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2 Esclarecimento do Modelo de Análise

2.6 Operacionalização dos Conceitos

Das questões apresentadas emergem os conceitos fundamentais do nosso estudo que resultam do quadro teórico que tivemos oportunidade de rever no capítulo dedicado à problemática.

A conceptualização destes conceitos requereu o esclarecimento das suas dimensões, componentes e indicadores. Seguidamente, passamos à identificação das dimensões e componentes de cada um dos conceitos. No que respeita aos indicadores, a sua formulação é remetida para o momento em que nos centrarmos na forma de medição de cada um dos conceitos (tabela 1).

Tabela 1 - Operacionalização dos conceitos em estudo

Conceitos Dimensões Componentes

Q ua lid ad e do en sin o

 Características da relação entre a participação do professor e dos alunos na ecologia da aula (sistemas de tarefas)

 Comportamento de ensino na gestão da ecologia da aula: sistema de instrução, sistema de gestão e sistema social dos alunos

 Participação dos alunos no sistema de instrução e de gestão  Perceção dos alunos acerca dos comportamentos de

ensino do professor. A ut oe fic ác ia n o en sin o da E du ca çã o F ís ic a

 Sentimento específico de autoeficácia na

implementação das condições de eficácia do ensino

 Sentimento de capacidade na implementação das condições de eficácia no ensino, relativamente às funções da intervenção pedagógica de disciplina (promoção e remediação), clima

(professor-aluno, aluno-aluno, aluno-tarefa), instrução

(apresentação, acompanhamento e avaliação das situações de aprendizagem) e organização (espaços e materiais; alunos; tempo). E xp er iê nc ia s de fo rm aç ão e nq ua nt o fo nt es d e au to ef ic ác ia

ª Dimensão de ensino que a experiência influenciou

 Dimensão de ensino em que se enquadra a experiência  Impacto da experiência na autoeficácia

 Fonte de autoeficácia associada à experiência  Momento em que ocorreu a experiência  Caracterização específica da experiência  Protagonista

 Ocorrência

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2.6.1 O Conceito de qualidade de ensino.

Ao longo do desenvolvimento da problemática, esclarecemos que o conceito de qualidade de ensino que tomamos por referência na nossa pesquisa tem as suas fundações na investigação relativa à ecologia da aula. Tivemos também oportunidade de salientar que a própria investigação, no âmbito do paradigma ecológico, decorreu dos resultados dos estudos desenvolvidos no contexto do paradigma processo-produto.

Assim, clarificámos que a qualidade de ensino se concretiza na expressão da sua eficácia, traduzida na competência manifestada pelo professor para gerir o trabalho desenvolvido em contexto de sala de aula. Nesta gestão deve ser garantida a integração da agenda social dos alunos no programa de ação enformador de tarefas de instrução e gestão (Doyle, 1986, 2006; Hastie & Siedentop 1999, 2006; Siedentop, 1991).

Deste modo, para a conceptualização da qualidade de ensino assumimos dois pressupostos: as características da relação entre a participação do professor e dos alunos na ecologia da aula e a perceção dos alunos acerca da atividade de ensino do professor. Para a análise das características da relação entre a participação do professor e dos alunos nas atividades de aula, foram considerados os comportamentos na gestão da ecologia da aula: sistema de instrução, sistema de gestão e sistema social dos alunos e a participação dos alunos no sistema de instrução e de gestão. Esta análise permitiu a compreensão do equilíbrio ecológico estabelecido por professor e alunos, bem como a forma como este equilíbrio interferia no alcance do perfil de intervenção pedagógica assumido como eficaz.

2.6.2 O Conceito de autoeficácia no ensino da Educação Física.

Em consonância com que o tivemos oportunidade de esclarecer no desenvolvimento da problemática, a pesquisa no contexto da autoeficácia carece da diferenciação entre as duas dimensões de autoeficácia: a geral e a específica. Enquanto a primeira se reporta ao ensino, na sua globalidade, sem referência a atividades ou contextos particulares, a segunda consagra a perceção de capacidade do professor para implementar ações concretas, específicas da atividade de ensino, associadas a um contexto particular e a níveis concretos de sucesso de aprendizagem dos alunos.

