indispensáveis à conservação do fim perseguido, não havendo restrição aos direitos fundamentais afetados.

A proporcionalidade, em sentido estrito, emana quando o intérprete se utiliza de meios adequados para a realização de uma interdição caso sejam utilizados meios desproporcionais.

145 GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria Processual da Constituição. 3. ed. São Paulo: RCS

Editora, 2007, p. 178.

146 GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria Processual da Constituição. 3. ed. São Paulo: RCS

Eros Roberto Grau147 defende que a proporcionalidade seria um novo nome dado à equidade, tendo em vista a busca da justiça no caso concreto de modo mais equânime, qual seja, proporcional, possível.

Quando se afirma que a natureza dos princípios implica na máxima proporcionalidade, significa constar a proporcionalidade com suas três parciais, tais como a adequação, necessidade – em mandamentos menos gravosos – e proporcionalidade, em sentido estrito, quando da aplicação do mandamento de sopesamento. Uma restrição ao conteúdo essencial de um direito fundamental é considerada desproporcional, e, portanto, desnecessária ou inadequada, se atingir o “núcleo essencial”. Diante disso, a limitação de competência do legislador restringe os direitos fundamentais, tornando-os, em sua essência, um problema de sopesamento. Observa-se ainda a proporcionalidade se as vantagens trazidas pela promoção daquilo que se tem por finalidade, quando há razão de direção, correspondem às vantagens provocadas pela adoção do meio.

Nos casos empregados para a concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência, é destacadamente importante aplicar o princípio da proporcionalidade ou razoabilidade, estabelecendo-se, conforme explanação de Willis Santiago Guerra Filho, “uma correspondência entre o fim a ser alcançado por uma disposição normativa e o meio empregado, que seja juridicamente o melhor possível”148. Nesse sentido, haveria uma ponderação e equação dos casos concretos dos direitos que ferem o cumprimento dos direitos fundamentais, tal como o relacionado com o princípio da igualdade.

Quando não se utiliza, para a concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência, requisitos não vinculados a uma relação de correspondência entre a norma empregada e o fim alcançado, esta não se mostra razoável e proporcional.

Não se pode tratar que toda intervenção em algum direito fundamental pode ser considerada como justificada quando esta se adequa ao cumprimento de algum objetivo constitucional, uma vez que as restrições ao exercício de direitos fundamentais, para serem compatíveis com o Estado Democrático de Direito, devem

147 GRAU, Eros Roberto. Por que tenho medo dos juízes (a interpretação/aplicação do direito e os

princípios). 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2013.

148 GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria Processual da Constituição. 3. ed. São Paulo: RCS

ser fixadas respeitando-se a presunção elementar de liberdade e da máxima constitucional de proporcionalidade e razoabilidade.

Quanto ao princípio da razoabilidade, sua consagração se deu por meio das emendas 5ª (garantia do contraditório e da ampla defesa) e 14ª (razoabilidade nas leis e igualdade formal) da Constituição norte-americana, junto à cláusula do due processo of law.

A adoção do princípio da razoabilidade ocorre à medida que se busca a solução mais razoável a um problema jurídico concreto e à luz de circunstâncias sociais, econômicas, culturais e políticas que envolvem a questão, atuando esta na interpretação das regras gerais como decorrência do princípio da justiça (“Preâmbulo” e art. 3º da CF).

Para Humberto Ávila, o princípio da razoabilidade ocorre em três condições:

A razoabilidade como equidade (harmonização entre normal geral e caso concreto); a razoabilidade como congruência (harmonização da norma com suas condições externas de aplicação); a razoabilidade como equivalência (a medida e o critério adotados devem ser equivalentes).149

Ainda para Humberto Ávila:

A razoabilidade como dever de harmonização do geral com o individual (dever de equidade) atua como instrumento para determinar que as circunstâncias de fato devem ser consideradas com a presunção de estarem dentro da normalidade, ou para expressar que a aplicabilidade da regra geral depende do enquadramento do caso concreto.150

Quando se trata sobre o duplo caráter das normas de direitos fundamentais, um modelo adequado é obtido quando são atribuídas disposições de direitos fundamentais, tanto de regras, quanto de princípios.

149 ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. 16. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 152. 150 ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. 16. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 202.