A Segunda Guerra Mundial e suas consequências
A Grã-Bretanha apresentou, na década de 1920, um fraco desempenho industrial, devido basi-camente ao malsucedido nível de exportações. De 1920 a 1930 a produção industrial caiu 1,4% e com a Grande Depressão caiu, entre 1930 e 1933, mais 9,8%, sendo que a produção têxtil despencou em mais de 65% e a de aço 45%. Em 1934, a economia inglesa começou a se recuperar com o aumento das exportações. A frota de aviões e sua tecnologia eram inferiores à alemã, em 1937. Preocupados com o avanço dos rivais germânicos, a Grã-Bretanha expande seus gastos bélicos de 5,5% do Produto Nacional Bruto (PNB), em 1937, para 8,5%, em 1938 e 12,5%, em 1939.
A União Soviética sofreu muito com a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Bolchevista de 1917, implementando o comunismo no país. Sua população foi reduzida de 171 milhões em 1914 para 132 milhões em 1921. Entretanto, estima-se que, no final da década de 1920 até 1940, 25% do PNB eram destinados ao investimento industrial e a um recurso incremental implantado nos gastos em educação, ciências e no setor bélico. Entre 1920 a 1938, a URSS alterou significativamente sua estrutura produtiva, registrando uma expansão industrial de 6 595%.
O investimento educacional transformou a população rural russa em uma mão de obra especiali-zada em diversas áreas da ciência, principalmente no conhecimento de engenharia. A produção de aço, entre 1928 a 1937, aumentou de 4 para 17,7 milhões de toneladas anuais, com forte expansão na geração de energia, produção de automóveis, tratores e tanques. Em 1938, a URSS participava com 17,6% da produção mundial de manufaturas, um valor superior ao da Alemanha e da Inglaterra. A partir de 1937, o país expandiu fortemente sua frota de aviões, que passou de 3 578 unidades para 7 500 aviões em 1938 e a marca extraordinária de 1939: 10 382 unidades, a maior produção mundial.
A tabela 1 descreve o PNB das potências mundiais em 1937, em bilhões de dólares e seus gastos em defesa militar em valores percentuais do PNB. É importante destacar que, nesse ano, os países que mais gastavam sua riqueza em termos percentuais no setor bélico eram o Japão (28,2%), seguido pela URSS (26,4%), Alemanha (23,4%) e Itália (14,5%), mostrando que, por exemplo, a Inglaterra e a França demoraram para expandir e se reestruturar militarmente. A União Soviética, industrializada e fortemente armada, buscava no final da década de 1930 expandir o comunismo pela Europa e, a Alemanha, recupe-rar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial. O Japão tinha a intenção de dominar o Pacífico e se firmar como uma grande potência mundial no Oriente.
Tabela 1 – Renda nacional das potências em 1937 e seus gastos em defesa em porcentagem
(K EN N ED Y, 1 98 9, p . 3 20 )
Países Renda nacional
(em bilhões de dólares) em porcentagem %Gastos em defesa
Estados Unidos 68 1,5 Império Britânico 22 5,7 França 10 9,1 Alemanha 17 23,5 Itália 6 14,5 URSS 19 26,4 Japão 4 28,2
Em novembro de 1936, o Japão e a Alemanha, países fortemente militarizados, assinaram o pacto
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Em setembro de 1939, a Alemanha invade os territórios poloneses tirados dos alemães pelo Tratado de Versalhes. Na porção ocidental da Polônia, a União Soviética invade a outra parte realizando ações militares também na Finlândia. Inglaterra e França declaram, imediatamente, guerra à Alemanha e a URSS é expulsa da Liga das Nações.
Tabela 2 – Produção de aviões das potências, 1939-1945
(K EN N ED Y, 1 98 9, p . 3 39 )
Países 1939 1940 1941 1942 1943 1944 1945
Estados Unidos 5 856 12 804 26 277 47 836 85 898 96 318 49 761 URSS 10 382 10 565 15 735 25 436 34 900 40 300 20 900 Grã-Bretanha 7 940 15 049 10 094 23 672 26 263 26 461 12 070 Comunidade Britânica 250 1 100 2 600 4 575 4 700 4 575 2 075Total dos Aliados 24 428 3 9518 54 706 101 519 151 761 167 654 84 806
Alemanha 8 295 10 247 11 776 15 409 24 807 39 807 7 540 Japão 4 467 4 768 5 088 8 861 16 693 28 180 11 066 Itália 1 800 1 800 2 400 2 400 1 600 – –
Total do Eixo 14 562 1 6815 19 264 26 670 43 100 67 987 18 606
Em abril de 1940, a Alemanha invade a Dinamarca e, em maio, França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Churchill assume como primeiro-ministro na Grã-Bretanha com o claro objetivo de conter a expansão dos nazistas no mundo. A Batalha da Inglaterra travada no Canal da Mancha estagnou o avanço dos alemães na Europa, pois a marinha germânica não tinha condições de vencer a Royal Navy britânica.
