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PROVA BRASIL DE MATEMÁTICA DO 9º ANO NO CONTEXTO DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS Eliane Maria Cocco (URI – Campus Frederico Westphalen)

elianecocco31@gmail.com Janaíne Souza Gazzola (URI – Campus Frederico Westphalen)

sgjanaine@hotmail.com Edite Maria Sudbrack (URI – Campus Frederico Westphalen) sudbrack@uri.edu.br

RESUMO

O presente trabalho é um recorte do TCC desenvolvido no curso de Especialização em Coordenação Pedagógica do Programa Escolas de Gestores da Educação Básica e concentra a atenção na Prova Brasil de Matemática do 9º ano. O objetivo é evidenciar a importância da Matemática no nosso cotidiano e situar a Prova Brasil no contexto das avaliações externas. Para alcançar tais objetivos foi construída uma metodologia de pesquisa qualitativa documental. No estudo evidencia-se a importância do diálogo sobre a prova Brasil e seus resultados para um melhor entendimento de como essa política de avaliação é organizada. Ressalta-se que os indicadores devem ser usados como complemento de ações para auxiliar e estimular os estudantes a progredirem sempre mais.

Palavras-chave: Avaliação externa. Matemática. Prova Brasil.

INTRODUÇÃO

O presente estudo concentra a atenção na Prova Brasil de Matemática do 9º ano. Esta prova é uma avaliação para diagnóstico, em larga escala, desenvolvida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa- cionais Anísio Teixeira (INEP) e tem por objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos.

O objetivo deste trabalho é evidenciar a importância da Matemática no nosso cotidiano e situar a Prova Brasil no contexto das avaliações externas. No decorrer da pesquisa se enfatiza a necessidade de reflexão sobre as avaliações externas, seus processos e resultados, tornando-os significativos nas práticas da escola. Ficou evidente que os resultados da Prova Brasil devem ser analisados e discutidos pelos professores e equipe diretiva para identi- ficar habilidades dominadas e as que precisam ser revistas, bem como a tomada de decisões sobre quais ações serão colocadas em prática para que os próximos estudantes obtenham melhores resultados.

MATEMÁTICA NO NOSSO COTIDIANO

A Matemática possui muitas aplicações. Algumas delas estão relacionadas à compra e venda, constru- ções, operações bancárias, investimentos, financiamentos, entre outros. Nessas aplicações são utilizados diversos tipos de cálculos, sendo alguns mais simples e outros bem avançados. Mas o que não se pode negar é a importância que a Matemática tem nas mais variadas situações do dia a dia.

Para que as pessoas consigam sobreviver e transcender precisam aprender a refletir, observar, analisar, podendo assim, entender, explicar, criar. E a Matemática é uma ciência que faz pensar, refletir, conhecer, dialogar como forma de conhecimento e é uma ferramenta importante para o crescimento e fortalecimento da produção, da tecnologia, da economia e da própria matemática.

O domínio de conceitos e aplicações das estruturas matemáticas funciona como instrumento essencial para a construção do conhecimento em outras áreas curriculares. Além disso, possui in- fluência direta na formação da capacidade intelectual do cidadão, permitindo uma estruturação do pensamento e na agilização do raciocínio lógico dedutivo (SILVA, 2010, p. 8).

Desde a Antiguidade, o homem teve interesse por cálculos e números, devido à necessidade de relacio- ná-los e usá-los no seu cotidiano. A Matemática moderna surgiu com o objetivo de mudar o estilo das aulas e

maioria foi positivo. Foi a partir da década de 1970 que os alunos começaram a participar das aulas, o que antes era só contas, agora eram projetos. “Poderíamos dizer que a Matemática é o estilo de pensamento dos dias de hoje, a linguagem adequada para expressar as reflexões sobre a natureza e as maneiras de explicação. Isso tem natural- mente importantes raízes e implicações filosóficas” (D´AMBROSIO, 1996, p. 59).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1998, p. 27), a importância da Matemá- tica também está ligada à formação do cidadão no momento em que desenvolve metodologias “que enfatizem a construção de estratégias, a comprovação e justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o traba- lho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios”.

Através da interpretação dos problemas e da sua compreensão, da interpretação de dados estatísticos e de informações, é possível desenvolver, nas aulas de Matemática, o senso crítico dos estudantes. É preciso en- tender que “para exercer a cidadania é necessário saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente etc.” (PCNS, 1998, p. 27).

Diante da importância da Matemática, cada vez mais expressiva e necessária nas mais diversas ativida- des do nosso dia a dia, torna-se fundamental que o seu currículo contemple a formação de sujeitos com capacidade intelectual, com agilidade no raciocínio, na aplicação de problemas, na busca de soluções e construção de novos conhecimentos para o bem da humanidade.

PROVA BRASIL NO CONTEXTO DAS AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA

Ante o exposto, surgem alguns questionamentos: será que as avaliações, como a Prova Brasil, estão preocupadas em realmente formar um cidadão crítico, autônomo, pensante? Uma prova é um instrumento pelo qual se pode avaliar ou não o domínio de um estudante? Para D´Ambrosio (1996, p. 69), “exames e testes nada dizem sobre aprendizagem e criam enormes deformações na prática educativa.” O autor é totalmente contra qualquer tipo avaliação na forma de prova (medidores de aprendizagem), tanto aplicadas pelos professores quanto pelos governos. Ele diz que jamais esses testes podem ser considerados como melhoria do ensino. Avaliação é sim necessária, mas não a que se faz hoje e sim uma mais conveniente. “Avaliação serve para que o professor verifique o que de sua mensagem foi passado, se seu objetivo de transmitir ideias foi atingido – transmissão de ideias e não aceitação e a incorporação dessas ideias e muito menos treinamento” (D’AMBROSIO, 1996, p. 70).

