• Nenhum resultado encontrado

As TIC e o processo de aprendizagem de alunos com deficiência num contexto escolar inclusivo da Educação Básica

De acordo com os dados coletados, o uso planejado das TIC promove vínculos de aprendizagem relacionados à intimidade, às necessidades diárias e aos interesses de comunicação e interação dos alunos, pois ampliam oportunidades de reconhecimento do ser, enquanto protagonista de saberes próprios e construídos coletivamente, num cenário escolar que prima pelo desenvolvimento de saberes e igualdades. Os sujeitos envolvidos na pesquisa ao relatarem as suas experiências com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na Educação Inclusiva reforçam o que foi dito anteriormente pelos teóricos:

Antes das TIC, os contatos visuais e afetivos entre os alunos eram pouco significativos, pois a interação entre os participantes, professor e aluno, era mínima. Três dimensões foram fortalecidas com essa inserção: dedicação, ao que estava sendo desenvolvido; paciência, diante da metodologia planejada para o momento e o afeto, que sensibilizou os envolvidos e tornou a aprendizagem significativa (DOCENTE B)

O uso das TIC no espaço da escola tem gerado profundas discussões, pois há a percepção da necessidade de uma reavaliação e reorganização curricular e didática que busque adequar à prática docente às necessidades dos alunos e às evidências da tecnologia que tanto influenciam a vida do ser, redesenhando assim uma nova postura pedagógica que privilegia um conhecimento e uso constante dessas tecnologias por parte do professor, numa nova postura reflexiva, assídua e consciente dos envolvidos, indivíduo, professores, gestão e comunidade escolar. As respostas analisadas fazem crer que a percepção dos docentes quanto ao uso das TIC na educação inclusiva e à formação docente voltada para isso é fatídica e torna-se a cada dia uma prática escolar que contribui com o desenvolvimento pessoal, intelectual e afetivo, a partir do fortalecimento e desenvolvendo dos níveis de autonomia e saber do educando com deficiência, favorecendo-lhe uma aprendizagem significativa e satisfatória, e consequentemente, uma melhor qualidade de vida, social e familiar.

É necessário salientar que o uso dessas TIC no contexto escolar não é a solução para todos os dilemas da aprendizagem de pessoas com deficiência, entretanto é um meio

161

para se alcançar os objetivos e propostas de uma verdadeira educação, através do desenvolvimento de posturas conscientes de equalização de oportunidades e respeito à diversidade humana.

Um professor respondeu que não existe uma receita pronta para se alcançar tamanha proeza, mas existe a disponibilidade e vontade de construir uma prática educacional na qual esteja enfatizado o reforço das potencialidades e habilidades dos alunos, independente da condição de deficiência, adaptando recursos pedagógicos e tecnológicos às peculiaridades e necessidades de aprendizagem (DOCENTE A).

O Docente D citou a necessidade da conscientização por parte dos professores da valorização de uma prática pedagógica marcada por ações voltadas ao desenvolvimento e construção de aprendizagens significativas que propiciem ao aluno uma melhor qualidade de vida. E ao professor uma reciclagem constante da própria formação profissional, atualizando-se e modernizando-se para o uso de novas ferramentas e estratégias que alicercem uma escola verdadeiramente inclusiva e de qualidade.

Utilizar as TIC na rotina da escola é pensar em desenvolver competências e habilidades favoráveis a uma educação para a vida. Em sintonia ao que foi visto durante o desenvolvimento da pesquisa, Valente (2001, p. 39) afirma que:

A escola passa a ser vista como um ambiente de construção de conhecimento em cada aluno- do mais talentoso ao mais comprometido do ponto de vista sensorial ou intelectual- desenvolve suas potencialidades. Assim, deixa de existir discriminação de idade ou de capacidade: todos estão aprendendo juntos, conteúdos acadêmicos e interação social.

Uma escola desafiadora e inclusiva que busca a construção de conhecimentos em todos os aspectos da vida humana, que validem as diferentes vivências do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e sejam capazes de despertar uma consciência crítica e cidadão, que promova uma educação inovadora e de qualidade, independentemente da situação de deficiência ou não.

