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As conclusões da dialética.

I I I A ESCOLA MEGARICA

OS GRANDES SISTEMAS

E, quanto à procura da sabedoria, que dizes? O corpo não é um impedim ento? por isso, a alma raciocina

IX. O SER: O MUNDO DAS IDÉIAS

12. As conclusões da dialética.

a) 4 função unificadora das idéias do ser e do um

(totalidade). Nisto consiste o saber distinguir segundo as

espécies: ver em que as espécies particulares podem comu­ nicar-se entre si e em que n ã o . . . (ser) capaz de fazer isto quer dizer, perceber de maneira adequada que há uma idéia que se estende em todo sentido para m uitas, permanecendo cada um a separada, e que há muitas outras, diferentes en­ tre si, abraçadas desde o exterior por um a só; e, de outra parte, existe uma unida com todos os multíplices, para uni­ ficá-los, e há multidões diferentes separadas de tôdas par­ tes (Sofista, XXXIV, 253). Porque somente pelo mútuo enlace das espécies pôde gerar-se para nós o raciocínio.

(Sofista, XLIV, 259).

[Assim, a teoria da comunicação recíproca das espécies resolve as difi­ culdades levantadas sóbre as relações entre as idéias de ser, uno, todo: “E então? (com o nome de) ser chamais alguma cousa? — Sim. — O mesmo talvez que, com o nom e de um, usando dois nomes p ara a mesma cousa, ou com o?. .. E então? dirão que o todo é diverso do que é um, ou o mesmo que êste? (Sofista, XXXII, 244-5): cfr. tam bém tôda a terceira parte do Parmêniães — diálogo entre Parm ênides e Aristóteles — do IX, 137 em diante].

b) espécies maiores (primeira ten ta tiva de determ i­

nação das categorias). Uma vez que convencionamos que

algumas das espécies podem comunicar-se entre si e outras n ã o . . . , continuemos o raciocínio, considerando. . . não tô­ das as e s p é c ie s... mas escolhendo as reconhecidas como m aiores. . . As maiores entre as espécies são, pois, as que acabamos de enumerar, o ser mesmo, a inércia e o m ovi­

mento. — Certamente. — E dizemos que estas duas últimas

não podem comunicar-se entre si. — É certo. — Mas o ser une-se a ambas, porque ambas são. — Como não? — De modo que estas se tornam três. — Por que não? — Então cada uma delas é diversa das outras duas e idêntica a si mesma. __ Sim. — E não chamamos assim ao idêntico e ao diverso? Acaso são dois gêneros diferentes dos três, ape­ sar de se acharem sempre unidos a êles, forçosamente, e deve-se falar de 5 e não de 3 como reais? (Sofista, XL, 254).

[Esta tentativa de determ inar um catálogo das espécies ou idéias maio­ res (cham adas depois categorias por Aristóteles) já se esboça no Teetetos e no Parmênides, e torna a apresentar-se logo em Timeu. No Teetetos (185-d

e seguintes) o catálogo com preende: ser e não-ser, semelhança e dessemelhan­ ça, identidade e alternância, um e números (unidade e pluralidade), par e impar, belo e feio, bem e mal. No Parmênides, depois de haver indicado (129 e): semelhança e dessemelhança; pluralidade e unidade, inércia e m o­ vimento “e tôdas as outras do gênero”, acrescenta-se mais adiante (136 b), aos três citados pares (e, ao que parece, sem pre nas pegadas de Zenão dè Eléia): geração e corrupção, ser e não-ser, com parcial coincidência e par­ cial divergência a respeito de Teetetos. A distribuição em pares de con­ trário s é tam bém reconhecível no Sofista acima citado, quando se tem presente que o não-ser se acha subentendido, pois é reduzido ao diverso (cfr. mais abaixo). No Timeu (37 ab) prenuncia-se mais de perto o qua­ dro das categorias aristotélicas, indicando-se (a propósito da alma) como determinações essenciais de um a realidade, a identidade e diversidade, a relação, o onde, o como, o quando, o ser e o sofrer].

