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O financiamento da Previdência Social e as contribuições oriundas da área rural

PARTE II O DIREITO À PROTEÇÃO SOCIAL CONFIGURADO NO TRABALHO

3 Os trabalhadores rurais no contexto da Seguridade Social brasileira

3.3. Estrutura da previdência rural brasileira

3.3.2 O financiamento da Previdência Social e as contribuições oriundas da área rural

Pela relevância do princípio da solidariedade que caracteriza o sistema de Seguridade Social brasileiro, importa abordar a forma de participação do segmento rural e não apenas do assalariado rural na participação do custeio do sistema.

O texto constitucional de 1988 consagra os princípios da diversidade da base de financiamento e da eqüidade na forma de participação do custeio da seguridade social que envolve as políticas de saúde, previdência e assistência social. Com isso, a base de financiamento da seguridade social é composta por contribuições sociais sobre folha de salários, rendimentos do trabalho, lucros, faturamento, movimentação financeira, e sobre a receita de concursos e prognósticos.

No que tange à Previdência Rural, esta se distingue pelo caráter específico de suas regras na atribuição de direitos e obrigações para os trabalhadores rurais e também pela maneira diferenciada de participar do financiamento para o pagamento de benefícios. Desde a sua origem, com o PRORURAL/FUNRURAL, até o presente, a previdência rural caracteriza-se como subsistema de transferência de renda, que tem requerido formalmente contribuição dos seus participantes, mas cujos valores arrecadados não guardam relação intrínseca com o total das despesas dos benefícios.

Atualmente, o financiamento previdenciário rural apóia-se em estruturas distintas de contribuição direta em termos de bases e procedência setorial dos recursos, a saber:

Uma das fontes advém da contribuição do segurado especial incidente sobre a receita bruta da comercialização primária da produção rural (art. 25 da Lei 8.212/91), sendo a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições do adquirente do produto, quando se tratar de pessoa jurídica, ou do próprio segurado, quando a comercialização da produção for feita diretamente ao consumidor ou por ele for exportada. Ressalta-se que, ao longo do tempo, as alíquotas de contribuição tiveram mudanças freqüentes, oscilando entre 2% e 3%. Atualmente, a alíquota de contribuição é de 2,1% (dois inteiros e um décimo por cento) já incluídos a alíquota de 0,1% para financiamento das prestações por acidente de trabalho. Salienta-se que o segurado especial, objetivando obter um salário-de-benefício superior ao

valor do salário mínimo, pode contribuir facultativamente para Previdência Social com uma alíquota de 20% sobre o salário-de-contribuição (art.25, § 1º, da Lei 8.212/91). A opção por essa forma de contribuição não muda o seu enquadramento como segurado especial, muito menos o transforma em segurado facultativo, dada à relação obrigatória de vínculo com o Regime Geral da Previdência Social.

A outra fonte de contribuição vincula o empregador rural pessoa física ou jurídica. Até a vigência da Lei 8.540, de 22 de dezembro de 1992, a contribuição incidia sobre a folha de pagamento de seus empregados. A partir de então, a contribuição passou a incidir sobre a comercialização da produção rural e não mais sobre a folha de pagamento, com o mesmo fato gerador e a mesma base de cálculo aplicada ao segurado especial. Essa forma de contribuição tornou-se extensiva às pessoas jurídicas (empresas agropecuárias) por força da Lei 8.870, de 15 de abril de 1994, e passou a valer, inclusive, para as agroindústrias a partir de 2001 (Lei n.º 10.256/01). No decorrer desse período a alíquota de contribuição variou entre 2% e 2,7% sendo que, atualmente, o empregador rural pessoa física contribui com a alíquota 2,1% e o empregador pessoa jurídica contribui com 2,6% sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção.

Apesar dos questionamentos doutrinários de inconstitucionalidade da contribuição do empregador rural para a seguridade social pelo fato da mesma incidir sobre a produção comercializada158, é fato que o Supremo Tribunal Federal tem apreciado a matéria e pautado entendimento em contrário159. Ademais, com a Emenda Constitucional n.º 42, de 19/12/2003, ao incluir os parágrafos 12 e 13 ao artigo 195 do texto constitucional, parece não

158 Nesse sentido ver: SOUZA, Ricardo Conceição. O Custeio da Seguridade Social pela Agroindústria e

Produtores Rurais - Pessoas Jurídicas IN: Revista de Estudos Tributários. n. 24. mar/abr 2002. p.61. Ver também: SILVA, Francisco de Assis e. Funrural ou Novo Funrural: A inconstitucionalidade constante, desde sua origem até as mais recentes alterações legislativas. IN: Revista de Estudos Tributários. Vol, 7. n. 38. jul/ago 2004. p.139-146.