Considerações Finais

O desenvolvimento desta pesquisa possibilitou algumas considerações conclusivas acerca do apoio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para o processo de aprendizagem de alunos com deficiência, num contexto escolar inclusivo, na percepção dos docentes.

A pesquisa visou conhecer os desafios de aprendizagem de alunos com deficiência. Sob esse aspecto, percebeu-se que são pontuados a partir da observação diária e minuciosa do aluno em aprendizagem, tomando como referência o nível de conhecimento anterior à intervenção e não o que está pré-determinado por algum modelo convencional. Com esse conhecimento será possível redesenhar um modelo de escola que desenvolva uma prática docente de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), que almeje o alcance de uma aprendizagem satisfatória e mais concreta.

162

Atividades essas que necessitam ser planejadas e organizadas antecipadamente pelo professor, que também deve ter o domínio dessas ferramentas e tomá-las como válvula impulsionadora do processo de aquisição de novos saberes, desenvolvimento de potencialidades e a descoberta de habilidades essenciais à construção da autonomia e amadurecimento dos processos cognitivos, comunicativos e sociais nos alunos incluídos. Ao refletir acerca do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e como elas podem equalizar oportunidades de aprendizagens para os alunos com deficiências foi observado que a sua utilização na rotina da escola inclusiva possibilita o acesso diversificado ao conhecimento através de metodologias e abordagens que respeitem às diferenças de ritmo e de aprendizagem de cada aluno e que sejam planejadas individualmente a partir das necessidades de cada um.

Ao procurar responder à questão norteadora desta investigação acerca de como as TIC podem contribuir para o processo de aprendizagem de alunos com deficiência num contexto inclusivo da Educação Básica, foi possível observar que para essa conquista é necessário a existência de professores atuantes e dinâmicos que, por meio da inserção delas na prática docente, possibilitará a consolidação de um cenário escolar apto à promoção de oportunidades que ampliem as potencialidades e habilidades, os limites, os ritmos e as necessidades de cada envolvido no processo de ensino e aprendizagem.

Além propiciar o espaço para reflexões e intervenções positivas na vivência de experiências, sem espaço para o medo, para o preconceito ou quaisquer posturas de discriminação ou descrédito ao potencial do ser em formação, num cenário educacional que valorize e respeito à dádiva do bem viver. Contudo, observou-se a partir da realização desta, que a escola de hoje caminha cautelosamente para a construção de um perfil considerado “ideal”, em especial a escola que sediou a pesquisa, pois busca desenvolver uma prática institucional que valoriza e respeita o aluno, enquanto ser em formação, com ou sem deficiência, promovendo a ampliação de aprendizagens significativas por meio das TIC.

E ao professor cabe desenvolver a sensibilidade humana necessária à percepção do aluno em suas múltiplas faces, envolvido em necessidades próprias de aprendizagem, de comunicação e de interação, que vai além da deficiência. Docente este que, apesar de não possuir conhecimento aprofundado, em sua maioria, em relação à utilização das TIC no processo de ensino e aprendizagem, possui habilitação para o exercício do magistério, sendo, portanto, capaz de promover e mediar ações, intervenções e posturas que venham a gerar uma melhor qualidade de vida.

Concluiu-se, portanto, que o apoio significativo das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para a viabilização do processo de ensino e aprendizagem de alunos com deficiências, num contexto escolar inclusivo na percepção dos docentes, pode transformar a escola inclusiva num espaço de reflexão e busca de novos caminhos que propiciem essas aprendizagens, direcionando um olhar de descobertas por parte dos professores, que possibilite o conhecimento das necessidades de aprendizagem, de comunicação e de interação do discente, sendo alicerce para a construção de uma educação de qualidade. Considerou-se que os objetivos estipulados pela pesquisa foram alcançados e espera-se que esta colabore para a conscientização da necessidade de maiores investimentos na formação de professores, no investimento do sistema

163

educacional, no tocante à disponibilização de recursos financeiros para aquisição de aparatos tecnológicos que compõem as TIC, e acima de tudo, para compreender que o uso delas facilita significativamente a construção de saberes e aprendizagens das pessoas com deficiência, atendendo assim as expectativas planejadas.

