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Autoeficácia dos professores | Relação com outras características do professor.

2 A Autoeficácia do Professor

2.7 Principais Resultados da Investigação no âmbito da Autoeficácia dos Professores

2.7.1 Autoeficácia dos professores | Relação com outras características do professor.

Relativamente às características dos professores, a investigação tem destacado variáveis como: o género, a faixa etária, o tempo de experiência docente e a preparação profissional.

No que respeita à associação da variável género à autoeficácia do professor, os resultados dos estudos desenvolvidos não são consistentes. Cheung (2008), ao desenvolver um estudo multimetodológico que envolveu um total de 1300 professores do primeiro ciclo, concluiu que as professoras apresentavam uma autoeficácia superior à dos professores. Também Erdem e Demirel (2007), numa pesquisa de cariz quantitativo com 343 futuros professores, verificaram que existia uma diferença significativa entre géneros, sendo que as futuras professoras apresentavam níveis superiores de autoeficácia. Num estudo quantitativo, que teve como amostra 52 professores, Ross, Cousins, e Gadalla (1996) constataram que as professoras evidenciavam uma perceção de eficácia pessoal superior aos professores. No contexto português, Neto, Barros e Barros (1991), através de uma pesquisa quantitativa com 308 professores, também observaram que as professoras revelavam uma eficácia pessoal superior à dos professores. Outros estudos permitiram chegar a conclusões distintas, evidenciando que não se revelavam diferenças entre géneros. Neste âmbito, Gencer e Cakiroglu (2007), ao

1 Cingiremos a nossa análise a estudos que, de modo explícito, se reportam ao âmbito da autoeficácia ou a expressões que se

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desenvolverem um estudo com 584 futuros professores, verificaram que a autoeficácia entre os futuros professores do género feminino e masculino era semelhante. Na mesma linha de resultados, Tschannen-Moran e Hoy (2002), numa pesquisa quantitativa com uma amostra de 225 professores, concluíram que o nível da autoeficácia era independente do género. Housego (1992), num estudo quantitativo com 284 professores estudantes a frequentar quatro trimestres distintos, verificou diferenças significativas entre géneros apenas nos estudantes do segundo trimestre, tendo as futuras professoras apresentado níveis superiores de eficácia pessoal. No contexto da Educação Física, Paese e Zinkgraf (1991), numa pesquisa que envolveu 35 professores, não encontrou uma relação significativa entre o género e a sua eficácia pessoal. A superioridade da autoeficácia em professores do género masculino constituiu-se como outro dos resultados encontrados. Neste âmbito, Riggs (1991), através de estudo de cariz quantitativo, que envolveu um total de 541 professores e futuros professores, verificou que os professores do género masculino apresentavam níveis de autoeficácia significativamente superiores aos das professoras. Resultados similares foram obtidos por Pajares e Miller (1994) que, numa pesquisa quantitativa com uma amostra de 350 professores, constataram que os professores do género masculino evidenciavam uma autoeficácia superior à do género feminino.

Seguidamente analisaremos a idade do professor e a sua experiência profissional em simultâneo, uma vez que, de um modo geral, os estudos analisados têm permitido verificar que os professores de uma faixa etária mais alta apresentam mais tempo de serviço. Conscientes da diferença entre a qualidade e a quantidade de experiência, salvaguardamos que os estudos apresentados se reportam, unicamente, à vertente quantitativa da experiência de ensino materializada em número de anos de lecionação.

Fabio, Majer, e Taralla (2006), num estudo quantitativo com 328 professores, puderam constatar que os docentes com idades entre os 55 e os 65 anos apresentavam uma autoeficácia superior relativamente aos que tinham entre 45 e 54 e entre 28 e 44 anos. Corroborando tais resultados, Campbell (1996), através de uma pesquisa quantitativa, envolvendo 140 professores, concluiu que os que tinham mais de 40 anos de idade apresentavam uma perceção de eficácia pessoal superior relativamente aos docentes com menos de 25 anos. Também Cheung (2008) verificou que a idade dos professores apresentou uma relação baixa, apesar de significativa, com a autoeficácia. Não obstante, Tschannen-Moran e Hoy (2002) chegaram a conclusões distintas não identificando diferenças na perceção de autoeficácia em função da idade.