159 Nesse sentido ver: RE-AgR-ED 238395/MS; RE-AgR 188108/SP; RE-AgR 352638/RS; RE-AgR

261579/MG. In: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Disponível em http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/ pesquisarInteiroTeor.asp> Acesso em 08 de agosto de 2007.

haver mais dúvidas sobre a possibilidade de substituir, total ou parcialmente, a contribuição incidente sobre a folha de salários (inciso I, alínea “a”) pela contribuição incidente sobre a receita ou o faturamento (inciso I, alínea “b”), nos mais diversos setores da economia.

A par da contribuição incidente sobre a produção rural, o empregador rural pessoa física, para ter acesso aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, deve contribuir também como segurado contribuinte individual, com a alíquota de 20% (vinte por cento) sobre o salário de contribuição. Essa forma de contribuição é extensiva aos trabalhadores rurais que prestam serviços de forma eventual a uma ou mais empresas.

Por fim, há o aporte dos empregados rurais que passaram a contribuir para o Regime Geral da Previdência Social, por determinação da Lei 8.212/91, a partir da competência do mês de novembro de 1991 nos mesmos moldes dos trabalhadores urbanos, com uma alíquota variável entre 8% e 11 % incidente sobre o salário-de-contribuição mensal160 (art. 20 da Lei 8.212/91). Até então, não se exigia contribuição do empregado rural, vez que a Lei vigente à época – Lei Complementar 11/71, artigo 15 - previa apenas a contribuição paga pelo produtor sobre o valor comercial dos produtos rurais e sobre a folha de salários das empresas. Desse modo, não se exige do empregado rural, para fins de qualquer benefício, contribuições anteriores à competência novembro de 1991.

A obrigação de arrecadar e recolher a contribuição do empregado é do empregador, sob pena de incorrer no crime de apropriação indébita previdenciária161. A

160 Conforme disposto na Portaria Interministerial MPS/MF Nº 77, de 11 de março de 2008 – publicada no

diário Oficial da União em 12/03/2008, seção 1 - págs. 42 e 43, para o cálculo da contribuição previdenciária do empregado rural utiliza-se a alíquota de 8% no caso de salário de até R$ 911,70; alíquota de 9% no caso de salário de R$ 911,71 a R$ 1.519,50; e alíquota de 11% no caso de salário de R$ 1.519,51 a R$ 3.038,99. Esses valores de salários de contribuição tomados como parâmetros para efeito de aplicação das correspondentes alíquotas são reajustados na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social (art. 20, § 1º da Lei n. 8.212/91)

161 O crime de apropriação indébita previdenciária consiste no ato omissivo do empregador em não repassar aos

cofres do tesouro nacional as contribuições previdenciárias descontadas do empregado. Sua tipificação e a respectiva pena está prevista no Código Penal Brasileiro, no artigo 168 – A, na redação dada pela Lei n. 9.983, publicada no Diário Oficial em 17/07/2000. Antes, porém, da Lei n. 9.983/2000, os crimes praticados em detrimento da previdência social estavam previstos no artigo 95 da Lei n. 8.212/91, não era de boa técnica, pois se limitava a enunciar o preceito, mas não cominava sanção obstando a sua aplicabilidade em função do

propósito, vale registrar ser comum os empregados rurais, mesmo com a Carteira de Trabalho assinada, encontrarem dificuldades de acesso ao direito de proteção previdenciária ante a omissão do empregador em inscrever-lhes na Previdência Social e não recolher à Seguridade Social as contribuições que lhes foram descontadas. Muitas vezes, isso somente é detectado no momento em que o empregado vai requerer o benefício, constituindo-se uma situação de exclusão do direito à proteção social e impossibilidade do órgão administrativo em constituir o crédito previdenciário devido ao decurso do prazo ensejador do instituto da decadência162.

É de se notar, contudo, que as bases fiscais sobre as quais incide a arrecadação direta da área rural – valor bruto da produção agropecuária e salários pagos no setor formal da economia rural – padece de dois dilemas no campo da arrecadação previdenciária. O primeiro, pelo fato das contribuições serem susceptíveis de inúmeras formas de evasão, reflexos da pouca eficiência da fiscalização na área rural. O Segundo, cuja base fiscal tem menor potencial contributivo, não por questões de evasão, mas pelo alto grau de informalidade do trabalho rural assalariado, cuja taxa de formalização, como já enfatizamos, é uma das mais baixas dos setores da economia.

Ademais, por força do § 2º do art. 149 da Constituição Federal, (redação dada pela Emenda Constitucional n.º 33/2001), estão isentas de contribuição social as receitas das exportações provenientes da comercialização dos produtos rurais. Trata-se de expressiva renúncia previdenciária que beneficia apenas as empresas exportadoras já que os produtores princípio da legalidade que impede a aplicação de pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX e CP, art. 1º).

