Maria Érica de Oliveira Lima
15 a cultura é vista como uma instância simbólica da produção e reprodução da sociedade.
tratando da valorização do conteúdo local e também regional. As TVs de Portugal eram, e ainda são, concentradas com sede em Lisboa, com alguns escritórios na cidade do Porto. Uma programação padrão para todo o território nacional. Não havia sistema de afiliadas, ou mesma emissoras regionais. Ao que competiu ao processo de internacionalização, a RTP estava muito bem representada pelos ca- nais destinados aos países africanos de língua portuguesa e também no canal a cabo destinado às várias comunidades lusitanas fora do país.
Sintetizamos algumas conclusões:
1. O processo de regionalização no campo da mídia televisiva (abertura de novas TVs nas diversas re- giões do país) não aconteceu em Portugal. Foi um processo adiado por falta de interesse político. 2. A RTP não é uma mídia regional. Porém, possui delegações e correspondentes. Mas não há produ- ção completa produzida noutras cidades, fora da capital. Mas, registramos o programa “Regiões”, da RTP1, no qual enfatiza informações por todo o país. Onde se juntam o Centro de Produção do Porto e os Centros de Emissão Regional de Bragança, Coimbra, Castelo Branco, Évora e Faro, além das delega- ções de Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. Também há participação da RTP-Açores e a RTP Madeira. 3. Apesar da RTP não ser considerada uma mídia televisiva regional, mantém a RTP-Açores e RTP- -Madeira, cujas programações possuem o “Bom dia Açores” e o “Bom dia Madeira”, cujas produções são desenvolvidas em âmbito local e regional;
4. O grupo RTP já nasceu nacional;
5. O canal RTP é generalista, com componente comercial, privilegia a ficção nacional e informação, desporto e entretenimento. É o canal nacional;
6. O canal Dois é especializado, um serviço alternativo aberto à sociedade civil. Apresenta programação diversificada no âmbito da instrução sob as vertentes humanas, social, artística, cultural e intelectual. Também um canal nacional;
7. A RTP Internacional foi criada em 1992 como o primeiro canal em língua portuguesa. É o momen- to do processo de globalização do grupo estatal português;
8. RTP N representa a evolução das novas tecnologias, quando o gurpo RTP investe no canal a cabo. Surge então com um novo conceito e com uma nova programação unindo o nacional com o regional, através do que chamamos programação de proximidade, ou seja, a cada região através de conteúdos que lhe são específicos;
9. O sistema midiático televisivo em Portugal, no caso a RTP, tende a expandir, caso haja interesse político e empresarial. Caberia o sistema de TVs afiliadas nas principais cidades do país e investimento em produção local e regional.
Portanto, o trabalho de pesquisa evoluiu na condição também de registro e acompanhamento diário sobre notícias da RTP e suas possíveis evoluções, disputas políticas internas. Também priorizou a pesquisa bibliográfica, entrevistas de acadêmicos, tendo cumprido ao longo dos meses, a metodologia dentro das técnicas propostas.
Com este tema e objeto por mim escolhido, que teriam de ser investigado em Portugal, me ajudou, profundamente, na reflexão teórica da minha tese no Brasil. O acolhimento da Universidade Fernando Pessoa, no tocante à moradia, biblioteca, gabinete de estudo, e as orientações do prof. Jorge Pedro Sou- sa, foram de extrema importância para a minha maturidade não só acadêmica, como também pessoal. Na época eu não frequentei aulas propriamente ditas na UFP, porque o projeto de pesquisa compreen- dia somente a parte teórica. No entanto, foi demasiadamente rico participar dos encontros oferecidos no campus da Universidade, sobre diversos assuntos envolvendo cultura, arte, religião. O Congresso de
Comunicação que aconteceu em março de 2005, com a participação dos colegas da Galícia. Enfim, o aproveitamento do tempo para a pesquisa do artigo sobre a RTP, sobre minha tese no Brasil, e a vivên- cia cultural e humanística em Portugal, foram de uma riqueza única.
Referências
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Resumo curricular da autora
Maria Érica Lima
Professora Associada do curso de Jornalismo e do Programa de Pós- graduação em Comunicação, Universidade Federal do Ceará. Pes- quisadora na área de Mídia e Jornalismo regional, Cultura popular, Indústrias culturais. Conselheira da Rede de Estudos e Pesquisa em Folkcomunicação. Pesquisadora dos grupos (Ecomsul – Epistemo- logias e Práticas transformadoras e Emergentes em Comunicação, Culturas e Mídia, UFRN) e EMERGE - Centro de Pesquisas e Pro-
dução em Comunicação e Emergência, UFF. Jornalista e autora do