• Nenhum resultado encontrado

Sumário

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4. Instituição de acolhimento: Hortência

Inicialmente, em 1975, a instituição surgiu para oferecer acolhimento a meninas com histórico de gravidez precoce e drogadição. Atualmente, tem capacidade de acolher 25 crianças com idades até 12 anos, de ambos os sexos.

A chegada das crianças na instituição acontece apenas em horário comercial (com raras exceções) e em dias úteis, coincidindo com o horário de trabalho da equipe técnica.

A casa adaptada está localizada em um bairro residencial popular. Possui cinco quartos organizados por faixa etária: Turma Estrela, com bebês até 1 ano e meio de idade (mais ou menos); Turma Sol, com crianças em torno de 1 ano e meio a 3 anos de idade; Turma Lua, com crianças de 3 a 5 anos; e Turma Arco-íris, com crianças de 6 a 12 anos de idade (separados por sexo). Normalmente, há sete ou oito crianças para cada educadora (essa proporção é a mesma para os bebês), num total de quatro educadoras durante o dia. Porém, à noite, são apenas duas educadoras, para cuidar das 25 crianças. As educadoras trabalham 12 horas e folgam 36.

Nas vezes em que a pesquisadora esteve na instituição, as crianças maiores a cumprimentaram e, de maneira geral, sua presença não provocou grande efeito nas crianças. Os bebês quase sempre estavam em cadeirões na varanda da casa, com as outras crianças. A sala da equipe técnica fica na mesma casa e as crianças pareceram ter acesso fácil à equipe. Enquanto a pesquisadora lá esteve, elas foram muito bem recebidas pelas técnicas, ao entraram na sala da equipe.

Currículo, experiência com crianças (escolinha, creche ou babá) e perfil são os critérios para seleção das educadoras. No momento da coleta de dados, o salário havia sido reajustado recentemente (em torno de R$ 800). Ao todo, são 22 funcionários: coordenadora, psicóloga, assistente social, pedagoga, cozinheiras, lavadeira, pessoa de serviços gerais, monitora da saúde, educadoras (13).

As funcionárias, especialmente da equipe técnica, foram acolhedoras com a pesquisadora.

Procedimentos Metodológicos 75

No Quadro 1, constam as principais características das instituições de acolhimento participantes.

Abrigos

Institucionais Tipo Ano de Fundação

Capacidade de Atendimento Critério de Seleção da População Atendida Nº de Pessoas Participantes da Pesquisa Funções dos Participantes Lírio Não governamental sem fins lucrativos 1994 20 crianças Sexo: meninos e meninas Idade: até 18 anos 4 Assistente social, psicóloga, pedagoga e educadora Rosa Não governamental sem fins lucrativos 1980 50 crianças Sexo: meninos e meninas Idade: até 14 anos 5 Coordenadora, assistente social, psicóloga e educadoras (2)

Tulipa Municipal 1982 25 crianças

Sexo: meninos e meninas Idade: até 14 anos 7 Coordenadora, assistente social, psicóloga, pedagogo, apoio técnico14 e educadoras (2) Hortência Não governamental sem fins lucrativos 1975 25 crianças Sexo: meninos e meninas Idade: até 12 anos 6 Coordenadora, assistente social, psicóloga, pedagoga e educadoras (2)

Quadro 1 – Caracterização das instituições de acolhimento. b) Conselhos tutelares

O município é dividido em quatro regiões e, para cada uma, há um conselho tutelar responsável, com cinco conselheiros atuantes. A cidade, portanto, conta com quatro conselhos tutelares e 20 conselheiros.

Até o término da coleta de dados, a última eleição havia ocorrido em 2009, com mandato até 2012. Os candidatos precisavam ter o ensino médio completo, além de terem passado por avaliação psicológica e prova escrita.

14 Na instituição, há duas pessoas que desempenham essa função. São responsáveis por administrar o

funcionamento e a infraestrutura da casa onde estão acolhidas as crianças e adolescentes: escala de trabalho dos educadores; saída das crianças/adolescentes para a escola, atividades extraescolares e passeios; estoque de alimentos em geral e materiais de limpeza e higiene; receber as crianças no momento de chegada à instituição, principalmente no que se refere à parte burocrática; entre outras funções administrativas.

Procedimentos Metodológicos 76

Os quatro conselhos estão alocados no centro da cidade, num único prédio, ocupando diferentes andares.

Cada conselho é autônomo e possui funcionamento independente dos demais, desenvolvendo, assim, condutas e formas de atuação diversas e, em alguns sentidos, divergentes.

Participaram da pesquisa quatro conselheiros, um de cada região do município.

c) Profissionais participantes

A pesquisa contou com a participação de profissionais dos abrigos institucionais e dos conselhos tutelares, anteriormente descritos. Todos tinham mais de 18 anos de idade.

Inicialmente, pensou-se em entrevistar toda a equipe técnica das instituições, ou seja, coordenador(a), psicólogo(a), assistente social e pedagogo(a), além de um(a) educador(a) para cada dez crianças com idades até 6 anos acolhidas no momento da coleta de dados. Estava previsto também priorizar, especialmente no caso dos educadores, aqueles que trabalhavam nas instituições há mais de 2 anos, como forma de garantir experiência significativa no acolhimento de crianças.

