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A Patente como Informação Tecnológica Um quarto conjunto biblio gráfico, relativamente recente em termos históricos, começou a ser delineado por

No documento A Norma do Novo_DTP (2) (páginas 50-53)

Terceira Parte deste Livro

D) A Patente como Informação Tecnológica Um quarto conjunto biblio gráfico, relativamente recente em termos históricos, começou a ser delineado por

volta da década de 1970, e diz respeito aos estudos, trabalhos e livros sobre as informações técnicas (ou tecnológicas bibliográficas) contidas nos próprios do- cumentos de patentes. É como se o próprio documento de patente se tematizasse. O trabalho de Friedrich-Karl Beier e Joseph Straus, The Patent System and

its Information Function - Yesterday and Today, publicado em 1977, pode ser con-

siderado, neste sentido, um marco nas reflexões sobre a função informacional dos documentos de patentes. Merece destaque, igualmente, o artigo de Edmund Kitch, The Nature and Function of the Patent System, também de 1977.

Neste conjunto, a patente em si objetifica-se e se reifica como tema de refle- xão, no interior dos debates clássicos do sistema de patentes, conjuntos biblio- gráficos A, B e C supra.

Fig. 6. Exemplo de um abstract de patente japonesa. Estes abstracts eram, no passado, divulgados, em inglês, para todo o mundo. Determinados setores tec- nológicos da classificação internacional de patentes, estratégicos para o Japão,

não eram publicados e nem accessíveis ao público

Dezenas de artigos, livros, e até mesmo publicações periódicas já delimi- tam este conjunto como um espaço bibliográfico específico de entendimento, como por exemplo a World Patent Information – The International Journal for

Patent Documentation, Classification and Statistics, da Pergamon Press.

Este movimento internacional de transformar o instrumento de proteção jurídi- ca clássica (a patente de invenção) em fonte de informação tecnológica possuiu des-

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dobramentos importantes na concepção e no desenvolvimento deste trabalho e das teses contidas neste livro; pois foi, de fato, a partir desta objetificação do documento de patente, desta tematização, desta reflexão no verdadeiro sentido da palavra, que se pode especular, então, sobre as potencialidades cognitivas (gnosiológicas) e os limites das informações técnicas contidas nos documentos de patentes.

A tematização recente, em termos históricos, da patente como potencialidade informacional abriu um vasto campo ainda não devidamente explorado na literatura.

Não podemos negar que uma já ampla tratadística sobre as potencialidades cog- nitivas dos desenhos e das informações figurativas existe e é amplamente divulgada e estudada, especialmente nos campos da Arte e da Comunicação: Manfredo Massiro- ni, 1982; Rudolf Arnheim, 1986, 1969, 1954; Jacques Bertin, 1977; Pierre Francastel, 1983, 1965, 1951; James Gibson, 1950; Ernst Gombrich, 1959; Erwin Panofsky, 1927, 1955; Hermerén Goran, 1969; Gaetano Kanisza, 1980, e tantos outros.

Entretanto, até o momento, esta união dos aspectos cognitivos dos desenhos, traçados e elaborados figurativos do campo e do estudo da Arte e da Comunicação com as potencialidades cognitivas das descrições figurativas e verbais/didascálicas dos documentos de patentes de invenção não está apresentada e nem sequer for- mulada publicamente. Esta questão é também objeto de significativa reflexão no interior deste livro, até porque, conforme veremos com detalhes, um dos aspectos centrais e de grande complexidade analítica é precisamente a possível descritibilida- de plena (inclusive figurativa como suporte do disclosure) dos objetos tecnocientíficos que estão sendo trazidos para a proteção patentária e/ou intelectual: os resultados das recombinações genéticas, dos programas de computador e sistemas informacio- nais, circuitos microeletrônicos, etc. O capítulo 11/II deste trabalho busca fazer as primeiras reflexões sobre uma específica Semiótica das Patentes.

