• Nenhum resultado encontrado

Impacto da idade do indivíduo na sua trajetória profissional

Capítulo 5 – Apresentação e discussão dos resultados encontrados

5.9 Ambiente Não CLT

5.9.4 Impacto da idade do indivíduo na sua trajetória profissional

Quanto à idade, a maior parte dos entrevistados entende que o mercado discrimina pessoas mais velhas, oferecendo menos oportunidades de emprego, em especial de empregos CLT.

- E o fato de você ter mais idade para o regime CLT?

Eu tenho impressão que é justamente o inverso. É mais complicado. As pessoas contratam menos as pessoas mais velhas. (Entrevista 2).

Mas normalmente tem a ver com a faixa etária e na minha já não é tão fácil. Têm empresas que sabem valorizar, mas têm muitas empresas que discriminam. Então, você já tem que tomar um certo cuidado. Uma coisa é você com 30 anos, com todo esse conhecimento, tem um monte de chance no mercado. Outra coisa é você falar que está com 58 anos. Quem vai botar fé em você ainda? Você vai encontrar algumas empresas que acreditam em você, assim como a Empresa A acredita. (Entrevista 8).

Eu acredito que quando você está, nos dois casos, mesmo CLT ou não, quando você está ficando mais velho as oportunidades vão diminuindo. (Entrevista 21).

Eu acho que o mercado hoje, o profissional mais velho está com menos opções. (Entrevista 23). Quando você é PJ você tem mais oportunidade de trabalho sendo mais velho. Têm mais empresas que te contratam como PJ e não te contratariam como CLT pela idade.

- Você acha que quando a pessoa fica mais velha ela tem menos oportunidade de ser CLT? Exatamente, eu acredito que sim.

- Já uma pessoa mais nova tem mais facilidade de ser... CLT. (Entrevista 7).

No entanto, para alguns entrevistados, uma idade mais avançada não teria impactos no oferecimento de posições Não CLT.

- E o mercado, oferece diferente? Pra uma pessoa mais nova oferece mais PJ ou CLT e pra uma mais velha também? Ou o mercado não diferencia?

Não diferencia, vai muito da necessidade que eles têm no momento, mesmo. (Entrevista 24). Na minha área está caindo. Eu imaginava isso, entendeu, mas eu vejo o pessoal contratando; eu estou numa consultoria que tem uns caras bem velhinhos trabalhando. Acho legal isso daí, parece que, não sei, parece que mudou um pouco isso daí, porque eu lembro quando eu era mais novo, lá, parece que tinha um certo preconceito em contratar um cara já de idade, né. ... Então estou achando que se o cara tiver capacidade pra trabalhar, eles não estão olhando muito a idade. (Entrevista 27). Diversos entrevistados associaram o aumento da idade a uma transição de posições CLT para posições Não CLT. Para este grupo de entrevistados, o envelhecimento é acompanhado de um aumento da experiência e da qualificação profissional, o que possibilita um aumento de remuneração. Inclusive, o aumento de salário é uma das razões citadas pelos entrevistados para a diminuição de oportunidades CLT para este grupo de indivíduos, devido ao custo dos encargos de empregos formais. A contratação PJ possibilitaria que as empresas pagassem altos salários para profissionais qualificados, sem os encargos trabalhistas associados. O amadurecimento profissional permite também que o indivíduo acumule conhecimentos e estabeleça uma rede de contatos ampla, possibilitando assim uma carreira como consultor.

Então você sabe que uma vez eu tive uma conversa com um conhecido meu que é consultor. É um cara que é um senhor e tal. É uma pessoa que eu conheci e vira e mexe está sondando, pô de repente a gente vai trabalhar juntos e tal. Em uma das conversas que eu estava questionando. Ah, eu estou querendo fazer outra coisa, estou querendo me dedicar a outro trabalho. Aí ele falou, ah, com quantos anos você está? Na época, com 34. De repente eu quero partir pra consultoria. Ele falou já está na hora mesmo. Me parece que a questão de você partir de um regime fechado tal para uma coisa mais flexível tem a ver um pouco com a experiência tua acumulada. Me parece que quando você sai de uma coisa mais formal e vai para um regime mais flexível você já tem que ter uma bagagem suficiente para conseguir se vender. Conforme você aumenta a idade, eu acho que o regime flexível tende a ser mais fácil de você, talvez, administrar. (Entrevista 2).

Acho assim: das pessoas que eu conheço com idade mais avançada, vamos dizer assim, mais maduros, CLT eles não conseguem, não conseguem vaga. Isso é depoimento de amigos meus que ficaram desempregados e que procuraram uma colocação em vaga CLT. Se no currículo consta idade, ano de nascimento, nem é chamado pra entrevista. Assim, muito. E no caso de PJ, isso não é tão verdade, porque existem muito mais oportunidades para o cara de idade mais avançada como PJ do que como CLT, porque não existe o vínculo. Então não existe um vínculo empregatício, e a experiência da pessoa pode ser valorizada. Do que eu vejo do pessoal que procurou se colocar no mercado como CLT, e não voltou, continua procurando até hoje, e não consegue. (Entrevista 10). Acho que se a pessoa é mais nova ela normalmente é mais CLT. Geralmente quando você entra em mercado, até pelos valores, é meio complicado você oferecer um cargo de 1.800, 2.000, 2.500 reais para PJ. E aí depois, a partir de uma certa... Acompanhando idade com um certo amadurecimento, com a sua experiência, fica muito mais possível você oferecer coisas de PJ. (Entrevista 11)

