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A Segunda Revolução Industrial e a Escola Clássica

europeia após vitórias bélicas contra a poderosa França de Napoleão III. A indústria automobilística, o petróleo, o aço e a energia elétrica transformam o modo de viver das sociedades capitalistas.

As cidades se expandem, assim como o comércio entre as nações. Os pensadores clássicos após Smith buscam explicação para o funcionamento do sistema econômico, bem como a geração e distri-buição de renda. O crescimento desenfreado da população preocupa os economistas e os debates entre a relação preços e oferta de moeda ganham espaço no cenário político-econômico. As relações entre lucro e salário criam teorias a favor ou contra a sociedade burguesa, mas o fato era que o lucro não parava de crescer e com ele a desigualdade social. E, para muitos pensadores a favor do liberalismo econômico, nada poderia ser feito por essa gente, pois a diminuição da exploração do trabalho era uma interferência indevida do Estado.

Texto complementar

O liberalismo econômico e a escola clássica inglesa

(COULON; PEDRO, 1995)

No decorrer dos séculos XVIII e XIX, o pensamento econômico inglês evoluiu e refletiu as mudanças enfrentadas pela sociedade. Se no século XVI os mercantilistas viam na obtenção do ouro e da prata a maneira mais importante de enriquecer o país, a própria necessidade de exportar para adquirir o metal evidenciou aos economistas a verdadeira fonte de riqueza: a capacidade de produzir. Surgiram obras sobre as causas da riqueza, a divisão do trabalho, a ação do Estado, os salários, o mercado que, a partir da experiência da economia inglesa, vão embasar a teoria do liberalismo econômico.

O liberalismo econômico prega o fim da intervenção do Estado na produção e na distribuição das riquezas, o fim das medidas protecionistas e dos monopólios, defende a livre concorrência entre as empresas e a abertura dos portos entre os países. Foi defendido por escritores como Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo, James Mill, Nassau Senior entre outros que formaram a “Escola Clássica Inglesa”. [...]

Thomas Malthus e David Ricardo

A disputa na Inglaterra entre os latifundiários e os industriais, com os primeiros defendendo uma política de proteção à agricultura e restrições às importações de gêneros agrícolas e os segundos defendendo o livre-cambismo foi acompanhada por dois importantes pensadores: Malthus e Ricardo.

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4, 8, 16, 32, 64 ...), com maior rapidez que os meios de subsistência, que cresciam em progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6 ...). O resultado era a miséria e a pobreza que se assistia na Inglaterra, devido ao desequilíbrio entre os recursos naturais e as necessidades da população.

Malthus era contrário a qualquer tentativa do Estado em procurar resolver o problema da mi-séria, por exemplo, através das Leis dos Pobres, que serviam apenas como estímulo ao aumento da população. Um homem que nasce em um mundo já ocupado não tem direito a reclamar parcela alguma de alimento. No grande banquete da natureza não há lugar para ele. A natureza intima-o a sair e não tarda a executar essa intimação. Essa saída a qual Malthus se referia era o aumento da mortalidade devido à fome.

Em relação ao salário, Malthus considerava suficiente apenas uma quantia para a subsistência do trabalhador, isto é, para cobrir as necessidades de alimentos, roupas e moradia, evitando, assim, o crescimento demográfico.

Em defesa dos interesses industriais, colocou-se David Ricardo (1772-1823), Princípios de Economia

Políticas e do Imposto 1817, desenvolvendo a teoria da renda fundiária. Ele afirmava que o crescimento

da população gerava a necessidade do aumento das áreas de cultivo e como os terrenos mais férteis já estavam ocupados, era necessário incorporar novas áreas. Estas, por serem menos férteis, exigiam maior adubagem e trabalho, o que significava preços mais elevados para os produtos agrícolas em geral. Por conseguinte, aumentavam os rendimentos dos donos dos melhores solos.

Por outro lado, o industrial que trabalhava e produzia riqueza para a nação era prejudicado, pois tinha de aumentar os salários dos trabalhadores, devido aos altos preços dos alimentos, diminuindo seus lucros, deixando de investir na produção e oferecendo um número menor de empregos. Por sua vez, o trabalhador estava condenado à miséria, pois o aumento nominal do salário fazia-o ter mais filhos e com isso continuava vivendo ao nível da subsistência. Ricardo desenvolveu a teoria do salário natural, ou seja, o mínimo para a subsistência do trabalhador e de sua família. Era a chama da “lei férrea dos salários”.