No Brasil, o sistema de avaliação educacional “[...] busca nas avaliações externas uma metodologia que o fotografe sob um ponto de vista amplo, que lhe apreenda certas características, que lhe desenhe um perfil e que possa ser utilizado para mobilizar esforços no sentido de seu aperfeiçoamento” (WERLE, 2010, p. 22-23).

Nesse entorno, encontra-se a Prova Brasil, uma avaliação em larga escala, desenvolvida pelo INEP que tem por objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes pa- dronizados e questionários socioeconômicos.

O objetivo das secretarias estaduais e municipais de educação é, a partir dos dados coletados, definir ações para a melhoria da qualidade e redução das desigualdades. O objetivo da Prova Brasil não é avaliar os alunos individualmente, mas avaliar a qualidade do ensino nas escolas. A prova gera médias por escolas, por municípios, unidades da federação, regiões e Brasil. As médias de desempenho na Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) subsidiam o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), ao lado das taxas de aprovação nessas esferas.

Werle (2010, p. 35) destaca que as escolas têm papel fundamental na reflexão dos dados das avaliações em larga escala. “No âmbito de cada estabelecimento escolar, pode-se chegar a identificar as características es- pecíficas de contexto e relacioná-las com os resultados obtidos nas avaliações, dando significado aos dados.” A

autora ainda enfatiza que as avaliações em larga escala não “expressam o detalhe e a multiplicidade dos fazeres docentes e das escolas e suas comunidades” (WERLE, 2010, p. 23), mas fornecem parâmetros de como o sistema está funcionando e como a educação está sendo realizada. Elas coletam informações específicas sobre certas com- petências e de certos grupos de indivíduos com a finalidade de obter os resultados pretendidos pelo sistema. Cabe às instituições fazerem sua parte.

Nesse sentido, as avaliações externas, aplicadas nas escolas, são atividades políticas que podem servir como instrumento de regulação ou emancipação dos sujeitos. Essas avaliações precisam produzir a reflexão para a tomada de decisões. Não podem existir somente para compor indicadores que, na maioria das vezes, têm servido para gerar competição entre escolas, ou ainda, para a mídia mostrar que a melhor escola é aquela com melhor índi- ce e a pior escola aquela com menor índice. A implantação de um sistema educativo competitivo pode aumentar as desigualdades sociais causando a exclusão e seleção dos alunos.

CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Além de investimento, precisa haver diálogo, leituras, análise, reflexão a partir dos resultados obtidos, das experiências vivenciadas para se elaborarem ações efetivas para que aconteçam mudanças. No caso das avalia- ções externas realizadas nas escolas, algumas perguntas seriam pertinentes: O que se ensina? Por que se ensina? Para quem se ensina? O que se espera com a avaliação aplicada? Avalia-se o que? Para quê? Qual o processo uti- lizado? Acontece a exclusão durante a sua verificação? A partir dessas reflexões, o professor, a escola ou o Estado teriam condições de ajudar no desenvolvimento intelectual dos alunos e na superação de suas dificuldades, bem como definir as prioridades do sistema educacional.

A Matemática, como relatado no início deste trabalho, tem uma importância indiscutível em nossa sociedade, em nosso dia a dia. É urgente uma avaliação e discussão sobre os níveis de proficiência dos alunos nas escolas e aquilo que se ensina e de como se ensina, buscando revisar, ou substituir ações para que se obtenham resultados melhores, mas principalmente para que a aprendizagem ocorra efetivamente.

Entende-se que são necessários diálogos, discussões sobre os métodos, os resultados e para um melhor entendimento de como essas políticas de avaliação são organizadas, quais os seus objetivos e a incidência delas no cotidiano das escolas. Reconhece-se que as ações precisam ser voltadas para o educar e não treinar, para o aprender a pensar, questionar, respeitar. Várias pesquisas têm mostrado que a preparação dos alunos, voltada para a avalia- ção externa, reduz a qualidade das escolas.

É preciso reavaliar as práticas, as didáticas, os caminhos que estão sendo percorridos para alcançar a qualidade. Avaliar o que está e como está sendo ensinado, o que pode ser diferente, quais os impasses e limitações, qual é o papel de cada sujeito envolvido no contexto da escola.

Toda análise realizada sobre os resultados da Prova Brasil devem ser realizados de maneira interligada com o plano de estudo da escola, com o trabalho realizado pelos professores e pela equipe diretiva e com as avalia- ções internas realizadas em sala de aula.

REFERÊNCIAS

D´AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: Da teoria à prática. Campinas, SP: Papirus, 1996.

INEP. Prova Brasil. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/saeb/aneb-e-anresc>. Acesso em: 06 jan.

PCNs: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais/ Secre-

taria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

SILVA, Luiz Carlos Marinho da. Análise do rendimento escolar de turmas do 9º ano no simulado de ma- temática da prova brasil: um estudo exploratório na rede pública municipal de Duque de Caxias/RJ. Disserta-

ção (Mestrado Profissional de Ensino das Ciências na Educação Básica). Duque de Caxias, 2010.

WERLE, Flávia Obino Corrêa (Org.). Avaliação em larga escala: foco na escola. São Leopoldo: Oikos; Brasília:

A AVALIAÇÃO NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2014-2024): EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS

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