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NATUREZA DA PENA PRINCIPAL:

No documento O Homem e a Eternidade (páginas 104-109)

O

ADIAMENTO DA VISÃO BEATÍFICA

Segundo a doutrina comum, a pena principal do purga­ tório é o adiamento ou dilação da visão beatífica, da eterna felicidade que os santos usufruem no céu. Já houve quem chamasse a esta dilação pena do dano temporal impropria­ mente dita, por comparação com a pena eterna do dano no inferno.

Vai uma grande distância de uma à outra sob o ponto de vista da duração e das consequências: os condenados já não têm esperança, perderam toda a caridade, blasfemam incessantemente contra o Deus que odeiam, manifestam uma vontade obstinada no mal, jamais se arrependem dos seus pecados como ofensas e desejam a condenação de todos; as almas do purgatório apresentam uma esperança confiante, uma caridade inamissível, adoram a Deus, fonte de todo o bem, têm mesmo o culto da justiça divina, são confirmados no bem, arrependem-se profundamente dos seus pecados como faltas ou ofensas feitas a Deus e mani­ festam uma verdadeira caridade para com todos os filhos de Deus e para com aqueles que o hão-de vir a ser.

Deve notar-se, também, que a dilação da visão beatífica difere notàyelmente da que existia no limbo, antes da morte

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* -

;; de Jesus Cristo. Para os justos que tinham satisfeito pessoal­ mente a justiça divina, como Abraao, Isaac, Jacob, o san to' Job, Moisés, os profetas, esta dilação não representava uma

pena propriamente dita, relativa à pessoa deles, mas so ­ mente em relação à natureza humana que ainda não estava perfeitamente regenerada; o tempo da libertação por Cristo

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ainda não tinha chegado; agora, pelo contrário, já essetempo chegou, e por isso, a dilação da visão beatífica cons­ titui uma autêntica pena para as almas do purgatório e, até, segundo a tradição, constitui a principal das penas.

SERÁ ESTA PEN A M AIS DOLOROSA QUE TODAS AS PENAS TEMPORAIS D A V ID A PRESENTE? São Tomás 0 responde afirmativamente por duas razões: porque parece ser essa a doutrina que a tradição defende e porque razões teológicas a tal conclusão levam.

* A tradição encontra um porta-voz em Santo Agostinho, que diz (Salmo XXXVII, 3), a respeito do fogo do purga­ ! tório: «Será mais penoso que tudo o que o homem pode

sofrer na vida presente» (2) e, todavia, a pena do fogo não é a principal. Santo Agostinho, porém, parece referir-se

neste texto às duas penas reunidas.

Santo Isidoro fala do mesmo m odo (3).

N a esteira destes testemunhos e de outros semelhantes,; São Tomás (4) afirma que «a menor das penas do purgatório < ultrapassa a maior das penas da vida presente».

I ;

(x) IV Sent., d. 21, q. 1, a. 3 e Apêndice ao Suplemento, a. 3.

(2) «Gravior erit ille ignis, quam quidquid potest hom o pati in hac vita». R . d ê Jo u r n e l, ob, cit., 1467. '

, (3) «D ç illo purgatorio igni h o c animadvertendum est qüod ornni quem excogitare in praesenti potest hom o, tormentorum modol et longior et acrior sit». De Ordine cre'aiurarum, c. XIV, n.° 12.

(4) Loc. cit, . . . . .

São Boaventura declara: «Na outra vida, em razão do estado das almas, a pena purificadora será, no seu género, mais pesada que a maior provação da terra» 0 . Entende ele que, para idêntico pecado, a pena mais leve do purga­ tório será superior à mais grave punição terrestre corres­ pondente, mas não se segue que a mais pequena de todas as penas do purgatório ultrapasse a maior das penas da terra. São Boaventura difere assim pouco de São Tomás, e encontra um seguidor em Roberto Belarmino (2) : «a pri­ vação de Deus constitui, sem dúvida, um grande sofrimento, mas suavizado e diminuído pela esperança segura de o vir a possuir; desta esperança nasce uma indizível alegria, que aumenta à medida que se aproxima o fim do exílio» (3).