162 O instituto da decadência é uma das causas de extinção do crédito tributário e ocorre pelo decurso do prazo do

sujeito ativo, no caso a Receita Federal do Brasil, em fazer o lançamento das contribuições sociais devidas à Seguridade Social. Até recentemente, existiam controvérsias em torno desse prazo decadencial, se 10 anos, conforme consta no artigo 45 da Lei 8.212, de 1991, ou, se 05 anos, conforme determina o Código Tributário Nacional (art. 150, § 4º). O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n. 8, publicada no DJe em 20/06/2008, uniformizou o entendimento ao considerar inconstitucional o referido artigo 45 da Lei n. 8.212/91, fixando-se, portanto, em cinco ano o referido prazo decadencial. Nesse sentido: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. (Ver: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula Vinculante n. 8. Disponível em: <http://www.stf.gov.br/portal/jurisprudencia /listarJurisprudencia.asp> Acesso em: 16 de setembro de 2008).

rurais pagam a contribuição previdenciária no ato da comercialização. Esse é um tipo de medida de caráter fiscal que contrasta com os princípios que norteiam a Previdência e a Seguridade Social brasileira e que deveria ser assumida de outras formas pelo governo e não pelo orçamento da Seguridade Social.

Do exposto, decorre que as despesas da previdência rural são sustentadas pelas fontes próprias de financiamento e por outras fontes vinculadas ao sistema de Seguridade Social proveniente de tributos gerais.

3.3.3 As espécies de benefícios e os critérios de elegibilidade para acesso à proteção

previdenciária

O sistema de Previdência Social brasileiro congrega um amplo leque de espécies de benefícios destinados a garantir a proteção social dos segurados, de modo que procura responder aos mais variados riscos sociais ensejadores da incapacidade do cidadão para o exercício do trabalho. Aliás, é um sistema que vai além da oferta de proteção vinculada à incapacidade ou perda das forças de trabalho do segurado já que assegura também o direito ao benefício por tempo de contribuição, benefício este pouco comum em outros sistemas de proteção social ao redor do mundo. Isso, contudo, não significa que o conjunto da população tenha amplo acesso a esses benefícios, já que o principal critério de acesso decorre de uma relação de trabalho formal163 que precisa ser devidamente comprovada.

Os trabalhadores rurais, após a Constituição Federal de 1988, têm direito ao mesmo rol de benefícios que é assegurado aos urbanos, tais como: auxílio-doença; auxílio- acidente; aposentadoria por invalidez; salário-maternidade; aposentadoria por tempo de contribuição; aposentadoria por idade; pensão por morte e auxílio-reclusão (para os dependentes), dentre outros. A exceção recai sobre o benefício da aposentadoria por tempo de

163 O “trabalho formal” é aqui entendido sob diversas formas: como trabalho assalariado devidamente registrado

em Carteira de Trabalho e Previdência Social; como trabalho autônomo prestado a terceiros devidamente registrado em contrato; como trabalho cooperativado plenamente regularizado perante os órgãos competentes; e outras formas mais que o sistema de Previdência Social comporta.

contribuição que não é extensivo ao segurado especial mesmo que comprove a contribuição incidente sobre a comercialização da produção, salvo se o mesmo contribuir facultativamente164 para o sistema. Exceção feita também ao benefício do salário-família assegurado apenas ao empregado rural.

Quanto à forma de acesso aos benefícios, inobstante o caráter contributivo que vincula cada segurado ao sistema previdenciário, para os trabalhadores rurais foram instituídas regras especiais e transitórias com o propósito de assegurar-lhes a devida proteção social. No caso do segurado especial - como se denota no art. 39, inciso I, da Lei 8.213/91- o acesso aos benefícios exige tão somente a comprovação do exercício da atividade rural. Aos demais trabalhadores rurais – empregado e contribuinte individual – a regra de acesso mediante a comprovação do exercício da atividade rural foi extensiva apenas ao benefício da aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, nos termos do artigo 143 da mesma Lei. Trata-se de regra transitória, originalmente prevista para um lapso temporal de 15 anos, ou seja, até 24 de julho de 2006165, sendo este prazo prorrogado para até dezembro de 2010 por força da Lei n. 11.718, publicada em 23 de junho de 2008. Pela importância dessa regra transitória na garantia da proteção previdenciária dos assalariados rurais, mais adiante serão abordadas as perspectivas que se colocam com o término dessa regra.

À exceção da aposentadoria por idade, para acesso aos demais benefícios os trabalhadores rurais, empregado e contribuinte individual, precisam comprovar a efetiva contribuição previdenciária.

164 O segurado especial pode ter acesso ao benefício da aposentadoria por tempo de contribuição somente se

houver contribuição facultativa. Trata-se de um direito pacificado na Súmula 272 do STJ que assim dispõe: “O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher contribuições facultativas”. (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Súmula 272. Brasília. DF. 11 de novembro de 2002. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.> Acesso em: 08 de agosto de 2007).

