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COMO PREPARAR-NOS PARA A MORTE O justo anda à espera da morte e prepara-se para ela.

No documento O Homem e a Eternidade (páginas 42-44)

A GRAÇA DA BOA MORTE

COMO PREPARAR-NOS PARA A MORTE O justo anda à espera da morte e prepara-se para ela.

Conserva-se vigilante, nutre na iminência dela um respei­ toso temor, por se lembrar das faltas cometidas e antever as expiações vindouras. Mostra uma fé viva na vida eterna, fim último da sua viagem. A vida eternk apresenta sobretudo para ele a posse inamissível de Deus através da. visão bea­ tífica, a união com Cristo Redentor, com a sua Mãe, com

os santos e com aqueles que ele conheceu e morreram ou ?.

morrerão cristãmente. . .

O justo acrescenta a tamanha fé uma confiança cada vez mais firme no auxílio de Deus para atingir o fim. Como a sua caridade cresce de dia para dia, «o Espírito Santo dá testemunho ao seu espírito de que é filho de Deus» (Rom.,

VIII, 16). Por isso, a «certeza tendencial», que compreende *

a esperança, consolida-se nele cada vez mais. O justo empe­ nha-se também em - que o informem - previamente da apro- -

ximação dò ú ltim o. momento.-. Constitui uma- falta de fé. e, além -disso;, .um, erro'não ter a çorágém de advertir, os ; . doentes de que vão morrer. O que fazemos é, enganá-los e impedi-los de se prepararem. Seria óptimo que duas pessoas se entendessem para' se avisarenr mütuamente.' . ; . Convém, por último, que a o . aproximar-se do fim, o •’ justò fâça’ muitas vézes, o sacrifício da sua vida em união ■ , com o sacrifício da missà' qüej pèrpetua, rio altar, de uma

maneira sacramental, o sacrifício da cruz. Convém, mesmo, que faça aSsim o seu áacrifíeio pessoal, pensando nos quatro fins do sacrifício: adoração, para reconhecer a excelência • soberana de Deus, autor da vida e senhor da hora da nossa

mórte; reparação, para expiar todas as faltas passadas;

. súplica, para obter â graça da perseverança final; acção de

graças, para agradecer ao Senhor os inumeráveis benefí­

cios que nos prepara desde a eternidade e que vimos rece­ bendo todos os dias desde o nosso nascimento.

N ão é má ideia fazer prèviamente o sacrifício da própria vida, dizendo muitas vezes, como aconselhava Pio X: «Senhor, qualquer que seja o género de morte que vos apraz reservar-me, aceito-a desde já, com todo o coração e boa vontade, aceito-a das vossas mãos, com todas as suas angústias, penas e dores».

Preparamo-nos, assim, todos os dias para bem fazer o sacrifício da nossa vida no último momento, em união com as missas que se celebram então, perto ou longe de nós, isto é, em união com a oblação sempre viva ao Sagrado Coração de Jesus «que não, cessa de interceder por nós».

itíe b ., VII, 25). E se o justo põe neste último acto um grande

amor a Deus, poderá obter a remissão de uma grande parte da pena temporal devida pelos seus pecados e abreviar -*• consideràvelmente o seu purgatório. Mandem-se, também, celebrar missas para obter a graça das graças, que é a graça da boá morte. , ' ’

A graça da extrema-unção torna o cristão mais forte no meio do'horror nátural á morte e das tentações do inimigo

da salvação. Consolam-no outrossim do desgosto pungente ' ■' -de deixár os qüe: ama, o santo yiático e as orações ^os^ago- . ’ np.am.es^ Algumas 'destas têm ia beléza. á iifro fiw c e rè-à n im d a

Christiana: «Parte deste mundo, alma cristã, em nome do

J Deus- Pai todo-podertoso que teJ criou: em n o m e .d e Jesus ■' *. Cristo, filho de Deus vivo, que sofreu por ti; em nome do Espírito Sarito que te. foi dado; :em nome da gloriosa e • , . saMa Mãè, dé Deus,-^Vicgem Mariá. Em nome do bem-aven- • ' •

tufado José, seu espos'o; em nom e'dos anjos e d o s arcanjos, dos tronós e dominações, dos principados e potestades, dos querubins e serafins; em nome dos patriarcas e dos profetas; em nome dos apóstolos, dos evangelistas, dos mártires, dos confessores dàs virgens e de, todos os santos e santas de Deus. Que estabeleças hoje morada em paz na Jerusalém celeste, por Jesus Cristo N osso Senhor. Amen».