Já Ross et al. (1996) concluíram que os docentes que lecionavam há mais tempo se sentiam com melhor preparação para ensinar. Também Tschannen-Moran e Hoy (2002) chegaram a resultados similares ao verificarem que professores experientes apresentaram

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valores mais elevados de autoeficácia do que os professores iniciantes. Na mesma linha, Campbell (1996) salientou que os professores em serviço possuíam uma perceção de eficácia pessoal superior à dos futuros professores. No mesmo trabalho observou-se que os professores que tinham mais de 10 anos de serviço apresentavam uma perceção de eficácia superior relativamente aos que tinham menos de três anos de experiência docente. Wenner (2001), através de uma pesquisa quantitativa que recorreu a uma amostra de 228 futuros professores, constatou que, de uma forma geral, a experiência tendia a aumentar a perceção de eficácia pessoal. No entanto, verificou que os futuros professores revelam maior predisposição para se responsabilizarem pelos resultados dos alunos. Num estudo quantitativo, que envolveu um total de 225 professores principiantes e experientes, Tschannen-Moran e Hoy (2007) concluíram, igualmente, que os professores experientes revelaram uma autoeficácia mais elevada do que os principiantes nas dimensões referentes às estratégias de ensino e à gestão da aula. Fabio et al. (2006) constataram que professores com mais tempo de serviço se sentiam mais eficazes no contexto escolar e de sala de aula. Cruz e Arias (2007), recorrendo a uma metodologia quantitativa com uma amostra de 339 participantes, também puderam observar que a perceção de eficácia pessoal na dimensão gestão/disciplina era significativamente superior nos professores mais experientes. Cheung (2008) pôde concluir que os professores mais experientes apresentaram uma autoeficácia superior. Neto et al. (1991) observaram que, embora não se verificassem diferenças estatisticamente significativas entre professores com tempo de serviço diferenciado, o grupo que estava há mais tempo na profissão (mais de vinte anos) apresentava uma média de autoeficácia superior. Resultados contrários foram obtidos por outros autores. Assim, num estudo quantitativo que envolveu 348 futuros professores e professoras com diferentes níveis de experiência, Benz, Bradley, Alderman, e Flowers (1992) concluíram que não existia um padrão consistente de maior perceção de eficácia pessoal, por parte dos professores mais experientes, uma vez que esta crença, em algumas situações de ensino, era superior nos futuros professores. Também Ghaith e Shaaban (1999), numa pesquisa quantitativa com uma amostra de 292 professores, observaram que a perceção de eficácia pessoal não se encontrava relacionada com a experiência de ensino. De forma semelhante, Tschannen-Moran e Johnson (2011), num estudo que envolveu 648 professores, verificaram que o número de anos de experiência dos professores não estava relacionado com a sua autoeficácia.

Em súmula, apesar dos estudos no âmbito da faixa etária dos professores e do seu tempo de lecionação não permitirem conclusões claras, parece existir uma tendência para os professores mais velhos e com mais tempo de serviço apresentarem uma autoeficácia superior.

A preparação dos professores tem vindo a evidenciar-se como uma variável influente ao nível da sua eficácia. A este respeito, Raudenbush, Rowen, e Cheong, (1992), num estudo

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quantitativo com 315 professores, constataram que o seu nível de preparação, relativamente às disciplinas que lecionavam, se constituía como uma variável que influenciava a sua autoeficácia. Resultados similares foram obtidos por Ross et al. (1996) ao verificarem que uma perceção superior de preparação para ensinar a turma está positivamente correlacionada com a eficácia pessoal do professor.

2.7.2 Autoeficácia dos professores | Outras perceções, atitudes e

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