No entanto, nem sempre foi possível, principalmente devido à rotatividade dos profissionais15. No abrigo institucional Hortência, por exemplo, uma das educadoras entrevistadas atuava há apenas sete meses. E, no abrigo institucional Rosa, a pedagoga não foi convidada a participar da pesquisa porque acabara de ser contratada. Além disso, nessa mesma instituição, uma das técnicas decidiu que apenas duas educadoras seriam entrevistadas em vez de três, quantidade que corresponderia à proporção estipulada pela pesquisadora (de educadores pelo número de crianças acolhidas naquele momento).

Com essas condições, no que diz respeito aos educadores(as)16, priorizou-se, então, entrevistar aqueles(as) responsáveis por ficar com as crianças com idades até 6 anos, devido

15 A rotatividade dos profissionais refere-se ao fato de permanecerem pouco tempo nelas, exigindo a contratação

de outros profissionais para substituí-los. E, como um ciclo, um fato sucede o outro, ininterruptamente. O fenômeno foi facilmente observado nos encontros de formação dos profissionais do acolhimento institucional do município, dos quais participei durante os anos de 2010 e 2011. Os encontros eram mensais e em quase todos havia pessoas novas no grupo, pois eram recém-ingressas nas instituições. Outras deixavam de participar da formação por terem se desligado. Algumas hipóteses foram levantadas, no sentido de compreender o fenômeno, as principais foram: baixos salários, seleção de profissionais com perfil inadequado à função, natureza do trabalho a ser realizado, alta exigência aliada à desvalorização dos profissionais, sobretudo dos educadores.

16 Tratam-se dos profissionais que ficam diretamente com as crianças e adolescentes como educadores, mas não

são registrados na carteira profissional dessa forma. O nome da função que exercem varia de instituição para instituição. Monitor, auxiliar de desenvolvimento infantil, educador social, agente de ação social, são alguns dos nomes atribuídos a essa função.

Procedimentos Metodológicos 77

aos objetivos desta pesquisa. Todavia, dentre esses(as), a escolha dos(as) educadores(as) que seriam convidados(as) a participar ficou a critério das coordenadoras ou das equipes técnicas, e foi possível perceber que foram escolhidas aquelas que estavam há mais tempo na instituição e que tinham perfil considerado mais adequado para lidar com crianças pequenas, sobretudo mais sensibilidade para acolhê-las no momento da chegada na instituição.

A Figura 1 mostra as principais informações da caracterização dos participantes (Fig. 1).

Figura 1 – Caracterização dos participantes.

Ao todo, participaram 26 pessoas: três coordenadoras17; quatro assistentes sociais; quatro psicólogas; três pedagogos18; sete educadoras; um apoiador técnico19; e quatro conselheiros tutelares. Apenas três eram homens - um pedagogo, um apoiador técnico e um conselheiro tutelar. A maior parte estava casada e tinha filhos (15 pessoas). A idade dos participantes variava entre 24 a 55 anos, e mais da metade (16 pessoas) tinha acima de 41

17 No abrigo institucional Lírio, não havia uma pessoa que desempenhasse, especificamente, essa função. 18 No abrigo institucional Rosa, a pedagoga havia sido contratada há pouco tempo e não tinha experiências

anteriores na área de acolhimento institucional, portanto, não participou da pesquisa.

19 No abrigo institucional Tulipa, duas pessoas desempenham essa função. São responsáveis por administrar o

funcionamento e a infraestrutura da casa onde estão acolhidas as crianças e os adolescentes: escala de trabalho dos educadores; saída das crianças/adolescentes para a escola, atividades extraescolares e passeios; estoque de alimentos em geral e materiais de limpeza e higiene; entre outras funções administrativas. Não estava prevista, inicialmente, a participação desse profissional. No entanto, ao longo da coleta de dados, tomou-se conhecimento de sua participação no processo de acolhimento, principalmente no que se refere à documentação e encaminhamento da criança para a pessoa responsável por sua recepção e acolhimento (educador, cozinheira ou auxiliar da limpeza). Assim, decidiu-se incluí-lo. Para isso, os dois foram entrevistados, porém apenas a entrevista de um deles foi analisada, após sorteio.

Procedimentos Metodológicos 78

anos. Em relação ao tempo de trabalho, cinco das sete educadoras estavam na instituição há mais de 10 anos20, enquanto a maioria das coordenadoras e membros das equipes técnicas estavam de 1 a 4 anos (nove pessoas, sendo 14 no total). O tempo de atuação dos conselheiros tutelares nessa função variava de 1 a 10 anos, uma vez que uma das conselheiras estava em seu terceiro mandato (não consecutivo).

Quanto à escolaridade dos participantes, destaca-se que dentre 26 participantes, 20 possuem ensino superior e mais da metade (12 pessoas) havia realizado algum curso de pós- graduação, sobretudo especializações (nove pessoas).

O Fluxograma 1 sintetiza as informações mais significativas sobre esse assunto.

Outline

Documentos relacionados