Dir-se-ia que toda a Igreja do Céu vem ao encontro da alma cristã que se eleva em estado de graça da Igreja militante, para receber em breve a sua recompensa.

Bossuet, no seu Opúsculo sobre a preparação para a morte, mostra que os últimos actos devem ser os actos de fé, espe­ rança e caridade fundidos, por assim dizer, num único acto de entrega a Deus. «Senhor, entrego-me a vós; nada tenho a recear, a não ser que não me entregue suficientemente a vós, por Jesus Cristo. Interponho a cruz. do vosso filho entre os meus pecados e a vossa justiça. Alm a minha, porque estás

triste e te perturbas? Espera nele e diz-lhe com todas as

tuas forças: Meu Deus, vós sois a minha salvação... Apro­ xima-se o tempo em que a fé se converterá em visão clara.

Meu Salvador, eu creio, ajudai a minha incredulidade e sus­

tende a minha fraqueza... Nada tenho a esperar de mim mesmo, mas vós mandastes esperar em vós... Alegro-me por ouvir dizer que irei habitar na casa do Senhor... Quando é que vos verei, único bem?... Deus meu, minha vida e minha força, eu amo-vos; alégro-me peío vosso poder, pela vossa

eternidade, pela vossa felicidade. Daqui a um momento, esta­

rei em estado dè vos abraçar. Recebei-me na Vossa união».

' . 7 4 - ■ _• . 0 H O M E M e- A , E T E R N I D A D E ' '

* •'.! .«Nós, porém — diz São P a u l o s o m o s cidadãos dos céus, ' . - -donde também-esperamos o Salvador N osso Senhor Jesus • »_ Gristo, qüe.,transformará; o nosso' corpo de-miséria; ter--

nando-o sèmelhante ao seu corpo glorioso, com aquele \ * .poder coro que-'pode. também sujeitar & si tôdas'as coisas..., E a paz divina, que ultrapassa toda a inteligência, conserve os ■ . = v.ossoã c.iprações e os vossos pensamentos em Jesus Cristo».

. i m , UI. 20; IV, 7). /; ■ . . .. . ; .. V

«O cristã o '— diz ainda B ossuet— (ibidem), expira em

p a z , unindo-se à agonia do Salvador. Senhor, lanço-me aos

vossos pés, no Horto das Oliveiras; prostro-me convosco na terra; aproximo-me, tanto quanto posso, do vosso corpo . .sagrado para recolher sobre o meu o precioso sangue que flui das vossas veias. Aceito com ambas as mãos o cálice que o vosso Pai me envia... Vinde, anjo consolador de Jesus, que sofre e agoniza nos meus membros. Afastai-vos, tropa infernal... Meu Salvador, direi convosco: Tudo está

consumado. Nas vossas mãos entrego o meu espírito. Amen. " Alma minha, comecemos o Amen eterno, o eterno Aleluia

que será a alegria e o cântico dos bem-aventurados na eter­ nidade... Adeus, irmãos mortais; adeus Santa Igreja Cató­ lica. Trouxestes-me nas entranhas, alimentastes-me com o vosso leite, acabais de me purificar com os vossos sacrifícios, porque morro no vosso seio e na vossa fé. Porém, Igreja, não vos digo adeus, vou encontrar-vos no céu, vou ver a vossa fonte, os apóstolos, os mártires, os confessores e as virgens. Cantarei eternamente com eles as misericórdias de Deus». São João da Cruz diz: «Ao anoitecer da nossa vida, segamos julgados pelo amor», pela sinceridade do nosso amor a Deus, do amor à nossa alma que deve ser salva e pela sinceridade do nosso amor ao próximo.

■ : . • ; - / , A . G R A Ç A D A ' B O A M O R T E , . • ' ' 7 5 ‘,

A CAUSA DA IMUTABILIDADE

No documento O Homem e a Eternidade (páginas 42-44)