I I I O POLEMISTA: ZENÃO DE ELÉIA
5. Inconceptibilidade do espaço (lugar) como ente real.
Zenão propõe esta dificuldade: se o lugar é alguma cou sa de real, onde estará? A dificuldade de Zenão exige algum
um lugar, é claro que também deverá haver um lurar rir, lugar, e assim sucessivamente até o infinita t a · Fm.
Física, IV, 3, 210, e 1, 209) (Aristóteles,
[Recorde-se tam bém aqui a tporin nitanvv·.,·,, a ■
intervalo, concebidos como entes reais], VaCU° (espaço) e do
6 ' ? , . duf ] ° .1dilema Çontra o movimento: primeiro nar de dificuldades na hipótese da divisibilidade infinita: a di cotomia e Aquiles.
São quatro os raciocínios de Zenão sôbre o movimento r Dr S e l m U Íam / HC“ Ma<ieS a <IUem Pretenda
O primeiro e o da impossibilidade do movimento pela ne
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O segundo (raciocínio) é o chamado de Aauiles- cnn em uma barreira' Ü5n ° í ^ 0 jamaÍS Será alcanÇ*do, n e r s^ fr in r J Íp P malS veloz’ Pois é necessário que o
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+ de al§um a distância. Êste é o mesmo nr gum ento da dicotomia; difere n n r p m ™
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4 e na dicotomia (poique em ambos se chega à ims
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possibilidade de alcançar o fim procedendo a uma divisão da grandeza; m as nisto se acrescenta, de modo mais dra mático, que nem o mais veloz, seguindo o mais lento, possa alcançá-lo); de maneira que é necessário que haja também a mesma solução (ibid.) .
[A solução para Aristóteles é esta: “é falso sustentar que o que pre cede não possa ser alcançado, pois até que preceda não é alcançado; mas, não obstante, é alcançado, se se conceder que se pode superar um a dis tância finita” (ibid.). Isto, porém, torna-se concebível som ente abandonando a hipótese da infinita divisibilidade, em que se funda êste prim eiro p ar de dificuldades. O abandono da infinita divisibilidade é precisam ente a prem issa do segundo p a r de aporias, que tentam dem onstrar que do nôvo ponto de partida (a detenção da divisão em um átono), se torna inevita velmente ao prim eiro (a renovação do processo de divisão ulterior)].
Segundo par de dificuldades, na hipótese de um limite último da divisão: o in stan te e o estádio.
O terceiro raciocínio. . . sustenta que a flecha em movi mento está imóvel. Decorre êle do fato de aceitar-se que o tempo é composto de instantes, pois, rião se reconhecendo isto, êsse raciocínio não se poderá m anter (Aristóteles, Fí
sica, VI, 9, 239). Se, com efeito, cada ente, diz êle, no mo
mento em que ocupa um espaço igual a si mesmo, ou está em repouso ou então em movimento, mas (por outra parte) o móvel está sempre no instante, (então) a flecha em mo vimento acha-se imóvel (Física, VI, 8, 239).
[A interpretação destas indicações de Aristóteles, um pouco obscuras e dúbias, é m uito discutida, necessário recordar o que escreve o mesmo Aristóteles, no capítulo I dêste livro VI da Física, pondo em relação a concepção de um lim ite na divisão das grandezas com análogo limite à decomposição dos movimentos e à divisão do tem po: “ Se, efetivamente, a grandeza consta de indivisíveis, tam bém o movimento desta constará de movimentos igualmente indivisíveis.,, e, de m aneira análoga à grandeza e ao movimento, será necessário que seja divisível o tem po e que conste de instantes divisíveis”. P or isso, o raciocínio de Zenão, partindo (depois tíe dem onstrar, nos dois precedentes, o absurdo da divisão finita das gran dezas e~do tempo) da hipótese de um limite a tal divisão, com o átomo tem poral ou instante, quer dem onstrar que, constituindo-se o tempo de átomos, em cada instante há um a única posição do móvel, pelo que o m o vimento se transform a em soma de posições, ou seja de im obilidades: o que contradiz a prem issa, aliás tã o evidente, de que o corpo (ente que ocupa um espaço) deve estar em repouso ou então em movimento. Aqui resulta ao mesmo tem po nas duas condições opostas. Mas contra, isto pode obje
tar-se: em toao instante há, não um a posição, m as um movimento, um átomo de movimento. E Zenão, na últim a aporia, m ostra que, se é movi m ento, não é mais átomo, pois torna a ab rir o processo da divisão],
O quarto (raciocínio) é o das séries de pontos iguais, que se movem no estádio desde posições opostas, ao longo de uma série de pontos iguais: uma, da extremidade do es tádio, outra, do meio, com igual velocidade, do qual parece resultar que um tempo médio seja igual ao dôbro (ibiã.).
[As explicações que Aristóteles acrescenta e as que dá Simplício (Fés., 1016-1019), exigiram longos com entários e discussões. Mas resulta que a essência do raciocínio é esta: Supondo no estádio as três séries paralelas, como na figura (Os A imóveis os B em movimento da esquerda para a direita, os C em movimento sim ultâneo e a igual velocidade da direita
A A A A
B B B B >-
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p ara a esquerda), em cada instante cada B e cada C, que se movem com igual velocidade, passam ao longo de um dos A: e êste é o átom o de m o vimento, correspondente ao átomo de tem po (instante). No mesmo ato, porém, cada B e cada C passam reciprocam ente ao longo de dois têrm os da outra série paralela que se move em sentido inverso: e assim o átomo de movimento vem dividir-se em dois e o átomo de tempo igualmente; a unidade (indivisível) aparece de um a p arte a V2, da outra, igual a 2. Ou seja, aí onde se acreditava encontrar o indivisível átomo, reabre-se, com o movimento, o processo da divisão: voltemos a mesm a posição do p ri meiro par (a dicotomia), e assim recomeçamos a percorrer novamente o círculo, sem dêle podermos sair].