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Princípios Constitucionais da Seguridade Social

3. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA A RESPEITO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

4.7 Princípios Constitucionais da Seguridade Social

Os princípios Constitucionais da Seguridade Social encontram-se prescritos no artigo 194 da Constituição Federal, conforme segue:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;

Dentre estes princípios, dois merecerem destaque no decorrer do presente trabalho, qual seja: o da Universalidade na cobertura e no atendimento e da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

4.7.1 Princípio da Universalidade na Cobertura e no Atendimento

De forma geral, para o princípio da universalidade todas as pessoas são titulares de direitos e deveres fundamentais. Nesse sentido, determina o caput do art. 5º da Constituição Federal que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

O princípio da Universalidade na Cobertura e no Atendimento encontra-se previsto no art. 194, parágrafo único, I, da Constituição Federal, e consiste em dar cobertura, por meio de um sistema, de todos os riscos sociais que possam existir, sendo considerado por Wagner Balera, “verdadeira pedra fundamental em que se encontra apoiado todo o edifício”151.

Por tal princípio, a proteção social deve alcançar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade, tais como os infortúnios da vida, como doenças, acidentes, velhice, invalidez.

Para tanto, todas as situações danosas aos indivíduos em uma sociedade e que venham a acarretar uma redução na renda desses indivíduos, em razão de uma possível perda na capacidade de trabalhar, devem estar amparadas pela Seguridade Social.

Ademais, pelo princípio da Universalidade na Cobertura e no Atendimento, estipula-se que todos são titulares do direito à proteção. Assim, a pessoa vitimada por uma situação de risco é protegida pelo sistema social, tendo como objetivo intrínseco deste princípio152 a superação da miséria e das desigualdades sociais, para que haja bem-estar e justiça social.

Nesse sentido, a destinação da aposentadoria à pessoa com deficiência encontra respaldo no princípio da Universalidade na Cobertura e no Atendimento, em vista da proteção conferida em vista do risco social que tais pessoas estão inseridas.

Ainda segundo Wagner Balera, “Na específica dimensão do princípio da isonomia (garantia estatuída no art. 5º da Lei Maior), na Ordem Social. É a igual proteção para todos”153.

Por meio do princípio da universalidade, as prestações da Seguridade Social devem ser aplicadas a todos, não importando as condições econômicas ou de comportamento individual.

Por meio deste princípio, intenta-se também a cobertura dos riscos sociais para que seja formada uma rede de proteção social a fim de que se viabilize condições justas, igualitárias, dignas e solidárias para com a pessoa humana, tal como ocorre quando se viabiliza uma aposentadoria às pessoas com deficiências.

4.7.2 Princípio da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais

Entrelaçado com o princípio da Universalidade na Cobertura e no Atendimento, o art. 194, II da Constituição Federal determina a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

152 BALERA, Wagner. A seguridade social na Constituição de 1988. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1989, p. 35.

153 BALERA, Wagner. A seguridade social na Constituição de 1988. São Paulo: Revista dos

Tal disposição normativa encontrou previsão pelo fato de que antes da Constituição de 1988 os trabalhadores rurais e dependentes não gozavam de muita proteção social.

De acordo com referido princípio, idênticos critérios de apuração para o mesmo elenco de prestações devem ser contemplados tanto para os trabalhadores urbanos, como para os rurais. Referido princípio já foi contemplado no art. 7° da Constituição Federal ao propor idênticos benefícios e serviços para os mesmos eventos cobertos pelo sistema.

Frisa-se, todavia, que tal princípio não significa que haverá idêntico valor para os benefícios, uma vez que equivalência não se traduz como igualdade.

O princípio da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais se mostra importante na medida em que segundo expresso no art. 3º, IV, da Lei Complementar nº 142 de 2013, a redução etária das aposentadorias às pessoas com deficiência restou garantida também aos trabalhadores rurais, sendo devida, conforme art. 70-C, § 2° do Decreto 3.048/99, ao segurado que completar 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher.

Tal critério, todavia, constitui-se como vantagem somente em relação à aposentadoria por idade rural híbrida, quando intercala-se períodos de contribuição na zona urbana com períodos na zona rural, visto que a idade a ser utilizada não será a de 65 e 60 anos, respectivamente para homem e mulher, conforme art. 48, § 3º da Lei nº 8.213/91, e sim, a com redução de 5 anos.

Segundo entendimento exarado pelo INSS, na aposentadoria por idade rural comum não haverá cumulação de redutores.

Entretanto, o questionamento que se coloca é que tratar de forma diversa um trabalhador no campo e que aquele que além de ser trabalhador rural possua deficiência, viola tanto o princípio da Igualdade quanto o da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais, devendo a redução etária do art. 201, § 7°, II da Constituição Federal, cumulativamente com o art. 3°, IV da Lei Complementar 142/2013, ser atendida. Assim, o homem com deficiência e trabalhador rural se aposentaria com 55 anos de idade e a mulher com 50 anos de idade.