• Nenhum resultado encontrado

NÍVEL DE CONHECIMENTO DE ACADÊMICOS INGRESSANTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR COMUNITÁRIA EM TRÊS ÁREAS DO CONHECIMENTO

Vanessa Wegner Agostini (Unoesc) vanessa.agostini@unoesc.edu.br Carlos Manuel Reyes Fernandez (Unoesc) carlos.fernandez@unoesc.edu.br Nilva Maria O. Farias Silva (Unoesc) nilva.farias@unoesc.edu.br

RESUMO

O presente ensaio tem como objetivo apresentar os resultados de uma avaliação diagnóstica realizada com todos os aca- dêmicos ingressantes de uma instituição de ensino superior, a fim de verificar o nível de conhecimento dos mesmos. Para isso, foram aplicadas avaliações diagnósticas, com aproximadamente 450 acadêmicos de 12 cursos de graduação. Após a correção das provas, as notas foram lançadas no Excel, por área de conhecimento, e analisadas à luz da estatística. A partir desses dados, é possível aferir que no geral, há deficiência nos conhecimentos diagnosticados, pois as médias das turmas ficaram entre 3,1 e 5,2. Após a aplicação das avaliações foram oferecidos cursos de nivelamento, a fim de auxiliar esses alunos na aquisição de conceitos que não foram aprendidos anteriormente.

Palavras-chave: Diagnóstico. Ensino Superior. Curso de Nivelamento.

INTRODUÇÃO

Há algum tempo, docentes do ensino superior têm revelado empiricamente, que os acadêmicos ingres- santes no ensino superior apresentam defasagens na educação básica o que compromete significativamente o acompanhamento nos componentes curriculares do curso, acarretando reprovações ou desistências.

Para Freitas e Silva (2014, p. 31), “Nas últimas décadas, o Brasil tem monitorado a qualidade da educa- ção básica por meio de diversos sistemas de avaliação nacionais e internacionais, os quais têm constatado a baixa qualidade da educação básica oferecida pela rede pública de ensino, principalmente no ensino médio”.

Devido a essa baixa qualidade dos alunos concluintes do Ensino Médio, muitos não conseguem ser aprovados em universidades públicas, ou até mesmo nem realizam avaliações de ingresso no ensino superior, pois são conscientes das carências educacionais que possuem.

Segundo Bernart e Lückmann (2014, p. 267), em pesquisa com os acadêmicos ingressantes em universi- dades comunitárias, “Constatou-se que os ingressantes na ICES em estudo são oriundos, em sua grande maioria (85,19%), da rede gratuita de ensino”. Além disso, os autores constaram que os ingressantes, “Além de acessar o ensino superior na condição de estudante trabalhador, tendo que conciliar estudo e trabalho (69,52%), percebem uma renda salarial média, inferior a R$ 1.170,00 (72,38%), abaixo da média salarial do trabalhador brasileiro, que é de R$1.792,00 (IBGE, 2013).

Em uma instituição comunitária há várias formas de ingresso, que vão desde o vestibular ao processo seletivo especial, que avalia o histórico escolar do candidato. Além disso, devido à ociosidade nas inscrições, para que seja oferecido determinado curso, muitas vezes, são aceitos alunos mediante realização de matrícula, sem que esse tenha feito qualquer processo seletivo. É uma oportunidade àqueles que não tiveram acesso às universidades públicas ou que estão muito tempo fora do sistema de ensino e que precisam se qualificar para ocupar uma posi- ção mais rentável no mercado de trabalho.

Nesse sentido, essas instituições de ensino superior têm a preocupação maior em dar suporte a esses alunos para que possam superar as suas limitações e se tornarem profissionais qualificados.

Além dessa preocupação, há as exigências legais, no que tange à avaliação dos cursos do ensino superior, que para se obter do MEC conceito 5, no indicador 1.16, referente ao Apoio ao Discente, deve-se efetuar “O apoio ao discente previsto/implantado contempla, de maneira excelente, os programas de apoio extraclasse e psicopeda-

complementares e os programas de participação em centros acadêmicos e em intercâmbios”. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2016, p.14).

Diante do exposto, é que este artigo objetiva apresentar os resultados de uma avaliação diagnóstica realizada com todos os acadêmicos ingressantes de uma instituição comunitária de ensino superior, a fim de ve- rificar o nível de conhecimento dos mesmos nas três áreas do conhecimento: Matemática, Linguagem e Ciências da Natureza.

DESENVOLVIMENTO

Visando à interferência nesse contexto de despreparo na formação educacional dos acadêmicos ingres- santes, um grupo de professores do ensino superior da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Unoesc Videira, propôs-se à execução do Projeto de Extensão que objetiva oportunizar formação complementar aos acadêmicos ingressantes no ensino superior, a fim de que acompanhem da melhor forma, os componentes da matriz curricular ministrados nos cursos em que estão matriculados, evitando assim, a evasão e a reprovação.

Na prática, inicialmente, fez-se a proposta para que todos os ingressantes realizassem avaliações de componentes considerados essenciais em seus cursos, elencados com a participação dos coordenadores, para aferir seu conhecimento prévio. Foram oferecidas provas de matemática, língua portuguesa, biologia, química e física.

Assim, dos 12 cursos que tinham acadêmicos ingressantes, foram aplicadas a avaliação diagnóstica de língua portuguesa para 10 turmas, de matemática para 08 turmas, de biologia para 05 turmas, e química para 03 turmas e de física para 02 turmas. Salientando de que a escolha de quais avaliações os acadêmicos iriam realizar, partiu do coordenador de curso, levando em consideração as necessidades específicas de seu curso.

