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RESULTADOS E DISCUSSÕES

No documento Volume 2 (páginas 38-42)

Obteve-se um total de 38 formulários preenchidos que foram sistematizados na forma de slides e ilustrados com fotografias dos respectivos autores – servidores técnico-administra- tivos da universidade.

Figs. 2 e 3 – Slides do Projeto “Sustentabilidade é”

A partir da digitação do material recolhido na pesquisa foi possível produzir uma nuvem de palavras por meio do software Wordle (FEINBERG, 2009) contendo as principais palavras utilizadas pelos respondentes (fig. 4). O software exclui verbos e termos como artigos, conjun- ções e preposições, permite também a exclusão de palavras específicas. Para a produçnao dessa nuvem optou-se pela exclusão de palavras utilizadas na questão (sustentabilidade, dia-a-dia e USP) e de termos que remetiam à localização física das pessoas (Departamento, Universidade, Campus, [são] Paulo, FZEA, Escola, Engenharia, [são] Carlos, DTI, Ribeirão Preto, Bauru, Faculdade, Lorena, Instituto, Zootecnia, Parque, Centro, Santos e Pirassununga) e que são ilus- trativas da diversidade de espaços, setores, regiões e campi universitários envolvidos nesse processo formativo.

As palavras que mais se sobressaíram foram: uso, lixo, recursos, água, ambiente, ações e resíduos.

Os radicais, partes de palavras, mais empregados foram “ambient” (36 vezes); “residu” (20 vezes) e “natur” (23 vezes); “recicl” (35 vezes), e “economi” (18 vezes) e retratam concep- ções de que as práticas voltadas à Sustentabilidade se traduzem em ações relacionadas a poupar recursos e alocá-los de modo correto.

O radical “conscien”, por sua vez, empregado 26 vezes, remete a preocupações com edu- cação e práticas socioculturais.

O conteúdo dissertativo das respostas revela uma preocupação educativa dentro da pers- pectiva de “dar o exemplo” e fomentar uma cultura de sustentabilidade – “acredito na cons- cientização pelo próprio exemplo e aplicação” (funcionária do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia, Bauru); ”acredito que o exemplo é o melhor método para educação” (funcionária do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia, Ribeirão Preto); “contagiar, compartilhar, cativar as pessoas” (funcionária do Departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Zootecnia e Enge- nharia de Alimentos, Pirassununga); “passar valores importantes para aquelas pessoas que não se importam com a sustentabilidade” (Chefe de Serviços Gerais da Assistência Técnica Admi- nistrativa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, São Paulo); «agir hoje para que no amanhã todos continuem tendo acesso aos bens naturais” (do setor de Gestão de Resíduos, Prefeitura do Campus de São Paulo)

No que tange o conteúdo de repostas referente ao item “Sustentabilidade é...” foi enfatiza- da a preservação de recursos naturais para as gerações futuras; descarte consciente de resíduos através do reaproveitamento ou do encaminhamento para unidades de reciclagem; bem como redução do consumo induzido pelos mecanismos da sociedade moderna e ações pontuais que geram consequências globais. Entre as quais destacam-se: “ações que visem minimizar o im- pacto que eu posso causar no meio em que vivo” (funcionário da Seção de Pessoal do Centro de Energia Nuclear da Agricultura do Campus de Piracicaba); “ações de reparação a áreas de- gradadas, reuso dos subprodutos e descartes dos resíduos em locais apropriados e protegidos” (Departamento de Manutenção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Campus de São Paulo do Butantã) e “desacelerar’ economicamente [...] Repensar a maneira de viver e sobrevi- ver “ (Serviço de Graduação do Instituto de Relações Internacionais do Campus de São Paulo do Butantã).

As respostas relacionadas ao item “no meu dia-a-dia” mencionaram: destinação corre- ta de resíduos sólidos, economia de recursos naturais, aproveitamento da água proveniente das chuvas e da máquina de lavar roupas, uso de meios de transporte alternativos, opção pelo consumo de produtos duráveis e orgânicos, bem como atitudes de compartilhamento de co-