Referências

ARANHA, Márcio Iório. Sentidos da globalização: globalizações informativas, da informação e cultural. Brasília: Anatel, 2002.

BORGES NETO, H. Uma classificação sobre a utilização do computador pela escola. Fortaleza, Revista Educação em Debate, ano 21.v.1. n.27.1999.

BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas

especiais. Brasília: UNESCO, 1994. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em 5 maio 2014. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96. Brasília. 1996. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9394.htm. Acesso em 23 jun. 2014.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva. 2008. Ministério da Educação. Disponível em:

http://www.portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf.aee.da > Acesso em 8 jun 2014.

BRASIL, Decreto-Lei nº3 de 2008, DR: I Série, nº4 de 7 de janeiro de 2008. Ministério da Educação. Disponível em: http://www.inr.pt/bibliopac/diplomas/dl_3_2008.htm> Acesso em 1 jun 2014.

BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Disponível em http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>. Acesso em 5 abril 2014.

CARVALHO, Maria de Fátima. Buscando outras formas de compreender a deficiência mental: as contribuições de Lev Vygtsky. São Paulo: [s.n.], 2003.

CORRÊA, Juliane. Novas tecnologias da Informação e da Comunicação; novas estratégias de ensino/ aprendizagem. In: COSCARELLI, Carla Viana (Org.). Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002, p. 43-50.

DELORS, J. Educação um Tesouro a Descobrir. Colecção Perspectivas actuais, 1996. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Séc. XXI: Edições Asa.

164

HONORA, Márcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Esclarecendo as deficiências: Aspectos teóricos e práticos para contribuir com uma sociedade inclusiva. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão promove justiça. In: Nova Escola. São Paulo, Ano XX, nº182, p.24-26, maio/ 2005. Entrevista concedida a Meire Cavalcante.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 3.edição. São Paulo: Atlas, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais – orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEESP, 2006.

BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. (Conferência de Jomtien – 1990) MENDES, E. G. Perspectivas para construção da escola inclusiva no Brasil. In: PALHARES, M. S.; MARINS, E. S. C. F. (org.). Escola Inclusiva. São Carlos: EduFSCar, 2002. p. 61-85.

MINAYO, M. C. de S. (org.). O desafio da Pesquisa Social. In: MINAYO, M. C. de S.; DESLANDES, S. F.; GOMES, R. (org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 30. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

MORAN, José Manuel. Perspectivas (virtuais) para a educação. Cadernos Adenauer, v. 4, n. 6, p. 31-45, abr. 2004.

VALENTE José Armando (org.). Liberando a mente: computadores na educação especial. Campinas: UNICAMP, 1991.

MORGADO, J. Qualidade, inclusão e diferenciação. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada, 2003.

PAPERT, Seymor. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

RODRIGUES, R. S.; BARCIA, R. M. Modelos de Educação a Distância. Disponível em:<http://www.nead.ufmt.br/documentos/Modelos_de_EAD_-_Rosangela09.doc>. Acesso em: 5 abr. 2019.

SANCHES, N. A informática e a comunicação: O visualizador da fala- um instrumento ao serviço da educação de treino da fala. In: IV encontro nacional de educação especial: Comunicações (p. 121-128, 1991). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

165

SANTOS, J. A escrita e as TIC em crianças com dificuldades de aprendizagem: um ponto de encontro. 2006. 268f. Dissertação (Mestrado em Educação especial). Braga: Universidade do Minho. 2006.

SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora EWA, 1997.

STRAUB, Sandra Luzia Wrobel. O computador no interior da escola pública: avanços, desafios e perspectivas do/no ProInfo. Florianópolis: UFSC, 2002. 124f. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação, em Educação, Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de santa Catarina, Florianópolis, 2002.

166

Capítulo

11

Ensino Médio e novas tecnologias: a Olímpiada

Outline

Documentos relacionados