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Capítulo 5 – Apresentação e discussão dos resultados encontrados

5.9 Ambiente Não CLT

5.9.2 O mercado de trabalho

Identificamos que a disseminação de contratos por meio de pessoa jurídica não se deu em todo o mercado de trabalho de forma homogênea. Em diversos segmentos a contratação de funcionários por meio de contratos Não CLT é extremamente rara ou até mesmo inexistente.

Então, eu posso falar mais pela minha experiência. Pelo meu marido que é banco: lá não, lá não tem PJ. Mas porque é uma instituição maior... Aí não sei te dizer assim, eu nunca trabalhei numa instituição grande, como um banco ou uma multinacional. Eu sei que essas empresas têm mais restrição. É difícil, você chega lá e fala: ah não, eu prefiro não ser CLT e ganhar o dobro, é um tipo de negociação que acho que não existe. Mas no mercado publicitário acho que é bem viável. Mesmo se você tem uma proposta CLT, se você fala... Se tem algum funcionário PJ, se você faz uma contra-proposta, é fácil. (Entrevista 9).

Em compensação, para outros setores esta é uma prática comum, já divulgada no momento do recrutamento.

Então, tem lá CLT, aí Flex, Flex é novo esse termo. - No site sai CLT Flex?

Sai! Parece que é álcool e gasolina (risos). CLT Flex. É, então tem, na época não tinha, então tinha assim: contratação por pessoa jurídica, contratação por cooperativa, contratação CLT, sai no site na vaga, juntamente com a vaga. (Entrevista 20).

Não sei te dizer... Porque assim, na parte de informática a gente vê, quem eu conheço que trabalha na área de informática, que não é funcionário – funcionário mesmo – de banco ou de alguma empresa, quem trabalha em alguma empresa de informática, quem eu conheço emite nota, não é CLT. (Entrevista 24).

Dentro do grupo estudado nesta pesquisa identificamos dois segmentos de empresas onde esse tipo de contratação é bastante comum: comunicação e informática. O relato dos entrevistados aponta que para cada segmento a trajetória da disseminação de vínculos Não CLT foi muito diferente. Dentro do segmento de comunicação houve um predomínio de vínculos CLT até o final dos anos 90. Uma das explicações oferecidas para a existência de tantos contratos Não CLT neste segmento foi a dinâmica do trabalho e o aumento da concorrência no setor.

Olha, na verdade eu não conheço muito a realidade dos outros segmentos, mas eu acho que tem essa coisa do profissional de imprensa de ele ter essa singularidade de poder produzir pra vários meios. Então algumas pessoas conseguem conviver com isso numa boa, digamos um químico não pode fazer um freela pra Roche, um freela pra... entendeu? Agora, e acho que tem o fator aí das empresas também de tarem enfrentando uma concorrência grande de internet, de TV, a imprensa no papel, digamos assim né. E a tendência de corte de custos é generalizada e a escolha de pessoal é... - No caso da imprensa, tem tido... Tem sido particularmente afetada por essas, por essa mudança do tipo de concorrência?

Eu acho que sim. E nunca foi o meu meio, mas o meio de televisão parece que é quase todo mundo PJ. (Entrevista 35).

Houve a disseminação de vínculos por meio de pessoa jurídica para os altos salários, especialmente em jornais e na televisão. Nestes casos, tantos as empresas quanto os funcionários tinham interesse na mudança de vínculo, com o objetivo de diminuição da carga tributária. Atualmente, para esse grupo esta configuração se mantém, e não existe nenhum movimento expressivo de retorno a CLT.

Agora você sabe que, por exemplo, a Empresa A, todos os grandes salários da Empresa A desde 2002... A Empresa A foi quem começou isso aqui no jornalismo, até onde eu sei. Todos os grandes salários da Empresa A são PJ. Todo mundo, todas aquelas estrelas que aparecem e principalmente no jornalismo. Eu sei de quem é de 20 mil para cima ali é tudo PJ. (Entrevista 5).

