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A PERSPECTIVA DO DIREITO À EDUCAÇÃO E A QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR Renata Penteado (Unespar – Campus União da Vitória)

renatapenteado1@gmail.com Vanessa Campos de Lara Jakimiu (Unespar – Campus União da Vitória) vanessajakimiu@yahoo.com.br

RESUMO

O presente estudo traz uma investigação acerca da qualidade do ensino ofertado nas Instituições de Ensino Superior, partindo da premissa de que o SINAES e seus resultados se constituem como uma referência para se pensar a qualidade no Ensino Superior. Metodologicamente adota os moldes da pesquisa teórico bibliográfica de cunho qualitativo. Do estudo empreendido é possível concluir que a educação é um direito de todo cidadão, garantido na Constituição Federal Brasileira, porém, infelizmente, a garantia de uma vaga em uma instituição de ensino não significa a mesma educação para todos, uma vez que cada Instituição de ensino oportuniza diferentes aprendizagens.

Palavras-chave: Educação. Ensino Superior. Avaliação Institucional.

INTRODUÇÃO

A educação é tema de debates e discussões em muitos países, e possui destaque nos documentos que re- gem as leis dos mesmos. Após muitas discussões e reformulações nas Constituições Federais, chega-se à Constitui- ção de 1988, a qual possui algumas emendas e está em vigor até a atualidade. Com relação a educação, destaca-se o art. 205, o qual menciona que o acesso à educação é um direito de todo cidadão, a qual deve ser fomentada pelo Estado, com apoio da família e da sociedade para o desenvolvimento pleno do indivíduo, visando a qualificação para o trabalho e preparando-o para o exercício da cidadania. (BRASIL/CF, 1988).

A educação é um instrumento significativo na formação do indivíduo e na construção de um cidadão crítico e consciente dos seus direitos e deveres.

O direito à Educação no Brasil tem se constituído pela via da obrigatoriedade o que implica na dupla responsabilidade: a) do Estado em garantir o acesso (vaga) e b) da família em matricular e acompanhar a frequên- cia dos filhos na escola.

A partir de 2009, com a promulgação da Emenda Constitucional 59, o ensino obrigatório passa a com- preender a faixa etária dos 04 aos 17 anos. Não entanto, a faixa etária não é o limite da norma, pois a Educação, conforme a LDB 9.394/96, é direito de todos inclusive daqueles que não tiveram acesso na idade própria, podendo inclusive, em qualquer tempo recorrer à justiça e exigi-la.

Para o ensino obrigatório não existe discriminação de idade, ou seja, jovem, adulto ou idoso tem direito e pode exigir perante as autoridades seu acesso à educação básica (CURY, 2011).

Sendo a educação um direito de todos os cidadãos brasileiros pressupõe-se que o mesmo seja usufruído de forma igualitária para todos independente da classe social que esteja inserido. Entretanto, há um distancia- mento entre a proclamação da lei e sua efetivação isto porque é preciso considerar que o Brasil é um país marcado pelas desigualdades, sendo assim, “... ter direito à uma vaga na escola não significa a mesma educação para todos, tendo em vista que diferentes escolas oportunizam diferentes tipos de aprendizagem.” (JAKIMIU, 2016, p. 259).

No que tange ao Ensino Superior, foco deste estudo, o mesmo está longe de se constituir como um direito, isto porque, o Estado sequer conseguiu suprir as demandas da Educação Básica (composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio). A educação de base, no sentido atribuído por Cury (2002) acrescido da equalização das oportunidades educacionais é que permitirá o acesso ao Ensino Superior.

ENSINO SUPERIOR E QUALIDADE: PONTOS E CONTRAPONTOS

A educação superior tornou-se uma possibilidade de busca de conhecimento oferecida à população com faixa etária média de 18 a 24 anos, encarada como um complemento da formação integral do indivíduo e na con- cretização da cidadania. (FERREIRA, 2014).

Muitas são as discussões referentes ao acesso Educação, porém, ainda há um desafio em torno da defini- ção de padrões que garantam e mensurem a qualidade da educação que é ofertada nas Instituições de ensino. No que se refere à qualidade educacional, reportamo-nos ao inciso VII do art. 206 da Constituição Federal de 1988, que estabelece ser dever do Estado a garantia de uma educação de qualidade. Assim como o art. 211 que garante o nivelamento das oportunidades educacionais e um padrão mínimo de qualidade no ensino. (Brasil/C.F., 1988).

Oliveira e Araújo (2003) afirmam que no Brasil, nunca houveram discussões consistentes sobre o assun- to, os políticos brasileiros priorizam a construção de escolas, para comportar todos os cidadãos em idade escolar, sem se preocupar com a qualidade do ensino que seria ofertado nestes locais.

Oliveira e Araújo (2003) apontam que o Brasil vem seguindo os moldes dos Estados Unidos, utilizando testes em larga escala para mensurar a qualidade da Educação. Os testes em larga escala em sua maioria, aferem a capacidade cognitiva dos alunos e são frágeis por desconsiderar o ponto de partida dos sujeitos e o contexto e as condições objetivas em que se dão os processos formativos nas diferentes etapas da educação.