Eu acho que assim, olha... O meu raciocínio é assim: quanto mais você avança na idade, mais caro você fica. É natural isso, porque você vai adquirindo mais conhecimentos; acho que existe uma correlação muito forte entre idade e remuneração. Então significa que ao longo da carreira da pessoa, quanto mais velha ela vai ficando, mais cara ela fica para a empresa. Não é? Se isso é verdade, quer dizer, então significa que quanto mais o tempo vai passando mais chance ela tem de ser demitida, quer dizer, de não ter a oportunidade de ter um PJ. De ter um CLT! Se ela tivesse essa possibilidade, essa possibilidade de ter um CLT já mais velha seria ótimo. Por quê? Porque ela ganharia mais.

- Você acha, então, que ela gostaria também, né? Eu acho. Acho que sim. (Entrevista 25).

Existiu também um grupo de entrevistados que explicitou claramente que acha a idade uma questão irrelevante, vis-à-vis o conhecimento e as características do mercado, nas oportunidades de emprego.

Olha... Não sei bem, viu. Não sei se tem. Nunca pensei muito sobre isso, mas eu acho que o que interessa é o quanto aquela pessoa é útil e interessante pro processo e pra empresa. Se for uma pessoa de 60 anos, que é super interessante pra empresa, eles vão pagar bem, enfim, haverá uma negociação razoável. Entende? A pessoa não estará numa posição de insegurança. Eu acho que tende à irrelevância o tipo de contrato, diante das outras coisas. (Entrevista 4).

- Qual que você acha que é o impacto da idade do trabalhador no tipo de vínculo que ele acaba tendo de trabalho? Ele ser mais novo ou ser mais velho.

Pra ser CLT ou PJ? Acho que não tem impacto. Nas experiências que eu passei não teve nenhuma... - Facilidade, dificuldade de ser PJ ou CLT?

A facilidade é que acho que a tendência do mercado hoje é ser PJ. Mas acho que não tem a ver com idade, tem a ver com modelo de trabalho. (Entrevista 9).

Acho que aparecer aparece a mesma vaga pra todos os candidatos. (Entrevista 15).

Já em relação à preferência, diversos entrevistados associam o envelhecimento a uma busca de estabilidade, dando preferência assim a vínculos CLT. Para esta faixa etária a

aposentadoria, e mesmos os benefícios, passam a ser uma preocupação significativa.

Eu acho que uma pessoa mais velha é naturalmente mais preocupada com o futuro dela. E se ela está numa faixa salarial mais baixa e ela é PJ, ela vai ter muito mais dificuldade em arcar com uma previdência privada, em ter essa folga no orçamento pra pagar uma previdência privada. Aí, ela vai ter que automaticamente contribuir com a previdência pública e ela não vai ter uma folga no orçamento pra pagar um tantinho bom lá pra ter um salário razoável no futuro. Eu acho que é nisso que pesa. (Entrevista 6).

E eu falo pra ela: você está numa idade, com 30 anos, que eu talvez com 30 anos também pensasse assim, é dinheiro, dinheiro, dinheiro. Hoje em dia, pra mim não é só dinheiro. Hoje em dia é eu poder não viajar tanto como o mundo de consultoria te faz, você ter essa tranqüilidade de que você pode, acontecer alguma coisa você ter um respaldo por trás de um fundo de garantia, ou até dar entrada num seguro-desemprego... Minha mola não é mais dinheiro. (Entrevista 14).

É, ele olha com mais ressalvas isso. - Ser PJ?

O ser PJ. Porque a pessoa de mais idade geralmente tem família, o que é diferente de pessoa muito nova, que pode ter ou pode não ter. Então ele tem plano de saúde não só pra pagar pra ele, ou pra ele e pra mulher, pra ele e pro cônjuge, ele tem três filhos, sei lá. Isso é um ponto. Segundo ponto: ele já está mais velho, já pagou durante muitos anos o INSS. Ele está objetivando continuar pagando pra pegar a bendita da aposentadoria dele, então ele não quer parar de pagar agora. Então as pessoas mais velhas aí você encontra uma certa resistência. (Entrevista 19).

Acho que depois que a pessoa começa a ver que a aposentadoria dela não é... Que ela não vai gostar de manter esse ritmo depois dos 50, e que ela vai precisar viver ainda até ela espera que bem além dos 50, então...

- Você acha que ela começa a ficar mais preocupada?

Ela começa a ficar mais preocupada. É igual eu falei no começo, que assim, eu queria, tinha aqui uma vaga pra seis meses e uma vaga indefinida, porque pra mim o mais interessante era aquele... Não falava: não, me aposentar. Era uma coisa bem mais distante.

- E hoje em dia?

Hoje em dia eu já penso mais nisso aí. (Entrevista 20). - O que o mais novo prefere?

Acho que o mais novo prefere ganhar mais, ter mais dinheiro na mão. - E o mais velho?

Aí ele vai privilegiar já mais segurança, mais estabilidade, mais benefícios. (Entrevista 24).

5.9.5 Fiscalização governamental no que se refere aos vínculos de trabalho que não estão de