Teólogos como Suarez (4) notaram, e com razão (para explicarem a afirmação de São Tomás), que as penas do pur­ gatório, sobretudo a da dilação beatífica, são de ordem diferente das penas terrestres e, neste sentido, pode dizer-se

que a mais pequena das penas do purgatório é mais dura que a maior das penas terrestres.

Tanto mais que a alegria da esperança não pode mitigar a pena de estar longe de Deus, assim com o em Jesus cruci­ ficado a suprema felicidade e o amor a Deus e às almas, longe de diminuírem a extrema dor antes a aumentavam; o amor a Deus e às almas causava-lh^ a dor do pecado, Catarina de Génova diz no seu Tratado do purgatório (cap. XIV): «As almas do purgatório experimentam simultânea- mente uma enorme alegria e uma incalculável pena; -uma não diminui a outra». N ão há paz comparável à das almas do purgatório, excepto a dos santos no céu... Por outro lado, é igualmente verdadeiro dizer-se que elas sofrem tor-

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C1) IV Sent., d. XX I, q. IV, e d. X X , a. 2, q, 2.

(2) Cfr. Diet, théol. cath., art. Purgatoire (A. M ichel), col. 1.240,

1292. . f

(3) D e Purgatorio, c. XIV, p. 121, ; (4) Ob. cit., Disp. XLVI, sect. I, n. 2, 5, 6. :

mentos indescritíveis, que nenhuma inteligência compreende, a menos que lhe sejam revelados por uma graça especial»

(Ob. cit., cap. II e III). Esta santa experimentou cá na terra

as purificações de além-túmulo.

A tradição entende, pois, que as penas das almas do purgatório são muito dolorosas, sobretudo a pena prin­ cipal, e muito difíceis de compreender e de exprimir. Uma coisa nos ajuda a compreender isto: quando lemos os es­ critos dos grandes santos, nota-se imediatamente que são mais severos que os pregadores ordinários, mas nota-se também que têm muito mais amor a Deus e às almas. Isto permite entrever a justa severidade do Altíssimo e o seu imenso amor. Um a boa mãe cristã sabe ser severa para ensinar os seus filhos a vencerem o egoísmo, mas o que domina nela é a doçura e a bondade materna. Acontece hoje que os pais já não sabem ter para com os filhos nem a justa severidade nem o amor profundo de que deviam , envolvê-los. E, se não se sofre o purgatório na terra, será necessário sofrê-lo mais tarde. N ão se deve, de m odo algum, distinguir a santificação da salvação, porque, descurando a

santificação, poderá perder-se a salvação. ,

*

* *

N o aspecto teológico, São Tomás promove a argumen­ tação O que passamos a expor:

A pena temporal da privação da visão beatífica é muito, ■dòlórosa para uma alma justa separada do corpo. Com efeito, quanto mais se deseja um bem, mais se sofre com a sua privação. Ora, a alma do justo, separada do corpo,, nutre um desejo intensíssimo do Soberano Bem. Isto por duas razões, uma indirecta e negativa, outra positiva.

A P E N A P R I N C I P A L D O P U R G A T Ó R I O 195

(’) Loc. cit.

I

Em primeiro lugar, o seu desejo de Deus não se vê dife­ rido pelo peso do corpo, pelas distracções e ocupações da vida terrena, nem sequer interrompida pelo sono. Esta alma separada já não encontra bens criados para se distrair e esquecer a dor da privação de Deus.

Mas, além disso, o seu desejo de Deus é positivamente muito intenso, porque já chegou a hora em que ela deveria

usufruí-lo, se não existisse o obstáculo das faltas por expiar.