nhecimentos e experiências sobre ações sustentáveis junto aos familiares, amigos e colegas de trabalho. Houve referência à realização de compostagem, instalação de aquecedor solar, além de considerações sobre educação ambiental, aquisição de produtos orgânicos, separação do óleo de cozinha para a confecção de sabão e descarte adequado de pilhas, baterias e lâmpadas. Entre as quais salienta-se: “pensar duas vezes antes de consumir, priorizar artigos duráveis e reaproveitar. Tenho roupas que foram de minha mãe, outras que customizei e uso a mais de dez anos. Costumo evitar o excesso de embalagens e muitas vezes recuso sacolas e caixas para presente. Consumo mais alimentos frescos e por isso acabo não consumindo muito tetra pak e isopor” (Graduanda em Engenharia Ambiental, Escola Politécnica do Campus de São Paulo) e “o fato de colocar o lixo orgânico nos pés das bananeiras repercutiram no nascimento de cachos maiores, pencas e bananas mais robustas [...] Evito comprar sem real necessidade (evito ir a shoppings), conservo os objetos da casa (essa prática herdamos dos meus pais)” (Divisão de Educação, Museu de Arte Contemporânea do Campus de São Paulo); “ Não sou uma pessoa consumista, não compro roupas, sapatos e eletrônicos, uso o que tenho por muitos anos. Meus filhos usam roupas que os primos usaram, compartilhamos brinquedos. Minha irmã organiza feiras de trocas de roupas e brinquedos” (Serviço de Graduação do Instituto de Relações Inter- nacionais do Campus de São Paulo).

Concernente ao item “na USP”, as respostas concentraram-se na questão do descarte ecologicamente correto de materiais recicláveis, realização de campanhas para recolhimento de pilhas e baterias, participação de grupos, atividades e projetos relacionados à área da sustentabi- lidade, orientação e incentivo de pessoas, bem como economia e reaproveitamento de materiais de escritório. Além dessas, as respostas incluem orientação e fiscalização do uso e descarte de materiais dentro do ambiente de trabalho, considerações sobre os resultados previstos pela formação dos servidores no sentido de fomentar a adesão no que tange a atitudes planejadas e sustentáveis, otimização do tempo e do uso de materiais, envolvimento em projetos inter- nos e externos à comunidade universitária, oferecimento de oficinas para manipular materiais descartáveis com o intuito de transformá-los em obras de artesanato, recuperação de solventes para serem reutilizados, elaboração de mapas de risco digitais e aplicação da água da chuva na irrigação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Universidade, assim como toda e qualquer organização está formada por redes de pessoas que se modificam todos os dias; indivíduos em interação envolvidos em processos de criação e re-criação da cultura organizacional, que é, de acordo com Freitas:

“Um conjunto de representações imaginárias sociais, construídas e recons- truídas nas relações cotidianas dentro da organização, que são expressas em termos de valores, normas significados e interpretações, visando a um sentido de direção e unidade e colocando a organização como fonte de identidade e reconhecimento para seus membros. Essa conceituação considera que a cul-

tura organizacional exerce o papel de agenciadora de sentidos e significados, atuando diretamente no imaginário, coração do psiquismo dos indivíduos, e desenvolvendo com ele uma relação de cumplicidade entre a organização e os desejos e medos inconscientes dos indivíduos que nela trabalham” . (FREI- TAS, 1997, p. 294-295).

Segundo Freitas (1991), as organizações são vistas como “fenômeno de comunicação” que ajuda a criar cultura nas organizações.

É possível, assim, considerar a força e potencial desse processo formador, que se reflete no discurso das pessoas, que por sua vez o disseminam e o fortalecem por meio das práticas diárias de comunicação e que, com ajuda de veículos de comunicação institucional, pode ampliar sua força e poder de penetração. O grande número de pessoas envolvidas no Projeto de Formação e a diversidade e con- teúdo das respostas, revelam familiaridade, comprometimento e conhecimento sobre questões ambientais.

Espera-se com esse trabalho, conhecer e cultuar os valores, ações e ideais de sustentabi- lidade dos servidores e comunidade universitária, bem como desenvolver uma proposta modelo para educomunicação socioambiental para aplicação em outros contextos organizacionais. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Mídias na Educação.O que é educomunicação?Disponível em:http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/radio/radio_basico/inicio_oqueeedu- comunicacao.htm. Acesso: 16 mar. 2014.

FEINBERG, J. Wordle. 2009. Disponível em: <http://www.wordle.net>. Acesso: 2 set. 2013. FREITAS, Maria Esther. Cultura organizacional: o doce controle no clube dos raros. Em F. P. Motta & M. P. Caldas, Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo, Atlas, 1997, p. 293-304.

SUDAN, Daniela Cássia et al. Environmental Training for Employees at the University of São Paulo, Brazil: capillarity and critical Environmental Education put into action. In W. Leal Filho et al. (eds.), Integrating Sustainability Thinking in Science and Engineering Curricula, World Sustainability Series, Springer International Publishing Switzerland, 2015, p. 543-558. USP. Superintendência de Gestão Ambiental (SGA). Texto Base do Projeto de Formação So- cioambiental dos Servidores Técnico-Administrativos da USP, 2013 (no prelo).

______. Reportagem da TV USP sobre a formação socioambiental dos servidores. 2 jan. 2014. Disponível em: http://www.sga.usp.br/?p=1974. Acesso: 11 set.. 2014.

MAPAS MENTAIS: UMA FORMA DE REPRESENTAR A APA DELTA DO PARNAÍ-

No documento Volume 2 (páginas 38-42)

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