A URSS ocupou a Lituânia, Letônia e a Estônia e a Itália invadiu a Albânia e a Grécia. Hungria e Romênia entraram no Eixo e, de 1939 a 1940, a Alemanha expandiu expressivamente seu poderio militar e geográfico. Contudo, em junho de 1941, a guerra começa a tomar outro rumo quando a Alemanha decide invadir com mais de 3 milhões de soldados a União Soviética. Como salientado por Kennedy (1989), essa decisão militar fez com que a Alemanha tivesse várias frentes de batalha, avançando até Moscou em uma guerra no vasto e gélido território russo.
Em outubro de 1941, Estados Unidos, Grã-Bretanha e URSS assinam um pacto em Moscou, criando a base dos Aliados. A Alemanha ataca a capital russa, mas não consegue conquistá-la. E, com a fortifica-ção dos Aliados, os recursos produtivos e financeiros ganham um aumento significativo com a entrada dos norte-americanos. Em 1941 os Aliados, de acordo com a tabela 2, produziram 54 706 aviões, contra um total do Eixo de 19 264. No ano seguinte, o crescimento na produção de aviões foi de 85,5%, dos Aliados, sendo que os Estados Unidos expandiram seu volume de produção de aeronaves de 26 277 em 1941, para 47 836, em 1942. A Grã-Bretanha, com os empréstimos norte-americanos e sua melhora nas finanças, passou de uma produção de 10 094 aviões em 1941 para 23 672 (134,5% de expansão), maior que sua rival Alemanha.
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Tabela 3 – Produção de armamentos das potências em bilhões de dólares, durante 1940 a 1943 (K EN N ED Y, 1 98 9, p . 3 41 )
Países 1940 1941 1943
Estados Unidos – 4,5 37,5 URSS – 8,5 13,9 Grã-Bretanha 3,5 4,5 11,1Total dos combatentes Aliados 3,5 19,5 62,5
Alemanha 6,0 6,0 13,8
Japão – 2,0 4,5
Itália 0,8 1,0 –
Total dos combatentes do Eixo 6,8 9,0 18,3
Em termos financeiros, a tabela 3 destaca um amplo avanço dos Aliados frente ao Eixo, a partir de 1941. Em bilhões de dólares constantes (preço de 1944), é possível argumentar que a guerra também se vence com um grande auxílio financeiro. A história econômica esclarece muito esse ponto. Em 1940, com um gasto anual no setor bélico de US$6,8 bilhões, a Alemanha dominava a guerra na Europa, con-quistando importantes países industrializados, como França, Bélgica e Holanda. A partir de 1941, por movimentos estratégicos ambiciosos da Alemanha e o aumento considerável nos gastos militares dos Aliados, os rumos da Segunda Guerra Mundial mudaram. Em 1943, já com a rendição dos italianos, os gastos financeiros dos Aliados somaram US$62,5 bilhões e do Eixo US$18,3 bilhões, uma superioridade de mais de 240%.
O avanço japonês em 1941 foi impressionante. Em julho, aproveitando a queda da França, eles invadiram a Indochina francesa e, em dezembro, atacaram fortemente a base americana Pearl Harbor, no Pacífico. Durante o ano de 1942, os japoneses ameaçaram todas as grandes potências do Pacífico: Austrália, China e até a Índia. O exército japonês ocupa também as Filipinas, Birmânia e Cingapura.
O inverno de 1941-1942 prejudicou o avanço das tropas nazistas na União Soviética e, após seis meses de confronto, o Exército Vermelho retoma, em 1943, a cidade de Stalingrado. Com a invasão das tropas aliadas na Itália, esta se rende em setembro de 1943 e a URSS reconquista Kiev, Minsk e Ucrânia. Em 6 de junho de 1944, 185 mil homens desembarcaram na Normândia, litoral da França, sob o comando do general norte-americano Eisenhower. Foram utilizados também 20 mil veículos aéreos, marítimos e terrestres. Em maio de 1945, o Exército Vermelho invade Berlim, aniquilando o regime nazista e, em setembro, o Japão assina sua rendição incondicional em virtude das duas bombas atômicas.
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