Para melhor compreensão deve notar-se que as almas do purgatório aquilatam muito melhor do que nós, em virtude das ideias infusas que receberam do valor sem limites

da visão imediata de Deus, da sua posse inamissível. Além

disso, estas almas vêem-se intuitivamente a si mesmas e estando seguras da sua salvação futura, conhecem com uma certeza absoluta que foram predestinadas para ver Deus face a face. Por outro lado, recebem novas graças actuais de luz, de amor e de força para perseverarem.

Estão, além disso, fartas de saber que, se não fosse o obstáculo das faltas que lhes resta expiar, já era tempo de possuírem Deus. Se não fora esta demora da expiação, o momento da separação do corpo teria coincidido com o da entrada no céu.

A seguir-se a ordem radical da sua vida espiritual, já a alma justa, separada do corpo, usufruiria da visão beatí­ fica. Experimenta, portanto, uma verdadeira fom e de Deus que não sentiria de m odo algum na terra, quando a hora da felicidade perfeita ainda não tinha chegado. Presentemente, vê que, por sua culpa, não se entregou a D eus’, e, porque não o procurou suficientemente, Ele agora esconde-se.

Para compreender melhor este sofrimento espiritual, até podemos recorrer à analogia. Quando estamos à espera de uma pessoa amiga para tratar de um assunto grave, a uma hora -determinada, se esta pessoa não chega no momento fixado, lá surge a inquietação. E, quanto mais a pessoa se demora, mais a inquietação aumenta. O que lhe terià acon­ tecido?

Sucede o mesmo na ordem física, quando se atrasa uma refeição cinco, seis horas ou mais ainda; o sofrimento da fome aumenta, porque, segundo a ordem natural do nosso organismo, temos necessidade de alimento. Se não tivéssemos comido há três dias, o sofrimento da fome seria enorme.

Dá-se uma coisa muito semelhante no campo espiritual. Desde o momento em que a alma do justo se separou do corpo, a ordem radical da sua vida exige que ela passasse a ver a Deus. Mas ergue-se o obstáculo das faltas a expiar. A alma sente então uma fom e insaciável de Deus. Já não é como na vida terrena. Ela agora bem se sabe senhora de uma von­ tade de per si. Se assim é, como não havia ela de sentir ao vivo o vazio imenso que a privação de Deus nela cava e ainda por cima lhe acresce as ânsias do Bem Supremo? (x).

As almas do purgatório sentem, pois, um desejo inten- síssimo de Deus, que ultrapassa considerávelmente o «de­ sejo natural» (condicional e ineficaz) de ver a Deus que na vida presente muitos homens manifestam (2). O desejo de que falamos agora é um desejo sobrenatural que procede da esperança infusa e também da caridade infusa; desejo eficaz que será infalivelmente satisfeito, mas mais tarde. Entretanto, enquanto espera por tal satisfação, a alma não se pode entregar a distracções, a ocupações ou ao sono, favoráveis ao esquecimento.

Chegou a hora de ver a Deus. Só que Deus, por causa das faltas a expiar, mantém-se esquivo por algum tempo, mais ou menos longo. Procurámo-nos em vez de o procurar a Ele; agora, não o encontramos.

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( x) SÃ O Tomás, C. Gentes, 1. IV, C. 91, n. 2: «Ex hoc enini quod anima separatur a corpore fit capax visionis divinae, ad quam dum esset conjuncta corruptibili coipori pervenire non poterat... Statim igitur post mortem, animae consequuntur poenam vel praemium, si impedimentum non sit».

(2) São Tomás refere-se a este desejo em 1, q. 12, a. 1.

