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Conceito | Experiências de Formação enquanto Fontes de Autoeficácia

Alteração da autoeficácia específica na primeira fase.

5 Fase Intensiva

5.3 Conceito | Experiências de Formação enquanto Fontes de Autoeficácia

A recolha de informação sobre as experiências de formação que, de acordo com os professores estagiários, contribuíram para a alteração da sua autoeficácia foi realizada através de inquirição por entrevista.

5.3.1 Instrumento | Entrevista acerca das experiências de formação. Tendo por objetivo analisar as experiências de formação que contribuíam para as variações da autoeficácia específica dos professores estagiários, ao longo do ano letivo, procedeu-se à realização de entrevistas individuais semiestruturadas (anexo O). A opção pela entrevista semidiretiva (Ghiglione & Matalon 1993) prendeu-se com os propósitos de verificação e aprofundamento da alteração da autoeficácia específica.

Paralelamente, foi nossa intenção explorar as experiências de formação que, enquanto fontes de autoeficácia, os professores estagiários consideraram que haviam concorrido para essa alteração. Com esta tipologia de entrevista foi-nos possível aceder à singularidade da perspetiva

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pessoal dos professores estagiários, tendo sido privilegiada uma abordagem indutiva. Assim, através de questões genéricas, o professor estagiário aprofundava e esclarecia os temas inerentes às causas da variação da autoeficácia específica que havia evidenciado. O cariz individual da entrevista impunha-se pela especificidade das questões base da entrevista que decorriam dos questionários previamente analisados pela investigadora. Em paralelo, a sensibilidade do tema em análise - a autoeficácia específica - exigia um clima de confidencialidade e cumplicidade que permitisse aos professores estagiários efetuar comentários que fossem para além das questões inicialmente previstas pelo investigador (Creswell, 2012).

5.3.1.1Apresentação e validação da entrevista.

Para a organização da entrevista foram considerados vários objetivos. Assim, numa primeira instância, pretendeu-se que o professor estagiário se pronunciasse face à confirmação da alteração da autoeficácia específica, identificada através da análise dos questionários preenchidos pelo mesmo, nos dois momentos em análise. Posteriormente, foi nossa intenção apurar as experiências de formação que, em estágio pedagógico, eram associadas pelo professor estagiário, à alteração da autoeficácia específica entre aqueles dois momentos. Finalmente, pretendíamos identificar e caracterizar as experiências de formação que, em estágio pedagógico, os professores estagiários projetavam como podendo vir a contribuir para a alteração da autoeficácia específica no sentido oposto ao verificado entre os dois momentos em análise.

Cada entrevista foi construída tendo por base a resposta à escala de autoeficácia específica, em dois momentos temporalmente sequenciados. Deste modo, através da análise das respostas fornecidas nos questionários, foram identificadas as áreas em que o professor estagiário havia evidenciado alterações na autoeficácia específica. Para a compreensão das experiências de formação que tinham concorrido para tal, a entrevista foi formulada, assumindo como temas as situações de intervenção pedagógica que suportassem essas alterações.

Numa primeira questão, selecionou-se um exemplo ilustrativo da tendência geral de alteração da autoeficácia específica, relativamente ao qual foi solicitado ao professor estagiário que se pronunciasse face à confirmação da alteração de autoeficácia identificada. Posteriormente, o professor estagiário foi questionado acerca das experiências do estágio que, na sua opinião, teriam contribuído para essa alteração da autoeficácia específica na situação representativa enunciada. Face à última questão, o professor estagiário identificou as experiências de formação que, em estágio pedagógico, projetava como podendo vir a contribuir para a alteração da autoeficácia específica no sentido oposto ao verificado entre os dois momentos em análise. Dada a semidiretividade da entrevista, muitas das questões colocadas decorriam das respostas dos professores estagiários e assumiam como propósito o

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aprofundamento das experiências de formação por eles identificadas. Assim, da parte da entrevistadora, havia a procura de aprofundamento das questões que permitissem a recolha de informação relativamente ao conteúdo e à forma das experiências enunciadas.

A entrevista foi sujeita a um processo de validação prévia por peritos, bem como a um pré-teste, a partir da sua aplicação a oito professores que constituíram a amostra do estudo piloto. Tendo por base estes dois processos não foram propostas alterações à versão inicial do instrumento.

As entrevistas aos professores estagiários, apesar de cumprirem uma estrutura comum, eram diferenciadas em termos do seu conteúdo, dado o caráter individual das respostas de cada um, nos vários momentos de aplicação dos questionários.

5.3.1.2Os casos.

