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SATISFAÇÃO DE COLABORADORES EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO HOSPITALAR

Cátia Regina Müller, Fabiana Torma Botelho, Faculdade de Nutrição – Universidade Federal de Pelotas - UFPel.

Endereço:Campus Porto. Rua Gomes Carneiro, nº1. Pelotas - RS - Brasil fabibotelho@hotmail.com RESUMO

A avaliação da qualidade de vida vem sendo aplicada em organizações com o objetivo de melhorar a relação entre os profissionais e a busca por resultados, satisfação e bem-estar. A busca constante por um ambiente próprio e equilibrado para o trabalho é um aspecto da qualidade de vida, não se limitando apenas em prevenir acidentes de trabalho, mas também de propiciar uma realidade favorável para os colaboradores e organização. Diante disso, esse estudo teve como objetivo avaliar a satisfação dos colaboradores em uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar da cidade de Pelotas - RS. Os resultados indicaram que a amostra foi predominantemente feminina e a média de escolaridade foi o 2º grau completo. Foi verificada taxa significativa de rotatividade dos colaboradores na UAN estudada. Os itens respeito e salário foram considerados os mais importantes no trabalho e o item trabalhar com alimentos, o menos importante. Constatou-se que 97,5% dos colaboradores gostavam de sua função e 77,5% estavam satisfeitos com seu local de trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: hospital; qualidade de vida; satisfação; trabalho; unidades de alimentação e nutrição.

INTRODUÇÃO

Uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) é um sistema de produção de alimentos que visa oferecer refeições equilibradas nutricionalmente e seguras para os consumidores. Para alcançar esse objetivo, as condutas técnicas devem ser norteadas pelo controle da qualidade nutricional, sensorial, sanitária, simbólica, ergonômica e também da saúde física e psíquica dos indivíduos envolvidos nessa atividade. A avaliação da qualidade de vida no trabalho vem sendo aplicada em organizações com o objetivo de melhorar a relação entre os profissionais e a busca por resultados, satisfação e bem-estar (Proença, 2009; Vasconcelos, 2001).

Em geral, os colaboradores que trabalham em UAN são submetidos, muitas vezes, a rotinas inadequadas e/ou cansativas, devido aos procedimentos exigidos pela legislação sanitária para garantir a segurança dos alimentos, bem como metas de custos e bom atendimento ao cliente, exigidos pela empresa. É necessário que a satisfação esteja presente com o trabalhador, a fim de que ele conduza seu trabalho da melhor maneira possível. A satisfação pode ser definida de diferentes maneiras, como sinônimo de motivação, como uma atitude ou como estado emocional positivo (Martinez; Paraguay, 2003).

Muitos fatores contribuem para diminuir a satisfação no trabalho, por isso devem ser identificados e combatidos por meio de ações e políticas realizadas pela organização (Cavassani et al., 2006). A busca constante por um ambiente próprio e equilibrado para o trabalho é um, entre os tantos aspectos da qualidade de vida no trabalho,

não se limitando apenas em prevenir acidentes de trabalho, mas também propiciar uma realidade favorável para os colaboradores, como também para a organização.

Existem muitas publicações que avaliam a satisfação e o estresse em diferentes profissionais de diferentes áreas, porém existem poucos estudos relacionados à satisfação de colaboradores em UAN. Desse modo, esse estudo teve como objetivo avaliar a satisfação e as variáveis que poderiam influenciar na percepção de satisfação dos colaboradores em uma UAN hospitalar da cidade de Pelotas - RS.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo transversal descritivo, onde foram avaliados 40 colaboradores em uma UAN hospitalar, tipo auto-gestão, na cidade de Pelotas – RS, em julho de 2011. Aplicou-seu um questionário com os colaboradores que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o termo de consentimento. O questionário que foi aplicado em local reservado individualmente, por entrevistador treinado, continha questões demográficas e de percepção da satisfação no trabalho. Os dados coletados foram tabulados no programa Microsoft Excel 2007®, analisados e descritos em percentual. O trabalho foi submetido ao comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, sob o nº de protocolo 033/2011.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A amostra foi composta por 40 colaboradores da UAN hospitalar. A amostra foi predominantemente feminina (95%) e a escolaridade média foi de 2º grau completo (68%). É fundamental o cuidado com a qualidade de vida das mulheres que, geralmente realizam jornada dupla de trabalho, em casa com o serviço doméstico e no próprio ofício de trabalho, havendo dificuldades em conciliar as duas atividades (Stegall-Gomes; Mendes, 1995).

O resultado foi diferente do estudo de Cavalli e Salay (2007) que identificaram a maioria dos colaboradores com o ensino fundamental e não houve predominância entre os gêneros na atividade em UAN. O maior grau de escolaridade pode ser explicado pela exigência de melhor nível de conhecimento para o trabalho no hospital estudado, justificado pela complexa função de entender as prescrições de dietas e horários, auxiliando diretamente na recuperação de pacientes debilitados.