No âmbito da nossa pesquisa, centramo-nos apenas na dimensão específica da autoeficácia que é retratada pela singularidade do sentimento de capacidade dos futuros professores na implementação dos princípios e procedimentos associados à qualidade do ensino. A operacionalização da dimensão específica da autoeficácia teve por base a síntese de

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resultados decorrentes da investigação em ensino, concretizando-se nos princípios e procedimentos de intervenção pedagógica, associados à qualidade de ensino. Assim, esta dimensão operacionalizou-se com base nos resultados referentes ao desenvolvimento do sentimento específico de autoeficácia na implementação das condições de eficácia do ensino, inerentes a cada uma das quatro dimensões de intervenção pedagógica: a instrução, a organização, o clima relacional e a disciplina (Jardim, 2007; Onofre, 2000).

2.6.3 O Conceito de experiência de formação enquanto fonte de autoeficácia.

Na conceptualização das experiências de formação, enquanto fontes de autoeficácia, seguimos uma orientação indutiva. Assim, para a definição das componentes desta dimensão, recorremos à análise de conteúdo das experiências de formação expressas pelos professores estagiários. Tendo por base essa categorização, chegámos a um conjunto de dimensões de análise. Essas dimensões dizem respeito a: tipo de dimensão de ensino cuja autoeficácia a experiência influenciou; tipo de dimensão de ensino em que se enquadra a experiência; impacto da experiência na autoeficácia; fonte de autoeficácia que representa a experiência; momento em que ocorreu a experiência; caracterização específica da experiência; protagonista da experiência (i.e. nas situações em que a experiência não envolvia de forma clara o professor e o(s) aluno(s), era identificado o principal agente da mesma); ocorrência (i.e. face à experiência reportada era identificada a presença ou ausência da categoria a que se referia a experiência). A definição específica de cada uma destas dimensões, bem como das categorias que as caracterizam, apresentam-se de forma detalhada no anexo F.

2.6.4 Proposições do estudo.

Não comprometendo a dimensão exploratória do estudo, foi nossa intenção que esta pesquisa contribuísse para analisar elementos já evidenciados pela literatura e que sustentam o referencial teórico e metodológico do estudo. Com esta intenção, especificaremos as proposições desta pesquisa que, posteriormente, aquando da discussão dos resultados, teremos oportunidade de recuperar, à luz dos resultados obtidos. A definição de proposições tem a finalidade de focar a atenção para elementos que devem ser analisados no âmbito da pesquisa, pelo que, para além de refletirem aspetos teóricos, também contribuem para esclarecer o âmbito da procura das evidências de maior relevo (Yin, 2003).

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Deste modo, considerando as dimensões e componentes de correntes da operacionalização dos conceitos em estudo, formularemos, de seguida, as proposições desta pesquisa, associando-as a cada uma das questões previamente enunciadas.

Considerando a primeira questão - Quais as características da variação da autoeficácia no decorrer do processo de estágio pedagógico? – enunciamos a seguinte proposição:

 A autoeficácia varia ao longo de todo o processo de estágio.

Considerando a segunda questão – Que relações se estabelecem entre a alteração do sentimento de autoeficácia dos estagiários, durante o período de estágio pedagógico e a qualidade do seu ensino? – enunciamos as seguintes proposições:

 Nos momentos em que o professor estagiário evidencia um aumento do sentimento de autoeficácia, assiste-se à melhoria da qualidade do seu ensino que se traduz num maior nível de cooperação dos alunos nos sistemas de tarefas de instrução e gestão; numa intervenção do professor consonante com os comportamentos associados às condições de eficácia e, numa perceção positiva dos alunos relativamente à atividade de ensino do professor estagiário.

 Nos momentos em que o professor estagiário evidencia uma diminuição do sentimento de autoeficácia, assiste-se à diminuição da sua qualidade de ensino que se traduz num menor nível de cooperação dos alunos nos sistemas de tarefas de instrução e gestão; numa intervenção do professor dissonante dos comportamentos associados às condições de eficácia e numa perceção negativa dos alunos relativamente à atividade de ensino do professor estagiário.

Relativamente à terceira questão – Quais são as experiências de formação que se constituem como fontes da alteração do sentimento de autoeficácia, durante o período de estágio pedagógico? – enunciamos as seguintes proposições:

 Nos momentos em que o professor estagiário evidencia um aumento da autoeficácia, as experiências de formação que reporta para a justificação dessa perceção prendem- se com fontes que a reforçam, dizendo estas respeito a experiências de mestria; persuasão social/verbal positiva; experiência vicariante positiva; e, estados fisiológicos e emocionais positivos.

 Nos momentos em que o professor estagiário evidencia um decréscimo da autoeficácia, as experiências de formação que reporta para a justificação dessa perceção prendem-se com fontes que a diminuem, dizendo estas respeito a

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experiências de fracasso; persuasão social/verbal negativa; experiência vicariante negativa e, estados fisiológicos e emocionais negativos.

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