O estudo das experiências de formação e das fontes de autoeficácia teve como participantes os quatro professores estagiários selecionados aquando da fase de seleção dos casos (tabela 4).

5.3.1.3Recolha de dados.

Após contacto prévio com os professores estagiários, as entrevistas foram realizadas numa sala da instituição do ensino superior a que o estudante pertencia, sendo assegurado que, no local escolhido, o silêncio e a privacidade eram garantidos (Creswell, 2013).

Com o propósito de um acompanhamento das perceções dos professores estagiários, ao longo do processo de estágio, esta tipologia de entrevista aplicou-se a cada professor estagiário em três momentos distintos que se articularam de forma estreita com a resposta ao questionário, em quatro ocasiões. Cada entrevista teve um tempo aproximado de cento e vinte minutos.

As entrevistas foram gravadas em formato áudio, mediante consentimento prévio dos entrevistados. Após a realização cada uma das entrevistas procedeu-se à sua transcrição literal. Depois de efetuada esta transcrição, o documento correspondente à mesma foi enviado a cada um dos entrevistados, tendo-se solicitado que verificassem se a informação constante na transcrição era consonante com a sua visão, sentimentos e experiências relativamente às temáticas em análise. Pediu-se aos entrevistados que, nas situações em que tal justeza não se verificasse, fosse realizado um comentário com o intuito de um posterior esclarecimento. Tendo os quatro entrevistados confirmado a validade da informação de cada uma das três entrevistas realizadas, procedemos em seguida à sua análise.

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5.3.1.4Análise dos dados.

O tratamento da informação referente à identificação e caracterização das experiências de formação que, na perceção dos professores estagiários, se constituíram como fontes de autoeficácia, foi implementado através do método de análise de conteúdo.

A implementação desta metodologia implicou o desenvolvimento de duas estratégias diferenciadas. Assim, algumas das categorias criadas emergiram de um quadro teórico definido previamente. Referimo-nos, nomeadamente, às fontes de autoeficácia inerentes às experiências reportadas pelos professores estagiários. Deste modo, para a categorização das experiências relativamente à dimensão das fontes de autoeficácia, tivemos por base o quadro teórico de Bandura (1997) sobre as fontes da autoeficácia. Contudo, no decorrer do processo de categorização, deparámo-nos com o relato de experiências que não se enquadravam nas categorias de fontes de autoeficácia definidas com base na sistematização de Bandura (1997). Nessas situações, procedemos a uma análise de cariz indutivo, criando novas categorias com base numa análise de conteúdo do discurso dos professores estagiários. Outra das estratégias utilizadas centrou-se numa análise exclusivamente indutiva (Creswell, 2012), de cariz exploratório, sendo encetados procedimentos abertos de análise de conteúdo do discurso dos professores estagiários (Ghiglione & Matalon, 1993). A implementação deste processo implicou a segmentação das unidades de análise, tendo-se seguido a sua classificação. A segmentação das unidades foi efetuada através do isolamento dos temas presentes no texto das entrevistas, com vista a uma redução que permitiu a comparação entre as diferentes entrevistas que sofreram um tratamento similar. Assim, seguindo o sugerido por Ghiglione e Matalon (1993), estabeleceram- se os temas e subtemas, sendo que, relativamente aos últimos, foram identificados os seus diferentes segmentos que corresponderam a unidades de registo (referentes ao conteúdo mínimo que assegurou a identificação do tema) e a unidades de contexto (respeitantes aos segmentos que permitiram compreender o âmbito em que a unidade de registo estava integrada). Depois de efetuada a segmentação, procedeu-se à atribuição de uma designação que caracterizasse o subtema identificado, a partir dos quais se desenvolveram as categorias e subcategorias de classificação. Deste modo, as diferentes unidades de análise foram agrupadas em subtemas que, pela sua similaridade semântica, eram representativas de uma mesma categoria ou subcategoria.

Para proceder à análise e conteúdo recorremos à utilização do software MAXQDA2007 facilitador da organização, classificação e codificação das entrevistas.

Com o propósito de garantir a confiabilidade da codificação implementada, procedemos ao peer briefing (Merriam, 2009), ou seja, recorremos ao trabalho com um par especialista na área para verificação e discussão das temáticas emergentes com vista à confirmação das

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características de exclusividade, pertinência e objetividade das diferentes categorias (Bardin, 2009).

Tendo por base a análise efetuada, chegámos a um conjunto de oito dimensões de análise a que corresponderam diferentes categorias. O quadro de categorização, bem como a definição e exemplificação de cada uma das dimensões e diferentes níveis de categorias encontram-se em anexo (anexo F).

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