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Se, como dizem Aristóteles e São Tomás, «a alegria acom­ panha o acto perfeito, como a juventude a flor», não há alegria comparável à que segue o acto da visão de Deus, nem, por sua vez, dor como a que a ausência de visão, chegada a sua hora, origina. As almas do purgatório sentem vivamente a sua importância e a sua pobreza; no fim da vida terrestre, os santos experimentaram qualquer coisa de semelhante. D iz São Paulo que eles ansiaram «morrer, para

encontrar Cristo» (F il, I, 23). 1

As almas do purgatório passam por um fluxo e refluxo, - costumam notar alguns autores. Sentem grande atracção

por Deus e, em contrapartida, vêem-se detidas pelos restôs do pecado a expiar. N ão podem chegar ao fim ardentemente desejado. O seu amor a Deus, em vez de mitigar á pena, aumenta-a e este amor, uma vez decorrido o tempo do . mérito, deixa de ser meritório. Estas almas pertencem ver­

dadeiramente à Igreja purgante. .

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Catarina de Génova, no seu Tratado do Purgatório, que os teólogos têm normalmente em subida conta, diz o se­ guinte: «Suponhamos que, em todo o mundo havia apenas um pão para saciar a fome de todas as criaturas e que bas­ tava a vista desse pão para satisfazer essa fome. O homem, quando goza de saúde, tem por natureza o instinto da ali­ mentação, e se pudesse deixar de comer sem perder as forças e morrer esta fome tomar-se-ia sempre cada vez maior e causaria penas insuportáveis. Se, pois, o homem estivesse seguro de nunca mais encontrar o único pão de que falámos, o seu inferno seria como o dos condenados. As almas do

purgatório alimentam, porém, a esperança certa de encon- y trar esse único pão e de serem inteiramente saciadas. Por

isso suportam a fome e sofrem até ao momento de entra­

rem ha posse eterna do pão da vida, Jesus Cristo, nosso amor» 0 .

Faber também recorre à analogia da fome (2). A tais almas aplicam-se, aliás, muitos textos da Escritura sobre a fome e sede de Deus: «Enviarei fome sobre a terra, não fome de pão, mas de ouvir a palavra do Senhor. Vaguearão de um mar até ao outro mar, à procura da palavra divina e não a encontrarão». (Amos, VIII, 11). — «Bem-aventu­ rados os que têm fome e sede da justiça» (M at., V, 6). — «Se alguém tem sede, venha a mim e beba... e do seu seio cor­ rerão rios de água viva» (João, VII, 37). — «A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando irei e aparecerei diante da face de Deus (Salmo XLII, 3). — «Ó DeUs, tu és o meu Deus, procuro-te desde a aurora; a minha alma tem sede de ti, a minha carne desfalece em terra árida, seca e sem água» (Salmo LXII, 1).

Note-se, finalmente, que se o purgatório não é tão ri­ goroso nem tão longo para as almas que quase não pecaram a não ser por fraqueza, deve ser muito áspero e muito com­ prido para aquelas que durante muito tempo disperdiçam as confissões e as comunhões. «Filhos do nada, por que vos lamentais? Pecador coberto de ignomínia, que tens tu a re­ plicar a qualquer censura que te dirijam, tu que tantas vezes

c1) Vide capítulo VII. Catarina de Génova recebeu, quando ainda muito nova, graças muito consoladoras por cinco anos seguidos. Passou depois por cinco anos de grande aridez. Deixou-se vencer pelo desânimo e durante outros cinco anos, m ostrou-se deveras ne­ gligente no cumprimento dos seus deveres religiosos. A irmã diz-lhe _«arto dia: «Àmanhã é um dia de festa, espero que te vás confessar». Assim fez. N essa confissão recebeu uma enorme graça de contrição e começou a praticar uma penitência heróica, até que o Senhor lhe deu a entender que tinha satisfeito a justiça divina. Proferiu então as seguintes palavras: «Se eu agora andasse pára trás, merecia que, por castigo, me arrancassem os olhos, e ainda era pouco».

(2) Tudo por Jesus, p. 388; — Vide D iet, théol. cath., art. D anl (T. Or t o l a n) : La peine du dam en purgatoire, col. 17 e s e g s . M On-

s a b r é, Conférences de Notre Dame, 97.a Conf.: Le purgatòire. — Ga y,

La vie et les vertus chrétiennes, c. 17. D a Igreja purgante.

ofendeste a Deus, tantas vezes mereceste o inferno? Apesar de tudo, a minha bondade poupou-te... para que conhe­ cesses o meu amor...» (x).

