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Inserção do ensino de língua inglesa em escolas rurais

A concepção de rural representa uma perspectiva política presente nos documentos oficiais, que historicamente fizeram referência aos povos do campo como pessoas que necessitam de assistência e proteção, na defesa de que o rural é o lugar do atraso. Trata-se do rural pensado a partir de uma lógica economicista, e não como um lugar de vida, de trabalho, de construção de significados, saberes e culturas (PARANÁ, 2006).

Já a concepção de campo não se refere apenas à localização espacial e geográfica, mas também às particularidades dos sujeitos: “Trata-se do campo como lugar de trabalho, de cultura, da produção de conhecimento na sua relação de existência e sobrevivência.” (PARANÁ, 2006). Este conceito foi cunhado pelos movimentos sociais, e a perspectiva da educação do campo está diretamente relacionada a ele. Entre as características desta perspectiva estão algumas concepções chave.

É fácil de identificarmos que ensino da língua inglesa, no cenário brasileiro, não tem sido uma atividade fácil. Vários são os motivos que dificultam o ensino desse idioma, principalmente no que se refere ao contexto da escola pública, onde percebemos que o nível de proficiência dos alunos é bastante heterogêneo, as salas apresentam um número elevado de alunos e, além disso, há uma escassez de recursos didáticos destinados ao ensino de LEs; agora imaginemos essa realidade atrelada a questão territorial, onde crianças e adolescentes tenham essa disciplina ministrada em ambientes de zona urbana, onde a disponibilidade e acessibilidade de material se torna ainda mais difícil.

Os padrões de ensino variam de escola para escola, pois o professor deve orientar crianças de todas as idades/séries dentro de uma sala e independentemente de sua área de competência principal. A qualidade das instalações nas escolas de uma sala varia de acordo com as condições econômicas locais, mas, geralmente, o número de crianças em cada nível varia com as populações locais. A maioria dos edifícios das escolas rurais são de construção simples; contudo, é preciso ressaltar a necessidade de o professor usar de sua dinamicidade e criatividade para aplicar metodologias que valorizem e priorizem a significância do ensino de Língua Inglesa para alunos que estão em escolas rurais.

O processo de ensino e aprendizagem da Língua Estrangeira, tratada a partir de agora como LE, nas escolas públicas do Brasil não tem apresentado resultados

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satisfatórios. O que se percebe é que esse ensino se efetiva apenas nos cursos livres de idiomas. Contudo, o acesso a essas instituições é limitado a uma classe mais privilegiada. Entretanto, o ensino de LE nas instituições públicas rurais deve ser foco constante de discussões sobre as causas dessa deficiência, elas também apresentam questões que tentam explicar seu fracasso.

Para Moita (1996), existe a ideologia da falta de aptidão do aluno de escolas rurais no que tange ao aprendizado de línguas estrangeiras. Enfatiza ainda que, autores apontam a sociologia, a psicologia e a educação como auxiliares na criação de conceitos de cunho ideológico que mascaram o fracasso do ensino como sendo o reflexo da condição social do aluno. O autor revela que essas afirmações contribuem para que a crença dos professores de que a condição social do aluno de instituições públicas impossibilita a expansão do conhecimento linguístico se perpetue.

Leffa (2005) aponta para a falta de parâmetros metodológicos como sendo os responsáveis pelo fracasso do aprendizado de LE nas escolas rurais. Sublinha que, é observável a tentativa frustrada de se aplicar o método conhecido como Gramática e Tradução. Esse método apresenta a LE de maneira fragmentada por meio de frases desvinculadas de significado. Os objetivos para os quais o aluno deveria estudar a LE, também é apontado por esse autor como estando completamente dissociados do contexto social em que o aprendiz se encontra. Dessa forma, o ensino e aprendizagem de LE torna- se insignificante para o aprendiz das escolas rurais.

Em relação ao ensino da pronúncia, Poedjosoedarmo (2004) aborda os motivos pelos quais ela acredita que se deve ensinar a pronúncia, mesmo quando ela é considerada desnecessária tendo em vista a quantidade de sotaques existentes. Toma por ponto de partida o ensino da Língua Inglesa que, atualmente, está sendo cada vez mais utilizada em esfera global. Ressalta que as pessoas aprendem a falar inglês para se comunicarem com pessoas que estejam também aprendendo a falar esse idioma e não, necessariamente porque estão migrando para países que falam essa língua.

O ensino da pronúncia é necessário porque possibilita maior coerência na comunicação entre os falantes, pois, se cada um possuir a pronúncia que lhe aprouver, essa comunicação falha, não se completa. Outro fator que justifica a importância de se ensinar a pronúncia é o de que, o estudante ao aprender a pronúncia adequada, não se constrange diante de situações em que a requeiram de forma no mínimo satisfatória. O estudante poderá sair bem melhor numa situação em que deverá conduzir a comunicação de forma parcial ou totalmente no idioma inglês.

O ensino tem a prioridade de levar o falante ao melhor nível possível de apreensão da Língua Inglesa para que possa causar a melhor impressão possível no ouvinte. Quando se aprende a pronúncia de forma adequada, esse falante poderá, por exemplo, participar de uma entrevista sem maiores constrangimentos.

As Diretrizes Curriculares da Educação do Campo colocam como problemáticas centrais a serem abordadas nos conteúdos escolares os seguintes tópicos:

• trabalho: divisão social e territorial; • cultura e identidade;

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• questão agrária;

• desenvolvimento sustentável;

• organização política, movimentos sociais e cidadania.

Para cada um destes tópicos há sugestões de abordagens que possibilitem debates, com o objetivo de auxiliar o aluno na reflexão e produção de conhecimento. Em seguida, são colocadas como alternativas metodológicas a articulação das disciplinas da Base Nacional Comum com a realidade do campo, o trabalho com temas geradores e até mesmo a criação de disciplinas na matriz curricular.

É importante ressaltar, e o próprio documento afirma mais de uma vez, que a realidade do campo deve ser sempre o ponto de partida, e que para chegar à produção de conhecimento é preciso incentivar a pesquisa, é preciso “desenvolver uma cultura de “indagações” que leve à superação do modo tradicional, autoritário e enciclopédico do fazer pedagógico” (PARANÁ, 2006, p. 47).

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