Nesse contexto, enquanto a primeira fase do curso de Biotecnologia Industrial realizou as 05 avaliações disponíveis, as turmas de Direito, Ciência da Computação e Pedagogia, optaram por realizar somente 01 dessas avaliações.

Cada avaliação diagnóstica fora elaborada a partir de questões já realizadas no ENEM ou em vestibula- res, pois abrangem conteúdos básicos do ensino médio, os quais deveriam ter sido aprendidos naquela fase da for- mação básica. Além disso, cada avaliação continha 15 questões, com peso 10,0, que foram aplicadas em 12 turmas, conforme agendamento com o coordenador do curso, entre os dias 02 de março de 2017 e 14 de março de 2017.

Aproximadamente, foram aplicadas avaliações para 450 acadêmicos, e após a correção das provas, as notas foram lançadas em Excel, por área de conhecimento e analisadas à luz da estatística

A análise básica descritiva das avaliações diagnósticas na Área das Ciências da Humanidade (ACH), com 05 cursos, demonstra uma média aritmética em português de 4,12, sendo um grupo homogêneo. Chama a atenção, a média do diagnóstico do curso de Pedagogia com nota 3,5. Em matemática, a média dos ingressantes na área foi de 4,5, considerado então, um grupo homogêneo, sobressaindo-se a nota dos ingressantes do curso de Ciências Contáveis, com nota média de 5,2.

Na Área das Ciências da Vida (ACV), com 05 cursos, a média geral do diagnóstico foi nota 4,0, com desvio padrão médio de 1,5. Nessa área há uma variação nas notas diagnósticas dos avaliados, em que 68 % das notas encontram-se entre 3,5 e 5,5.

Na terceira área diagnosticada, Área das Ciências Exatas e Tecnológicas (ACET), com 02 cursos, eviden- ciam-se as melhores médias, sendo a média geral de 5,1. Esta média maior está acompanhada também, da maior variação encontrada nas áreas, com desvio padrão médio de 2,3, demonstrando uma variação relativamente alta. As estatísticas evidenciam que 68% dos diagnosticados têm nota entre 2,8 e 7,4.

Após a correção dessas avaliações, as mesmas foram devolvidas aos coordenadores para procederem, da forma que avaliassem pertinente, o repasse das notas aos acadêmicos e, especialmente, motivar os discentes para a necessidade de buscar sanar suas próprias dificuldades.

A partir desse diagnóstico, a proposta é oferecer cursos paralelos de extensão universitária na modalida- de de Ensino a Distância (EaD), que compreendem conteúdos dos componentes avaliados e que visam a sanar as principais lacunas dos acadêmicos, além de constituir ferramenta extra de aprendizagem, capaz de tornar o aluno mais ativo com relação a sua própria aprendizagem.

Podem matricular-se nesses cursos de nivelamento, acadêmicos devidamente matriculados nas primei- ras e segundas fases os cursos oferecidos pela Unoesc Videira, que apresentem dificuldades em acompanhar os componentes curriculares inerentes ao curso ou que sintam necessidade de embasar-se teoricamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inerente à democratização do acesso à universidade precisa estar a democratização do acesso ao conhe- cimento e do direito à permanência dos estudantes, para que possam concluir seus cursos, partindo-se do princí- pio de que o acesso ao ensino superior é um processo contínuo e, para sua efetivação, necessita da existência de políticas institucionais que garantam além do acesso, a permanência dos alunos num ensino de qualidade.

Segundo Bordignon e Cimadon (2012), o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior integra três modalidades. A saber: a Avaliação das Instituições de Educação Superior; a Avaliação dos cursos de Graduação; e a Avaliação do desempenho dos estudantes, Enade.

Nesse contexto, após aferir o nível de conhecimento dos acadêmicos ingressantes e constatar que a grande maioria apresenta muitas lacunas nas três áreas do conhecimento avaliadas, ao oferecer os cursos de nive- lamento a esses acadêmicos, a universidade cumpre sua função quanto à Política de Atendimento aos Discentes, exigida por normatização, que aponta ações para a necessidade da realização de programas capazes de auxiliar os alunos em suas dificuldades de aprendizagem.

Recomenda-se, assim, o uso dos dados para analisar a correlação entre notas e a área escolhida, buscan- do aferir um dos indicadores da inclinação vocacional dos estudantes no ensino médio, de acordo com domínio percebido por eles nos diferentes componentes curriculares.

Pensar essas questões é a possibilidade de ampliação do horizonte democrático na universidade, que pretende ser o resultado de uma educação com qualidade, direito social, e compromisso.

REFERÊNCIAS

BERNART, Eliezer Emanuel; LUCKMANN, Luiz Carlos. O perfil do estudante ingressante de uma universidade comunitária do interior do país: um estudo de caso. In: IV Colóquio Internacional de Educação: Educação,

diversidade e ação pedagógica, Joaçaba/SC, V.2, n.1, 2014. Disponível em:

<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/5627/1/Avaliacao_educacional.pdf>. Acesso em 10 de abril 2017. BORDIGNON, Neusa; CIMADON, Aristides. O Sinaes: da concepção ao sepultamento – atos que afrontam o

princípio da legalidade e a autonomia universitária. São Paulo: Conceito Editora, 2012.

FREITAS, André Luís Policani; SILVA, Vinicius Barcelos da. Avaliação e classificação de instituições de ensino médio: um estudo exploratório. In: Educação e Pesquisa, São Paulo/SP, v. 40, n. 1, p. 29-47, jan./mar. 2014.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep. Diretoria de Avaliação da Educação Superior – Daes. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Si- naes. Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e a distância. Brasília, abril de 2016.

O PAPEL DA AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL COMO FUNDAMENTO DAS PRÁTICAS DE

Outline

Documentos relacionados