EXAME D E D U A S DIFICULDADES Mas, dir-se-á, muitas almas que no purgatório se encon­ tram só venialmente pecaram, Pena tão dura não está em proporção com o pecado venial.

São Tomás responde (2): «O rigor desta pena não corres­ ponde tanto à gravidade do pecado com o à disposição da alma que sofre, porque o mesmo pecado é punido mais rigorosamente no purgatório que na terra. D o mesmo modo, aquele que é de compleição mais delicada sofre mais que outro ao ser vergastado e, não obstante isso, o juiz deve infligir a mesma pena pelo mesmo delito».

Por que é que o mesmo pecado se pune com mais rigor no purgatório que na terra? Porque, para o reparar, já não há as obras meritórias e satisfatórias, o tempo do mérito acabou; só resta agora a satispaixão, resignação, ao sofrer a pena, e a alma separada conhece melhor que anteriormente, que Deus é o único ente necessário.

Estas almas não podem fazer mais nada que lhes. apro­ veite, a não ser sofrer. Convém, por isso, que nós, ainda capazes de merecer e satisfazer, saVisfaçamos por elas, tanto quanto nos for possível. D e resto, esses méritos nunca se perderão, porque almas que já não pecam nada perdem do que se lhes proporciona e a oração torna-nos poderosos.

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* *

M al acabamos de resolver esta dificuldade, já outra se apresenta ao espírito. Se a doutrina exposta é verdadeira,

0 Im it., III, c. 13, n. 3. (2) Loc. cit., a. 3, ad 2m.

no purgatório, as almas mais santas devem sofrer mais que as outras, por ser mais intenso o seu desejo de ver a Deus. O que é feito dá uma justa proporção entre a pena e as faltas a expiar?

Estamos em considerar válida a resposta de Suarez, tanto mais que Catarina de Génova faz idêntica insinuação. Sob certo aspecto, as almas mais santas do purgatório sofrem mais pela demora da visão beatífica. O mesmo acon­ tece na terra: os maiores santos «desejam morrer, para esta­ rem com Cristo». É São Paulo que no-lo diz. A tais extremos leva normalmente um amor intenso. Se se trata de um sofri­ mento tão nobre, prouvera a Deus que o experimentássemos. Mas, por outro lado, as almas mais santas do purga­ tório, esta grande dor, em vez de mitigada, vê-se compensada pelo maior abandono à providência e maior amor à justiça divina. As almas menos perfeitas sofrem mais sob outro ponto de vista por terem perdido para sempre um grau de glória superior. Tê-lo-iam alcançado, se tivessem sido mais generosas.

A doutrina exposta permite, pois, resolver estas dificul­ dades. Ainda a havemos de compreender melhor, se pen­ sarmos nos sofrimentos de Jesus e de sua Mãe. O que um e o outro padeceram correspondia sem dúvida, por um lado, aos nossos pecados, que se destinavam a reparar, e por outro lado à intensidade do seu amor. Sofre-se tanto mais com o pecado, quanto mais se ama esse Deus que o pecado vai ofender e essas almas que o pecado desfigura e mata (x).

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C1) Estamos muito longe do céu, tal com o o concebe o natura­ lismo, tal com o o exige a grande Natureza panteista, onde se casam o

céu e o inferno, «para além do Bem e do M al» e onde, sem ter de re­

nunciar a nada, se encontraria a felicidade suprema. Assim fala o esoterismo da Contra-Igreja, que começa com a Gnose e continua no ocultismo, e contribui para a confusão universal. Goethe, no seu segundo Fausto, inspira-se neste naturalismo e afasta-se da fé cristã.

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No documento O Homem e a Eternidade (páginas 104-109)