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Contribuições das TIC para a aprendizagem na Educação Inclusiva

A escola é o espaço de construção do homem enquanto ser único, repleto de especificidades, desejos e necessidades, seja de caráter físico, intelectual e/ou social. Para tal cumprimento deve atender as demandas individuais e coletivas, sendo o ponto de equilíbrio e de encontro entre diversas concepções e visões de busca, alcance e ampliação da capacidade de comunicação e interação humana, ou melhor, é um espaço destinado à inclusão, propriamente dita. Sobre inclusão social, o autor afirma que:

[...] é o processo pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram adaptar-se mutuamente tendo em vista a equiparação de oportunidades e, consequentemente, uma sociedade para todos. A inclusão (na sociedade, no trabalho, no lazer, nos serviços de saúde, etc.) significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades da pessoa com deficiência para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos de sua vida (SASSAKI, 1997, p. 168). Neste sentido a escola é o espaço promotor da inclusão e da construção de saberes, que necessita de uma reestruturação em sua filosofia e organização de modo a desenvolver um novo modelo educacional, que requeira atores e docentes preparados para atuar numa realidade pautada na diversidade, desenvolvendo práticas pedagógicas que permitam diferentes modos de aprender e ensinar, contrária a cultura escolar excludente, seletiva e homogeneizadora, desenvolvida ao longo da história. Fundamentando a necessidade de construção de uma escola verdadeiramente inclusiva, o autor diz que:

O princípio básico da inclusão escolar consiste em que as escolas reconheçam diversas necessidades dos alunos e a elas respondam, assegurando-lhes uma educação de qualidade que lhes proporcionem aprendizagem por meio de um currículo apropriado e promova modificações organizacionais, estratégias de ensino e uso de recursos, dentre outros quesitos (UNESCO apud MENDES, 2002, p. 290)

Em um cenário educacional em que a inclusão se faz presente a cada instante é necessário o entendimento de alguns conceitos sobre as deficiências, intelectual e auditiva, e os transtornos globais de desenvolvimento, em especial o autismo, para facilitar um maior conhecimento por parte dos professores quanto às especificidades do alunado, docentes que, em sua maioria, não foram capacitados para a educação na perspectiva da diversidade.

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O termo deficiência intelectual ou atraso cognitivo é usado quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento mental, lentidão na aprendizagem, e/ou no desempenho de suas tarefas com autonomia: comunicação, cuidados pessoais e relacionamento social. Essa compreensão é facilitada a partir do conceito assim definido pela Associação Americana sobre Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento (AAIDD): “Deficiência caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, como expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos de idade.” (LUCKASSON; COLS, 2002, apud CARVALHO; MACIEL, 2003, p.150).

A condição de deficiência não impossibilita o aluno a estar inserida num contexto inclusivo e social de respeito à diversidade, numa proposta educacional em que o aluno com deficiência será oportunizado a vivenciar experiências de aprendizagens com diversos recursos que amenizem suas limitações e necessidades, em ambientes que favoreçam o desenvolvimento de suas habilidades e potencialidades. Assim relata o autor:

Não existem “receitas” prontas para o trabalho com alunos tanto com deficiência intelectual, ou com outra deficiência, quanto com os sem deficiência. Devemos ter em mente que cada aluno é um e que suas potencialidades, necessidades e conhecimentos ou experiências prévias devem ser levados em conta, sempre (HONORA; FRIZANCO, 2008, p.107). O quesito primordial para o trabalho com pessoas com deficiências é o respeito às diferenças e a credibilidade no potencial de cada um, independente da nomenclatura dada e/ou grau de comprometimento, promovendo um ambiente harmonioso de troca de conhecimento e interações que venham a gerar aprendizados, por meio da afetividade e das diversidades de tecnologias que facilitam a vida do homem moderno.

Santos (2006, p.122) afirma que as TIC, quando inseridas nas salas de aula, tornam-se ferramentas de grande sucesso, pois se assumem como: “[...] um precioso e inestimável coadjuvante do professor no domínio da motivação dos alunos. Com efeito, elas conseguem transportar a realidade para dentro da sala de aula e, por isso, criar

contextos de comunicação real.”

Uma abordagem inovadora do ensino contextualizado por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação- TIC que concilia finalidades de desenvolvimento pessoal, laboral e social, pois torna o aluno apto a adquirir suas próprias aprendizagens e aumentam o acesso, a eficiência do acesso e a qualidade do processo de ensino- aprendizagem. “A utilização das Novas Tecnologias na Educação Especial é acima de tudo mais um conjunto de estratégias, cuja avaliação terá de ser validada em função do contexto específico de aplicação e não por si mesmas” (RODRIGUES et. al., 1991, p. 115).

Assim, a utilização planejada das TIC na Educação Especial, bem como em toda e qualquer extensão da Educação Básica, vem viabilizar e incentivar, com maior firmeza e prontidão, os processos de ensino e aprendizagem a partir da promoção de práticas inovadoras de comunicação e de interação, veiculadas à transmissão de conhecimento e aquisição de saberes significativos, tudo isso imerso ao universo tecnológico, que não

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foge à realidade e faz parte da vivência do aluno, quesito a mais na motivação da aprendizagem.

Pensar na utilização das TIC na Educação Inclusiva nada mais é do que pensar em equalizar oportunidades, credibilizar o potencial dos alunos com ou sem deficiências, desenvolver capacidades cognitivas a partir da interação em diferentes níveis intelectuais marcados por laços de cooperação, de diálogo, de valorização das diferenças individuais que promova o bem-estar social entre os participantes do meio social. Para que haja essa promoção são necessárias novas posturas que deem sustentabilidade as ações de efetivação da construção de aprendizagens significativas para os alunos, com ou sem deficiências. Esteve (1999, p.96) relata que:

[...] as atitudes dos professores e da sociedade são fundamentais para realizar as reformas que se projectam. Na atitude dos professores perante as reformas e no apoio da sociedade está a chave para as levar a bom termo. Sem o seu incondicional apoio não passarão do terreno das disposições legais ao terreno da realidade: o trabalho quotidiano nas salas de aula.

Promovendo situações pautadas nos modelos já citados, direcionadas por professores conscientes do papel de mediação a ser cumprido, a inclusão escolar se cumprirá da forma como está explicitada na literatura e legislação, levando em conta a diversidade no meio social, comprometida com os ideais de formação humana que prima por igualdade, autonomia e respeito às diferenças. A ideia é a promoção de ambientes que oportunizem aprendizagens satisfatórias em que o sujeito não se restrinja à nomenclatura de uma deficiência, mas que ela sirva de norte para projetar, a partir do uso das TIC e inúmeras possibilidades pedagógicas, as condições que oportunizem o aprender a viver, o a prender a fazer, o aprendera viver e conviver, numa perspectiva lúdica da construção de saberes, autonomia e criticidade diante das adversidades surgidas no decorrer do processo de efetivação da inclusão.

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