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POSSIBILIDADES E IMPACTOS DO DESEMPENHO ACADÊMICO NO EXAME NACIONAL DO ENSINO SUPERIOR (ENADE) PARA A AÇÃO E FORMAÇÃO DOCENTE EM LAGES/ SC – 2004 A

2014

Rita de Cássia Bleichvel (Facvest) ritableichvel@gmail.com.br Maria Aparecida Monteiro Silva (Instituto Ideia)

mariahmoposil_@hotmail.com

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo analisar as reais possibilidades e impactos do Exame Nacional do Ensino Su- perior (ENADE) no sentido da reavaliação correspondente à formação docente universitária e consequentemente, de- sempenho acadêmico. A pesquisa foi realizada através de abordagem qualitativa, no formato de estudo de caso, por se tratar da especificidade da centralidade das ações e significados que as mesmas trazem para o contexto universitário em relação à avaliação externa. E assim, os instrumentos foram a entrevista semiestruturada, o questionário de questões abertas e consultas em registros do Enade que já estão publicados e fizeram parte como dados legais, retirados de sítios oficiais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) para o levantamento dos re- sultados de 2004 a 2014. Os instrumentos da pesquisa foram aplicados para coordenadores/as, professores/as docentes e acadêmicos/as de três instituições de ensino superior. A relevância desta pesquisa se justifica pela dimensão das pro- porções que a Avaliação Nacional assumiu no contexto universitário, tanto no que diz respeito à análise dos resultados divulgados pelo Ministério da Educação/INEP, quanto ao destaque que a mesma possui em relação à formação docente universitária. Os resultados da pesquisa demonstraram que as reais possibilidades e impactos da formação docente estão pouco relacionados ao desempenho acadêmico do Enade, enquanto avaliação de amplitude nacional.

Palavras-chave: Desempenho acadêmico. Exame Nacional do Ensino Superior (ENADE). Formação docente universi-

tária.

INTRODUÇÃO

A formação docente, nos dias atuais tem sido marcada por constantes construções de saberes, muitos advindos de práticas configuradas em uma cultura profissional baseada em conhecimentos teóricos tradicionais, que no contexto do ensino superior, precisam ser revistas. São mudanças e exigências que acontecem em rápidos espaços de tempo, que na maioria das vezes, o/a docente necessita redimensionar suas atividades para compreen- der e acompanhar as transformações do cotidiano e principalmente, no quesito da avaliação do ensino superior.

Em relação ao problema que esta pesquisa trata sobre as reais possibilidades e impactos do Exame Na-

cional do Ensino Superior (ENADE) no sentido da reavaliação correspondente à formação docente universitária e consequentemente, desempenho acadêmico, o mesmo está inserido em estudos relacionados à formação docente universitária no Brasil que são bastante escassos. Diante do exposto, é importante analisar a respeito do Enade, que foi instituído no artigo 5º, da Lei nº 10.861/2004, que caracteriza em seu parágrafo 1º:

§ 1º O Enade aferirá o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajus- tamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas competências para com- preender temas exteriores ao âmbito específico de sua profissão, ligados à realidade brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento. (BRASIL, 2004, p. 4)

Pelas questões abordadas, a avaliação externa no ensino superior tem se tornado alvo de discussões por se tratar de um elemento basilar no percurso de todo o processo de formação universitária dos/as docentes, como ponto de referência para as transformações das práticas tradicionalmente utilizadas nas instituições de ensino superior. Porém, desarticulação, falta de interação e desconhecimento do processo de avaliação externa tornam os resultados inapropriados para a identificação de ajustes e reflexões voltadas para a tomada de novas decisões. Pois, é o que reafirmam as Diretrizes Curriculares Nacionais para cursos de graduação, as quais abrem proposições de forma legal para a mudança e atualização, politicamente adequadas ao que se espera para uma sociedade que

Nesta perspectiva, a relevância desta pesquisa se justifica pela dimensão das proporções que a Avaliação Nacional, o Enade assumiu no contexto universitário, tanto no que diz respeito à análise dos resultados publica- dos pelo Ministério da Educação/MEC referentes às instituições de ensino superior que participam das edições dessa avaliação externa, quanto à centralização e importância que a mesma possui em relação aos investimentos em Educação. No entanto, torna-se necessário compreender os reais objetivos dessa avaliação externa inserida na ação e formação docente para o ensino superior.

DESENVOLVIMENTO

A pesquisa de campo realizada para esta pesquisa foi a do tipo estudo de caso, desenvolvida através de abordagem qualitativa, por se tratar de um assunto que propõe análise da centralidade das ações e significados que as mesmas produzem no contexto universitário em relação à avaliação do Enade e a formação docente no ensino superior. Dessa maneira, foram utilizados os registros do Enade que já estão publicados e fizeram parte como da- dos legais, retirados de sites oficiais do INEP para o levantamento dos resultados de 2004 a 2014. E também, nos instrumentos de pesquisa, a entrevista semiestruturada foi aplicada com os/as coordenadores/as e o questionário com questões abertas, para os/as professores/as e acadêmicos/as.