O preço natural do trabalho depende do preço do alimento, necessidade e conveniências necessárias à manutenção do trabalhador e sua família. Com um aumento no preço dos alimentos e das necessidades, o preço natural do trabalho se eleva. Com a queda, o preço natural do trabalho cai. (apud HUBERMAN, 1972, p. 212)

No século XIX, a “lei férrea dos salários” de Ricardo serviu para fornecer aos ricos proprietários e industriais a justificativa que eles precisavam para calar sua consciência sobre o grau de exploração em que mantinham os trabalhadores. Ricardo levou-os a concluir que

a compaixão pelo homem que trabalha não só é descabida como também prejudicial. Pode criar esperanças e rendas a curto prazo, mas faz aumentar o ritmo de crescimento da população, através do qual ambas aquelas con-dições são anuladas. E qualquer esforço por parte do governo ou de sindicatos trabalhistas no sentido de elevar os vencimentos e salvar o povo da miséria entraria, da mesma forma, em conflito com a lei econômica. [...] Ricardo deu aos ricos uma fórmula plenamente satisfatória de se conformarem com a infelicidade dos pobres. (BRAITH, 1979, p. 24 e 26.) [...]

Conclusão

A Revolução Industrial desenvolveu também uma nova sociedade: a sociedade capitalista, baseada na divisão dos indivíduos em duas classes: os capitalistas, detentores dos meios de

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produção, e os trabalhadores, homens livres que vendem sua força de trabalho em troca de um salário. O capitalismo, consolidado com a Revolução Industrial, gerou muita riqueza e um enorme progresso material, mas criou também uma massa de trabalhadores pobres, no campo e na cidade. Os economistas liberais, defensores da sociedade capitalista, sustentavam a ideia de que o Estado não precisa interferir na economia, que deve ser regulada apenas pelo mercado.

Atividades

1. Descreva três invenções importantes que originaram a Segunda Revolução Industrial.

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3. Descreva como ocorreu o processo de industrialização na Alemanha e nos EUA.

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Gabarito

1. Em 1856, Henry Bessemer fabricou pela primeira vez o aço, passando uma corrente de ar através

do ferro em estado de fusão. A siderurgia substitui o ferro pelo aço. Em 1831, o dínamo de Faraday transformava energia mecânica em elétrica e, em 1879, Thomas Edison cria sua famosa lâmpada incandescente.

2. Com o surgimento e o aperfeiçoamento da eletricidade, Henry Ford desenvolveu uma linha de

produção em série, massificando o trabalho para obtenção de rendimentos de escala. O fordismo, como ficou conhecido, diminuiu significativamente os custos de produção e os preços dos produtos, popularizando o automóvel nos países industriais. Suas fábricas eram verticalizadas, possuindo desde a fábrica de vidros à produção de autopeças. Aliado ao método da administração científica de Frederick W. Taylor, o fordismo/taylorismo mostrou-se uma inovadora e altamente produtiva técnica administrativa.

3. Na Alemanha, a industrialização ganha fôlego a partir da unificação nacional, em 1870. Com

o desenvolvimento do setor bancário, das ferrovias, da indústria química e dos equipamentos elétricos no vale do Rio Reno. Rica em minérios, a Alemanha, em 1913, torna-se a maior nação europeia industrializada. O Estado incentivou a concentração de capital, com a formação de conglomerados, e as exportações. Os principais grupos econômicos formados na época, e na sua grande maioria, ainda prevalecem no cenário mundial. São eles: Krupp (aço, materiais bélicos); Daimler-Benz (motores e veículos); Maybach-Diesel (motores); Farben (produtos químicos); e Siemens (materiais elétricos).

Com o intuito de estimular as exportações e o ganho de mercado internacional, o governo alemão manteve boas relações comerciais com a Áustria, Hungria e Rússia e incentivou também o dumping, que consiste em manter duas escalas de preços para um mesmo produto, uma mais alta para o mercado interno e outra mais baixa para o mercado externo. Os Estados Unidos (EUA) declaram independência dos ingleses em 1781 e, somente a partir da década de 1840, iniciam sua expansão para o Oeste. Em 1845, o Texas se declara independente do México e se une aos EUA e, em 1848, os norte-americanos anexam os estados do Novo México, Nevada, Califórnia, Utah e Arizona dos mexicanos. Os EUA passam a ser um país continental e com um enorme crescimento populacional focam a industrialização no mercado interno. A Guerra da Secessão (1861-1865) ocorreu entre o Sul latifundiário, aristocrata, contrário à abolição da escravatura, contra os estados do Norte industrializado. Após a vitória do Norte, os EUA passam a se industrializar rapidamente com o foco no mercado doméstico.

4. A Lei de Say sustenta que a própria produção de bens e serviços provém uma demanda efetiva

agregada suficiente para adquirir toda a oferta gerada pelo sistema econômico, durante um determinado período. Nesse sentido, sua teoria pode ser resumida na seguinte frase: “a oferta cria sua própria demanda” e, assim, não poderia ocorrer um período prolongado de superprodução geral no aparelho produtivo.

Do Imperialismo à