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O Plano Real e a estabilidade da economia brasileira

Texto complementar

Balanço dos 12 meses do real

(BRASIL, 2008)

Produto interno bruto

A queda rápida da inflação teve efeitos significativos sobre o poder de compra da população, com o consumo tendo sido estimulado também pelos efetivos incrementos ocorridos na massa salarial e no nível de emprego.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), da Fundação IBGE, mostra que, no período entre junho de 1994 e abril de 1995, nas regiões metropolitanas, o aumento real de salários foi de 12,02%, (deflacionado pelo INPC), para os trabalhadores com carteira assinada. Maiores foram os ganhos dos trabalhadores do setor informal da economia, cujo poder aquisitivo é bem menor. Em média, os rendimentos reais dos trabalhadores que têm carteira assinada aumentaram em 20,80%, enquanto a renda daqueles que trabalham por conta própria teve um crescimento de 45,48%, naquele período. Em termos médios, a massa de salários nas regiões metropolitanas cresceu 21,4%, entre junho de 1994 e abril de 1995.

O nível de ocupação nas regiões metropolitanas, também segundo a PME, acusou incremento médio de 3,3%, entre junho de 1994 e abril de 1995. A ocupação para empregados com carteira aumentou em 2,16%. Para empregados sem carteira, o crescimento foi de 6,13%, na medida em que os trabalhadores autônomos tiveram o nível de ocupação ampliado em 2,65%. A taxa de desemprego nas regiões metropolitanas, que era de 5,42% em junho de 1994, caiu para 4,35%, em abril de 1995.

Dados do comércio do estado de São Paulo indicam que foi extremamente expressivo o impacto do Real sobre o consumo. O faturamento cresceu quase 18% em março de 1995 em comparação a março de 1994, sendo que a venda no setor de duráveis teve elevação de 57,6%, no mesmo período. De um ano para outro, portanto, as vendas de eletrodomésticos, automóveis, geladeiras, fogões e outros produtos duráveis cresceram em mais de 50%.

O Governo, ciente da característica expansionista que normalmente acompanha os planos de estabilização, adotou medidas de controle da demanda no início da circulação da nova moeda, em 1.º de julho de 1994. O objetivo era prevenir as pressões de consumo que poderiam comprometer o sucesso do Real.

A princípio, foram introduzidos recolhimentos compulsórios sobre depósitos à vista, depósitos a prazo e depósitos de poupança para brecar um crescimento fora de controle da oferta de crédito. Ao longo de todo o segundo semestre de 1994, foram adotadas novas medidas, na mesma linha, sempre procurando um controle da demanda, mas com a preocupação de não trazer recessão ao país. Nos primeiros meses de 1995, o nível da demanda ficou ainda mais alto, levando o Governo a

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Atividades

1. Destaque e explique, brevemente, as medidas adotadas no Plano Collor.

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3. Explique como o governo absorveu um grande volume de reservas internacionais e qual era sua

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Gabarito

1. O Plano Collor adotou as seguintes medidas:

congelamento de 80% dos depósitos bancários que excedessem o valor de NCz$50 mil

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cruzados novos (U$1.300,00).

congelamento dos preços e dos salários.

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introdução de uma nova moeda: o Cruzeiro (Cr$), substituindo o Cruzado Novo.

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abertura comercial e estímulo às importações.

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processo de privatização.

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O plano tinha o objetivo de reduzir o déficit público primário.

O congelamento da poupança foi uma política justificada para conter o excesso de liquidez (moeda bancária) na economia. Com relação aos preços e salários, esses também foram inicialmente congelados. Isso fez com que o ganho real dos trabalhadores diminuísse em virtude da forte inflação. No setor externo, a abertura comercial para as importações foi uma política de prioridade. A abertura comercial constitui em uma queda substancial das tarifas de importações, que em média caíram de 40% para 20% em quatro anos subsequentes.

Outra medida estrutural implementada pelo Plano Collor foi identificar a real necessidade de se reduzir o papel do Estado na atividade econômica produtiva e, assim, buscar uma política de transformar o capital das empresas estatais em capital privado. Buscando, desse modo, mais eficiência, qualidade e preços melhores ao produto final. Com isso, em 1991, é lançado o Programa Nacional de Desestatização (PND). Sua adoção também se justificava na necessidade de reestruturar o Estado brasileiro e reduzir o déficit público primário de 8% do PIB para um superávit de 2% do PIB para combater o processo inflacionário.

2. Inicialmente o plano buscou um ajuste fiscal com a criação de dois impostos:

Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF).

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Fundo Social de Emergência (FSE).

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Nesse caso, o governo federal passou a ampliar suas arrecadações para controlar o orçamento público. O superávit primário médio de 2,4 do PIB, em 1993, foi expandido para 5,4% no ano seguinte e mantido em 3,9% do PIB em 1995. O governo se preocupou em manter os gastos controlados e, principalmente, expandir os tributos para conter os excessos de consumo, o que é comum em economia que rapidamente combate um forte processo inflacionário.

Na parte monetária, temos as seguintes medidas iniciais:

introdução de uma nova unidade de conta, a Unidade Real de Valor (URV), promovendo todos

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3. Primeiramente, as privatizações que se iniciaram no governo Collor com o Programa Nacional

de Desestatização (PND), em 1991, intensificaram-se no governo do FHC. O segundo fator está relacionado à elevada taxa de juros dos títulos públicos brasileiros (Selic). Uma taxa de juros tão elevada era justificada para segurar o processo inflacionário e também ampliar a entrada de recursos externos especulativos para aumentar as reservas internacionais do BCB.

As reservas internacionais elevadas eram justificadas pela necessidade de se adotar um regime de âncora cambial necessária para controlar a hiperinflação da economia brasileira.

4. Podemos destacar três crises internacionais que exigiram uma grande habilidade da equipe

econômica do governo:

crise mexicana – a maxidesvalorização do peso mexicano no final de 1994 impactou para uma

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fuga de capitais em 1995 dos países emergentes, tais como o Brasil. E, para não deixar saírem capitais (dólares), a taxa de juros subiu para um valor acima de 80% ao ano.

crise asiática – maxidesvalorização das moedas e crise do sistema financeiro dos países

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cos em 1997 (segundo semestre), como a Coreia do Sul, Taiwan, Indonésia e Cingapura. Mais uma vez a taxa de juros subiu para acima dos 40% ao ano.

crise russa – moratória da dívida externa russa e crise em seu sistema financeiro em 1998

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O desempenho recente