Neste contexto, para Sobrinho e Balzan, a universidade e a sociedade precisam discutir as demandas e múltiplas contradições em busca de respostas para seus questionamentos, pois:

A avaliação é categoria imprescindível dessa produção contínua da universidade. A instituição precisa saber, de forma permanente e integrada, quais são os valores dominantes nas suas ati- vidades de ensino, pesquisa e extensão e nas suas práticas administrativas. Ela precisa exercer continuamente os seus julgamentos de valor a respeito da finalidade de seu trabalho sistemático e das relações que tecem o conjunto. (SOBRINHO; BALZAN, 2005, p. 33)

Dessa forma, analisamos a lógica de divulgação dos resultados do Enade que se propaga de maneira progressiva, mesmo diante do sucesso de muitas práticas avaliativas em algumas universidades, que ressaltam a importância de uma educação que não seja apenas classificatória para que possamos participar e contribuir com o processo avaliativo no ensino superior. E dentro desta questão, em que a sociedade como um todo, busca através das demandas externas, sociais, políticas, econômicas, científicas, entre outras, um determinado “conceito”, em- bora cercado de incoerências, mas incorporado ao meio acadêmico a importância de inserção científica orientada pelas políticas públicas.

Nessa lógica, Almeida & Pimenta comparam que o percurso formativo nos dias atuais é como um su- permercado, onde as disciplinas estão dispostas nas prateleiras e de acordo com a decisão pessoal dos/as docentes ou departamentos, elas são ministradas. No entanto, em relação à carreira acadêmica destes/as, a urgência nas publicações, menosprezando a formação tanto dos acadêmicos/as, quanto do contexto universitário e finalmen- te, é grande a preocupação das instituições universitárias e docentes a respeito do número de publicações que se precisa obter para garantir o bônus do prestígio e da sobrevivência intelectual. As autoras destacam que é preciso:

[...] criar as condições que tornem possível esse processo; determinação em caminhar rumo a uma cultura de colaboração; concepção de formação ligada à prática docente e que compreenda a inovação e a formação como elementos complementares da organização da política formativa; apostar em ações que tenham relação com a qualidade da docência, potencializando e gerando interesses pela melhora do ensino; gerar os elementos condicionantes capazes de integrar em uma mesma política as atuações sobre avaliação, desenvolvimento profissional e inovação. Com isso, argumentamos em favor de uma real valorização do empenho na formulação de políticas institucionais de formação, estáveis e permanentes, voltadas para o aprimoramento da atividade de ensinar, compreendida como um dos componentes essenciais para assegurar a qualidade do trabalho na universidade contemporânea. (ALMEIDA & PIMENTA, 2014, p. 9-10)

As autoras destacam em suas análises a importância sobre essas experiências e reconhecem que as polí- ticas de avaliação do desempenho acadêmico (ENADE) precisam estar articuladas com as políticas de formação, valorização e a estabilidade profissional. Entretanto, definem três principais diretrizes para o ensino superior: valorizar a qualidade formativa dos/as discentes no ensino de graduação e as condições da docência, as questões sobre inclusão social para estudantes de escolas públicas e a ampliação de vagas, que essencialmente, podem fazer a diferença no contexto universitário em estamos vivendo atualmente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os discursos na área educacional, no ensino superior brasileiro, nos dias atuais, são insistentes a respeito da formação docente, porém o assunto dessa pesquisa tratou da especificidade da formação universitária em rela- ção à problemática do desempenho acadêmico que está no centro das discussões das avaliações externas, o Enade. Por essa razão, a temática passa por questões confusas e também, pela sua sistemática que se embrenha cada vez mais nas instituições de ensino superior, mas as informações seguem o curso do complexo sistema avaliativo e se desencontram a todo o momento por serem questionáveis dentro da lógica da construção do conhecimento social.

Portanto, de acordo com a análise das reais possibilidades e impactos do desempenho acadêmico no Exame Nacional do Ensino Superior (ENADE), no sentido de reavaliação da ação correspondente à formação do- cente universitária e consequentemente, a formação acadêmica, na última década, através dos dados da pesquisa constatamos que é imprescindível a participação das instituições para que avancem nesse sentido, abrindo espaços para discussões e estratégias formativas, pois, questionar o desempenho acadêmico perpassa por conhecimentos específicos em uma trajetória crescente de aprendizagens significativas, que surgem também, das possibilidades relacionadas ao Enade é que serão propostas ações, no sentido de melhorar o desempenho acadêmico e a reavalia- ção da formação docente universitária. Pois, no quesito formação docente restringe-se apenas ao Conceito Preli- minar de Curso (CPC) que trata do assunto somente na composição do conjunto, ou seja, a avaliação do desem- penho dos/as acadêmicos/as, a infraestrutura, os recursos didáticos e corpo docente, no entanto, sem propostas definidas para a formação docente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. INEP. SINAES. ENADE. Manual do ENADE 2013. Brasília, DF. 2004 - 31 de

maio de 2013. 117p. Disponível em:

<http://portal.inep.gov.br/manual-doenade>. Acesso em 24 de março 2015

SOBRINHO, José D.; BALZAN, Newton C. (Orgs). Avaliação institucional: teoria e experiências. 3ª ed. – São

Paulo: Cortez, 2005.

ALMEIDA, Maria I. de & PIMENTA Selma G. Pedagogia universitária – Valorizando o ensino e a docência na

universidade. - Revista Portuguesa de Educação, vol.27, n. 2, Braga/jun. 2014. - ISSN 0871-9187 Disponível em: <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pi-

PRODUTIVISMO ACADÊMICO NAS PESQUISAS DE ENSINO SUPERIOR: UMA REVISÃO DE

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