Um outro elemento importante foi a crise da “bolha da internet” no início do século XXI, que teve um impacto muito forte no setor de comunicação. A crise levou muitas empresas a transformarem diversos funcionários em pessoas jurídicas. Nos anos seguintes aconteceu uma reversão neste processo, e várias pessoas voltaram a ser CLT. No entanto, ainda hoje persistem diversas posições Não CLT.

Porque eu tenho vários colegas, e tudo isso com a prática, né, essa contratação de PJ, no jornalismo todas, todas as empresas passaram a fazer isso, a partir da recessão de 2002, todas. Tem empresa que faz inclusive para salário baixo. Que é, sabe, eu acho dramático. (Entrevista 5).

Quando a coisa melhorou, elas acharam por bem... acharam, sei lá, sabe, mais... honesto. Não sei. Mas também tem o outro lado, também têm o medo de fiscalização. Têm vários lados e todas juntas. Porque, por exemplo, quando eles tomaram essa atitude, eu me lembro que eles ficaram muito inseguros. O jurídico alertando o tempo inteiro, sobre a situação de insegurança jurídica, bababá bababá. Bastava um de nós sair de lá e ir na DRT ou chegar no TST... O próprio presidente do TST me disse uma vez “traga a sua ação que na hora, sabe, o jornal vai ser obrigado a legalizar não só o seu contrato pro CLT, como o de todo mundo”. (Entrevista 5).

Apesar do retorno de posições CLT no segmento de comunicação de uma forma geral, em algumas atividades da área isso não aconteceu e houve um achatamento significativo de renda.

E os iniciantes falaram pra mim: “o que você acha do mercado, vale a pena”? Falei: cara, vou tocar a real pra vocês. O primeiro roteiro da minha vida que eu fiz, em 1998, eu ganhei 2.500 reais. Dez anos depois, com muita inflação em cima, eu não ganho 2.500 reais por um roteiro. Achatou de um jeito inacreditável. (Entrevista 12)

Já no segmento de informática o processo foi diferente. Ao longo da década de 90 houve um aumento significativo da demanda de profissionais da área, sem um aumento proporcional da oferta. Essa defasagem permanece até os dias de hoje e é um fenômeno mundial. Como o mercado de informática tem estado bastante aquecido, normalmente o número de profissionais qualificados desempregados é reduzido. Dessa forma, para contratar novos funcionários as empresas procuram profissionais que já estão atuando em outras empresas. O oferecimento de salários mais altos é uma estratégia comumente utilizada com o objetivo de atrair um funcionário que já está empregado em outra organização. A oferta de vagas Não CLT permite que a empresa ofereça salários maiores sem um respectivo aumento de custos, e foi exatamente essa a estratégia utilizada por várias organizações, inclusive muitas vezes por pressão dos próprios funcionários.

Nós começamos com a empresa em 92, e quando nós começamos a empresa nós só trabalhávamos com CLT. Tá certo? Esse quadro se manteve mais ou menos até 1997. A partir de 1997, na época nós tínhamos mais ou menos uns 25 funcionários, nós começamos a receber pressão dos próprios funcionários a migrar pro modelo de PJ. Exatamente o que que aconteceu? Alguns profissionais começaram a receber propostas de outras empresas para trabalhar como PJ, tá. Aonde o cara recebia um salário, aí ele era CLT, tinha todos os direitos, direitinho, sem problema nenhum. Aí chegava alguém e falava: olha, você não quer trabalhar aqui pra mim? Você faz a mesma coisa, só que você vai ganhar por hora. Eu te pago tanto a hora. Aí o cara fez a conta. Na época eu lembro até ele fez a conta que ele ia ganhar 8 reais por hora. Era um absurdo, ele fez a conta: “pô, eu fiz a conta aqui, eu ganho 7, não, 6,50, eu ganho 6 reais e 50 por hora. Lá eu vou ganhar 8 reais por hora. Olha o aumento que eu estou tendo. E lá eu vou ganhar por hora”. Eu falo: bom, mas aqui você é CLT, você ganha salário, e salário tem hora extra, você também ganha hora extra. O cara para e pensa: “é, sabe que eu nunca olhei muito bem no meu holerite? Mas esse negócio de ganhar por hora me interessou. Por quê? Porque eu vou estar ganhando, de 6,50 eu vou estar ganhando acho que era 8,50, qualquer coisa assim”.

