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PROVA EM PROCESSO PENAL: EXAME OU PERÍCIA? RESPETIVO VALOR PROBATÓRIO ENQUADRAMENTO JURÍDICO, PRÁTICA E GESTÃO PROCESSUAL

Ana Carlota L. P. Aguiar da Rocha * I. Introdução

II. Objectivos III. Resumo 1. As perícias

1.1. O conceito de perícia

1.2. Despacho que ordena a perícia

1.3. A competência do juiz na determinação da realização de perícia sobre características físicas ou psíquicas de pessoas que não hajam prestado o seu consentimento

1.4. O dever de notificação do despacho que ordena a perícia 1.5. A obrigatoriedade de realização de perícia

1.6. A obrigação de sujeição a perícia

1.7. Tipos de perícias e as suas especificidades 1.8. Os peritos e o desempenho da sua função 1.9. A natureza pública das perícias

1.10. O valor da prova pericial

1.11. A importância da distinção de perícia de outros meios de prova tendo em consideração o seu valor probatório

2. Os exames

2.1. Os exames e a sua distinção das perícias 2.2. O valor probatório dos exames

2.3. Competência para ordenar a realização e efectuar exames

2.4. A realização de exames e a sua eventual colisão com direitos fundamentais IV. Referências bibliográficas

I. Introdução

As perícias são um meio de prova dependente da evolução dos meios científicos e tecnológicos. Num mundo em constante desenvolvimento, o regime jurídico da prova pericial vai-se adaptando às novas circunstâncias e exigências.

Hoje, a prova pericial, enquanto meio de prova assente na emissão de um juízo especializado em determinada área do saber, revela enorme importância no direito processual penal, sendo essencial na descoberta da verdade e, assim, na realização de justiça.

Existe uma vasta panóplia de tipos de perícias possíveis de realizar. Não obstante, não podendo a verdade ser procurada a qualquer custo, só a prova legal pode ser considerada válida, sob pena de serem postos em causa direitos fundamentais constitucionalmente consagrados.

* Agradecimentos:

Pelos contributos dados para o desenvolvimento do presente trabalho, um especial agradecimento a: Dr.ª Catarina Carloto de Castro, Auditora de Justiça do 33.º curso do CEJ; Dr.ª Elsa Bértolo, Auditora de Justiça do 33.º curso do CEJ; Dr. Paulo Soares, Auditor de Justiça do 33.º curso do CEJ; Dr.ª Tânia Pedrosa, Auditora de Justiça do 33.º curso do CEJ; Dr.ª Carla Alvim, Procuradora-Adjunta; e Dr.ª Sofia Ramos, Procuradora-Adjunta.

PROVA EM PROCESSO PENAL: EXAME OU PERÍCIA? RESPETIVO VALOR PROBATÓRIO

7. Enquadramento jurídico, prática e gestão processual

Um vestígio devidamente recolhido poderá levar a uma perícia esclarecedora, capaz de auxiliar o julgador na sua decisão.

Sendo a prova pericial um meio de prova científico que tem como objecto, o mais das vezes, vestígios que foram recolhidos, a fronteira entre perícia e exame, enquanto meio de obtenção de prova que visa a detecção de vestígios de crime em pessoas, lugares e/ou coisas, é muito ténue e, por vezes, de difícil delimitação.

Contudo, a distinção entre perícias e exames é essencial, atento, nomeadamente, o valor probatório de cada uma destas figuras. De facto, o artigo 163.º do Código de Processo Penal confere à prova pericial um valor especial, porquanto se presume o juízo técnico, científico ou artístico subtraído à livre apreciação do julgador. Por sua vez, os exames encontram-se sujeitos ao princípio da livre apreciação da prova, consagrado no artigo 127.º do Código de Processo Penal.

II. Objectivos

Sendo a prova pericial um meio de prova científico que tem como objecto, o mais das vezes, vestígios que foram anteriormente recolhidos, a fronteira entre perícia e exame, enquanto meio de obtenção de prova que visa a detecção de vestígios de crime em pessoas, lugares e/ou coisas, é muito ténue e, por vezes, de difícil delimitação.

Ao longo deste trabalho, reflectiremos sobre a diferença entre estas duas figuras, apresentando critérios para a sua distinção e dando exemplos práticos ilustrativos dessa desigualdade, através da apresentação de casos recolhidos de acórdãos.

Debruçar-nos-emos, também, sobre a diferença entre o valor probatório das perícias e o valor probatório dos exames, abordando as suas repercussões jurídico-práticas.

Não deixaremos, ainda, de nos pronunciar relativamente a alguns aspectos jurídico- processuais das perícias e dos exames.

É, assim, nosso objectivo que este trabalho auxilie os Auditores de Justiça e Magistrados do Ministério Público na sua vida prática, contribuindo para a compreensão da diferença e da fronteira entre perícias e exames, auxiliando na superação de algumas dificuldades – teóricas e práticas – que esta temática pode originar.

III. Resumo

Com o presente trabalho pretendemos reflectir sobre a confusão conceptual existente entre perícias e exames.

PROVA EM PROCESSO PENAL: EXAME OU PERÍCIA? RESPETIVO VALOR PROBATÓRIO

7. Enquadramento jurídico, prática e gestão processual

Destarte, debruçar-nos-emos sobre os conceitos de perícia e de exame, apresentando os principais critérios para a sua distinção e clarificando o objecto, os pressupostos, a finalidade, o valor probatório e as repercussões jurídicas associadas a cada uma dessas figuras.

Assim, e seguindo a sistematização do nosso Código de Processo Penal, começaremos por dilucidar quanto às perícias, apresentando possíveis conceitos e definições deste meio de prova.

Após, abordaremos alguns aspectos jurídico-processuais, tecendo algumas considerações relativamente ao despacho que ordena a realização de perícia e à competência do juiz na determinação da execução de perícias sobre características físicas ou psíquicas de pessoas que não hajam prestado o seu consentimento.

Da mesma forma, reflectiremos quanto à obrigatoriedade de realização de perícia e quanto à obrigação de sujeição à mesma, suscitando, quanto a este último aspecto, algumas questões constitucionais subjacentes.

Faremos, ainda, referência a alguns tipos de perícias existentes, apresentando as suas especificidades, bem como trataremos de alguns aspectos inerentes ao desempenho da função de perito.

Terminaremos a análise da prova pericial, abordando a questão do seu valor probatório e respectivas repercussões jurídico-práticas.

De seguida e de forma semelhante, procederemos à análise da figura dos exames, enquanto meio de obtenção de prova, procurando dar-lhe uma definição e expor os principais factores e critérios de distinção relativamente às perícias.

Teceremos, ainda, algumas considerações relativamente ao valor probatório dos exames, e, desse modo, quanto ao princípio da livre apreciação da prova.

Por fim, e ainda que de forma sumária, faremos referência à competência para determinar a realização de exames, bem como à sua eventual colisão com direitos fundamentais.

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