Esta tematização genérica, nesta tese, de pensar a patente como objeto de informação técnica (suas potencialidades e suas limitações cognitivas, espe- cialmente figurativas) proveio igualmente de minhas experiências profissionais, adicionais, no INPI, especificamente na assessoria da presidência de Mauro Fer- nando Arruda, entre os anos 1986 – 1989.

Além da paulatina flexibilização administrativa das normas que regulamen- tavam as análises dos contratos de transferência de tecnologia para o Brasil, uma das principais estratégias da gestão de Mauro Arruda, em função das grandes pressões políticas, internas e externas, decorrentes da estrutura do “ciclo da Lei 5772”, e das modificações políticas nacionais e internacionais dos anos de sua

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gestão, foi enfatizar a importância das informações tecnológicas contidas nos do- cumentos de patentes. Não existem dúvidas de que Mauro Arruda tentou, e eu diria com relativo sucesso para seus propósitos, dar uma “guinada” e um “foco”

técnico em sua gestão. A minha participação nesta estratégia, e na própria exe-

cução da mesma, foi singular. Juntamente com Cláudio Treiguer, que coordenou o CEDIN durante toda a gestão de Mauro Arruda, e outras, montamos o programa PROFINT (programa de fornecimento automático de informações tecnológicas patenteadas para certas empresas nacionais), e criei e implantei o PROATEC (Programa de Acompanhamento da Evolução Técnica – patenteada – na Indús- tria). Este programa (PROATEC) gerou os primeiros estudos setoriais, no Brasil, com utilização de informações patenteadas. E estes primeiros estudos, publicados e divulgados pelo INPI, serviram de estímulo, acredito eu, para todos os demais estudos sobre utilização de informações patenteadas, no Brasil, até hoje.

O primeiro estudo e trabalho publicado pelo INPI sobre a evolução tecno- lógica em um determinado setor, através de informações técnicas e bibliográ- ficas contidas em documentos de patentes, nitidamente em caráter de projeto- -piloto, foi coordenado, escrito e executado por mim, e publicado em junho de 1986: “O Estado da Técnica no Setor de Mensuração e Instrumentação Científica”. Seguiram-se alguns outros.

Esta “prioridade técnica” da gestão de Mauro Arruda pode ser identifi- cada, também, pelo projeto e execução de uma Revista de estudos sobre pro- priedade industrial e comércio de tecnologia, revista esta que tomou o título de “Panorama da Tecnologia”, com vários números publicados e divulgados.

Desde a sua origem, o INPI trabalhou sistematicamente na construção de um “Banco de Patentes”, banco este que pudesse servir a vários propósitos, além do objetivo óbvio e direto de suporte para as análises das patentes depositadas no país, e o treinamento dos próprios engenheiros da diretoria de Patentes. Os grandes responsáveis pela construção do Banco de Patentes do INPI (em papel), e do próprio CEDIN – Centro de Documentação e Informação Tecnológica, foram Thomaz Thedim Lobo, e especialmente Roberto Gastão Coaracy. Vale lembrar que os computadores praticamente não existiam, e a internet menos ainda. As buscas de anterioridade de patentes, em todo o mundo, eram empre- endidas em “papel”, e alguns anos depois em “microfichas”, como por exemplo, o importante arquivo de informações (em microfichas) do INPADOC – Inter-

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para relatar uma curiosidade histórica, o primeiro computador do INPI, um ITAUTEC XT i7000 com impressora matricial, foi providenciado por mim, em 1987, e colocado em minha sala na assessoria da presidência, no 18o. andar do Edifício do INPI, Praça Mauá 7, para onde algumas pessoas curiosas dirigiam-se para ver e apreciar aquelas duas “engenhocas interessantes”, movidas por sof- twares pioneiros como o dBase, o WordStar, etc., e com “sistema operacional” DOS. Foi o único computador do INPI durante muito tempo.

E) Proteção Intelectual às Novas Tecnologias. E finalmente, um quinto

No documento A Norma do Novo_DTP (2) (páginas 50-53)