- Dá uns 30%.

Era uns 30%, exatamente a conta que ele fez. Aí eu cheguei e falei pra ele: você quer trabalhar como PJ? “Quero”. Então você pede demissão da empresa, eu te contrato como PJ. Só que eu não vou te pagar 8 reais a hora. Eu vou te pagar 13 reais a hora, porque é o quanto você me custa. Aí o cara chega e fala pra mim assim: “pô, mas como é que eu te custo 13 e eu só recebo 6,50?”. Aí eu mostrei pra ele a planilha de custo, entendeu? Olha, você recebe, o seu salário bruto é esse, eu pago isso, pago isso, pago isso. Você desconta isso, então o que você vê é isso; agora, o que você custa pra empresa é isso. Aí ele falou: “caramba, então você está falando que eu posso trabalhar aqui como PJ pra ganhar 13, e não 8?!” Eu falei, é. Então assim, isso começou a acontecer, então o que nós fizemos? Nós criamos uma opção pra quem estava na empresa, se ele poderia converter pra PJ, se ele quisesse, ou poderia continuar CLT, se ele quisesse, isso era opção das pessoas, porque nós não estávamos interessados em nada que não simplesmente manter os nossos profissionais, entendeu, então foi um processo muito mais de opção, inicialmente, pra não perder mão-de-obra qualificada. (Empresário 1).

Uma outra razão bastante citada para os diferentes vínculos de trabalho é a variabilidade grande na demanda dos serviços de TI. De acordo com Eccel, Flach e Oltramari (2007) o fato de projetos de TI normalmente terem início e fim torna inviável a contratação de funcionários via CLT devido aos custos financeiros e trâmites burocráticos associados.

Porque eles dizem que às vezes você tem picos de trabalho, então, sei lá, eu tenho um projeto grande, eu vou contratar, vou ter todo o trabalho de contratar, todos CLT, tudo aquilo, pra um projeto de três meses. Depois desses três meses esse pessoal não vai ter mais função, porque... - Ah, porque os trabalhos na área de informática não são contínuos...

Às vezes realmente não justifica tantas pessoas... Às vezes numa fase de desenvolvimento você precisa de 50. Numa fase de manutenção cai pra cinco pessoas. A gente tem aqui, nós fizemos um projeto de desenvolvimento de sistemas de pagamentos brasileiro, e chegou a ter 80, 100 pessoas trabalhando com um projeto. Hoje ele se mantém com quatro, cinco pessoas, sendo que dois são estagiários. Então, depois do trabalho feito, do projeto fechado, não tem necessidade. Então o que acontece: a gente não conseguiria absorver todo esse pessoal. Então não é interessante ter tanta gente assim registrada. No banco é a mesma coisa; às vezes tem uma exigência legal, alguma coisa assim, que pede que o sistema de informática tenha uma grande mudança, mas é naquele momento, depois ele não vai precisar de tanta gente. (Entrevista 24).

É, eu não sei se é uma coisa... Porque na área de informática você tem muitos projetos, as coisas têm um tempo ali, assim, meio determinado pra começar e acabar.

- E isso favoreceria um contrato PJ?

É, eu acho. Porque aí você não sabe o que vai acontecer quando aquele projeto acabar, então você manter aquela pessoa depois, você fazer um contrato com aquela pessoa, assumindo que depois ela vai ter continuidade, vai ter outro projeto, ou aquele vai ser renovado... (Entrevista 29).

Apesar da falta de profissionais de TI no mercado, diversos entrevistados relataram uma queda de remuneração do mercado Não CLT ao longo dos anos. Os altos salários Não CLT da década de 90 teriam sofrido um achatamento, e a diferença em relação aos valores CLT teria caído consideravelmente. Como os salários Não CLT não são regulamentados, normalmente não existe nenhuma obrigatoriedade de aumento, sendo possível até uma redução de remuneração. Isso facilita um controle muito maior por parte das empresas dos custos com mão-de-obra.