c) O ser e o não-ser: a realidade do não-ser (o diver­

so). Dizemos e sustentamos sem hesitação que o movimen­

to é diferente do ser? — Certíssimo. — Evidentemente, pois o movimento é em realidade, não-ser e é também ser, pois par­ ticipa do ser. — É evidentissimo. — É necessário, portanto, que o não-ser seja, para o movimento e para tôdas as espécies; pois, para tôdas, a natureza do diverso fazendo a cada uma diversa do ser, a transforma em não-ser; e de tôdas diremos corretamente que não são, e vice-versa, enquanto partícipes do ser, diremos que são e são sêres. — Parece. — Para cada uma das espécies, pois, é múltiplo o ser, mas infinito em multiplicidade o não-ser. — Assim o creio. — Portanto, também o ser deve dizer-se em si diverso das outras (es­ pécies). — Forçosamente. — E então, o ser, para tôdas as que são espécies diferentes (dêle), e para outras tantas não é ...M a s, quando dizemos não-ser, ao que parece, não dizemos o contrário de ser, mas somente o diverso (Sofista, XLI, 256-7).

As espécies misturam-se entre si e o ser e o diverso penetram por tôdas as outras e penetram-se mùtuamente; e o diverso, participando do ser, por esta participação, é, m as não é aquilo de que participa, porém diferente; e, sendo diverso do ser, é evidente que é não-ser, necessariamente; o ser, em compensação, participando do diverso, seria diverso das outras espécies, e sendo diverso de tôdas elas, não é alguma dessas nem tôdas as outras, m as só êle mesmo, de m aneira que o ser, indubitavelmente, não é cousa infinita em infinitos casos, e tam bém as outras cousas, de um a em uma e tôdas juntas, sob muitos aspectos são e, sob m uitos outros, não são ( Sofista, X LIII, 259). [Esta identificação do não-ser com o diverso tenta resolver tôdas as dificuldades levantadas no Sofista, XXV-XXIX, 237-242, nas reíações entre o ser e as outras idéias, e sobretudo, entre o ser e não-ser].

1 3. A supremacia da idéia do Bem: sol que dá luz e vida ao mundo ideal.

Entre os Deuses celestes, qual crês que seja a causa e o autor de tudo isto cuja luz faz que a nossa vista veja da melhor maneira possível e que sejam vistos os objetos sen­ síveis?. . . — É evidente que te referes ao S o l . . . — Mas o Sol não é a vista, m as a sua causa e é visto por ela mesma. — Sim. — Ora, o mesmo podes dizer que eu afirmo da pro­ génie do B em . . . isto é, que na esfera intelectiva êle é, para as inteligências e os inteligíveis, o que êste (o Sol) é para a esfera visual, para a vista e os visíveis. — Como? — Sabes que, quando os olhos se voltam para objetos iluminados pe­ la claridade noturna, se ofuscam e parecem quase cegos. . . Porém, quando se voltam para objetos iluminados pelo Sol, vêem cla ra m en te.. . Pensa, então, que o mesmo acontece com a alma: quando se fixa no que está iluminado pela verdade e o ser, compreende e conhece, e surge dotada de inteligência; mas quando dirige o seu olhar para objetos envoltos em trevas, isto é, para o que nasce e morre, não sabe o que pensar e ofusca-se, mudando constantemente de idéia, e parece privada de inteligência. — Parece. — Ora, o que fornece verdade ao conhecido e capacidade ao cognos­ cente deves dizer que é a idéia do B em . . . ; como no caso precedente era justo considerar a luz e a vista como seme­ lhante ao Sol, mas não se podia com justiça considerá-las o próprio Sol, assim, neste caso, a Ciência e a virtude, é justo considerá-las a ambas semelhantes ao Bem, m as não é cor­ reto supor que alguma delas seja o próprio Bem; mas é necessário emprestar maior valor à natureza do B em . . . — E como? — O Sol, dirás (creio), não dá às cousas visíveis somente a possibilidade de serem vistas, mas também o seu nascimento, o seu crescimento e a sua alimentação ainda sem ser êle o nascimento e t c . . . E também os cognoscíveis não só devem ao Bem serem conhecidos, mas também o ser e a essência provêm dêle, sem que o Bem seja a essência, antes, permanecendo superior à essência, por dignidade e potência (R e p VI, 19, 508). ,

Na esfera do cognoscível, a idéia do Bem é a mais afas­ tada, e é necessário esforço para vê-la, mas, um a vez lobri-

gada, deve compreender-se que ela é, para todos, causa de tôdas as cousas justas e belas, e no visível gera a luz e o seu autor, e no inteligível ela mesma é autora e produtora de verdade e inteligência (VII, 3, 517).

14. A fase final da Metafísica platônica: a doutrina das