À vista deste cenário onde há o predomínio de testes padronizados, Gadotti (2013), posiciona-se contra aqueles que enxergam a educação apenas como um instrumento econômico, que defendem a qualidade da educação apenas visando os resultados que surgirão mediante os investimentos.

É importante destacar a atenção dispensada na legislação e nas Políticas Públicas no que tange ao direito à Educação a todas as classes populacionais brasileiras. Uma vez que as ações do Estado tem privilegiado o acesso em detrimento da permanência do alunado nos ambientes escolares e sobre a qualidade do ensino ofertados nestes locais.

Cury (2002), em suas teorizações pontua que a busca e a manutenção na qualidade do ensino é uma grande responsabilidade frente aos desafios da sociedade contemporânea, pois exige um conjunto esforços que sejam capazes de possibilitar aos indivíduos situações que os façam sentir-se como participantes do mundo que estão inseridos.

Muitas foram as avaliações elaboradas para o ensino superior, mas a utilizada atualmente é o Siste- ma Nacional de Avaliação do Ensino Superior – SINAES. Segundo Polidori (2009), a proposta do SINAES foi transformada na Lei nº 10.861, instituindo o Sistema como principal mecanismo de avaliação da qualidade do Ensino Superior no Brasil. A proposta deste sistema é que as IES passem por um ciclo completo de avaliação, que compreende três pilares: avaliação institucional, avaliação de cursos e avaliação do desempenho dos estudantes. Entretanto, este ciclo não é linear, cada pilar se difere de uma instituição para outra.

O SINAES busca analisar dentro das IES a política para o ensino, a pesquisa e a extensão; o plano de desenvolvimento institucional; a responsabilidade social da instituição; comunicação e compromisso com a so- ciedade; corpo docente e administrativo atuante na instituição; infraestrutura física; planejamento, avaliação e gestão; política de atendimento estudantil e sustentabilidade financeira. (BRASIL, Lei nº 10.861, 2004).

O SINAES ressalta a auto avaliação e destaca a importância da participação acadêmica durante todo o processo. O grande mérito desse sistema é não pontuar prioridades nos critérios de avaliação, ou seja, não valori- zar apenas as atividades de ensino, e sim todos os mecanismos e funções que compõem uma IES. (ELPO, 2004). Neste sentido, transcender os aspectos cognitivos, é, ainda com as existentes fragilidades um importante meca- nismo para realizar uma avaliação mais completa e condizente com a realidade das Instituições.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do estudo empreendido, foi possível constatar que a educação é um direito de todo cidadão, garantido na Constituição Federal Brasileira. Porém, infelizmente, a garantia de uma vaga em uma instituição de ensino não significa a mesma educação para todos, uma vez que cada Instituição de Ensino oportuniza diferentes apren- dizagens. No que tange a educação superior, portanto, este direito está longe de ser efetivado, uma vez que o ingresso em uma instituição de ensino superior se dá pela lógica da meritocracia, já que pressupõe a “capacidade do indivíduo.”

No que se refere a qualidade no ensino, esta é medida perante o desempenho dos alunos em testes pa- dronizados, em que o foco principal é alcançar índices pré-estabelecidos e uma boa colocação em rankings mun- diais, anulando os ideais de que uma educação de qualidade se faz perante o acesso e permanência dos alunos nos locais de ensino, além de uma aprendizagem significativa, buscando a formação de um cidadão crítico e reflexivo.

Além disto, pode-se constatar que a qualidade na educação é aferida mediante avaliações, no ensino superior utiliza-se o SINAES, o qual configura-se como um importante mecanismo para regular e nivelar a educa- ção superior no território nacional, avaliando não apenas o desempenho acadêmico, mas a instituição de ensino superior em todas as suas nuances.

REFERÊNCIAS

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em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 de fevereiro de 2017. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/

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CURY, Carlos Roberto Jamil. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cadernos de Pesqui- sa, Minas Gerais, n. 116, p.245-262, jul. 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=s-

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ELPO, Mirian E. H. Collares. Avaliação da Extensão Universitária na Proposta do SINAES. In: Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2, 2004, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte, MG: UFMG, 2004, s/p.

Disponível em: < https://www.ufmg.br/congrext/Avalia/Avalia1.pdf>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2017 FERREIRA, Maria Gorete. Direito à educação e política pública de acesso ao Ensino superior: um debate sob a perspectiva dos beneficiários do PROUNI. 2014, 197 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Mestrado em

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POLIDORI, Marlis Morosini. Políticas de avaliação da Educação Superior Brasileira: PROVÃO, SINAES, IDD, CPC, IGC e... outros índices. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 14, n. 2, p. 267-290, jul. 2009. Disponível

AVALIAÇÃO DE UNIVERSIDADES: INDICADORES CONDICIONANTES DO PROCESSO EM

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