Aham. Porque assim, na área de informática existem dezenas, centenas, talvez, de especializações. Então assim, cada empresa, e parece que isso daí cada vez abre mais, existem... Então assim, eu acredito que faltem profissionais na área de informática, vagas, por exemplo, mas aqui você trabalha com uma determinada tecnologia, e você está ali, no seu dia, no produtivo, no dia-a-dia existem... Todo dia surge tecnologia nova e você não está, assim, atualizado, porque você tem aquele seu mundo, aquele seu, né, aquela...

- Tá, então você está dizendo: existem vagas, mas são pra conhecimentos específicos, e aí eventualmente têm conhecimentos na área de informática que já têm mão-de-obra suficiente, que não têm tanta vaga assim, é isso?

Eu acho que sim. Eu até estava pensando, é realmente, como a gente vê na imprensa que está faltando profissionais. E acho que até é porque eu acho que eles não abrem muito, eles têm um certo limite do que eles negociam o preço, o valor-hora, então é isso que mantém o valor-hora achatado. Existem certos... Existem acordos, por exemplo, entre uma empresa não contratar profissional da outra, pra não existir concorrência entre elas. Inclusive isso acontece aqui. (Entrevista 20).

Eu estou tentando lembrar se eu conheço alguém, de fato CLT. Eu conheço, mas eu não vou saber quanto eles ganham... Mas é menos, eu diria que assim, não é muito mais menos. É porque antes

era bem menos, antes era tipo 30, 40% menos. - Hoje em dia você... Você acha que é menos por quê? Ah, por causa dos encargos, né.

- Não, mas assim, porque... A diferença menor?

- Por que você acha que eles ainda ganham menos? Porque uma coisa é: quem é CLT ganha menos. Mas tem algum indicio que te comprove? Você sabe o salário deles? Que ele ganhe menos? Olha, eu sei... Eu já tive propostas de trabalhar PJ e CLT. Era um pouco menos o CLT do que eu ganho, mas não era muito menos.

- Era quantos por cento a menos, você diria? Acho que era 15, 20% a menos. Não era... - Antes era bem mais, porque você falou 30%. Era, antes era bem mais. (Entrevista 20).

Soube de uma empresa que eles passaram todo mundo pra CLT. Os mais antigos eles deixaram a possibilidade de ser parte CLT parte PJ, para o salário ficar maior. Mas não tem aumento, quando tem aumento da parte CLT pelo dissídio, tem que diminuir o valor da nota, de forma que a pessoa no total recebe o mesmo valor. Isto já está assim há três anos. (Entrevista 22).

As empresas também exercem um controle sobre o mercado de mão-de-obra e estabelecem acordos com o objetivo de diminuir a competição aberta pelos recursos humanos.

Uma pessoa que trabalhava aqui foi pedir, foi até a Empresa A, fez uma entrevista na Empresa A, foi contratado, pra ganhar mais, e quando ele foi lá entregar a carteira de trabalho, e ele estava saindo, ele encontrou com uma pessoa que era um dos sócios aqui, um dos sócio-fundadores, no elevador da central da Empresa A. Encontrou. E ele viu, ele reconheceu a pessoa. Não falou nada. No dia seguinte essa pessoa recebeu a carteira de trabalho aqui, carimbada a admissão e carimbada embaixo a demissão no mesmo dia. Isso, bom, eu não vi a carteira, mas eu conheço a pessoa. (Entrevista 20).

Nos últimos anos tem aumentado a pressão governamental por meio de fiscalização em relação aos vínculos Não CLT. Isso tem feito com que diversas empresas tenham aumentado o número de posições CLT, em detrimento de posições Não CLT, utilizando muitas vezes o recurso do vínculo CLT Flex ou CLT Cotas.

- Tendo em vista a área, você estava falando que quando bem nova não tinha isso, na década de 90, não tinha inserção.

Isso, eu acho que são ondas do mercado. Lá em 90 todas as empresas pegaram os empregados do universo de TI, que é o universo que eu conheço e transformou tudo em PJ. Todo mundo é terceiro, tem empresa e emite nota. Agora, sinto o movimento contrário. As empresas estão pegando todo mundo e virando CLT. (Entrevista 7).