A maioria dos entrevistados trabalhava em período menor que um ano na função e na empresa (35%), o que indicou rotatividade significativa na UAN. Orellano e Pazelo (2010) relataram que a elevada rotatividade é considerada negativa, especialmente porque o rompimento das relações de emprego em geral, atribui custos para ambas as partes, empregado e empregador, podendo isso indicar uma excessiva falta de comprometimento entre eles. Em estudo realizado em serviços de alimentação na França e no Brasil, revelou que as características dos operadores nos dois países eram representadas por um panorama de baixo nível de escolaridade e altos índices de rotatividade, o que reflete na atratividade do setor e motivação dos colaboradores (Proença, 2009).

No presente estudo, 97,5% dos respondentes relataram gostar de sua função, assim como no estudo de Sasaki (2008), onde 75% e 84% dos colaboradores de duas UAN hospitalares relataram que estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com suas funções.

Na Figura 1, é possível observar que os itens considerados mais importantes no local de trabalho em que se desenvolveu a pesquisa foram salário e respeito, igualmente com 27,5%, seguido de relacionamento pessoal (20%), reconhecimento (15%) e segurança

no emprego (6%). O item menos citado como importante, foi trabalhar com alimentos (4%), mesmo considerando que a maioria dos colaboradores afirmou gostar de sua função. Maluf (2003) avaliou o nível de satisfação de 70 colaboradores de uma UAN hospitalar, utilizando uma escala com grau de importância de 1 a 5 aos itens investigados. A variável considerada mais importante em relação ao trabalho foi o salário, seguido de respeito, os mesmos itens considerados mais importantes no presente estudo. No mesmo estudo, 88,7% dos colaboradores estavam satisfeitos com o salário e 91,3% dos colaboradores relatavam a importância do reconhecimento da chefia.

Ao serem questionados em relação à satisfação no trabalho na UAN hospitalar, 77,5% (n=30) relataram satisfação com o local de trabalho, entretanto 22,5% (n=9) relataram insatisfação. Gomes e Miguez (2006) encontraram resultados semelhantes em estudo realizado em uma UAN hospitalar no Rio de Janeiro - RJ, onde 79,3% dos colaboradores estavam satisfeitos e 6,9% muito satisfeitos com seu trabalho, identificando como o pior fator de insatisfação a remuneração (58,6%).

CONCLUSÃO

Os resultados indicaram predominância do sexo feminino com grau de escolaridade médio entre os trabalhadores da UAN hospitalar. Apesar da significativa rotatividade, a maioria dos colaboradores gostava de sua função, mesmo que o item trabalhar com alimentos tenha sido considerado o menos importante no trabalho. Os itens considerados mais importantes no trabalho foram respeito e salário. Identificou-se que a satisfação está presente no trabalho desses colaboradores da UAN hospitalar.

Sugere-se que pesquisas adicionais sejam realizadas em relação à satisfação dos colaboradores na produção de refeições, com vistas a identificar possíveis causas e propor melhorias. A satisfação e a qualidade de vida no trabalho é importante para a prevenção de possíveis problemas de saúde física e psíquica que possam ocorrer com o colaborador, assim como erros operacionais e contaminações no preparo das refeições, que poderão ter influência da insatisfação.

Figura.1. Distribuição das variáveis consideradas mais importantes no trabalho pelos colaboradores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição Hospitalar. Pelotas, 2011.

0 10 20 30 20 27,5 6 15 4 27,5

REFERÊNCIAS

Cavassani AP, Cavassani EB, Biazin CC. Qualidade de vida no trabalho: fatores que influenciam as organizações. XIII Simpósio de Engenharia de Produção. Bauru, 2006. 8p.

Cavalli SB, Salay E. Gestão de pessoas em unidades produtoras de refeições comerciais e a segurança alimentar. Rev. Nutr, 2007. Campinas, 20(6):657-667.

Gomes FS, Miguez MAP. Avaliação da satisfação e estresse no trabalho entre funcionários de uma unidade de alimentação e nutrição no Rio de Janeiro. Ceres: nutrição e saúde. Rio de Janeiro, 2006. v.1. p.29-42.

Martinez MC, PARAGUAY ABB. Satisfação e saúde no trabalho – aspectos conceituais e metodológicos. Caderno de Psicologia Social do Trabalho. São Paulo, 2003.

Maluf AS. Nível de satisfação de trabalhadores de uma unidade de alimentação e nutrição hospitalar. Monografia (Especialista em Qualidade de Alimentos) Universidade Federal de Brasília. Brasília, 2003.

Orellano, VIF, Pazello ET. Evolução e determinantes da rotatividade de mão-de-obra nas firmas da indústria paulista na década de 1990. Textos para discussão, 2010. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream.

Proença RP. Inovação tecnológica na produção de alimentação coletiva. 3º Ed. Florianópolis: Insular, 2009. v.1. 135p.

Sasaki KPB. Relações entre adoecimento, fatores de risco e desenvolvimento seguro do trabalho entre trabalhadores de duas unidades de alimentação hospitalares. 2008. 96f. Dissertação (Mestrado em Nutrição)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

Stegall-Gomes DL, Mendes IJM. A força do trabalho da mulher. ACTA, Paul, Enf, v.8, n.1. p.61-74. São Paulo, 1995.

Vasconcelos AF. Qualidade de vida no trabalho: origem, evolução e perspectivas. Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo, v.8. n.13.

CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE

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