165 O texto original do artigo 143 da Lei n.º 8.213/91 estabelecia que: “Art. 143. O trabalhador rural ora

enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea ‘a’ do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício”.

Quanto à forma de comprovação da atividade rural, a exigibilidade de início da prova material é requisito imprescindível à concessão de benefício, matéria essa já pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça por meio da da Súmula 149: “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação de atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefício previdenciário."

Nesse sentido, há um rol extensivo de documentos previstos no artigo 106 da Lei 8.213/91 e na norma interna do INSS (Instrução Normativa n.º 20/2007, art. 136), que se presta a tal fim. Entretanto, a grande maioria desses documentos é destinada à comprovação da atividade do segurado especial. No caso específico dos assalariados rurais, servem à comprovação da atividade rural o contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; acordo coletivo de trabalho, inclusive por safra, desde que caracterize o trabalhador como signatário e comprove seu registro na respectiva Delegacia Regional do Trabalho – DRT; declaração do empregador comprovada mediante apresentação dos documentos originais que serviram de base para sua emissão, confirmando, assim, o vínculo empregatício; recibos de pagamento contemporâneos ao fato alegado, com a necessária identificação do empregador e do empregado; e, declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural, desde que corroborada por início de prova material (art. 140, da Instrução Normativa n.º 20/2007).

Ressalta-se, que o rol de documentos elencados nas referidas normas não é taxativo, de modo que outros ali não relacionados também podem servir para a comprovação do labor rural.

No caso específico do assalariado rural que trabalha na informalidade, a exigência de documentos no intuito de se comprovar o vínculo empregatício com o tomador de serviços significa excluir-lhe por completo do direito de acesso à aposentadoria por idade. Isso porque, dificilmente o empregador vai produzir prova contra si próprio que possa onerá-

lo além da remuneração paga pelo serviço contratado. O Superior Tribunal de Justiça, sensível à desigualdade na relação de trabalho experimentada por esse trabalhador, vem reconhecendo o direito à aposentadoria por idade baseada em outros tipos de documentos, manifestando-se a jurisprudência desse Tribunal no seguinte sentido:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. BÓIA-FRIA. DECISÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM COM BASE EM PROVA TESTEMUNHAL E DOCUMENTAL. ADOÇÃO DA SOLUÇÃO PRO MISERO.

1. A fotocópia autenticada de ficha de atendimento médico de trabalhador rural volante, cuja autenticidade não foi contestada pelo INSS, revela-se razoável prova material para efeito de percepção de aposentadoria previdenciária.

2. Recurso especial não conhecido.166

Um último comentário a respeito desse tema refere-se à legalidade da exigência de contemporaneidade do início de prova material. Se o que se busca é um início de prova material que sirva de base para outros elementos comprobatórios extraídos de outra natureza – já não mais necessariamente materiais, como ocorre com a prova testemunhal –, parece ser razoável que o início da prova material, exigido para o benefício da aposentadoria por idade, não tenha necessariamente que ser contemporâneo com os períodos de trabalho rural a serem comprovados em número de meses idênticos ao da carência do benefício. Ou seja, o trabalhador pode apresentar como prova de seu direito, um documento que tenha sido emitido em período não compreendido aos últimos quinze anos anteriores à data do requerimento da aposentadoria. A jurisprudência de nossos Tribunais tem assinalado nesse

166 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REsp 314610 / PR. Recurso Especial 2001/0036751-8. Relator:

Ministro Paulo Gallotti. Órgão Julgador: Sexta Turma. Data do Julgamento: 09/10/2001 Data da Publicação/Fonte: DJ 07.10.2002 p. 309. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/SCON

/jurisprudencia/doc.jsp?> Acesso em: 26 de setembro de 2008. Outros documentos que o STJ reconhece como

início razoável de prova material para o assalariado rural: certidões de nascimento dos filhos (Ver: AR 3005 / SP. Ação Rescisória 2003/0228326-2. relator: Ministro Paulo Gallotti. Órgão Julgador: Terceira seção. Data do Julgamento: 26/09/2007. Data da Publicação/Fonte: DJ 25.10.2007, p. 119); Declarações de ex-empregadores (Ver: REsp 500929 /SP. Recurso Especial 2003/0022467-1. relator: Ministro Paulo Ministro Jorge Scartezzini. Órgão Julgador: Quinta Turma. Data do Julgamento: 07/10/2003. Data da Publicação/Fonte: DJ 15.12.2003 p. 372).

sentido, o que vai ao encontro da realidade social, considerando as dificuldades que o trabalhador rural enfrenta para comprovar o efetivo exercício da atividade. Aliás, o próprio Ministério da Previdência Social já externou esse entendimento por meio do Parecer n.º 3.136, de 23 de setembro de 2003, emitido por sua Consultoria Jurídica.

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