Contratar PJ hoje pras empresas tem ficado muito caro e tem se mostrado um risco. Por isso eu acho esse movimento contrário de contratação todo mundo como CLT. Eu diria pra você, porque... Isso é como eu enxergo. O mercado de TI tem crescido exponencialmente nos últimos anos; se você olhar a Empresa A, ela mudou totalmente o padrão de profissional que ela tinha há dez anos atrás, pra um modelo de prestação de serviço hoje. No modelo de prestação de serviço da Empresa A, como as outras empresas de TI, elas adotam a contratação de agregados. Então hoje, dentro da Empresa A existem quatro ou cinco outras empresas, e essas empresas disputam muito o profissional. Então elas disputam tentando dar um ganho financeiro para as pessoas, maior. E, no regime CLT, o regime tributário seria muito grande pra poder fazer essa competição valer a pena. Então acho que a competição no mercado é que tem feito isso... (Entrevista 26).

A disseminação de vínculos Não CLT em determinados segmentos estabelece parâmetros de contratação diferenciados. Quando os contratos CLT existem de uma forma paralela, eles

funcionam como um tipo de padrão para os contratos Não CLT em termos de condições e benefícios. Já quando os vínculos CLT são muito raros é comum que nenhum dos direitos dos vínculos CLT seja mantido.

- Então são dois sistemas paralelos, né, dependendo da área?

São. Se você vem de mercado, seja pra produtos, que é a área que define os requisitos, ou pra homologação, que também é gente que entende de mercado financeiro, ou pra área de atendimento, que também, qualquer uma dessas três, se você vem, você tem esse formato com férias e décimo terceiro. Se não, não. (Entrevista 19).

Um outro ponto importante a ser destacado em relação aos diferentes tipos de vínculo é a insegurança existente dentro dos contratos Não CLT. Esta insegurança existe para os dois lados envolvidos: contratantes e contratados. Do lado dos contratantes existe uma insegurança jurídica, sendo esta a maior preocupação para a maioria das empresas. Os gastos decorrentes de ações trabalhistas podem ser muito altos.

Acho que a relação de pessoa jurídica funciona muito pela palavra das pessoas e também – aí acho que é até meio uma questão de sobrevivência – se depois de um tempo você está sem trabalhar, por algum motivo, e você sabe que você tem lá três anos de direitos não pagos, por mais que aquilo estivesse combinado, acho que as pessoas processam pra ganhar dinheiro e poder tocar a vida pra frente. Tem muita gente que a intenção não é essa, mas a intenção passa a existir na hora que você está ferrado de grana. (Entrevista 11).

Para os funcionários, a insegurança está associada a outras questões, estando ligada à falta de direitos que são garantidos pela CLT. Os entrevistados relataram que normalmente as condições de trabalho são negociadas no momento da entrada. É importante ressaltar que, apesar de existir uma insegurança para os dois lados, contratantes e contratados, normalmente o funcionário é o lado com menor poder no processo de negociação.

Agora, por exemplo, lá na Empresa A muita gente é PJ. Alguns têm direito a bônus, outros não; alguns têm direito a férias, outros não. É um acordo de boca que varia. É maluquice, é um problemaço, que a própria empresa sede está querendo acabar com isso. Cargos estratégicos não podem ser pessoa jurídica, eles estão querendo acabar com isso. Só que custa caro, não é uma questão só de querer. Eles estão fazendo um estudo para ver como fazer isso. (Entrevista 11). É comum que algumas coisas não fiquem claras, ou porque não foi conversado, ou por simples esquecimento, e que o funcionário só vá saber das reais condições após algum tempo de prestação de serviços. Em alguns casos o funcionário descobre que tem direitos que não sabia e, em outros, descobre que o que julgava ser um direito seu não é entendido da mesma forma pelo empregador.

Olha, a PJ cotista ela te ilude. Porque você recebe aquele salário quase que cheio, acha maravilhoso, sem desconto nenhum, só que você deixa de contribuir com aquela alíquota pro fundo de garantia, que depois ele faz falta numa hora em que você é mandado embora. Não foi meu caso, eu pedi demissão, mas eu quis fazer um acordo. Eu propus um acordo, por anos de casa, eu propus acordo. E na hora que eu vou propor acordo, que eu queria os 40% de um FGTS virtual, que não