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Historiografia local

No documento Jornalismo e Estudos Mediáticos (páginas 42-45)

Gustavo dos Santos Fernandes

3. Historiografia local

O município de Ielmo Marinho não teve em sua formação, a unidade tradicional de uma cidade, tanto que não o era até 1963, quando por meio da lei nº 2.909 foi dado à sua emancipação política. Fer- nandes (2013) afirma que antes disso a cidade já havia pertencido ao território de outros municípios vizinhos mais influentes. Essa formação descentralizada deu origem a uma característica peculiar do local, sua fragmentação em vilas e distritos. Fernandes (2013: 36) no poema “Linda conquista” revela a trajetória do processo de emancipação política da cidade:

Se tornando independente, / assim vem se resumindo, / sua linda trajetória. / É Ielmo Marinho / 50 anos de história. /

Nos anais da escrita / se chamava Poço Limpo. / Terra de gado, plantio e fartura. / Natal é integrada a essa história. / Não passa muito tempo, é de São Gonçalo agora. /

A Macaíba também pertenceu, / e em 1943 São Paulo do Potengi tem sua vez. / Depois de 20 anos, /

em 1963 Ielmo Marinho / se torna independente de vez.

A localidade de paisagem agradável, boa para a produção agrícola e adequada para pecuária, chamada de Poço Limpo já existia em 1850, desde cedo experimentava sinais de progresso. Com terras boas para o gado e para o plantio, Poço Limpo, às margens do Rio Potengi, mantinha uma atividade intensa, com muita fartura, festividade e crescimento, no final do século XIX e no início do século XX, se tor- nando, verdadeiramente, um povoado importante na região (Nobre, 1971)2.

Cavalcanti (1914) corrobora explicando nos “Contos do Agreste” que seus fatos históricos mais inten- sos são datados dos finais do século XIX, por volta de 1877 e primeiras décadas do século XX, atraves- sando fase de alegria e fartura, num ambiente verdejante e ridente.

A antiga povoação de Poço Limpo, ao longo de sua história, foi integrada ao território de vários mu- nicípios. Primeiro, foi parte das terras que pertencem a Natal; depois passou a ser um dos dezoito po- voados do município de São Gonçalo do Amarante, no ano de 1932, em época de euforia econômica e social.

Em seguida passou a pertencer também a Macaíba, mas logo foi vinculado diretamente ao recém-cria- do município de São Paulo do Potengi, no ano de 1943, e vinte anos depois, em 27 de agosto de 1963, através da Lei número 2.909, o povoado desmembrou-se de São Paulo do Potengi e tornou-se o novo município de Ielmo Marinho.

A decisão de escolher o nome Ielmo Marinho, vem a ser uma homenagem a um ilustre filho da terra, muito querido na localidade, que durante muitos anos dedicou-se a comunidade. O nome do muni- cípio foi proposto pelo deputado Manoel Gurgel, em homenagem a um jovem líder que não se en- contrava mais presente entre os demais aos 25 anos de idade. Ielmo Marinho de Queiroz (1933-1958)

2 Em 1877, o historiador Manoel Ferreira Nobre publicava “Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte”, impresso pela Tipografia Espírito- Santense. Em 1971, a editora Pongetti, em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, fez uma segunda edição do livro,  anotada e comentada pelo escritor Manoel Rodrigues de Melo.

nasceu na fazenda “Marina” em São Paulo do Potengi e faleceu em Natal. O pai, Abílio Marinho de Queiroz, influência política local, recebeu do filho, ativa colaboração e vivo interesse pelos problemas humanos. Sofrendo de doença incurável, desde os 8 anos, Ielmo Marinho de Queiroz, percorria a cava- lo o território, distribuindo remédios, alimentos, roupas e encaminhando as pretensões dos moradores. E assim, a vila de Poço Limpo, recém-emancipada, receberia o nome do jovem Ielmo Marinho, que realizou em Natal apenas o curso secundário.

O termo ielmomarinhense surgiu pela primeira vez, nas proximidades da atual Fazenda Potengi. Re- gião conhecida como Poço Limpo. Até a metade do século XX, eram chamados de poço-limpenses.

Figura 1: Mapa do município de Ielmo Marinho

Fonte: IBGE-RN

Poço Limpo nos anais da historiografia ielmomarinhense ficou dividido e conhecido como Poço Lim- po Velho, região que deu origem a cidade e que fica próxima a Fazenda Potengi, logo após a indústria de cerâmica, no sentido da Sede, e Poço Limpo Novo, que seria o que é chamado hoje da Sede do município, o polo central de Ielmo Marinho. Até os dias de hoje, essa memória historiográfica ainda é lembrada entre os munícipes, conferindo a esse grupo local uma função significativa na construção da memória histórica do município, através dos moradores.

Figura 2: Poço Limpo Velho, região que deu origem a cidade de Ielmo Marinho

Fonte: Imagem retirada do livro “Inquietudes – Ielmo Marinho em Versos”

As festas do Padroeiro, vaquejadas e bailes, atraiam convidados de Natal e imediações, ficando famosas na recordação dos velhos participantes. José Camilo Bezerra foi o primeiro morador de Poço Limpo. Ele construiu algumas residências a partir do ano de 1932 e deu início ao comercio local, conseguindo atrair outras famílias para o distrito. Entre os primeiros moradores da cidade estão: Alcides Marinho de Queiroz, Joaquim Gabi, José Raimundo de Melo, Raimundo Natividade Freire e Joaquim Paulino Soares. Em 1968 Ielmo Marinho já possuía duzentas residências, aproximadamente 1.500 habitantes, oito casas comerciais, grupo escolar e usina elétrica.

Ielmo Marinho é um município com mais de 50 anos de história, e que cresceu muito nos últimos anos e passou por vários ciclos econômicos. Seus habitantes construíram um amplo patrimônio histórico e cultural ao longo dessas cinco décadas. Contudo, ainda é um município novo para os padrões brasilei- ros. Essas cinco décadas de vida, trazem a Ielmo Marinho a grandiosidade da experiência e feitos que devem ser preservados.

Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o município de Ielmo Marinho conta atualmente com uma população de pouco mais de 12 mil habitantes, sendo esta predominantemente rural, com 87,3% de sua população habitante do campo, o que é reflexo da economia local, a qual se sustenta principalmente pela agricultura. Dividida em pequenos distritos, o município abarca aproximadamente mais de 30 comunidades. Além de ter sua população concentrada em áreas rurais, Ielmo Marinho é bastante fragmentado, assim como outros municípios da região, no entanto, sua taxa de urbanização de apenas 12,7 %, segundo o IBGE, o faz como o município menos urbanizado do Rio Grande do Norte.

No documento Jornalismo e Estudos Mediáticos (páginas 42-45)

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